quinta-feira, 1 de março de 2012

REFORMA DA IGREJA – JOÃO WYCLIFFE


REFORMA DA IGREJA – JOÃO WYCLIFFE

OS PRECURSORES DA REFORMA
Os místicos tinham tentado tornar pessoal a religião, mas os reformadores bíblicos e nacionalistas empenharam-se mais numa tentativa de retorno ao ideal da Igreja representada no Novo Testamento. Wycliffe e Huss foram capazes de capitalizar o sentimento nacionalista antipapal durante o período do Catveiro Babilônico da Igreja Romana, quando o papa residia em Avignon, França.

Ao povo inglês desagradava enviar dinheiro para um papa em Avignon, que estava sob a influência do inimigo da Inglaterra, o rei da França. Esse sentimento nacionalista natural foi intensificado pelo ressentimento real e da classe média por causa do dinheiro desviado do tesouro inglês e da administração do Estado Inglês através das imposições papais. O Estatuto de Provisores de 1351 proibiu a indicação de clérigos para o preenchimento de cargos na Igreja Romana por indicação do papa. O Estatuto de Premunir de 1353 proibiu que causas das cortes inglesas fosse levadas à corte papal em Roma, como era ordem da Igreja Romana. O pagamento de anual de mil marcos franceses à corte do papa também foi proibida. Foi em meio a esse clima de reação nacionalista ao eclesiasticismo qe Wycliffe entrou em cena. Ajudado pelo poderos João de Gaunt, Wycliffe conseguiu desafiar o papa.

João Wycliffe (John Wycliffe) iniciou um movimento na Inglaterra a favor da libertação do domínio do poder romano e da Reforma da Igreja. Wycliffe nasceu em 1324, educou-se na Universidade de Oxford, onde alcançou o lugar de doutor em teologia e chefe dos conselhos que dirigiam aquela instituição. Atacava os frades mendicantes e o sistema do monacato. Recusava-se a reconhecer a autoridade do papa e opunha-se a ela na Inglaterra. Escreveu contra a doutrina da transubstanciação, considerando o pão e o vinho meros símbolos. Insistia em que os serviços divinos na igreja fossem mais simples, isto é, de acordo com o modelo do Novo Testamento.

Wycliffe levantou um causticante ataque contra a cristandade de seus dias, representada pela Igreja Romana. O estridente anticlericalismo de Wycliffe surgiu de sua definição da igreja como o corpo predestinado dos eleitos. Mais tarde Huss fez ecoar a idéia de Wycliffe: “A unidade da Igreja Católica reside no vínculo da predestinação, visto que cada um de seus membros está unido um corpo ao outro pela predestinação, e na meta da benção, visto que todos os seus filhos estão no fundo, unidos em benção”.  A Igreja Universal não era conforme os conciliaristas haviam sustentado a congregação dos fiéis espalhados pela terra, mas sim o grupo dos eleitos estendidos através do tempo. A igreja na terra, a igreja visível, não podia ser identificada com a verdadeira igreja, já que contava entre seus membros os réprobos, como Wycliffe os chamava e também os redimidos.

Wycliffe dividiu a igreja em três partes: a igreja triunfante (Incluindo os anjos) no céu, a igreja militante na terra e a igreja adormecida no purgatório. Como a igreja militante continha tanto o trigo quanto o joio e como ninguém podia saber ao certo, nesta vida, quem era quem, nem a filiação à igreja institucional, nem a posse de qualquer cargo clerical garantia que alguém passasse a ser membro da igreja invisível, cujo “abade-chefe” é Cristo. Portanto, era possível estar na igreja sem ser da igreja. Wycliffe aplicava esse conceito diretamente ao papado: mesmo os papas podiam estar entre os réprobos, e nesse caso não deveriam ser obedecidos. Quase no fim da sua vida, Wycliffe repudiou o sistema papal como um todo e exigiu sua abolição.

Se a correlação que Wycliffe fazia entre a predestinação e a eclesiologia mostrou-se uma desmoralização para a supremacia papal na Inglaterra, ela ateou um movimento reformista na Boêmia, com o ímpeto do martírio de Huss.

Se fizesse tudo isso em outro país certamente Wycliffe seria martirizado, porém, na Inglaterra ele era protegido pelos nobres mais influentes. Mesmo depois que algumas de suas doutrinas foram condenadas pela Universidade, ainda assim lhe foi permitido voltar a sua paróquia em Lutterworth, e a continuar como clérigo, sem ser molestado. Seu maior trabalho foi à tradução do Novo Testamento para o inglês, terminado em 1384, ano de sua morte. Os discípulos de Wycliffe foram chamados de “lolardos”, e chegaram a ser numerosos. Porém no tempo de Henrique IV e Henrique V foram vitimas de grandes perseguições, e por fim exterminados. A pregação de Wycliffe e sua tradução da Bíblia sem dúvida prepararam o caminho para a Reforma.

Wycliffe foi chamado de: “a Estrela d’Alva da Reforma”.

Além de dar fim ao grande Cisma Ocidental, o Concílio de Constança (1414) também declarou heréticos os ensinos de João Wycliffe e ordenou que seus ossos fossem exumados da terra e queimados.




  J. DIAS

  FONTES:
  Teologia dos Reformadores – Timothy George, Editora Vida Nova
  História da Igreja Cristã – Jesse Lyman Hurlbut, Editora Vida







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