sexta-feira, 9 de março de 2012

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA


A FILOSOFIA





A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA
Sunday, 20 April 2008
Quando foi julgado, acusado de corromper a juventude, Sócrates explicou porque é que lhe seria impossível desistir da filosofia. Tal como Sócrates disse, «uma vida não examinada não merece ser vivida» - do seu ponto de vista, uma vida que não fosse enriquecida pela reflexão filosófica não era melhor do que a morte. Poucas pessoas são chamadas a sacrificar tudo pela filosofia, mas mesmo assim há razões fortes pelas quais a filosofia tem uma importância fundamental.
A mais óbvia é que todos necessitamos de pensar acerca do melhor modo de viver. As práticas convencionais não são automaticamente as melhores práticas, quer digam respeito aos pais e aos filhos, a quem faz as regras e a quem lhes obedece, quer digam respeito às nações ricas e pobres. Todas as pessoas responsáveis necessitam de parar, pelo menos algumas vezes na vida, para reflectir se estão a fazer o que deve ser feito.
Contudo, a filosofia não é apenas importante por causa das questões acerca do modo como devemos conduzir a nossa vida. Os seres humanos são criaturas que pensam, para quem a pura compreensão é um fim em si mesmo. Saber acerca da origem do universo, ou acerca da natureza da consciência, pode não ter importância para o modo como nos comportamos, mas seria ir contra a natureza humana não tentar responder a essas questões. Uma sociedade na qual os seres humanos nunca questionam a natureza fundamental da realidade seria uma sociedade mais pobre.
Qual é exactamente o assunto de que trata a filosofia? O que é que faz de algo uma questão filosófica em vez de uma questão científica ou política? É duvidoso se existe algum assunto que é específico da filosofia. Em vez disso, a filosofia é necessária sempre que enfrentamos questões que não são apenas importantes mas também intelectualmente desconcertantes. É esta última exigência que distingue a filosofia. Há muitas grandes questões por resolver na ciência: Existe vida noutros locais do universo? Quantas forças fundamentais existem? Contudo, estas questões não têm resposta apenas porque ainda não conseguimos acumular provas empíricas suficientes para chegar a uma conclusão. As questões filosóficas levantam um tipo de dificuldade diferente. Quando questionamos se os seres humanos têm livre-arbítrio, ou se os animais têm direitos, a nossa dificuldade não se deve apenas à falta de informação. As próprias questões são confusas. Para fazermos progressos precisamos de analisar os próprios termos - «livre-arbítrio», «direitos morais» - que são usados para colocar as questões. […]
Quando começamos a investigar os termos em que as questões do dia-a-dia são colocadas, vemo-nos rapidamente forçados a pensar acerca das categorias que usamos para dar sentido ao mundo.


David Papineau - Philosophy: The Illustrated Guide to Understanding and Using Philosophy Today, Duncan Baird Publishers (Trad. João D. Fonseca)

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