AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES DA BÍBLIA
As traduções tem origem nas necessidades do culto. Originalmente eram
feitas leituras dos textos bíblicos, na maior parte das vezes improvisadas, e
destinavam-se a esclarecer para os ouvintes o sentido original dos textos da
Escritura. Com o tempos passaram a ser escritas e organizadas em livros
completos correspondentes às grandes unidades bíblicas.
Depois dos manuscritos, a próxima forma mais importante das Escrituras,
que dá testemunho da sua antiguidade são as versões. A versão é uma tradução do
idioma original de um manuscrito em outro idioma. Existem inúmeras versões, mas
apenas algumas são consideradas como exemplo para estudos.
A SEPTUAGINTA
Como conseqüência dos setenta anos de cativeiro na Babilônia, e em
virtude da forte influência do aramaico, a língua hebraica enfraqueceu-se.
Todavia, fiéis a tradição de preservar os oráculos em sua própria língua, os
judeus não permitiam que os livros sagrados fossem traduzidos para outro
idioma. Alguns séculos mais tarde, porém, essa atitude exclusivista e ortodoxa
teria de dar lugar a um senso mais prático e liberal. Com o estabelecimento do
império de Alexandre o Grande, a partir de 331 a.C., a língua grega
popularizou-se ao ponto de tornar imprescindível que para ela se fizesse uma
tradução das Sagradas Escrituras.
Segundo o escritor Aresteas, a tradução grega foi feita por setenta e
dois sábios judeus (daí o nome “Septuaginta”), na cidade de Alexandria, a
partir de 285 a.C., a pedido de Demétrio Falario, bibliotecário do rei Ptolomeu
Filadelfo. Concluída trinta e nove anos mais tarde, essa versão assinalou o
começo de uma grande obra que, além de preparar o mundo para o advento de
Cristo, deveria tornar conhecida de todos os povos a Palavra de Deus. Na igreja
primitiva, era essa a versão conhecida de todos os crentes.
Sem exceção, todas as traduções latinas da Bíblia tomaram por base a
Septuaginta, sendo ela referencia básica para a Igreja, perdendo esta qualidade
a partir da tradução de Jerônimo.
PENTATEUCO SAMARITANO
Descoberto em Damasco, na Síria, o Pentateuco Samaritano não é uma
versão do texto bíblico, mas sim um dos tipos textuais existentes no período do
Segundo Templo ao lado do texto hebraico da LXX (Septuaginta) e do tipo
hebraico do Texto Massorético.
Sua história está ligada umbilicalmente a história dos samaritanos, um
dos habitantes mais antigos de Israel desde a destruição do reino do Norte.
Atualmente seu centro religioso se encontra na cidade de Nablus (Síquem), na
região da antiga Samaria.
Sua existência era desconhecida pelo mundo ocidental até 1616, quando
foi descoberto em Damasco, na Síria, por Pietro della Valle.
TRADUÇÕES SIRÍACAS
Segundo os pesquisadores, Teodoro, bispo de Cyrrhus, em 423 d.C., junto
com um grupo de estudiosos, teria organizado uma versão da Bíblia em língua
siríaca denominada de Antigo Siríaca. O texto do Antigo Testamento desta versão
se baseia principalmente nos Targuns e os Evangelhos de fontes gregas,
provavelmente dos manuscritos Codex Alexandrino e Bezae
TRADUÇÃO LATINA
Nos primórdios da igreja cristã, as literaturas predominantes entre os
cristãos era o grego, embora fosse o latim o idioma oficial do Império Romano.
Antes do aparecimento da Vulgata Latina, os pais da igreja se utilizavam
da Vetus Latina (literalmente antigas Versões Latinas), que
não era uma versão latina especifica, mas um conjunto de textos bíblicos
latinos que os Pais da igreja latina usavam antes da Vulgata Latina ser
produzida.
A “HEXAPLA”
Nem todos os livros do Antigo Testamento, infelizmente, foram bem
traduzidos na Septuaginta, razão pela qual Orígenes, por volta
de 228 d.C., compôs a Hexapla, ou versão de seis colunas,
contendo a Septuaginta e as três traduções gregas do Antigo Testamento
efetuadas por Áquila do Ponto, Teodoro de Éfeso e Símaco de Samaria, feitas
respectivamente em 130, 160 e 218 d.C. Além destas, constavam nas duas últimas
colunas o texto hebraico e o mesmo texto em grego. Esta grandiosa obra,
constituída de cinqüenta volumes, perdeu-se provavelmente quando os sarracenos
saquearam Cesaréia em 653 d.C.
A VULGATA LATINA
Em 382 d.C., o bispo Dâmaso encarregou São Jerônimo de traduzir da
Septuaginta para o latim o livro dos Salmos e o Novo testamento, o que ele fez
em três anos e meio. Mais tarde, um novo bispo assumia a direção da Igreja em
Roma e percebia, com inveja, a grande cultura e a influência de Jerônimo. Este,
perseguido e humilhado se dirige a Belém, na Terra Santa, e ali estuda e
trabalha durante trinta e quatro anos na tradução de toda a Bíblia para a
língua latina. Jerônimo escreveu ainda vinte e quatro livros de comentários
bíblicos, um conjunto de biografias de eremitas, duas histórias da Igreja
Primitiva e diversos tratados. Mais tarde, a Bíblia de Jerônimo ficou conhecida
como “Vulgata” (vulgar), sendo usada hoje pela Igreja Católica Romana como a
autêntica versão das Escrituras Sagradas, apesar de muitos eruditos a acharem
pobre e até a acusaram de conter falhas graves.
J. Dias
FONTE: BÍBLIA THOMPSON
MÓDULO I DA FACULDADE TEOLÓGICA BETESDA
Nenhum comentário:
Postar um comentário