REFORMA
DA IGREJA – OS RADICAIS
J. DIAS
A reforma
radical foi um tremendo movimento de renovação espiritual e eclesiástico que
ficou à margem das importantes igrejas territoriais, a católica e a
protestante, durante a grande convulsão religiosa do século XVI (a Reforma).
Por considerarem que as propostas de Lutero e seus companheiros não eram
abrangentes em todos os ensinamentos bíblicos, os radicais tornaram-se críticos
impiedosos da Reforma Protestante. Por essa oposição aos reformadores foram criticados
e considerados dissidentes radicais e intransigentes.
A Reforma
Radical, não foi meramente uma divisão ou um efeito colateral que revelou
apenas uma forma mais extrema da Reforma; antes foi um movimento que gerou nova
forma de fé e vida cristã, ou seja, uma “reforma da Reforma” ou uma “correção
da correção do catolicismo”. Junte-se a isso o fato de que a maior parte dos
radicais viu-se forçado a desenvolver seu modelo de vida cristã fora dos
confins das igrejas oficiais, que deu à espiritualidade e à vida eclesiástica
deles uma aparência distintiva. Os reformadores radicais viveram fora da ordem
estabelecida. Muitos deles aceitaram o exílio, a tortura e a pena capital, em
vez de negar o Senhor que os chamara para tomar a cruz e segui-lo.
Apenas nos
últimos anos da Reforma, os reformadores radicais começaram a emergir da sombra
do opróbrio lançada sobre eles por seus oponentes do século XVI. Heinrich
Bullinger, por exemplo, chamou-os de “inimigos demoníacos e destruidores da
igreja de Deus”. O termo preferido de Lutero era Schwärmer, que faz lembrar o zumbido
incontrolável das abelhas em volta de uma colmeia. O reformador alemão
indiscriminadamente lança sobre a ampla hoste de adversários esse termo.
Calvino não era menos pejorativo que Lutero, ele os chamava: “fanáticos”,
“iludidos”, “desmiolados”, “imbecis”, “tratantes”, “cães danados”. O fato de
interpretar os radicais em termos negativos, de dissidência e inconformidade
desviou os esforças por entender suas próprias motivações espirituais. O
historiador inglês contemporâneo G. R. Elton, reflete essa falha em sua
descrição da “verdadeira natureza” do anabatismo como um “fenômeno violento que
surgiu de sonhos irracionais e psicologicamente desequilibrados, embasados numa
negação da razão e na exaltação daquela crença na inspiração direta que permite
aos homens fazerem o que quiserem”.
As vezes,
os reformadores radicais são agrupados juntos com a “ala esquerda da Reforma”.
Nessa designação podemos ouvir um fraco eco da acusação do próprio Lutero de
que tanto os papistas quanto os radicais erravam “à esquerda e à direita”,
nenhum deles permanecia na trilha da verdadeira liberdade. Lutero, contudo
reverteu o posicionamento moderno, estabelecendo os católicos à esquerda e os
radicais à direita.
Reconhecendo
o uso anacrônico do termo “ala esquerda” quando aplicado a dissidentes do
século XVI, George H. Williams propôs “a reforma radical” como um termo
coletivo para todos aqueles grupos de inovadores religiosos que não permaneciam
nem nas igrejas católicas romanas, nem nas principais protestantes. A tipologia
de Williams acerca dos radicais é a mais abrangente e estável até hoje, a
despeito de ter sido apresentada pela primeira vez há trinta anos. Williams
dividiu os radicais em três grupos principais: anabatistas, espiritualistas e
racionais evangélicos. Essas não são categorias inflexíveis, mas rubricas
gerais para descrever afinidades comuns entre uma ampla gama de cristãos
heterogêneos. Apesar de suas muitas diferenças, todos queriam retroceder por
meio dos acréscimos da tradição eclesiástica, por meio do que Balthazar
Hubmaier chamou de “as poças de lama e os charcos do dogma humano”, até chegar
a raiz autêntica da fé e da ordem. Cada ramo da Reforma radical ligou-se a uma
“raiz” distinta.
OS
ANABATISTAS
Para os
anabatistas, era a Bíblia, especialmente o Novo Testamento. Eles desejavam não
apenas reformar a Igreja, mas restaurá-la à sua pureza anterior, apostólica.
Eles são ancestrais diretos das igrejas Menonitas, Amish e Hutteritas
OS
ESPIRITUAIS
Eles
seguiam o nobre Kasper Schwenkfeld. Essas pessoas tinham uma orientação mais
para a experiência, eram inclinadas ao misticismo e criam numa direção interior
do Espírito Santo. Ainda existe um pequeno grupo na Pensilvânia.
SOCIANOS
RACIONALISTA
Os
socianos, precursores dos modernos unitarianos, foram um grupo radical da
Reforma. Suas ideias se desenvolveram na Itália. De acordo com os socianos,
Cristo deve ser adorado como um homem que obteve a divindade por sua vida
superior. Sua morte foi simplesmente um exemplo de obediência que Deus deseja
de seus seguidores. O pecado original, a divindade de Cristo, a Trindade e a
predestinação foram negados.
A moderna
igreja Unitarista é descendente direto dos socianos da Polônia.
FONTES:
O
Cristianismo Através dos Séculos, Earle E. Cairns – Vida Nova
Teologia
dos Reformadores, Timothy George – Vida Nova
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