A FILOSOFIA
|
|
|
A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA
|
Sunday, 20 April
2008
|
Quando foi julgado, acusado de corromper a
juventude, Sócrates explicou porque é que lhe seria impossível desistir da
filosofia. Tal como Sócrates disse, «uma vida não examinada não merece ser
vivida» - do seu ponto de vista, uma vida que não fosse enriquecida pela
reflexão filosófica não era melhor do que a morte. Poucas pessoas são
chamadas a sacrificar tudo pela filosofia, mas mesmo assim há razões fortes
pelas quais a filosofia tem uma importância fundamental.
A mais óbvia é que todos necessitamos de
pensar acerca do melhor modo de viver. As práticas convencionais não são
automaticamente as melhores práticas, quer digam respeito aos pais e aos
filhos, a quem faz as regras e a quem lhes obedece, quer digam respeito às
nações ricas e pobres. Todas as pessoas responsáveis necessitam de parar,
pelo menos algumas vezes na vida, para reflectir se estão a fazer o que deve
ser feito.
Contudo, a filosofia não é apenas importante
por causa das questões acerca do modo como devemos conduzir a nossa vida. Os
seres humanos são criaturas que pensam, para quem a pura compreensão é um fim
em si mesmo. Saber acerca da origem do universo, ou acerca da natureza da
consciência, pode não ter importância para o modo como nos comportamos, mas
seria ir contra a natureza humana não tentar responder a essas questões. Uma
sociedade na qual os seres humanos nunca questionam a natureza fundamental da
realidade seria uma sociedade mais pobre.
Qual é exactamente o assunto de que trata a
filosofia? O que é que faz de algo uma questão filosófica em vez de uma
questão científica ou política? É duvidoso se existe algum assunto que é
específico da filosofia. Em vez disso, a filosofia é necessária sempre que enfrentamos
questões que não são apenas importantes mas também intelectualmente
desconcertantes. É esta última exigência que distingue a filosofia. Há muitas
grandes questões por resolver na ciência: Existe vida noutros locais do
universo? Quantas forças fundamentais existem? Contudo, estas questões não
têm resposta apenas porque ainda não conseguimos acumular provas empíricas
suficientes para chegar a uma conclusão. As questões filosóficas levantam um
tipo de dificuldade diferente. Quando questionamos se os seres humanos têm
livre-arbítrio, ou se os animais têm direitos, a nossa dificuldade não se
deve apenas à falta de informação. As próprias questões são confusas. Para
fazermos progressos precisamos de analisar os próprios termos -
«livre-arbítrio», «direitos morais» - que são usados para colocar as
questões. […]
Quando começamos a investigar os termos em que
as questões do dia-a-dia são colocadas, vemo-nos rapidamente forçados a
pensar acerca das categorias que usamos para dar sentido ao mundo.
David Papineau - Philosophy: The Illustrated Guide to Understanding and Using Philosophy Today, Duncan Baird Publishers (Trad. João D. Fonseca) |
Nenhum comentário:
Postar um comentário