MATÉRIA 05 - SOTERIOLOGIA: DOUTRINA DE CRISTO
1. Graça: É o poder dinâmico de Deus que provêm
imerecidamente para capacitar o homem a desejar e fazer a Sua vontade (Fp.2:13;
Ico.1:4,5; IITm.1:9; Tg.1:18; IICo.3:5; Hb.13:21; Is.26:12; Jr.10:23; Pv.16:9;
20:24; ICo.15:10).
2. Predestinação: É o conselho ou decreto de Deus
concernente aos homens decaídos, incluindo a eleição soberana de uns e a justa
reprovação dos restantes (Rm.8:29,30; 9:11-24; Ef.1:5,11).
Os dois aspectos da predestinação são:
(a) Eleição: É o ato eterno de Deus pelo qual Ele, em
seu soberano beneplácito, e sem levar em conta nenhum mérito previsto nos
homens, escolhe um certo número deles para receberem a graça especial e a
salvação eterna.
(b) Reprovação: É o decreto eterno de Deus pelo qual
Ele determinou deixar de aplicar a um certo número de homens as operações de
sua graça especial, e puní-los por seus pecados, para a manifestação da sua
justiça. Os dois aspectos da reprovação são preterição e condenação.
PENSAMENTO: A soberania divina e a soberania humana certamente são
contraditórias entre si, mas a soberania divina e a responsabilidade humana,
não. (F.H. Klooster)
3. Vocação: Vocação ou chamada é o ato de graça pelo qual
Deus convida os homens, através de Sua Palavra, a aceitarem pela fé a salvação
providenciada por Cristo. (ICo.1:9; ITs.2:12; IPe.5:10; Mt.11:28;
Lc.5:32; Jo.7:37; At.2:39; Rm.8:30; ICo.1:24,26;7:15; Gl.1:15; Ef.4:1;4:4;
IITs.2:14; IITm.1:9; Ipe.2:9;5:10).
4. União: É a ligação íntima, vital e espiritual entre
Cristo e o Seu povo, em razão da qual Ele é a fonte da sua vida e poder, da sua
bem-aventurança e salvação (Ef.5:32; Cl.1:27).
5. Regeneração: É o ato de Deus pelo qual o princípio de
uma nova vida é implantado no homem, e a disposição dominante de sua alma é
tornada santa. É a comunicação de vida divina à alma, que implica numa completa
mudança de coração (Ez.11;19; 18:31; 36:26; Jr.24:7; Rm.6:4; Ef.2:6; Cl.2:12;
Jo.5:21; Jo.6:63; 10:10,28; Rm.6:11,13; IJo.5:11,12; Ef.2:1,5; Cl.2:13;
IIPe.1:4; Jo.1:12; 3:3,5; IJo.3:1).
6. Conversão: É o ato exterior, visível e prático da
salvação operada na vida do pecador regenerado (Lc.22:32).
Os dois aspectos da conversão são:
(a) arrependimento: é o aspecto
negativo da conversão, porque implica no abandono do pecado e em dizer não para
as coisas pecaminosas.
(b) fé: é o aspecto positivo da
coversão, porque implica em voltar em direção a Deus e em dizer sim para a sua
palavra.
7. Arrependimento: É a mudança voluntária e consciente,
produzida na vida do pecador, efetuada pelo Espírito Santo, a qual atinge sua
mente, seus sentimentos e conduz o pecador ao abandono voluntário do pecado
(Mt.21:28-30; IICo.7:9,10).
8. Fé: É um firme e seguro conhecimento do favor de Deus,
para conosco, fundado na verdade de uma promessa gratuita em Cristo, e revelada
às nossas mentes e seladas em nossos corações pelo Espirito Santo (As
Institutas, III, 2,7, Calvino).
9. Justificação: É um ato judicial de Deus, no qual Ele
declara, com base na justiça de Jesus Cristo, que todas as reivindicações da
lei estão satisfeitas a favor do pecador (At.13:39; Rm.5:1,9; 8:30-33;
Ico.6:11; Gl.2:16; Gl.3:11). Na justificação estão incluídos o perdão, a
adoção, a substituição vicária e a imputação.
Os dois aspectos da justificação são:
(a) Remissão ou Perdão (aspecto
negativo/a dívida é anulada): É o resultado da morte de Cristo e se dá por meio
da substituição, na qual, Cristo nosso Cordeiro Pascal se oferece para morrer
em nosso lugar.
(b) Adoção (aspecto positivo/o
crédito é imputado): É o resultado da ressurreição de Cristo e se dá por meio
da imputação, na qual a justiça de Cristo, que dá o direito legal à adoção, é
imputada ao crente. A regeneração opera uma filiação moral enquanto que a
adoção opera uma filiação legal.
10. Remissão ou Perdão: É o aspecto negativo da
justificação, pois quando Adão pecou, ele foi condenado pelo que fez de errado
(iniquidade), como também pelo que deixou de fazer de certo, errando o alvo
(pecado). Adão, então pecou por ação (iniquidade = pecado consciente,
voluntário, transgressão) e omissão (pecado, leia IJo.3:4). Cristo em sua obra
vicária corrigiu os erros de Adão, obedecendo passiva e ativamente, negativa e
positivamente os mandamentos de Deus, pois a lei inclui mandamentos negativos
(não adulterarás, etc) e mandamentos positivos (amarás a Deus, etc). O perdão
é, portanto o ato judicial de Deus pelo qual ele concede ao pecador, na cruz,
os benefícios resultantes da obediência passiva de Cristo. O perdão é resultado
da morte de Cristo enquanto que a adoção (o aspecto positivo da justificação) é
resultado da ressurreição de Cristo (Rm.4:25). Na morte Cristo aniquilou o
pecado, na ressurreição trouxe justiça. O perdão é operado mediante a
substituição, a justiça é concedida por meio da imputação. O perdão é concedido
na cruz. A justiça é imputada no tribunal de Deus (IPe.3:18).
NOTA: Remissão não é o mesmo que redenção. Veja redenção no item
17.
11. Adoção: É o ato judicial de Deus, resultado prático da
regeneração, pelo qual Ele declara seus filhos emancipados e herdeiros da vida
eterna (Tt.3:7). Adoção não deve ser confundida com regeneração, pois na adoção
Deus coloca o pecador que já é seu filho regenerado na posição de filho adulto.
Na adoção não há transformação interior (moral). A adoção não muda o interior
do pecador, muda a sua posição perante Deus. Deus não adota pecadores não
regenerados, Deus só adota aqueles que já são seus filhos.
12. Imputação: É o ato de Deus pelo qual Ele debita
meritoriamente na conta da humanidade o pecado de Adão, e judicialmente na
conta de Cristo o pecado da humanidade, e gratuitamente na conta da humanidade
a justiça de Cristo. Imputação significa "debitar", "atribuir
responsabilidade" ou "lançar na conta de alguém". Paulo ensina
esta doutrina quando assume a dívida de Onésimo. Do mesmo modo Jesus Cristo
tomou a nossa dívida (Fm.18,19).
13. Substituição: É o ato judicial de Deus pelo qual Ele
pune os pecadores pelos seus pecados, provendo um substituto qualificado, sobre
o qual recaiu todo o pecado e a culpa imputados à humanidade por causa do
pecado de Adão (Is.53:4-7; Ico.5:7).
Um substituto qualificado deveria possuir:
(a) Perfeita Encarnação:
deveria ter natureza humana completa para poder representar adequadamente a
humanidade (Hb.2:14-17; 5:1; Jo.1:14).
(b) Perfeita Identificação:
deveria ter uma profunda identificação com o sofrimento humano (Hb.4:15;
Hb.2:18; Hb.5:2,3). A nossa identificação com Cristo é tão perfeita que somos
identificados com Ele na sua morte (Rm.6:3; Cl.2:12).
(c) Perfeita Santidade: Um
homem comum não seria um bom representante da raça humana. O substituto deveria
ser santo, inocnete, sem mácula, separado dos pecadores (Hb.7:23-27). Um mortal
comum não poderia salvar ninguém, pois sendo mortal, não se salvaria nem a si
mesmo.
14. Santificação: É a graciosa e contínua operação do
Espirito Santo pela qual Ele liberta o pecador justificado da corrupção do
pecado, renova toda a sua natureza à imagem de Deus, e o capacita a praticar
boas obras.
ESQUEMA DA SALVAÇÃO
Espírito Alma Corpo
Tempo Passado Presente
Futuro
Em relação ao pecado
Penalidade (Jo.5:24)
Poder (Rm.6:14)
Presença (ICo.15:54,57)
Em relação ao pecador
Justificação Regeneração (Rm.1:4;
Ipe.1:2; Rm.5:16;IITs.2:13)
Santificação (Tg.1:21,22;
IITm.3:15)
Redenção (Fp.3:21)
Ocasião
Morte e ressurreição de Cristo
Do novo nascimento até o encontro
com Cristo (Fp.1:6)
Arrebatamento ou 2ª Vinda de Cristo
(ICo.15:52,53)
15. Perseverança: É a contínua operação do Espirito Santo
no crente, pela qual a obra da graça divina, inciada no coração, tem
prosseguimento e se completa, levando os salvos à permanecerem em Cristo e
perseverarem firmes na fé. A perseverança representa o lado humano (Jr.32:40;
Sl.86:11; 37:28-31).
16. Segurança: É a garantia eterna e imutável da salvação,
iniciada e completada por Deus, no coração dos regenerados. A segurança
representa o lado divino (Sl.89:28-37).
17. Redenção: É o ato gracioso de Deus pelo qual Ele
liberta o pecador da escravidão da lei do pecado e da morte (Rm.8:1,2),
mediante o pagamento de um resgate (Rm.6:20-22; Ico.6:19,20; IPe.1:18,19;
Ap.1:5; 5:9; Gl.4:1-7).
(a) A Necessidade da Redenção:
Todas as criaturas humanas da terra pertencem a Deus (ICo.10:26; Sl.50:12) mas
não são todas de Cristo (Rm.8:9). O homem só se torna propriedade exclusiva de
Cristo mediante a obra da redenção (ICo.6:19,20; Hb.2:13-15). O mundo (sistema)
é de Satanás (Lc.4:6; Ijo.5:19) e as criaturas humanas que estão no mundo
pertencem à ele (At.26:18; Mt.12:30; Mc.9:40; Lc.11:23), por isso era
necessária a redenção, para que através de Cristo Deus resgatasse (comprasse)
do mundo os que viriam a crer nele, para que através da redenção passassem a
pertencer a Cristo (Jo.15:19; 17:14; 18:36; Cl.1:13). Se um homem ainda não foi
redimido, embora sendo criatura de Deus, continua sendo filho do Diabo, do qual
é ele escravo (Jo.8:44). Somente os filhos de Deus são verdadeiramente livres
(Gl.2:4; 5:1; Rm.8:21; IICo.3:17).
(b) A Natureza do Redentor:
Deveria ser parente próximo da
vítima: Era ele, o redentor (goel no hebraico) quem deveria resgatar o sangue
da vítima assassinada (Nm.35:19-34; Js.20:3-5); era ele quem deveria resgatar a
possessão da família que fora vendida (Lv.25:24,26,51,52; Lv.27:13,15,19,20,31;
Jr.32:7); era ele quem deveria resgatar a pessoa cujo empobrecimento forçou-a a
se vender a um não judeu (Lv.25:47-49). Em Ezequiel 11:15 a expressão "os
homens do teu parentesco" significa "os homens da tua redenção".
O Redentor deveria preencher certos
requisitos: (1) deveria ter parentesco do escravo a ser resgatado (Rt.2:20;
3:9,12; 4:1,3,6,14); (2) deveria ter meios com que pagar o resgate (Rt.4:6;
Sl.49:7-9); (3) deveria querer efetuar o resgate (Rt.4:4; Rt.3:13; Rm.5:7); (4)
deveria ser livre e não podia ser um escravo, um
escravo não podia resgatar outro
escravo.
(c) Cristo é o Nosso Redentor:
(1)
Ele se fez nosso parente próximo (Hb.2:14,15; Fp.2:7);
(2)
Ele pagou com seu sangue (At.20:28; IPe.1:18; ICo.6:20);
(3)
Ele nos resgatou voluntariamente (Jo.10:17,18);
(4)
Ele não tinha pecado (Hb.5:15; IICo.5:21).
18. Reconciliação: É a operação graciosa de Deus pela qual
Ele reconcilia os pecadores consigo mesmo, por meio da morte de Jesus Cristo,
removendo a inimizade (IICo.5:18-21; Cl.1:20-22). O termo usado no antigo
Testamento para reconciliação é expiação.
Os dois aspectos da reconciliação são:
(a)
Expiação: A reconciliação (no grego = katallagê) tem seu aspecto negativo na
expiação, que enfatiza a morte de Cristo para o perdão dos pecados em relação
ao homem. (A justificação possui aspectos semelhantes a reconciliação:
É negativa e positivamente
considerada: (a) Perdão e (b) Adoção). A expiação é a remoção da causa da
inimizade do homem (Rm.5:10). Na expiação a fraqueza, a impiedade e o pecado
(mencionados em Rm.5:6-8), fatores causadores da inimizade são removidos.
Portanto expiação é o cancelamento da fraqueza (Rm.5:6), da impiedade (Rm.5:6)
e especialmente do pecado (Rm.5:8; Ijo.1:29; At.3:19). Na expiação a ação se dirige
para aquilo que provocou o rompimento no relacionamento, e se ocupa com a
anulação do ato ofensivo.
(b)
Propiciação: É a reconciliação em seu aspecto positivo, e por isso vai além da
expiação, pois enfatiza a morte de Cristo em relação a Deus. Na propiciação a
ação se dirige para Deus, a pessoa ofendida. O propósito da propiciação é
alterar a atitude de Deus, da ira para a boa vontade e favor. Na propiciação é
a ira que é removida (Rm.5:9,10) e a amizade de Deus é restaurada. Não é o caso
de Deus mudar, mas sim de que sua ira é desviada (Sl.78:38; 79:8; Em Ex.32:14 o
termo arrepender é wayyinnahem, no hebraico, e hilaskomai, no grego, que
significa "ser propício". É também usado em Lm.3:42; Dn.9:19;
IIRs.24:4. É claro que se trata de linguagem poética, pois há passagens em que
se diz que Deus se arrependeu de fazer o bem, como em Jr.18:10, como se o bem
fosse causa para arrependimento).
Na expiação Cristo ofereceu-se
pelos os homens, na propiciação Ele ofereceu-se à Deus (Hb.9:13,14; IPe.3:18).
A expiação extingue o pecado (a inimizade contra Deus), a propiciação extingue
a penalidade do pecado (a ira de Deus) que é desviado para a cruz de Cristo
(Rm.3;25; Rm.1:18,24,26).
19.Renovação: É a operação graciosa de Deus que inclui
todos aqueles processos de forças espirituais subsequentes ao novo nascimento e
decorrentes dele (Sl.51:10;103:5; Is.40:31;41:1; Cl.3:10).
20. Glorificação ou Ressurreição: É a operação
divina pela qual o crente regenerado há de ressuscitar corporalmente, tendo seu
corpo abatido, transformado à semelhança do corpo glorioso do Senhor Jesus
(Fp.3:21; ITs.4:13-17; IJo.3:2).
Conclusão:
não foram apresentados todos os aspectos envolvidos em cada um dos 20 itens
aqui descritos. O assunto é vasto e interminável, na teologia sistemática,
principalmente na soteriologia, por isso apresentei um resumo do que considerei
mais importante sobre o assunto. Outros aspectos poderão ser encontrados por
um.
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