quinta-feira, 1 de março de 2012

REFORMA DA IGREJA – OS CÁTAROS OU ALBIGENESES


REFORMA DA IGREJA – OS CÁTAROS OU ALBIGENESES

Os cátaros ou albigeneses, assim chamados porque foram mais numerosos em Albi, no sul da França,usavam o Novo Testamento como base para suas doutrinas; as idéias heréticas que nutriam se assemelhavam mais as doutrinas dualistas e ascéticas dos movimentos gnósticos e maniquístas que invadiram a Igreja Primitiva no segundo século.

Os albigeneses criam na existência de um dualismo absoluto entre o Deus bom, que fez a alma dos homens e o deus mau, que recebeu um corpo material, depois de ter sido expulso dos céus. Expulso o deus mau formou o mundo visível. Logo a matéria é má. Rejeitavam os sacramentos, especialmente a missa com sua ênfase na presença física de Cristo nos elementos da céia. Refutavam as doutrinas do inferno e do purgatório e da ressurreição física. Condenavam o uso de qualquer coisa material na adoração.    

Os albigeneses ou cátaros “puritanos”, conseguiram proeminência no sul da França, mais ou menos em 1170. Eles rejeitavam a autoridade da tradição, distribuíam o Novo Testamento e opunham-se às doutrinas romanas da adoração de imagens e as pretensões sacerdotais. Tinham algumas idéias estranhas relacionadas com os antigos maniqueus, e rejeitavam o Antigo Testamento. O papa Inocêncio III, em 1208, mobilizou uma “cruzada” contra eles, e a seita foi dissolvida com o assassínio de quase toda a população da região, tanto católica como a herege. 

A história dos cátaros por muito tempo obscurecida exige a revisão ainda que mal delineada de pontos fundamentais. Apesar de tudo que é dito sobre suas heresias, é certo que o catarismo não tinha um corpo de doutrinas vindo de fora. Ela nasceu no interior da Igreja e reivindicava uma identidade plenamente cristã, procurando fundamentar-se exclusivamente em textos bíblicos. Mesmo se considerando cristãos, os cátaros retiravam de Cristo sua qualidade de redentor. Negavam a encarnação de Jesus e a realidade da Paixão. Ainda assim, eles consideravam Cristo o autor da revelação de Deus, e que ensinara aos homens como viver segundo a vontade do Pai Eterno.

Os cátaros acreditavam na salvação pela ação pessoal, e que cada indivíduo era responsável por sua própria salvação através de seus atos. Isso implicava a salvação sem restrições (todos teriam a salvação, tudo dependia de suas ações), e na crença de que na relação com Deus, o homem não necessitava de intermediários; todos os homens teriam o direito e a capacidade de vivenciar uma experiência de êxtase espiritual. O que, na doutrina ortodoxa católica era conseguido apenas pela intermediação dos sacerdotes da Igreja.

Criam numa escatologia otimista, onde não havia julgamento, nem inferno, pois o além era tão somente perfeição.

O catarismo deveu sua expansão à vida exemplar de seu clero que formava uma igreja bem menos hierarquizada do que seus adversários. Os cátaros ofereciam uma abordagem direta, pessoal e ativa da Palavra de Deus, enunciada e comentada em língua vernacular, desenvolvia uma liturgia simples, celebrada em pequenos grupos, que aproximava os sacerdotes (os chamados bons homens) e os crentes. No nível cotidiano, o catarismo era um conjunto de práticas simples de devoção e uma disciplina de vida.

Suas características fundamentais são suficientes para compreender por que o catarismo atingia quase que exclusivamente as camadas superiores da sociedade, ou ao menos as pessoas cuja situação existencial e cultural levavam a um mal-estar espiritual para o que a Igreja não tinha resposta. Em geral seus adeptos pertenciam a uma pequena aristocracia e às elites urbanas do saber e da riqueza. O catarismo não era um fator de transformação social. A sociabilidade cátara conjugava intimamente estruturas que eram anteriores a ela e a modulavam, as da família e das redes familiares em particular, ela não transcendia as divisões da sociedade, mantinha as hierarquias tradicionais nas quais as mulheres tinham uma posição enfaticamente subordinada.




  J. DIAS

  Fontes:
  História da Igreja Cristã – Vida
  Revista História Viva/ Idade Média – Duetto
  Cristianismo Através dos Tempos - Vida Nova 








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