quinta-feira, 1 de março de 2012

A IGREJA EVANGÉLICA E A DITADURA MILITAR DE 1964


A IGREJA EVANGÉLICA E A DITADURA MILITAR DE 1964
*J. Dias

O GOLPE MILITAR
Em 1964, os militares deram um golpe de estado depondo o então presidente João Goulart. Este golpe aconteceu no dia 31 de março de 1964.
De 1964 a 1985, o Brasil viveu um dos períodos mais negros de sua historia. A democracia foi abolida o estado de direito deixou de existir. Qualquer cidadão podia ter seu lar invadido pelas tropas do exército, para isto bastava uma denuncia sem qualquer tipo de comprovação.
O assassinato de pessoas por órgãos militares virou rotina, a tortura aos presos passou a ser algo normal. O total de desaparecidos durante os anos de ditadura, até hoje não foi revelado, o certo é que muitas famílias viram seus entes queridos serem presos por motivos fúteis e nunca mais voltarem para casa. Muitas jovens mulheres foram violentadas nos porões da repressão militar só por serem filhas de acusados de traidores do regime. Muitos pais confessaram crimes jamais cometidos apenas para não verem seus filhos serem torturados.
É triste ouvir pessoas dizendo: “tempos bons eram os tempos da ditadura”. São pessoas totalmente desinformadas, que só sabiam o que o governo permitia que fosse divulgado. A imprensa em geral viva amordaçada, sem poder publicar noticias que divulgassem a maldade e os atos criminosos dos militares.
A IGREJA EVANGÉLICA DURANTE A DITADURA
O 31 de março de 1964 marcou mais do que uma reviravolta nos rumos do país. Foi também um momento crucial para a Igreja Evangélica no Brasil. O mesmo golpe que tirou do poder o presidente João Goulart, afetou também os púlpitos. Sobretudo aqueles onde o pregador tinha coragem de defender a cidadania e a liberdade de expressão. Muitos pastores foram presos, crentes torturados e até desaparecidos nos porões da ditadura. Quem era evangélico e tinha atuação política ou comunitária nos anos pós-64 tem lembranças amargas.
O Departamento de Mocidade da Confederação Evangélica do Brasil (CEB) foi à primeira entidade de orientação evangélica a sofrer a perseguição do regime. Foi fechada sem direito de defesa. As igrejas Presbiteriana, Luterana, Metodista, Assembléia de Deus e Congregacional, promoveram eventos que ficaram célebres como a Conferência do Nordeste, em Recife - Pe, com o tema “Cristo e o processo revolucionário”. Foi a primeira vez que os cristãos e os marxistas se encontraram para discutir a relação da igreja com a realidade social e cultura brasileira. Um dos preletores foi o sociólogo Gilberto Freyre. A conferência do Recife reuniu 160 delegados de 16 denominações evangélicas. Houve uma grande repercussão em todo Brasil. A Igreja estava em busca de uma identidade nacional, foi um período rico na busca de um caminho, a igreja brasileira refletia os mesmos movimentos da sociedade.
Quando o golpe se intensificou e as perseguições começaram a apertar o cerco sobre as igrejas, o movimento da Conferencia do Recife se desfez. Para os militares os inimigos estavam em todos os lugares, inclusive nas igrejas. A Faculdade Metodista Rudge Ramos em São Paulo foi fechada por ordem do governo militar em 1967, depois que os formandos escolheram D. Helder Câmara, bispo de Olinda e Recife e inimigo declarado dos “fardados”, como paraninfo da turma.
Naquela época os jovens evangélicos eram politizados, preocupados com o país. A ideologia era ensinada também na escola Dominical de algumas igrejas. O templo da Igreja Metodista Central de São Paulo foi cercado pela policia e muitos jovens saíram presos. O pastor da Igreja Batista em Volta Redonda no Rio de Janeiro, Geraldo Marcelo, foi preso três vezes como agente da subversão, chegando a ficar 43 dias em poder dos militares. Hoje ele conta que superou os traumas e relembra os cultos que realizava na cadeia: “cinco companheiros se converteram e um deles hoje é pastor”. O pastor Geraldo conta que sofria torturas diárias, pensou em suicídio para não entregar os irmãos na fé. “Eu pensava em me matar. A pressão era muito grande. Só que eu era forte, precisava de cinco ou seis agentes para me torturar”, conta ainda comovido com as lembranças. “Foi pela ação de Deus que eu não morri, eu me sentia como Jesus, querendo passar de mim aquele cálice”.
Neste tempo o número de evangélicos no pais era na ordem de 4,5% da população. Então porque uma comunidade tão pequena incomodava tanto o regime? As ações da repressão militar mostram que o pequeno grupo causava incômodo. A explicação é simples: num pais que tinha 39% de analfabetos, os evangélicos eram uma elite pensante, exercia influencia política e era percebido socialmente. Nem todos os crentes no entanto faziam parte deste grupo, a igreja em geral se comportou muito mal, o medo das mudanças reforçou o conservadorismo, e muitas igrejas cediam seus púlpitos para propaganda a favor do regime militar.
CONCLUSÃO
Hoje, depois de poucos anos passados, a maioria do povo não sabe o que realmente acontecia com os considerados inimigos dos militares, não sabem que muitos pastores foram presos e torturados. Por isso se ouve alguns irmãos elogiando os tempos da ditadura.
Durante os vinte e um anos em que durou a ditadura, nosso país sofreu um atraso em muitas áreas, principalmente a de informática e tecnologia. Muitos cientistas foram “convidados” a deixarem o Brasil, isto nos causou prejuízos até hoje não recuperado. Por isso ainda somos dependentes externos em varias áreas da informática e tecnologia.
Então procure se informar mais sobre a historia recente de seu país, só assim você saberá que muitos dos que elogiam os militares não sabem do que estão falando.


 * Editor do Site
 FONTE: Revista Eclésia









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