quinta-feira, 1 de março de 2012

REFORMA DA IGREJA – OS RADICAIS


REFORMA DA IGREJA – OS RADICAIS
J. DIAS

A reforma radical foi um tremendo movimento de renovação espiritual e eclesiástico que ficou à margem das importantes igrejas territoriais, a católica e a protestante, durante a grande convulsão religiosa do século XVI (a Reforma). Por considerarem que as propostas de Lutero e seus companheiros não eram abrangentes em todos os ensinamentos bíblicos, os radicais tornaram-se críticos impiedosos da Reforma Protestante. Por essa oposição aos reformadores foram criticados e considerados dissidentes radicais e intransigentes.

A Reforma Radical, não foi meramente uma divisão ou um efeito colateral que revelou apenas uma forma mais extrema da Reforma; antes foi um movimento que gerou nova forma de fé e vida cristã, ou seja, uma “reforma da Reforma” ou uma “correção da correção do catolicismo”. Junte-se a isso o fato de que a maior parte dos radicais viu-se forçado a desenvolver seu modelo de vida cristã fora dos confins das igrejas oficiais, que deu à espiritualidade e à vida eclesiástica deles uma aparência distintiva. Os reformadores radicais viveram fora da ordem estabelecida. Muitos deles aceitaram o exílio, a tortura e a pena capital, em vez de negar o Senhor que os chamara para tomar a cruz e segui-lo.

Apenas nos últimos anos da Reforma, os reformadores radicais começaram a emergir da sombra do opróbrio lançada sobre eles por seus oponentes do século XVI. Heinrich Bullinger, por exemplo, chamou-os de “inimigos demoníacos e destruidores da igreja de Deus”. O termo preferido de Lutero era Schwärmer, que faz lembrar o zumbido incontrolável das abelhas em volta de uma colmeia. O reformador alemão indiscriminadamente lança sobre a ampla hoste de adversários esse termo. Calvino não era menos pejorativo que Lutero, ele os chamava: “fanáticos”, “iludidos”, “desmiolados”, “imbecis”, “tratantes”, “cães danados”. O fato de interpretar os radicais em termos negativos, de dissidência e inconformidade desviou os esforças por entender suas próprias motivações espirituais. O historiador inglês contemporâneo G. R. Elton, reflete essa falha em sua descrição da “verdadeira natureza” do anabatismo como um “fenômeno violento que surgiu de sonhos irracionais e psicologicamente desequilibrados, embasados numa negação da razão e na exaltação daquela crença na inspiração direta que permite aos homens fazerem o que quiserem”.

As vezes, os reformadores radicais são agrupados juntos com a “ala esquerda da Reforma”. Nessa designação podemos ouvir um fraco eco da acusação do próprio Lutero de que tanto os papistas quanto os radicais erravam “à esquerda e à direita”, nenhum deles permanecia na trilha da verdadeira liberdade. Lutero, contudo reverteu o posicionamento moderno, estabelecendo os católicos à esquerda e os radicais à direita.

Reconhecendo o uso anacrônico do termo “ala esquerda” quando aplicado a dissidentes do século XVI, George H. Williams propôs “a reforma radical” como um termo coletivo para todos aqueles grupos de inovadores religiosos que não permaneciam nem nas igrejas católicas romanas, nem nas principais protestantes. A tipologia de Williams acerca dos radicais é a mais abrangente e estável até hoje, a despeito de ter sido apresentada pela primeira vez há trinta anos. Williams dividiu os radicais em três grupos principais: anabatistas, espiritualistas e racionais evangélicos. Essas não são categorias inflexíveis, mas rubricas gerais para descrever afinidades comuns entre uma ampla gama de cristãos heterogêneos. Apesar de suas muitas diferenças, todos queriam retroceder por meio dos acréscimos da tradição eclesiástica, por meio do que Balthazar Hubmaier chamou de “as poças de lama e os charcos do dogma humano”, até chegar a raiz autêntica da fé e da ordem. Cada ramo da Reforma radical ligou-se a uma “raiz” distinta.

OS ANABATISTAS
Para os anabatistas, era a Bíblia, especialmente o Novo Testamento. Eles desejavam não apenas reformar a Igreja, mas restaurá-la à sua pureza anterior, apostólica. Eles são ancestrais diretos das igrejas Menonitas, Amish e Hutteritas

OS ESPIRITUAIS
Eles seguiam o nobre Kasper Schwenkfeld. Essas pessoas tinham uma orientação mais para a experiência, eram inclinadas ao misticismo e criam numa direção interior do Espírito Santo. Ainda existe um pequeno grupo na Pensilvânia.

SOCIANOS RACIONALISTA
Os socianos, precursores dos modernos unitarianos, foram um grupo radical da Reforma. Suas ideias se desenvolveram na Itália. De acordo com os socianos, Cristo deve ser adorado como um homem que obteve a divindade por sua vida superior. Sua morte foi simplesmente um exemplo de obediência que Deus deseja de seus seguidores. O pecado original, a divindade de Cristo, a Trindade e a predestinação foram negados.

A moderna igreja Unitarista é descendente direto dos socianos da Polônia.

FONTES:
O Cristianismo Através dos Séculos, Earle E. Cairns – Vida Nova
Teologia dos Reformadores, Timothy George – Vida Nova































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