A Quaresma e a Páscoa
Propomos aqui um estudo diferenciado, entre os muitos disponíveis nos livros e revistas. Ele tem duas linhas de apresentação. Primeiramente, vamos falar sobre a base histórica da Quaresma e da Páscoa que a Bíblia apresenta. Em segundo lugar, apresentaremos alguns elementos do amplo e variado campo semântico da teologia da Quaresma e da Páscoa. Foram escolhidas, aqui, algumas palavras que são estreitamente relacionadas à celebração da Páscoa desde o Antigo Testamento até o Novo Testamento. O objetivo deste estudo é equipar o seu estudo bíblico para esses dois períodos litúrgicos, bem como enriquecer a sua prática pastoral.
Contexto histórico
Embora seja certo que a ciência e a fé devam andar de mãos dadas, é preciso afirmar que estas duas grandezas possuem diferentes campos de atuação. A ciência trabalha com a racionalidade e a fé gira em torno da revelação de Deus na história. Assim, o(a) estudante da Bíblia deve ler a Escritura Sagrada com os olhos da razão e da fé, sem receio de ser impedido(a) de compreendê-la.
Israel se constituiu, como povo, em meio ao desmantelamento do período do Bronze e a chegada do Ferro, no Antigo Oriente Médio (século XIII a.C.). O povo, mais tarde chamado Israel, teve sua origem entre os grupos de pastores semi-nômades. As figuras que fazem parte da pré-história dos israelitas - Abraão, Isaac. Jacó, Moisés, entre muitos outros - foram pastores que viveram na periferia, isto é, nas estepes da terra de Canaã. Aqui, faz-se necessário uma explicação: Israel não é nômade, pois não faz uso de camelos, mas ele é semi-nômade, pois vive da criação de carneiros e ovelhas. Israel teve sua origem na Mesopotâmia, via Harã e Aram. A tradição dos patriarcas é transmigrante, isto é, viajavam muito, mas permaneciam por algum tempo nas regiões visitadas. É difícil saber a razão dessa cultura da transmigração. Seria a busca de uma solução para a vida dura e difícil? Seria a esperança de dias melhores? A teologia bíblica sugere que isso faz parte dos mistérios da fé. Após a chegada em Canaã, a família de Abraão foi viver na periferia das terras férteis daquela região, já naquela época extremamente cobiçada pelos povos vizinhos. A clã de Abraão não foi viver com os proprietários das terras agrícolas, mas nas regiões montanhosas que circundavam a parte fértil, criando carneiros e ovelhas. Os patriarcas viveram na instabilidade própria das estepes. De um lado, eles mostravam-se frágeis, mas na verdade eles tinham uma economia bastante estável. Não pagavam tributos aos proprietários da terra, já que as estepes não tinham valor econômico para a agricultura. Além disso, os patriarcas tinham liberdade para migrar continuamente. Eles sentiam-se livres para viver. Todavia, a liberdade e o direito de ir e vir não era total: primeiro, eles eram impedidos de viverem nas regiões agrícolas, pertencentes aos cananeus; segundo, eles precisavam de água fornecida pelos poços. Como eles viviam em áreas semi-desérticas, o poço de água era uma raridade. O poço de água constituía-se algo de grande valor para a sobrevivência dos semi-nômades e os seus rebanhos. Dentre os costumes dos pastores semi-nômades, a Bíblia preservou uma celebração: a Páscoa. Trata-se de uma cerimônia celebrada todos os anos no mesmo período. Ela é conhecida como a cerimônia da passagem da estação da Primavera para o Verão. A razão dessa celebração está nas leis da natureza. É possível viver e cuidar do rebanho, na região das estepes, durante o Outono, Inverno e Primavera. Contudo, não é possível suportar o calor do sol de Verão que queima a pouca pastagem do semi-deserto. Daí, os pastores que vivem nessas regiões são obrigados a migrarem-se para outros lugares em busca de água e alimento. O momento crítico é o da saída. Quando os sinais da chegada do Verão se faziam presentes, numa noite, os pastores celebravam a saída, em busca de outras paragens provisórias para o sustento da vida dos familiares e os seus rebanhos. É a saída para a vida. A cerimônia principal incluía o sacrifício de uma ovelha para que ela servisse de alimento para toda a família.
Quando os pastores semi-nômades, do êxodo, alcançaram a terra de Canaã e agregaram-se aos agricultores cananeus, a celebração da Páscoa ampliou com alguns elementos agrícolas da Festa dos Pães Àzimos ou Asmos.
Por que a ausência de fermento no pão?Primeiramente, o povo bíblico procurou explicar o motivo através da história, chamando-o "pão da pressa". Entre as mais primitivas prescrições da Páscoa está recomendado que essa refeição deve ser feita "às pressas" (Ex 12.11-12), porque foi no inesperado da calada da noite que os escravos hebreus saíram do Egito.Em segundo lugar, a ausência de fermento no pão tem a ver com a renovação da vida. Não se pode misturar o antigo com o novo. Precisa-se criar um novo fermento que dará o sentido para a nova vida, agora, em liberdade, na terra de Javé.
A celebração da Páscoa, ao longo dos séculos, antes de Cristo, sofreu algumas alterações de caráter secundário (comparar Ex 12.1-14; 21-28; 43-51; Dt 16.1-8). Contudo, a Páscoa nunca modificou o seu sentido de memória dos grandes atos de Deus em favor do Povo, a fim de que esse gesto possa renovar a esperança daqueles (as) que estão oprimidos(as). É com essa finalidade que Jesus reuniu os seus apóstolos em torno de uma mesa para uma derradeira refeição. A frase que ficou na memória deles foi: "Fazei isso em memória de mim" (Lc 22.14-20).
Contexto semântico
O campo semântico dos temas "Quaresma e Páscoa" é vasto. Escolhemos algumas palavras para analisar, no âmbito do Antigo e do Novo Testamentos.
A) SALVAR
Salvar é um verbo central na Bíblia. A língua hebraica possui muitos verbos que ajudam a mostrar diversidade e a riqueza de significado que salvar possui no contexto bíblico. O verbo salvar tem muitos sinônimos: yasa' = salvar (Êx 1430), ga´al = redimir (Êx 6.6; Os 13.14), padah = resgatar (Êx 13.13, 15; Os 13.14), ´azar= socorrer (Js 10.6), nasal = livrar, libertar (Sl 59.2), palat = salvar (Sl 37.40). Certamente, este o quadro de palavras sinônimas mostra o grande interesse e importância que o tema salvar desempenha dentro do ensino bíblico. Todavia, o verbo yasa´ e seus derivados - hosya´ = ele salva; yesu' = salvação; mosia´= salvador - constituem-se os termos soteriológicos mais usados Biblia. É que yasa' é o verbo usado quando Javé ou o seu Ungido são referidos. Por essa razão, o seu uso não é comum fora do âmbito religioso e teológico.
O conceito "salvar", no Antigo Testamento, possui uma interessante peculiaridade. "Salvar" não carrega uma reflexão poética ou mitológica, mas tão somente um testemunho histórico da ação de Deus em favor dos homens e mulheres, enfim, do mundo. Assim, o ato salvífico de Javé é mostrado, na Bíblia, de forma bastante concreta. O povo sofrido lamenta e clama pela ajuda de Deus (Ex 3.7-22) que, em atenção a essa súplica, providencia toda sorte de auxílio: envia a resposta (Sl 20.6), liberta (Sl 71.2), abençoa (Sl 28.9), salva (Sl 37.40), faz justiça (Sl 54.1), protege (Sl 86.2) e redime (Sl 106.1) o povo que queixa. Assim, a Bíblia vê Javé como aquele que age e produz salvação no meio do povo (Sl 12.5). Por isso, Ele é designado como aquele que realiza atos salvíficos em toda a terra (Sl 74.12). Salvador é um dos títulos mais usados no Antigo Testamento para designar Javé. O povo bíblico confessará que Javé o havia salvado (Is 17.10; 43.3; 51. 24.25). O nome do grande líder Josué afirma que "Javé é Salvador". O nome de Jesus tem esse mesmo significado (Lc 1.47) B) DESERTONo Antigo Testamento
A palavra deserto possui uma forte concentração de significado teológico em toda a Bíblia. Para entender o seu sentido é preciso partir do seu conceito geográfico. O deserto é, primeiramente, descrito como um lugar terrível (Dt 1.19), de estepes e barrancos, seco e escuro que ninguém atravessa e habita (Jr 2.6) e, também, ermo e solitário (Ez 6.14). Apesar dessas conotações negativas, a história salvífica de Javé teve como palco principal o deserto.
A memória do ato libertador de Javé tem o deserto como seu cenário central. A história bíblica narra que o povo israelita, sob a liderança de Moisés, caminhou por quarenta anos no deserto até chegar à Canaã, a terra que mana leite e mel (Êx 3.8). Os profetas disseram que esse foi o tempo mais fértil e significativo da história do povo bíblico (Os 2.14; 13.5-6), e a celebração da Páscoa inclui, na sua liturgia, a dramatização dos eventos do deserto (Êx 12.1-14; Dt 16.1-8). Foi no deserto que os(as) escravos(as) aprenderam a viver comunitariamente e obedecer ao seu Deus. Além disso, foi no deserto que esse grupo reconheceu que não podia viver de modo egoísta e individualista, mas foi nesse austero espaço que os hebreus renderam desfrutar, de modo comunitário, da graça de Deus. Portanto, deserto é lugar de desolação, mas também da companhia de Deus (Êx 13.21); é o lugar sem fertilidade, mas foi o tempo pleno da palavra e da graça de Deus (Jr 22). No deserto, o peregrino olha para o alto e somente vê o sol escaldante; olha para os lados e somente vê areia quente. A sua única esperança é confiar em Deus. Esta, certamente, foi a experiência daquele bando escravos e escravas libertado por Deus, no Egito. Foi a partir dessa experiência que o profeta Oséias falou pedagogicamente ao povo esquecido e, conseqüentemente, desobediente, durante os dias do Reino de Israel - "Eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração" (2.14). Novo Testamento
Na tradição pascal veterotestamentária, a celebração da Páscoa precedia o deserto. Na tradição sinótica, o deserto precede a Páscoa. O deserto marcou o início do ministério de Jesus, além de aparecer em algumas vezes história do ministério. Após o batismo, Jesus retirou-se ao deserto onde jejuou, orou e foi tentado. No deserto, após vencer a tentação, Ele foi servido pelos anjos. Deste modo, o deserto é lugar de provação e de providência divina. Diferentemente do povo de Deus na história da peregrinação no deserto, Jesus venceu, a provação e manteve-se fiel a Deus. Por isso, ele não experimentaria a morte às portas da terra prometida, como aconteceu com Moisés. Assim, junta-se deserto e ressurreição na história de Cristo, unindo batismo e eucaristia em um mesmo movimento. Batismo e deserto marcam o início do ministério de Jesus, enquanto a eucaristia e a ressurreição marcam o final.
A partir daí, a Igreja Cristã - como, por exemplo, as comunidades do Apocalipse - enxergam a sua provação como o deserto, onde as águas do dragão tentam engolir a comunidade (a provação) e o deserto engole a água (providência). C) O NÚMER0 40No Antigo Testamento
O povo tem tentado entender o significado dos números, porém é, provavelmente, impossível chegar a uma explicação plena e completa. Cada povo constrói uma simbologia muito própria. Portanto, não é possível explicar o significado hebraico do número 40, tomando por base o sentido egípcio ou cananeu.
O número 40, entre os israelitas, certamente, possui um significado teológico que tem sua origem na própria história do povo. É necessário lembrar que os ensinos, hinos, liturgias, ou outra expressão de comunicação, contidos na Bíblia, deverão ser vistas à luz da experiência histórica do povo. Assim deve ser visto o significado do número 40. No Antigo Testamento, o número 40 ocorre muitas vezes relacionado a momentos significativos da história bíblica. Entre tantas ocorrências, quatro são destaques no Antigo Testamento: o período do dilúvio foi de 40 dias (Gn 7.4); os hebreus caminharam 40 anos pelos desertos até atingir Canaã (Js 5,6); a duração do bom reinado de Davi foi de 40 anos (2Sm 5.4); Elias caminhou 40 dias para encontrar com Deus no Sinai (lRs 19.8). Estas quatro ocorrências estão ligadas a eventos fundantes e significativos na história bíblica do Antigo Testamento. Não deveríamos entender o número 40 como um múltiplo de quatro? O número 4, provavelmente, tem a ver com os quatro pontos cardeais dos quais vêm os quatro ventos que abastecem a terra de oxigênio. O relato da Criação afirma que quatro rios irrigam toda a terra (Gn 2.10-12). Não estaríamos diante do símbolo da intervenção divina que renova a vida e a esperança no mundo? Por tudo isso que foi falado, acima, provavelmente, o número 40 sinaliza o início de um novo período de atividade de Deus. No Novo Testamento
No NT, o simbolismo do número 40 continua. Por exemplo, Jesus recolhe-se no deserto por 40 dias e 40 noites (Mt 4.3; Mc 1.1; Lc 4.2). Uma outra ocorrência significativa, na vida e obra de Jesus, é mencionada por Atos dos Apóstolos: Jesus, após a ressurreição, permaneceu na terra 40 dias (At 1.3). Certamente, o número 40 lembra a difícil, mas significativa caminhada do povo de Israel no deserto.
D) PÁSCOANo Antigo Testamento
O nome na Bíblia não é um simples rótulo que se coloca em uma pessoa ou acontecimento para torná-lo mais atraente. O nome representa a realidade profunda do ser que o conduz. Assim é a Páscoa. A palavra páscoa vem do hebraico pesah cujo significado é salto, movimento, caminhada, travessia. O nome pesah está estreitamente ligado à história dos acontecimentos que antecederam a saída dos/as escravos/as hebreus e hebréias, do Egito (Êx 12.11, 21, 27, 43, 48; 34.25), em direção à liberdade e à vida plena, em Canaã.
O termo pesah = salto, travessia, é histórico, mas ganha sentido teológico por várias razões: Deus passou ao largo das portas das casas dos(as) escravos(as) hebreus e hebréias, pintadas com sangue de carneiro sacrificado, e assim, livrando os filhos primogênitos da morte (Êx 12.12-13, 23); Deus fez com que esse grupo de escravos(as) atravessassem os desertos para ganhar a liberdade na terra da promessa, Canaã. Por fim, Deus fez os hebreus e hebréias saltarem da escravidão para a liberdade, da angústia para o prazer de viver e da morte para a vida.
Todos esses motivos históricos levaram os descendentes desses(as) escravos(as) a organizarem uma celebração cúltica onde a ênfase seria lembrar os grandes atos salvíficos de Deus, em favor de seus pais que eram escravos(as) no Egito. Assim, a partir da chegada a Canaã, os(as) descendentes desses(as) escravos(as) passaram a celebrar, uma vez por a o, esse grande salto, dos hebreus, para ganhatem a liberdade. Naturalmente que o nome dessa celebração veio a ser pesah, isto é, páscoa. É suposto que, a partir da chegada em Canaã, fim do século XIII a.C., o povo hebreu celebrou a Páscoa, cuja finalidade primordial é ensinar as futuras gerações que Deus liberta e oferece vida plena a todos/as. Assim, quem celebra a Páscoa aprende que Deus não admite escravidão.
No Novo Testamento
A festa da Páscoa, no cristianismo, é um dos elementos que anuncia a origem judaica da fé cristã. É importante nesse caminho perceber que na celebração da Festa da Páscoa judaica o drama fundante da fé cristã se insere de forma decisiva.
Jesus, na condução da refeição pascal, anunciou o memorial que identificaria as reuniões dos futuros seguidores de seu movimento. A partir da páscoa judaica - providência divina e libertação - o cristianismo anuncia a redenção e a ressurreição. Embora pareçam distintos, esses termos têm profundas ligações com o sentido veterotestamentário. A morte de Jesus, em meio às celebrações pascais, representou a vitória aparente das forças da morte. Os poderes instituídos venceram o Ungido de Deus. Contudo, a ressurreição é a resposta de Deus que anuncia a vitória definitiva da vida. Com isso, a ressurreição de Cristo representa a providência divina que salva o Ungido e o liberta, desta vez, da força da morte. Deste modo, a Páscoa cristã relê a concepção judaica antiga, ampliando o campo da libertação para a libertação da morte. Com isso, o sentido de ressurreição do indivíduo - novidade no pensamento judaico - junta-se ao conceito de Páscoa definindo os contornos da fé cristã. E) MEMÓRIANo Antigo Testamento
No Antigo Testamento, encontramos dois verbos importantes para a compreensão do significado de celebração e culto: lembrar e esquecer. Evidentemente que lembrar é mais importante que esquecer. Na língua hebraica, lembrar é zakar. A ordem de Moisés aos escravos hebreus, no Egito, explica bem o valor de zakar = lembrar para aquele povo em formação:
"Lembrai-vos deste mesmo dia, em que saíste do Egito, da casa da servidão; pois com mão forte Javé vos tirou de lá..." (Êx 13.3). Por outro do, xakah = esquecer possui o significado de apagar da memória tudo o que Deus fez em favor do ser humano e do mundo. Assim, a recomendação de Moisés transformou-se na mente que deu motivo e razão a toda festa ou celebração comunitária. Por isso a recomendação bíblica é enfática e urgente: "Lembrai-vos e não vos esqueçais" (Dt 9.7). No Antigo Testamento, os verbos lembrar e esquecer estão muito relacionados à atuação de Deus mundo. Assim, não é encontrada indicação bíblica para que o povo lembre e celebre a data de aniversário de algum líder do povo. A recomendação bíblica é para que o povo lembre, primeiramente, dos atos salvíficos de Deus em favor de homens e mulheres ao longo da história. Ao mesmo tempo, a necessidade de uma ordem na comunidade fez com que os Líderes apelassem para que povo lembrasse dos mandamentos divinos. A importância de lembrar é, na Bíblia, tão grande e fundamental para a existência da humanidade do povo bíblico que legisladores (Nm 15.39), historiadores (Dt 6.5-9; 26.20-24), sacerdotes (Sl 136), profetas (Jr 2.2; Mq 6.1-5), sábios (Ec 12.1) recomendavam ao povo a guardar na memória, bem como celebrar, os favores de Deus. Para a Bíblia, zakar = lembrar é criar, construir e lançar as bases de um povo, enquanto que esquecer é o mesmo que destruir e fazer morrer a esperança. No Novo Testamento
A memória é a base da sobrevivência do povo judeu. Começando pela lembrança da criação e a conseqüente manutenção da vida por Deus, passando pelos atos do passado, que confirmam a ação de Deus em favor de seu povo e garantem o futuro escatológico, chega, inclusive, até a perpetuação do nome.
O verbo relembrar aparece poucas vezes no Novo Testamento, sendo que, nestas poucas vezes há uma maior concentração em textos litúrgicos, de modo especial nos textos eucarísticos, isto é, ligados à Celebração da Ceia do Senhor. Paulo usa esse verbo quando ele quer chamar a atenção da comunidade de Corinto sobre a tradição eucarística que ele recebeu (l Co 11.24). Na maioria dos casos, o uso do verbo está associado ao contexto veterotestamentário do relembrar para não morrer. Tanto que, mesmo no uso negativo do verbo que o livro de Hebreus faz, há diálogo com a tradição do AT. Para Hebreus (10.3), o relembrar da tradição mantém viva a consciência do pecado. Deste modo, para a epístola, o sacrifício de Jesus supera esse relembrar constante. A tradição veterotestamentária fecunda os poucos textos do Novo Testamento, onde a maior parte aponta para a importância do memorial pascal e da própria pessoa de Cristo e se tornam em sinalização presente dos atos salvíficos de Deus. A pessoa de Cristo e o Espírito Santo se tornam em atualização constante da memória salvífica. F) OVELHA, CARNEIRONo Antigo Testamento
Entre os elementos da refeição pascal, a carne animal é, no Antigo Testamento, a mais constante, em todas as prescrições. O animal que fornece a carne para o sacrifício pascal é o kebes ou keseb cordeiro macho. A literatura do Antigo Testamento mostra que esse anima era muito querido pelo povo bíblico, por várias razões: (a) o kebes = carneiro era considerado o animal doméstico mais popular, por Israel e os povos vizinhos; (b) em Israel era proibido castra-lo ou mesmo adquiri-lo estéril de outros povo: (Lv 22.24-25); (c) não é por acaso que a legislação determinava o carneiro como animal mais desejado para o sacrifício (Êx 125); (d) ele é usado metaforicamente para exaltar a afetividade entre o ser humano e o animal (2Sm 12,3) que dá força coragem ao pastor para defendê-la do perigo (l Sm 17.34; Ez 34.1-31). Por essas razões, Israel era comparado a uma ovelha desgarrada (Sl 119.176). Contudo, o exemplo mais claro encontra-se no 4º canto do Servo de Javé (Is 52.13-53.12), quando, numa riquíssima metáfora, o povo exilado na Babilônia é comparado a uma inocente ovelha (Is 53.7).
A razão do grande carinho do povo bíblico pelo carneiro ou a ovelha tem um motivo histórico. Inicialmente, Israel foi um povo das estepes que circundavam as cobiçadas regiões agrícolas; após a chegada a Canaã, o povo bíblico alcançou as montanhas da Palestina (Jz 1.19, 27-29), e somente, mais tarde, é que eles conquistaram as planícies, tornando-se agricultores. Assim, o carneiro e a ovelha fizeram parte da história do povo bíblico nas duas primeiras fases de sua vida. Além de alimentar e proteger o povo do frio, esse animal era o símbolo da mansidão. No Novo Testamento
O Novo Testamento usa o termo cordeiro poucas vezes. A partir da tradução da Bíblia Hebraica para o grego, (Septuaginta), há uma distinção entre a ovelha (próbaton) e cordeiro (amnós). Amnós designava o cordeiro de um ano. Essa condição era requerida para o sacrifício expiatório da tradição veterotestamentária. O cristianismo em seus escritos canônicos usa a figura do cordeiro para explicar a morte de Jesus. Ele aparece como o cordeiro que redime todo o povo (Jo 1.29-34; I Pd 1.19).
Com isso, o escândalo da cruz ganha um sentido teológico de expiação do pecado. Jesus, com sua morte, assumiu o papel de cordeiro que, mediante o sangue, expia o pecado. Esse sentido vicário surge como uma releitura do impacto negativo que a cruz causou na comunidade (que Paulo define com o termo escândalo). G) REFEIÇÃO PASCALNo Antigo Testamento
As prescrições para a refeição pascal não são uniformes e fáceis de compreendê-las na ordem cronológica. Todavia, tomemos uma das reportagens encontradas no Antigo Testamento (Êx 12.1-14) para esboçar a qualidade da refeição pascal.
Provavelmente, este texto contém alguns elementos primitivos dessa celebração. Primeiro, o sacrifício da ovelha deveria ser realizado no crepúsculo do dia 14 do 1º mês do ano. Segundo, o animal a ser sacrificado deveria estar escolhido e separado a partir do dia 10. Terceiro, a oferta deveria ser comida por todos os membros da família, bem como dos vizinhos e amigos convidados. Quarto, o animal deveria ser escolhido do rebanho jovem de carneiro, não devendo apresentar qualquer defeito ou mancha. Quinto, o sangue do carneiro deveria ser passado nas portas e nas travessas das casas. Sexto, a carne do carneiro sacrificado deverá ser assada no fogo e comida, à noite, acompanhada de pães ázimos e ervas amargas. Sétimo, era proibido comer carne crua ou cozida na água, bem como algumas partes do animal, como a cabeça, as vísceras e as pernas. Oitavo, toda a refeição prescrita deveria ser comida apressadamente, numa atmosfera de dramatização, isto é, com lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. Nono, as ofertas deveriam ser comidas dentro da casa, até o alvorecer. O que restasse dessa refeição deveria ser totalmente queimada. De tudo o que foi esboçado, a partir do relato de Êxodo 12.1-14, algumas conclusões ficam salientes: (1) essa liturgia pascal quer destacar a importância da família para a sobrevivência futura do povo bíblico; (2) o valor da mesa de refeição não é somente para o alimento físico, mas também serve para o fortalecimento dos laços comunitários e com Deus; (3) essa reunião destinava-se manter viva a memória de libertação do povo, através da dramatização dos fatos ocorridos durante o processo de fuga da escravidão egípcia. No Novo Testamento
A refeição comunitária é um dos elementos importantes na fé israelita. Na fé veterotestamentária, ela define etnia e família. Por isso, era uma questão complicada para um judeu a refeição com um não judeu. O cristianismo conservou esse elemento importante da fé cristã, mas dando-lhe um sentido mais amplo, onde a refeição definia o povo de Deus, que não era retratado nem sanguineamente e nem geograficamente, mas sim pelo conceito da confissão de fé (aqueles que fazem a vontade de meu Pai).
Nos eventos pascais que marcaram a paixão de Cristo, a refeição inicia e conclui o drama. Antes da prisão, Jesus come a refeição pascal com seus discípulos e institui o memorial da Páscoa. Após a ressurreição, Jesus revive a refeição pascal, comendo com os discípulos (Lc 24,30ss; Mc 16.14). H) RESSURREIÇÃO
O conceito de ressurreição é um conceito muito tardio na fé judaica. Alguns profetas anunciaram a ressurreição do povo como uma expectativa de redenção do povo. A ressurreição do indivíduo só vai aparecer no pensamento judaico a partir do 2º século a.C. É uma das expectativas importantes que irá fecundar o pensamento apocalíptico, que surge nesse período. Deste modo, soma-se a ressurreição dois outros importantes temas teológicos: fé em um mundo vindouro, que significaria a intervenção definitiva de Deus na história humana e o julgamento escatológico, onde os bons serão punidos e os injustos serão condenados.
No conceito de ressurreição, mais do que a vitória definitiva da vida sobre a morte, aparece o conceito da justiça divina que será exercida no momento da implementação definitiva do Reino de Deus (Reino da Justiça). É comum nos extratos mais antigos do Novo Testamento o uso do verbo levantar (egeiro) no passivo, demonstrando com isso a ação divina na salvação de Jesus da morte. Este sentido é, também, aplicado a comunidade cristã a qual participa da morte e, conseqüentemente, da ressurreição de Jesus.
I) JEJUM
Jejum - na língua hebraica sum - é a abstenção de alimento por um espaço de tempo. O jejum era um elemento da prática religiosa israelita. Todavia, ele era também praticado por pessoas de muitas religiões antigas. No Antigo Testamento, o jejum tem alguns objetivos:
- ele sinaliza o pesar de alguém, em vista do falecimento de um ente querido (lSm 31.13; 2 Sm 1.12; 3.35) ou de um desastre nacional (Ne 1.4); - ele mostra o sentimento de arrependimento de alguém, por um gesto indevido. Essa atitude de arrependimento caracteriza-se como um gesto de auto-humilhação (Ne 9.1-3; Jr 14.12; Jl 1.14; S1 35.13-14); - o jejum é um exercício de fé destinado a chamar a atenção de Deus, em vista de um perigo iminente (2Sm 12.16-25; Jr 36.9; Jn 3,5); - o jejum acontece quando alguém tem que tomar uma decisão difícil ou iniciar uma missão importante e espinhosa (Et 4.16). A prática do jejum não teve, na Bíblia, aprovação unânime do povo. Alguns profetas criticaram a prática do jejum, porque ele tinha se tornado um rito meramente externo sem sentimento interior (Is 58.1-14; Jr 14,2; Zc 7.1-7). Após a destruição de Jerusalém (587 a.C.) e o exílio na Babilônia, houve uma enorme valorização da prática do jejum. No Novo Testamento, o jejum é pouco citado, provavelmente em razão da excessiva valorização dada pelos fariseus. Jesus mostrou-se indiferente quanto ao jejum (Mt 6.16-18; Mc 2.18-20), mas não o excluiu (Mt 4.1-11). Antes, sugere que ele seja praticado às ocultas, em casa, para que ele não se torne um meio de promoção pessoal. A Igreja Primitiva adotou o jejum (At 13.2-3; 14.23) como preparação para a escolha de seus líderes, mas nas cartas dos apóstolos, o jejum não é mencionado.
Autores: Tércio Machado Siqueira e Paulo Roberto Garcia
| Autor: Tércio Machado e Paulo Roberto | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |
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quinta-feira, 29 de março de 2012
A Quaresma e a Páscoa
Páscoa - Símbolos e Significados
Páscoa - Símbolos e Significados
O nome páscoa surgiu a partir da palavra hebraica "pessach" ("passagem"), que para os hebreus significava o fim da escravidão e o início da libertação do povo judeu (marcado pela travessia do Mar Vermelho, que se tinha aberto para "abrir passagem" aos filhos de Israel que Moisés ia conduzir para a Terra Prometida).
Ainda hoje a família judaica se reúne para o "Seder", um jantar especial que é feito em família e dura oito dias. Além do jantar há leituras nas sinagogas.
Para os cristãos, a Páscoa é a passagem de Jesus Cristo da morte para a vida: a Ressurreição. A passagem de Deus entre nós e a nossa passagem para Deus. É considerada a festa das festas, a solenidade das solenidades, e não se celebra dignamente senão na alegria.
Em tempos antigos, no hemisfério norte, a celebração da páscoa era marcada com o fim do inverno e o início da primavera. Tempo em que animais e plantas aparecem novamente. Os pastores e camponeses presenteavam-se uns aos outros com ovos.
OVOS de PÁSCOA
De todos os símbolos, o ovo de páscoa é o mais esperado pelas crianças.
Nas culturas pagãs, o ovo trazia a idéia de começo de vida. Os povos costumavam presentear os amigos com ovos, desejando-lhes boa sorte. Os chineses já costumavam distribuir ovos coloridos entre amigos, na primavera, como referência à renovação da vida.
Existem muitas lendas sobre os ovos. A mais conhecida é a dos persas: eles acreditavam que a terra havia caído de um ovo gigante e, por este motivo, os ovos tornaram-se sagrados.
Os cristãos primitivos do oriente foram os primeiros a dar ovos coloridos na Páscoa simbolizando a ressurreição, o nascimento para uma nova vida. Nos países da Europa costumava-se escrever mensagens e datas nos ovos e doá-los aos amigos. Em outros, como na Alemanha, o costume era presentear as crianças. Na Armênia decoravam ovos ocos com figuras de Jesus, Nossa Senhora e outras figuras religiosas.
Pintar ovos com cores da primavera, para celebrar a páscoa, foi adotado pelos cristãos, nos século XVIII. A igreja doava aos fiéis os ovos bentos.
A substituição dos ovos cozidos e pintados por ovos de chocolate, pode ser justificada pela proibição do consumo de carne animal, por alguns cristãos, no período da quaresma.
A versão mais aceita é a de que o surgimento da indústria do chocolate, em 1830, na Inglaterra, fez o consumo de ovos de chocolate aumentar.
COELHO
O coelho é um mamífero roedor que passa boa parte do tempo comendo. Ele tem pêlo bem fofinho e se alimenta de cenouras e vegetais. O coelho precisa mastigar bem os alimentos, para evitar que seus dentes cresçam sem parar.
Por sua grande fecundidade, o coelho tornou-se o símbolo mais popular da Páscoa. É que ele simboliza a Igreja que, pelo poder de cristo, é fecunda em sua missão de propagar a palavra de Deus a todos os povos.
CORDEIROO cordeiro é o símbolo mais antigo da Páscoa, é o símbolo da aliança feita entre deus e o povo judeu na páscoa da antiga lei. No Antigo Testamento, a Páscoa era celebrada com os pães ázimos (sem fermento) e com o sacrifício de um cordeiro como recordação do grande feito de Deus em prol de seu povo: a libertação da escravidão do Egito. Assim o povo de Israel celebrava a libertação e a aliança de Deus com seu povo.
Moisés, escolhido por Deus para libertar o povo judeu da escravidão dos faraós, comemorou a passagem para a liberdade, imolando um cordeiro.
Para os cristãos, o cordeiro é o próprio Jesus, Cordeiro de Deus, que foi sacrificado na cruz pelos nossos pecados, e cujo sangue nos redimiu: "morrendo, destruiu nossa morte, e ressuscitando, restituiu-nos a vida". É a nova Aliança de Deus realizada por Seu Filho, agora não só com um povo, mas com todos os povos.
CÍRIO PASCAL
É uma grande vela que se acende na igreja, no sábado de aleluia. Significa que "Cristo é a luz dos povos".
Nesta vela, estão gravadas as letras do alfabeto grego"alfa" e "ômega", que quer dizer: Deus é princípio e fim. Os algarismos do ano também são gravados no Círio Pascal.
O Círio Pascal simboliza o Cristo que ressurgiu das trevas para iluminar o nosso caminho.
GIRASSOL
O girassol é uma flor de cor amarela, formada por muitas pétalas, de tamanho geralmente grande. Tem esse nome porque está sempre voltado para o sol.
O girassol, como símbolo da páscoa, representa a busca da luz que é Cristo Jesus e, assim como ele segue o astrorei, os cristãos buscam em Cristo o caminho, a verdade e a vida.
PÃO E VINHO
O pão e o vinho, sobretudo na antiguidade, foram a comida e bebida mais comum para muitos povos. Cristo ao instituir a Eucaristia se serviu dos alimentos mais comuns para simbolizar sua presença constante entre e nas pessoas de boa vontade. Assim, o pão e o vinho simbolizam essa aliança eterna do Criador com a sua criatura e sua presença no meio de nós.
Jesus já sabia que seria perseguido, preso e pregado numa cruz. Então, combinou com dois de seus amigos (discípulos), para prepararem a festa da páscoa num lugar seguro.
Quando tudo estava pronto, Jesus e os outros discípulos chegaram para juntos celebrarem a ceia da páscoa. Esta foi a Última Ceia de Jesus.
A instituição da Eucaristia foi feita por Jesus na Última Ceia, quando ofereceu o pão e o vinho aos seus discípulos dizendo: "Tomai e comei, este é o meu corpo... Este é o meu sangue...". O Senhor "instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar assim o Sacrifício da Cruz ao longo dos séculos, até que volte, confiando deste modo à sua amada Esposa, a Igreja, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal, em que se come Cristo, em que a alma se cumula de graça e nos é dado um penhor da glória futura".
A páscoa judaica lembra a passagem dos judeus pelo mar vermelho, em busca da liberdade.
Hoje, comemoramos a páscoa lembrando a jornada de Jesus: vida, morte e ressurreição.
COLOMBA PASCAL
O bolo em forma de "pomba da paz" significa a vinda do Espírito Santo. Diz a lenda que a tradição surgiu na vila de Pavia (norte da Itália), onde um confeiteiro teria presenteado o rei lombardo Albuíno com a guloseima. O soberano, por sua vez, teria poupado a cidade de uma cruel invasão graças ao agrado.
SINOMuitas igrejas possuem sinos que ficam suspensos em torres e tocam para anunciar as celebrações.
O sino é um símbolo da páscoa. No domingo de páscoa, tocando festivo, os sinos anunciam com alegria a celebração da ressurreição de cristo.
QUARESMAOs 40 dias que precedem a Semana Santa são dedicados à preparação para a celebração. Na tradição judaica, havia 40 dias de resguardo do corpo em relação aos excessos, para rememorar os 40 anos passados no deserto.ÓLEOS SANTOS
Na antiguidade os lutadores e guerreiros se untavam com óleos, pois acreditavam que essas substâncias lhes davam forças. Para nós cristãos, os óleos simbolizam o Espírito Santo, aquele que nos dá força e energia para vivermos o evangelho de Jesus Cristo.
| Autor: Artigo recebido por email | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |
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Semana Santa ou Semana da Paixão
Semana Santa ou Semana da Paixão
A Semana da Paixão (também conhecida como Semana Santa) é o tempo desde o Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa (domingo da Ressurreição). Semana Santa é assim chamada por causa da paixão com que Jesus voluntariamente foi à cruz para pagar pelos pecados de Seu povo. Semana Santa é descrita em Mateus capítulos 21-27; Marcos capítulos 11-15; Lucas capítulos 19-23 e João capítulos 12-19. A Semana Santa começa com a entrada triunfal de Jesus no Domingo de Ramos, montado em um jumento, assim como profetizado em Zacarias 9:9.
A Semana da Paixão continha vários eventos memoráveis. Jesus purificou o Templo pela segunda vez (Lucas 19:45-46), então disputou com os fariseus a respeito de Sua autoridade. Depois disso, Ele fez o Seu Discurso das Oliveiras sobre o fim dos tempos e ensinou muitas coisas, incluindo os sinais de Sua segunda vinda. Jesus comeu a sua Última Ceia com os discípulos no Cenáculo (Lucas 22:7-38), depois foi para o jardim de Getsêmani para orar enquanto esperava que a Sua hora chegasse. Foi aqui que Jesus, depois de ter sido traído por Judas, foi preso e levado para os julgamentos diante de vários sacerdotes, Pôncio Pilatos e Herodes (Lucas 22:54-23:25).
Após os julgamentos, Jesus foi açoitado nas mãos dos soldados romanos. Em seguida, foi forçado a carregar o Seu próprio instrumento de execução (Cruz) pelas ruas de Jerusalém, ao longo do que é conhecido como a Via Dolorosa (caminho das Dores). Jesus foi então crucificado no Gólgota no dia antes do sábado, foi sepultado e permaneceu no sepulcro até domingo, um dia depois do sábado, e, em seguida, gloriosamente ressuscitou.
Esse tempo é conhecido como Semana Santa porque foi quando Jesus Cristo realmente revelou a Sua paixão por nós através do sofrimento pelo qual voluntariamente passou a nosso favor. Qual deve ser a nossa atitude durante a Semana Santa? Devemos ser fervorosos em nossa adoração a Jesus e em nossa proclamação de Seu Evangelho! Assim como Ele sofreu por nós, igualmente devemos estar dispostos a sofrer para poder segui-Lo e proclamar a mensagem de Sua morte e ressurreição.
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Éfeso, A Igreja do Amor Esquecido
Éfeso, A Igreja do Amor Esquecido
A fundação da Igreja em Éfeso
Capital da província romana da Ásia (atualmente, parte da Turquia), residência oficial do governador, cerca de 500.000 habitantes, grande centro cultural, comercial e religioso, Éfeso foi alcançada pelo Evangelho no final da segunda viagem missionária de Paulo, que ao chegar na cidade pregava aos judeus na sinagoga (At 18.19-21). Em sua terceira viagem missionária Paulo retornou a Éfeso, onde se estabeleceu por um período de três anos (At 19.1-20; 20.17-21, 31).
A igreja em Éfeso foi destinatária de duas cartas, a primeira enviada por Paulo entre 60-64 d.C. (Ef 1.1-2), e a segunda enviada por Cristo através de João por volta do ano 96 d.C. (Ap 2.1-7).
A igreja em Éfeso foi destinatária de duas cartas, a primeira enviada por Paulo entre 60-64 d.C. (Ef 1.1-2), e a segunda enviada por Cristo através de João por volta do ano 96 d.C. (Ap 2.1-7).
A Ascensão da Igreja em Éfeso
Em seus primórdios, a igreja em Éfeso foi contemplada com a plenitude do poder do Espírito, derramada sob a imposição de mãos de Paulo, e manifesta através da manifestação do falar em línguas e de profecias (At 19.6-7).
Éfeso se tornou uma base missionária estratégica, a partir de onde todos os habitantes da Ásia foram alcançados pela mensagem do Evangelho, e testemunharam dos milagres extraordinários que Deus operava pelas mãos de Paulo (At 19.10-12). A sã doutrina foi também ensinada exaustivamente e amplamente por Paulo (At 20.21).
Na carta escrita por Paulo aos efésios fica evidente o alto nível de vida espiritual experienciada e vivenciada naquela igreja:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, [...] (Ef 1.3)
e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; (Ef 2.6)
Éfeso se tornou uma base missionária estratégica, a partir de onde todos os habitantes da Ásia foram alcançados pela mensagem do Evangelho, e testemunharam dos milagres extraordinários que Deus operava pelas mãos de Paulo (At 19.10-12). A sã doutrina foi também ensinada exaustivamente e amplamente por Paulo (At 20.21).
Na carta escrita por Paulo aos efésios fica evidente o alto nível de vida espiritual experienciada e vivenciada naquela igreja:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, [...] (Ef 1.3)
e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; (Ef 2.6)
Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. (Ef 3.14-19)
A igreja em Éfeso foi abençoada também com a diversidade de ministérios, fator imprescindível para o alcance da maturidade espiritual:
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. (Ef 4.11-14)
Apesar destas, e de tantas outras bênçãos, a igreja em Éfeso, assim como as demais igrejas da Ásia, foi seriamente e claramente advertida quanto aos perigos que a rondaria, e que trabalharia no sentido de removê-la de sua fé, amor e ortodoxia (At 20.29-31; Ef 6.10-17).
A igreja em Éfeso foi abençoada também com a diversidade de ministérios, fator imprescindível para o alcance da maturidade espiritual:
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. (Ef 4.11-14)
Apesar destas, e de tantas outras bênçãos, a igreja em Éfeso, assim como as demais igrejas da Ásia, foi seriamente e claramente advertida quanto aos perigos que a rondaria, e que trabalharia no sentido de removê-la de sua fé, amor e ortodoxia (At 20.29-31; Ef 6.10-17).
É interessante que nas últimas recomendações dadas por Paulo em sua carta àquela igreja, o desejo e a necessidade de contínua paz e amor com fé são destacados (Ef 6.23). Sobre a combinação de fé com amor William Barclay escreve:
[...] o amor sem fé é sentimentalismo, e a fé sem amor é aridez. [...] Esta combinação de fé e amor deve produzir ação, porque o amor nunca deve ser mera aparência (Rm 12.9). É perfeitamente possível pregar o amor e viver uma vida sem ele, cantar os louvores do amor nas palavras, e negar a existência dele nas ações. [...] A fé deve estar ligada ao amor, e o amor à fé, e esta combinação deve ter como resultado a mão generosa e o coração que perdoa. (As obras da carne e o fruto do Espírito, Vida Nova, 2000, p. 66 e 67)
[...] o amor sem fé é sentimentalismo, e a fé sem amor é aridez. [...] Esta combinação de fé e amor deve produzir ação, porque o amor nunca deve ser mera aparência (Rm 12.9). É perfeitamente possível pregar o amor e viver uma vida sem ele, cantar os louvores do amor nas palavras, e negar a existência dele nas ações. [...] A fé deve estar ligada ao amor, e o amor à fé, e esta combinação deve ter como resultado a mão generosa e o coração que perdoa. (As obras da carne e o fruto do Espírito, Vida Nova, 2000, p. 66 e 67)
A Decadência da Igreja em Éfeso
A igreja em Éfeso, assim como muitas outras ao longo da história, não resistiu ao fato tempo. Com cerca de sessenta anos de fundação, já se encontrava num estado de crise espiritual grave, que resultou na carta que Jesus pediu que João escrevesse e que lhe fosse enviada (Ap 2.1-7).
A grande ênfase desta carta recai sobre o abandono do primeiro amor (gr. agápe) pela igreja. Há pelo menos três possibilidades implícitas aqui:
- O abandono do primeiro amor a Deus. Devemos amar a Deus sobre todas as coisas (Mt 22.37; Mc 12.30; Lc 10.27; Rm 8.28; 1 Co 2.9; 2 Tm 4.8; 1 Jo 4.19). Há um pensamento de Barclay bastante pertinente:
A grande ênfase desta carta recai sobre o abandono do primeiro amor (gr. agápe) pela igreja. Há pelo menos três possibilidades implícitas aqui:
- O abandono do primeiro amor a Deus. Devemos amar a Deus sobre todas as coisas (Mt 22.37; Mc 12.30; Lc 10.27; Rm 8.28; 1 Co 2.9; 2 Tm 4.8; 1 Jo 4.19). Há um pensamento de Barclay bastante pertinente:
O cristianismo não pensa em termos do homem finalmente se submeter ao poder de Deus; pensa em termos de ele finalmente se entregar ao amor de Deus. Não se trata de a vontade do homem ser esmagada, trata-se de o seu coração ser quebrantado. (Ibid., p. 73).
O amor a Deus é provado pela livre submissão e obediência à sua Palavra e vontade, e pela maneira como amamos o nosso próximo (1 Jo 4.20).
- O abandono do primeiro amor ao próximo. No comentário da Bíblia de Estudo Conselheiro (SBB, 2011, p. 552) sobre esta possibilidade, lemos:
Será que esses crentes passaram a dedicar-se tanto a combater erros, falsos profetas e falsas doutrinas que, aos poucos, acabaram se distanciando do amor e da graça, a ponto de o amor cristão nos relacionamentos ir perdendo lugar? Jesus deixa claro que essa direção é mortal para a igreja.
Em se tratando de Assembleia de Deus, acrescentaria as seguintes possibilidades: Será que a liderança da igreja passou a dedicar tanto tempo a construção de obras faraônicas, para louvor da própria glória, para perpetuação do seu nome e para demonstração de força e poder diante dos seus “concorrentes” (Gn 11.4; 2 Sm 18.18), e ainda a desperdiçar tanta energia e dinheiro com campanhas políticas eclesiásticas em disputas eleitorais por cargos e posições, a ponto de o amor cristão e o cuidado com o rebanho ir perdendo lugar? Será que as recomendações de Paulo aos presbíteros da igreja em Éfeso não nos caberia hoje (At 20.28)?
O amor a Deus é provado pela livre submissão e obediência à sua Palavra e vontade, e pela maneira como amamos o nosso próximo (1 Jo 4.20).
- O abandono do primeiro amor ao próximo. No comentário da Bíblia de Estudo Conselheiro (SBB, 2011, p. 552) sobre esta possibilidade, lemos:
Será que esses crentes passaram a dedicar-se tanto a combater erros, falsos profetas e falsas doutrinas que, aos poucos, acabaram se distanciando do amor e da graça, a ponto de o amor cristão nos relacionamentos ir perdendo lugar? Jesus deixa claro que essa direção é mortal para a igreja.
Em se tratando de Assembleia de Deus, acrescentaria as seguintes possibilidades: Será que a liderança da igreja passou a dedicar tanto tempo a construção de obras faraônicas, para louvor da própria glória, para perpetuação do seu nome e para demonstração de força e poder diante dos seus “concorrentes” (Gn 11.4; 2 Sm 18.18), e ainda a desperdiçar tanta energia e dinheiro com campanhas políticas eclesiásticas em disputas eleitorais por cargos e posições, a ponto de o amor cristão e o cuidado com o rebanho ir perdendo lugar? Será que as recomendações de Paulo aos presbíteros da igreja em Éfeso não nos caberia hoje (At 20.28)?
Será que na condição de crentes estamos tão voltados para o nosso enriquecimento e acúmulo de bens materiais (Mt 6.19-21), influenciados pela Teologia da Prosperidade e da Vitória Financeira, que acabamos por incorrer no erro do rico insensato (Lc 12.13-21) e na adoração avarenta às riquezas (Mt 6.24).
Vale lembrar que na perspectiva cristã o próximo é todo aquele que precisa e a quem podemos ajudar, inclusive reais ou potenciais inimigos (Lc 10.25-37), justos ou injustos (Mt 5.43-48).
Diante destes fatos, assim como nos dias do Novo Testamento, uma crise de hipocrisia em torno do amor assola os púlpitos e a igreja de forma geral (Rm 12.9-10).
Vale lembrar que na perspectiva cristã o próximo é todo aquele que precisa e a quem podemos ajudar, inclusive reais ou potenciais inimigos (Lc 10.25-37), justos ou injustos (Mt 5.43-48).
Diante destes fatos, assim como nos dias do Novo Testamento, uma crise de hipocrisia em torno do amor assola os púlpitos e a igreja de forma geral (Rm 12.9-10).
- O abandono do primeiro amor na realização das obras. O ativismo dos efésios é outra praga vivenciada em nossos dias. Estamos tão envolvidos com a realização de coisas para Deus (e para nós mesmos), que perdemos de vista as reais e legítimas motivações para isso. Ministérios, igrejas, líderes e membros em geral são avaliados pela quantidade de coisas que fazem na e para a igreja, e não pelos sentimentos nobres que deveriam nortear as suas realizações. Fazemos as coisas pelas coisas. Queremos demonstrar nossas habilidades produtivas, nossa eficiência e eficácia, nossas competências, nossa suposta espiritualidade ou generosidade, nossa disponibilidade ao martírio, mas nos esquecemos de que se não tivermos amor, nada vale ou aproveita:
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. (1 Co 13.1-3).
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. (1 Co 13.1-3).
Além do abandono do primeiro amor na realização das obras, passamos a amar mais as obras do que a Deus e ao próximo. Amamos presidir, construir, ensinar, pregar, orar, cantar, tocar, ofertar, etc., porque todas estas coisas ajudam na autopromoção, no louvor que vem dos homens. Quando o primeiro amor é abandonado, em lugar de altruísmo e da glória de Deus, nos tornamos egoístas e buscamos o reconhecimento dos nossos feitos aqui e agora.
A Oportunidade de Restauração da Igreja em Éfeso
Nenhum juízo é derramado por Deus sobre o seu povo, sem que Ele antes não deixe claro o pecado cometido, e não conceda a oportunidade de arrependimento.
Ao mandar que João escrevesse e enviasse a carta à igreja em Éfeso, o Senhor desejou promover uma tomada de consciência por parte do líder e de toda a igreja, que resultasse na lembrança de onde a mesma tinha caído (o que implica também “onde”), e consequentemente em seu arrependimento:
Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. (Ap 2.5)
Ao mandar que João escrevesse e enviasse a carta à igreja em Éfeso, o Senhor desejou promover uma tomada de consciência por parte do líder e de toda a igreja, que resultasse na lembrança de onde a mesma tinha caído (o que implica também “onde”), e consequentemente em seu arrependimento:
Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. (Ap 2.5)
O arrependimento que possibilita novamente o perdão e aceitação de Deus é mais do que simples verbalização de frases prontas e impressionistas. O termo grego para “arrependimento” aqui se deriva de metanoeo, que implica em mudança de pensamento ou mentalidade que resulta em mudança de sentimentos e atitudes. É uma mudança plena de uma condição que desagrada a Deus, para uma outra condição de o alegra. Arrependimento é tristeza diante do pecado, e não simples remorso (2 Co 7.10).
A oportunidade foi outorgada à igreja em Éfeso, e é também nos concedida hoje. O que faremos? Qual será a nossa resposta àquele que graciosamente insiste em nos atrair de volta ao primeiro amor, e consequentemente a ele mesmo. Qual o nosso destino enquanto igreja estabelecida na história, denominação evangélica e igreja nacional, regional, estadual ou local?
Somos melhores do que a igreja em Éfeso, ou do que qualquer outra igreja da Ásia? Somos melhores do que alguma igreja que já se estabeleceu em algum momento da história, e que não mais existe? São melhores do que qualquer igreja que apesar de ainda existir, existe em sua própria apostasia?
A oportunidade foi outorgada à igreja em Éfeso, e é também nos concedida hoje. O que faremos? Qual será a nossa resposta àquele que graciosamente insiste em nos atrair de volta ao primeiro amor, e consequentemente a ele mesmo. Qual o nosso destino enquanto igreja estabelecida na história, denominação evangélica e igreja nacional, regional, estadual ou local?
Somos melhores do que a igreja em Éfeso, ou do que qualquer outra igreja da Ásia? Somos melhores do que alguma igreja que já se estabeleceu em algum momento da história, e que não mais existe? São melhores do que qualquer igreja que apesar de ainda existir, existe em sua própria apostasia?
A exortação do Senhor à igreja em Éfeso, ainda reverbera nos dias atuais:
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito dias às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus. (Ap 2.7)
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito dias às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus. (Ap 2.7)
Amém!
| Autor: Pr Altair Germano | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |
Manuscrito mais antigo dos Dez Mandamentos é exposto em museu de Nova York
Manuscrito mais antigo dos Dez Mandamentos é exposto em museu de Nova York

O manuscrito mais antigo dos Dez Mandamentos está em exposição no Museu Discovery em Nova Iorque, Estados Unidos, desde o dia 16 de dezembro. O escrito é um autêntico manuscrito confeccionado de papiro entre os anos de 150 e 100 antes de Cristo. Escrito em hebreu o texto tem mais de 2.000 anos e mede cerca de 45 centímetros de comprimento e 7 centímetros de largura.
De acordo com a curadora da Autoridade Israelense de Antiguidades, Tatiana Treiger, essa é a terceira vez que o manuscrito sai de Israel. “É um pergaminho de material orgânico. Esta é a terceira vez que ele sai de Israel. Esteve em Toronto, Austrália e agora está em Nova Iorque”, disse ela para a agência AFP.
O texto pertence a uma mostra de documentos antigos que formam os manuscritos do Mar Morto, onde mais de 500 artefatos foram encontrados e estão em exposição na cidade até o dia 15 de abril.
Mas o pergaminho com os Dez Mandamentos ficará em exposição apenas até o dia 2 de janeiro. Em um comunicado o Museu Discovery explicou que esse documento foi encontrado em 1954 em uma covas próximas ao Mar e que pesquisadores encontraram mais de 900 rolos entre os anos 40 e 50.
É a primeira vez que um manuscrito que contém trechos do livro de Deuteronômio passa por Nova Iorque. E este é ainda um dos únicos manuscritos com os Dez Mandamentos que ainda existe e seu texto fala sobre as regras para construir uma sociedade com fé e princípios morais.
O estado do manuscrito é “excepcional” segundo o museu nova-iorquino que ressalta que mesmo sendo feito de material frágil, continua em bom estado de conservação. Acredita-se que esses textos foram escritos por membros da seita dos essênios, que dividiram o judaísmo e viviam na zona de Qumram, no deserto de Israel.
Fonte: Gospel Prime
segunda-feira, 19 de março de 2012
Pr Silas Malafaia comenta a guerra entre o Bispo Macedo e o Ap Valdemiro Santiago
A emissora do bispo Edir Macedo exibiu neste
domingo, no programa Domingo Espetacular, uma série de denúncias contra o
apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus. A TV Record
utilizou cerca de 30 minutos de seu horário nobre dominical para atacar o rival
da Igreja Universal do Reino de Deus.
Pr. Silas comenta o episódio envolvendo a guerra
entre o Bispo Macedo e o Ap. Valdemiro
Vou começar pelo fim. O resumo da historia é este:
“o sujo falando do mau lavado”. Todos farinha do mesmo saco. O que me
impressiona é que Edir Macedo, que já foi vítima de denúncias envolvendo
enriquecimento ilícito e reportagens tendenciosas construídas para denegri-lo,
feitas pela Rede Globo, principalmente entre os anos 90 e 95 (e que eu mesmo,
várias vezes, no vigésima quinta hora, da Rede Record, os defendi), agora usa
do mesmo expediente para atacar e denegrir um outro pastor, e com isto expor ao
ridículo pastores e as Igrejas evangélicas.
Por algum acaso a Rede Record, que está no nome
dele, foi comprada com o dinheiro de quem? Foi comprada com ofertas do povo de
Deus.
A outra parte na questão, o Apóstolo Valdemiro, que
por um bom tempo eu o julgava inocente, e que tinha boas intenções, no final
descubro que é farinha do mesmo saco. Faz igualzinho ao que ele mesmo
criticava. Compra espaço na tv que pertencia a outros, oferecendo mais
dinheiro, o que aconteceu comigo. Há muito tempo vem debochando e
ridicularizando o Macedo, e desdenhando das outras Igrejas, dizendo que a
Igreja dele é que mais cresce no Brasil, e agora que a “batata” dele está
assando, vem dar uma de espiritual, com aquele choro que já não convence a mais
ninguém, em uma pseudo humildade dizendo: ” estou orando pelo Macedo, estou
orando pela Igreja Universal”. Porque só agora esta fazendo isto? De 2 anos
para cá tem incessantemente baixado o pau no Macedo e na Igreja Universal.
O que eu lamento é que ambos possuem poder na
mídia, mas não utilizam isso em prol do Reino de Deus, somente quando são seus
interesses no Reino de Deus. O movimento gay quer interferir no lugar do culto,
bem como criminalizar nossa pregação e eles não falam absolutamente nada.
Quando você viu Macedo, ou Valdemiro defender alguma posição em relação à
Igreja evangélica como um todo? Como diz a Bíblia, Deus não se deixa
escarnecer, está tratando com os dois, e se bobearem vão se autodestruir.
Para os mais novos na fé e os incautos, deixo uma
palavra da Bíblia: É necessário que haja escândalo, mas ai daquele por onde
eles vem. E uma outra: Importa que hajam heresias para que os que são fiéis se
manifestem. Deus tenha misericórdia destes dois. Tenham a certeza que a Igreja
de Jesus continuará sua marcha invencível.
Apostolo Valdemiro Santiago ainda não respondeu as acusações feitas no Domingo Espetacular da TV Record
Uma reportagem exibida pelo programa Domingo
Espetacular, da TV Record, fez denúncias contra o apóstolo Valdemiro Santiago,
presidente da Igreja Mundial do Poder de Deus. A reportagem, de quase 30
minutos, foi veiculada dias após o bispo Edir Macedo afirmar que perdoava
Santiago, desafeto público do proprietário da TV Record.
Na reportagem, foram apresentados documentos de
compra de duas fazendas no Mato Grosso, avaliadas em R$ 49 milhões, pela Igreja
Mundial do Poder de Deus, e arrendadas pela empresa W. S. Music Ltda., de
propriedade de Valdemiro Santiago e sua esposa, Franciléia.
A reportagem explicou que quando uma propriedade é
arrendada, o arrendador é quem a movimenta financeiramente, portanto, o lucro
da movimentação das 5 mil cabeças de gado das fazendas, que valem
aproximadamente R$ 6,5 milhões, é recebido pelo administrador, o apóstolo
Valdemiro Santiago.
O tamanho das propriedades soma 26.134 hectares,
uma área equivalente ao tamanho de duas cidades de Jerusalém. Cada hectare
representa uma área de 10 mil m². O valor das propriedades e do gado, somados,
seria suficiente para comprar 10 coberturas em Nova York, ou 20 Ferraris,
segundo a reportagem intitulada “O apóstolo milionário”.
Recentemente, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. foi
preso por invasão de propriedade, enquanto realizava reportagem investigativa
sobre a compra das fazendas pela Igreja Mundial. Na reportagem, a TV Record
mostrou em cenas aéreas, a sede da fazenda, uma casa com piscinas e campo de
futebol iluminado. Foram mostradas também, aviões, helicópteros e carros de
luxo que supostamente seriam de propriedade de Valdemiro.
Foi também apresentado um trecho de um culto da
Igreja Mundial em que Valdemiro alega que as propriedades em que ele e sua
esposa “descansam de vez em quando” estão em nome da igreja “mas não custaram
um centavo para a igreja”, e que eles não costumam “comprar as coisas com dinheiro
da igreja e botar (sic) no nome da gente”.
Outras circunstâncias envolvendo a Igreja
Mundial e seu apóstolo também foram mencionadas pela reportagem, como por
exemplo, as 59 ordens de despejo contra a denominação somente na cidade de São
Paulo, por falta de pagamento de aluguel dos templos.
O jornalista Marcelo Rezende, autor da reportagem,
afirmou ter tentado entrar em contato com o apóstolo, porém sem sucesso, e que
continuará a investigar a Igreja Mundial do Poder de Deus.
sábado, 17 de março de 2012
A Grande Casa de Deus Um lugar para o seu coração
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A Grande Casa de Deus
Um lugar para o seu coração
Max Lucado
Uma coisa pedi ao Senhor e a
buscarei:
que possa morar na casa do Senhor
todos
os dias da minha vida.
Salmos 27.4
Sumário
Deixe Max Lucado levá-lo numa turnê pela casa que o próprio Deus lhe tem preparado. Aqueça seu coração na lareira da sala de estar. Alimente o seu espírito na cozinha. Busque a comunhão no aposento familiar. Caminhe pelo corredor, e encontre perdão.
É a perfeita casa para você.
Além de tudo, foi criada tendo você em
mente. Existe apenas uma casa construída para o seu coração. Nenhuma outra é
tão completa:
Não há estrutura mais sólida;
O telhado nunca vaza;
Os muros nunca racham;
A fundação nunca estremece.
Na Casa de Deus, você está em
casa. Então entre nesta casa construída para você. Seu Pai está esperando.
1. A Grande Casa de
Deus
Um lar para o seu coração
Gostaria de conversar com você sobre a sua casa. Vamos entrar pela porta
da frente e andar um pouco. De vez em quando é bom fazer uma inspeção no lar,
você sabe — checar o telhado para ver se não há goteiras, examinar as paredes e
a fundação para ver se não há rachaduras. Veremos se os armários da cozinha
estão abastecidos e daremos uma olhada nos livros que estão sobre a estante de
sua sala de estudos.
Mas o que é isso? Você acha que é curiosidade minha querer olhar
sua casa? Você pensou que este fosse um livro de temas espirituais? E é. Perdoe-me, eu deveria ter sido mais claro. Não
estou falando de sua casa visível, de pedra ou estuque, de madeira ou palha,
mas daquela invisível, feita de pensamentos, verdades, convicções e esperanças.
Estou falando de sua casa espiritual.
Você tem uma, você sabe. E não é uma casa típica. Convoque suas
mais aficionadas idéias sobre o assunto, e a casa da qual estou falando
excederá a todas elas. Um grande castelo tem sido construído para o seu
coração. Assim como a casa física existe para a proteção do corpo, a casa
espiritual existe para a proteção da alma.
Você nunca viu uma casa
mais sólida:
o telhado nunca goteja,
as paredes nunca racham,
e o alicerce nunca
estremece.
Você nunca viu um castelo
mais esplêndido:
o mirante alargar-lhe-á a
visão,
a capela o tornará
humilde,
a sala de estudos lhe
dará direção,
e a cozinha o nutrirá.
Já morou numa casa como essa? Possivelmente não. É mais provável
que você tenha dado pouca importância ao alojamento de sua alma. Criamos casas elaboradas para nossos corpos, mas nossas
almas são relegadas a uma choupana na encosta, onde o frio da noite nos envolve
e a chuva nos encharca. É de admirar que o mundo esteja tão cheio de corações
gelados?
Não tem de ser desse jeito. Não
temos de morar do lado de fora. Não é plano de Deus que o seu coração perambule
como um beduíno. Deus quer que você saia do frio exterior e viva... com Ele.
Sob seu teto há espaço disponível. À sua mesa, um lugar está posto. Em sua sala
de estar, há uma cadeira reservada para você. E Ele quer que você vá morar em
sua casa. Mas... por que desejaria Ele que você lhe partilhasse o lar?
Simples. Ele é seu Pai.
Você foi feito para viver na
casa de seu Pai. Qualquer lugar menos que o
dEle é insuficiente. Qualquer lugar longe dEle é perigoso. O único lugar
capaz de proteger-lhe o coração é o lugar para o qual ele foi construído. E seu
Pai quer que você habite nEle.
Não, você não leu errado a
frase, nem eu a escrevi mal. Seu Pai não apenas o convida a morar com Ele,
mas a viver nEle. É como escreveu Paulo — " Porque
nele vivemos, e nos movemos, e existimos"
(At 17.28).
Não pense que você está separado de Deus; Ele no topo de uma
grande escada de mão, e você em outra. Não admita a idéia de que Deus está em Vênus e você na Terra. Já que
Deus é Espírito (Jo 4.23), Ele está perto de você: o próprio Deus é o seu teto.
O próprio Deus é a sua parede. E o
próprio Deus é o seu alicerce.
Moisés sabia disso.
"Senhor", orou ele, "tu tens sido a nossa habitação desde o princípio" (SI 90.1). Que pensamento poderoso!
Deus como sua habitação! Sua casa é o lugar onde você pode arrancar os sapatos,
comer picles com cream cracker, e não se preocupar com o que as pessoas
vão pensar se o virem de roupão.
Sua casa lhe é familiar. Ninguém
tem de lhe dizer onde fica seu quarto. Você não precisa ser dirigido até a
cozinha. Após um árduo dia debatendo-se para achar seu caminho no mundo, é
animador vir para casa — um lugar que você conhece.
Deus pode ser igualmente familiar. Com o tempo, você aprenderá aonde ir
para alimentar-se, onde esconder-se para sentir-se
protegido, onde receber orientação. Assim como sua casa terrena é um
lugar de refúgio, a Casa de Deus é um lugar de paz. A Casa de Deus nunca foi
saqueada; suas paredes nunca foram violadas.
Deus pode ser sua habitação
Deus quer ser sua habitação. Ele não tem interesse em ser um
refúgio para o fim de semana, um bangalô para o domingo, ou um chalé para o verão. Não cogite usar Deus como uma cabana
de férias, ou um retiro ocasional. Ele quer você sob o seu teto agora e sempre.
Ele quer ser seu endereço, seu ponto de
referência; quer ser o seu lar. Ouça a promessa de seu Filho: "Se
alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada" (Jo 14.23).
Para muitos, esta é uma idéia
nova. Pensamos em Deus como uma deidade a ser estudada, não um lugar para
morar. Pensamos em Deus como um fazedor de
milagres, não um lar para viver. Pensamos em Deus como um Criador a quem
apelar, não uma casa onde residir. Mas nosso
Pai quer ser muito mais. Ele quer ser aquele em quem "vivemos, nos movemos
e existimos" (At 17.28).
Quando Jeová guiou os filhos de Israel através do deserto, não
aparecia uma vez ao dia e em seguida os abandonava. A coluna de fogo estava
presente toda a noite; a nuvem estava presente todo o dia. Nosso Deus nunca nos
deixa. "Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos", prometeu Ele em Mateus 28.20. Nossa fé dá um salto quando
compreendemos a perpétua presença do Pai. Nosso Jeová é o fogo de nossa noite e
a nuvem de nosso dia. Ele nunca nos abandona.
O céu não conhece diferença
entre manhã de domingo e tarde de quarta-feira. Deus fala claro em nosso local
de trabalho, tanto quanto o faz no santuário. Ele tanto pode ser adorado em
nossa mesa de jantar, como em sua mesa de comunhão. Você pode passar dias sem pensar nEle, mas Ele não passa um momento
sem pensar em você.
Sabendo disso, compreendemos o rigor da meta de Paulo: "...
levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo" (2 Co 10.5).
Podemos perceber por que ele insiste conosco — "orai sem cessar" (1 Ts 5.17), "perseverai na
oração" (Rm 12.12), "orando em todo tempo com toda oração e
súplica no Espírito" (Ef 6.18), "ofereçamos sempre a Deus sacrifício
de louvor" (Hb 13.15), e "deixe que o céu se encha com seus
pensamentos" (versão livre de Cl 4.2).
Davi, o homem segundo o próprio
coração de Deus, confessou: "Uma coisa
pedi ao Senhor e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os
dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e aprender no seu
templo. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do
seu tabernáculo me esconderá" (SI 27.4,5). O que é esta Casa de Deus tão
aspirada por Davi? Estaria o salmista descrevendo
uma estrutura física? Estaria almejando um edifício com quatro paredes e
uma porta, através da qual pudesse entrar, mas nunca sair? Não. "Deus...
não habita em templos feitos por mãos de
homens" (At 17.24). Ao afirmar que habitaria "na casa do
Senhor para todo o sempre" (SI 23.6, Almeida Revista e Atualizada, ARA), Davi não estava dizendo que queria
viver separado do povo, mas que ansiava por estar na presença de Deus, onde
quer que fosse.
Davi anelava estar na Casa de
Deus.
Sei o que você está pensando:
Certo, Max, mas ele era Davi. Era o poeta, o príncipe, o matador de gigantes.
Ele nunca teve tanques de carro para
abastecer, ou fraldas para trocar, ou um patrão respirando prazos, como um dragão soltando fogo pelas narinas. Eu também adoraria viver na Casa de Deus, mas por ora
estou emperrado no mundo real.
Perdão, permita-me discordar.
Você não está emperrado no mundo. E justamente o oposto: você está a um passo
da Casa de Deus. Onde quer que você esteja. Qualquer que seja o momento. Quer
esteja no escritório em plena quinta-feira, ou pescando num sábado, apenas uma
decisão o separa da presença do Pai. Você nunca precisa deixar a Casa de Deus.
Não necessita mudar seu CEP, nem trocar de vizinhos. Tudo o que precisa mudar é
a sua percepção.
Quando seu carro fica preso no
tráfego, você pode entrar na capela do Pai. Quando o vento da tentação lhe
desequilibrar os passos, ande junto ao muro da sua força. Quando os empregados
o depreciarem, sente-se no balanço do alpendre com o seu Pai; Ele o confortará.
Lembre-se, esta não é uma casa de tijolos. Você não a encontrará no mapa. Não
achará a sua descrição nos classificados de imóveis.
Não obstante, há de encontrá-la
em sua Bíblia. Você já viu a planta. Leu os nomes dos aposentos e declamou o layout.
Você está familiarizado com o design, mas há chances de que você
jamais o tenha considerado um projeto de casa. Você enxergou nos versículos uma
oração.
De fato, eles são. São a oração
do Senhor. Seria difícil encontrar alguém que não tivesse recitado a oração ou
lido as palavras:
Pai nosso, que estás nos
céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade,
tanto na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia
dá-nos hoje.
Perdoa-nos as nossas dívidas,
assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
E não nos induzas à
tentação, mas livra- nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória,
para sempre.
Amém!
Mateus 6.9-13
Crianças a memorizam. Fariseus a
recitam. Estudiosos a esquadrinham... Quero, porém, desafiar a nós mesmos a
fazer algo diferente. Quero que moremos nela; quero que a vejamos como o
assoalho de nossa casa espiritual. Nesses versículos, Cristo providenciou-nos
mais que um modelo de oração; providenciou-nos um modelo de vida. Essas
palavras fazem mais do que nos ensinar o que dizer a Deus; ensinam-nos como
existir com Ele. Elas descrevem uma grande casa, dentro da qual os filhos de
Deus foram programados a viver — com Ele, para sempre.
Gostaria de dar uma olhada? Eu
também. Conheço o lugar perfeito para se começar. Na sala de estar, um quadro
está pendurado acima da lareira. O dono da casa o aprecia. Ele convida todos os
que entram a começarem sua jornada fitando atentamente o quadro e aprendendo a
verdade sobre o nosso Pai.
2. A Sala de Estar
Quando nosso coração necessita de um Pai
Pai nosso...
Pai nosso que estás nos céus... Com
estas palavras, Jesus escolta-nos à grande Casa de Deus. Devemos
segui-lo? Há tanto para ver. Cada sala revela o coração do Pai; cada parada
confortará a sua alma. E nenhuma sala é tão essencial quanto esta onde entramos
primeiro. Caminhemos atrás dEle, enquanto nos introduz na sala de estar de
Deus.
Sente-se na cadeira que foi feita para você e aqueça as mãos no
fogo que nunca se apaga. Tire um tempinho para olhar as fotos emolduradas e
achar a sua. Não se esqueça de pegar o álbum de recortes e localizar a história
de sua vida. Mas, por favor, antes disso, poste-se ante a lareira e examine o
quadro pendurado acima dela.
Seu Pai estima muito esse
retrato. Ele o pendurou onde todos o possam ver.
Pare diante dele milhares de vezes, e cada olhada será como a
primeira. Deixe que um milhão de pessoas fitem a pintura, e cada uma verá a si
própria. E todas estarão certas.
Capturada no retrato está a
terna cena de um pai e um filho. Atrás deles há uma grande casa sobre a colina.
Sob seus pés passa um caminho estreito. Descendo da casa, o pai vem correndo.
Subindo a trilha, o filho se arrasta. E ambos encontram-se no portão.
Não podemos enxergar a face do
filho, mas podemos ver-lhe o manto esfarrapado e o cabelo pegajoso. Podemos
notar a lama atrás de suas pernas, a sujeira em seus ombros, e a bolsa vazia no
chão. Um dia, essa bolsa já foi cheia de dinheiro. Um dia, esse rapaz já foi
cheio de orgulho. Isso, porém, uma dúzia de tabernas atrás. Agora, a bolsa e o
orgulho esvaziaram-se. O pródigo não oferece presente nem explicação. Tudo o
que ele oferece é o cheiro de porcos e uma desculpa ensaiada: "Pai, pequei
contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho"
(Lc 15.21).
Ele não se sente merecedor de
seus direitos de primogenitura. "Degrada-me. Pune-me. Tira meu nome da
caixa do correio e minhas iniciais da árvore genealógica. Estou disposto a
desistir de meu lugar à mesa".
O moço contenta-se em ser um
empregado. Há apenas um problema: embora o jovem esteja disposto a deixar de
ser filho, o pai não está disposto a deixar de ser pai.
Nosso Aba
Dentre todos os seus nomes, o favorito de Deus é Pai. Sabemos
que Ele ama este nome, porque é o que Ele mais usa. Enquanto esteve na Terra, Jesus chamou Deus de Pai mais de duzentas
vezes. Em suas primeiras palavras registradas, Jesus elucidou: "Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu
Pai?" (Lc 2.49, ARA). Em sua
última e triunfante oração, Ele proclamou: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23.46). Só no
Evangelho de João, o Senhor Jesus
repetiu este nome 156 vezes. Deus gosta
de ser chamado de Pai. Além do que, Jesus não nos ensinou a começar nossa oração com a frase "Aba nosso"?
É difícil para nós entendermos o
quanto foi revolucionário haver Jesus
chamado Jeová de Aba. O que hoje é uma prática habitual, nos dias de Jesus era algo incomum.
Joachim Jeremias, erudito no Novo Testamento, descreve quão raramente o
termo era usado:
Com a ajuda de meus
assistentes, examinei a literatura devocional do antigo judaísmo... O resultado
desses exames foi que, em lugar algum dessa vasta literatura, foi achada a
invocação de Deus como "Aba,
Pai". Aba era uma palavra comum; uma palavra familiar e corriqueira.
Nenhum judeu teria ousado tratar Deus dessa maneira. Não obstante, Jesus o fez
em todas as suas orações a nós legadas, com uma única exceção: o brado da cruz
— "Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?" Na oração do Senhor, Jesus autorizou os discípulos a
repetirem a palavra Aba depois dEle, dando-lhes o direito de partilharem sua condição de Filho.
Autorizou-os a falar com o seu Pai celeste de um modo mais confiante e
familiar.1
As duas primeiras palavras da
oração do Senhor são plenas de significado: "Pai nosso" lembra-nos
que somos bem-vindos à Casa de Deus porque fomos adotados pelo dono.
A missão de Deus: adoção
Quando vamos a Cristo, Deus não
apenas nos perdoa, como também nos adota.
Através de uma série de eventos dramáticos, passamos de órfãos
condenados sem nenhuma esperança a filhos
adotados sem qualquer medo. Veja como acontece: você chega perante a
cadeira de julgamento de Deus cheio de
erros e rebeliões. Por causa de sua justiça, Ele não pode deixar de lado
o seu pecado, mas por causa de seu amor, Ele não pode deixar você de lado.
Então, num ato que atordoa os céus, Ele
pune a si mesmo sobre a cruz, por seus pecados. A justiça e o amor de
Deus são igualmente honrados. E você, criação de Deus, é perdoado. Entretanto,
a história não termina com o perdão de Deus.
Porque não recebestes o
espírito de escravidão para outra vez estardes em temor, mas recebestes o
espírito de adoção de filhos, pelo qual chamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16).
Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de
recebermos a adoção de filhos (Gl 4.4,5).
Seria suficiente se Deus apenas
limpasse seu nome, mas Ele fez mais: deu a
você seu próprio nome. Bastaria se Deus apenas o tivesse posto livre, mas Ele fez mais. Ele
levou você para casa. Levou-o para a grande Casa de Deus.
Pais adotivos compreendem isso
melhor que ninguém. Certamente não quero ofender qualquer pai biológico — eu mesmo sou um. Nós, pais biológicos, conhecemos
bem a ânsia de ter um filho. Porém, em muitos casos, nossos berços são
facilmente preenchidos. Decidimos ter um filho, e o filho vem. Na verdade, às
vezes ele vem sem que tenha havido qualquer decisão. Tenho sabido de gravidezes
não planejadas, mas nunca ouvi falar de uma adoção sem planejamento.
Eis porque os pais adotivos
compreendem a paixão de Deus ao nos adotar. Eles sabem o que significa sentir
um espaço vazio dentro de casa. Sabem o que
significa a longa procura, o colocar-se a caminho de uma missão e
aceitar a responsabilidade por uma criança com um passado maculado e um futuro
incerto. Se há alguém que compreende a paixão de Deus por seus filhos, é aquele
que livrou um órfão do desespero, pois foi isto o que Deus fez por nós.
Deus adotou-nos. Deus procurou
você, achou-o, assinou os papéis e levou-o para casa.
O motivo de Deus: devoção
Como pastor, tenho tido o
privilégio de testemunhar — de perto — a emoção do processo de adoção. Certa
vez, uma senhora de outro Estado que me ouvira pregar ligou e perguntou-me se
eu conhecia algumas pessoas que tinham a perspectiva de se tornarem pais
adotivos. Sua filha grávida estava procurando um lar para o bebê que nasceria.
Coloquei-a em contato com uma família de
nossa congregação e tomei o primeiro assento na fila de bancos da
igreja, enquanto o drama se desenrolava.
Vi a alegria naquela possibilidade e o coração partido frente aos
obstáculos. Vi a resolução nos olhos do pai e a determinação nos olhos da mãe. Eles viajariam tão longe
quanto necessário e gastariam cada centavo do que tinham. Queriam adotar
aquela criança. E o fizeram. Apenas alguns momentos após o nascimento, o bebê
estava em seus braços. E isso não é exagero: eles sorriram por um mês depois
que levaram o filho para casa. Do púlpito, eu podia vê-los na congregação,
embalando o bebê e sorrindo. Penso que se tivesse pregado um sermão sobre a
agonia do Inferno, eles teriam rido em cada frase. Por quê? Porque, finalmente,
um filho havia chegado ao seu lar.
Deixe-me perguntar-lhe: Por que esse casal adotou aquela criança?
Eles tinham um matrimônio feliz. Eram bem empregados e tinham segurança
financeira. O que eles esperavam lucrar? Teriam adotado o bebê só para que
pudessem ter pouco dinheiro em caixa e noites sem dormir? Você bem sabe. O
suprimento de ambos começou a diminuir no minuto em que trouxeram o bebê para
casa. Então, por quê? Por que as pessoas adotam crianças? Enquanto você pensa,
deixe-me contar-lhe por que Deus o faz.
Deleite-se nestas palavras:
Bendito o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou
com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo. Como
também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em caridade. E nos predestinou para filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo
o beneplácito de sua vontade (Ef
1.3-5, ênfase minha).
E você achava que Deus o tivesse
adotado porque você era bonito. Achava que Ele precisava de seu dinheiro ou
sabedoria. Sinto muito. Deus o adotou simplesmente porque quis. Foi um gesto de
sua boa vontade e favor. Conhecendo muito bem o problema que você seria, e o
preço que pagaria, Deus escreveu o nome dEle junto ao seu, trocou seu nome pelo
dEle e levou você para casa. Seu Aba o
adotou e tornou-se seu Pai.
Posso fazer uma pausa de apenas
um segundo? A maioria está comigo... mas alguns meneiam a cabeça. Posso até ver
o piscar de olhos. Você não me acredita, não é? Está esperando pela cláusula de
rodapé impressa em letras miúdas; querendo ver onde está o truque. Você sabe
que na vida não existe "boca-livre"; então fica esperando pela conta.
Seu desconforto é óbvio. Nem
aqui, na sala de estar de Deus, você se solta. Os outros calçam chinelos, você
veste peitilho. Os outros relaxam, você entesa. Sempre bem-comportado, receando
tropeçar e ser posto para fora por Deus haver notado o deslize.
Entendo sua ansiedade. Nossa
experiência com as pessoas tem nos ensinado que aquilo que é prometido e aquilo
que é dado nem sempre são a mesma coisa. E, para alguns, a idéia de confiar num
Pai celeste é duplamente difícil, já que seus pais terrenos foram fonte de
desapontamentos ou maus-tratos.
Se é este o caso, insisto com
você: não confunda seu Pai celeste com os pais que você vê na Terra. Seu Pai do
céu não é propenso a dores de cabeça e acessos de raiva. Ele não pega no colo
num dia e espanca no outro. O homem que você tem por pai pode fazer tais
coisas, mas o Deus que o ama jamais o fará. Posso provar meu ponto de vista?
O método de Deus: redenção
Retornemos às passagens que
descrevem sua adoção. Leia-as uma segunda vez e veja se pode achar o verbo que
precede a palavra "adoção" em ambos os versículos.
Porque não recebestes o espírito
de escravidão para outra vez estardes em temor, mas recebestes o espírito de
adoção de filhos, pelo qual chamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com
o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16).
Mas, vindo a plenitude dos
tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir
os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos (Gl
4.4,5).
Achou? Não é tão difícil ver, é?
Antes da palavra "adoção" está o verbo "receber".
Poderia Paulo ter usado outra frase? Poderia ele haver dito "merecestes
o espírito de adoção de filhos"? ou "a fim de merecermos a adoção de filhos"? Suponho que
ele poderia ter dito isso, mas nós não teríamos engolido. Você e eu
sabemos que uma adoção não é algo que
merecemos; é algo que recebemos. Ser adotado por uma família não é uma
façanha que alguém realiza, mas um presente que se aceita.
Os pais são os ativos. As
agências de adoção não treinam filhos para recrutar pais; elas procuram pais
para adotar filhos. Os pais fazem a solicitação, preenchem os papéis, suportam as entrevistas, pagam a taxa e encaram a
demora. Você pode imaginar um casal de futuros pais adotivos dizendo:
"Gostaríamos de adotar o Joãozinho, mas primeiro queremos saber algumas
coisas. Ele tem uma casa para viver? Ele tem dinheiro para custear sua
instrução? Ele tem transporte para ir à escola todas as manhãs e roupas para
usar todos os dias? Ele pode preparar sua própria refeição e remendar suas
próprias roupas?"
Nenhuma agência tolera tal
conversa. Sua representante levantaria a mão e diria: "Um momento. Você
não entende. Você não adota o Joãozinho pelo
que ele tem; você o adota pelo que ele necessita. Ele necessita de um
lar".
O mesmo se aplica a Deus. Ele
não nos adota pelo que possuímos. Não nos dá seu nome por causa de nossa inteligência,
ou nossa carteira, ou nosso bom comportamento. Paulo explica o fato duas vezes
porque está duplamente interessado em que compreendamos que a adoção é algo
recebido, não conquistado.
É muito bom saber disso. Por
quê? Pense cuidadosamente. Se pudéssemos obter nossa adoção através de nossa
performance espetacular, poderíamos perdê-la por causa de nossa pobreza?
Quando eu tinha sete anos, fugi
de casa. Eu estava cheio das regras de minha mãe, e decidi que podia fazer as
coisas do meu jeito. Com minhas roupas numa sacola de papel, saí pisando duro
pelo portão dos fundos e marchei rua abaixo. Igual ao filho pródigo, resolvi
que não precisava de pai. Diferente do filho pródigo, não fui muito longe.
Cheguei ao final da aléia e lembrei-me de que estava
com fome; então voltei para casa.
Não obstante curta, aquilo foi
uma rebelião. E, houvesse você me parado naquele caminho pródigo, entre as
sebes, e me perguntado quem era meu pai, eu
poderia ter-lhe contado como me sentia. Eu simplesmente poderia ter
dito: "Não preciso de um pai. Sou grande demais para as regras de minha
família. Sou apenas eu. Eu e minha bolsa de
papel". Não me lembro de haver dito isso a alguém, mas lembro-me de
havê-lo pensado. E também me recordo de meu embaraço ao entrar pela porta dos fundos
e tomar meu lugar à mesa do jantar, diante do pai verdadeiro que eu tinha e
que, momentos antes, eu renegara.
Ele sabia de minha insurreição?
Suspeito que sim. Ele sabia de minha rejeição? Os pais geralmente sabem. Eu
ainda era seu filho? Aparentemente, sim. (Ninguém havia sentado em meu lugar.)
Houvesse você ido ao meu pai, depois de conversar comigo, e dito: "Seu
Lucado, seu filho disse que não precisa de um pai. Você ainda o considera seu
filho?", o que teria respondido ele? Nem preciso supor qual seria a sua
resposta. Ele diria ser meu pai, mesmo quando eu negasse minha filiação. Seu
comprometimento comigo era maior que o meu com ele.
Não ouvi o canto do galo como
Pedro. Não experimentei o que é ser vomitado por um peixe, como Jonas. Não
ganhei um manto, um anel e um par de sandálias, como o pródigo. Contudo,
aprendi de meu pai terreno o que esses três aprenderam de seu Pai celeste.
Nosso Deus não é um Pai só nos bons momentos. Ele não entra nessa de
"ame-o e deixe-o engordar". Posso contar com Ele em meus apuros, não
importa qual seja meu desempenho. Você também pode.
Posso mostrar-lhe algo? Olhe
para a moldura inferior da tela. Vê as palavras gravadas a ouro? O apóstolo
Paulo escreveu-as, porém seu Pai as inspirou.
Porque estou certo de
que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as
potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem
alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus nosso Senhor (Rm 8.38,39).
Seu Pai nunca o rejeitará. As portas desse aposento nunca estarão
fechadas. Aprenda a demorar-se na sala de estar de seu Pai. Quando as palavras
de alguém o ferirem, ou quando suas próprias faltas o afligirem, venha até a
sala. Fite a pintura e lembre-se de seu
Deus: é certo chamá-lo de Santo; dizemos a verdade quando o chamamos de
Rei. Porém, se você quer tocar-lhe o
coração, use o nome que Ele gosta de ouvir. Chame-o de Pai.
3. A Fundação
Onde a confiança começa
Pai nosso que estás...
A palavra mais importante na oração do Pai Nosso é bem curta. Cuidado para não
deixar de notá-la. Muitas pessoas o fazem. A palavra é tão breve que passará
despercebida, se você não for cuidadoso.
Sem ela, a grande Casa de Deus
não pode ficar em pé. Remova-a, e a casa tombará ao chão.
Qual é a palavra? Vou dar uma
dica. Você a leu agora mesmo.
Onde está ela? Você acabou de
lê-la. Está nesta frase? Está. E está também na resposta que acabo de dar.
Ora, Max, você está brincando?
Eu zombaria de você? (De
qualquer modo, a palavra está na pergunta que você fez. Consegue vê-la?)
Está.
"Pai nosso que estás no
céu".
Deus está. Não é Deus estava.
Não é Deus estará. Não é Deus poderia
estar, ou deveria estar, mas Deus está. Ele é o Deus do
tempo presente. E Ele é a fundação de sua própria casa.
A argamassa da fé
Escrevi estas palavras em um
avião. Um avião atrasado. Um avião diferente do que eu originalmente escolhera.
Meu primeiro vôo fora cancelado devido a dificuldades mecânicas. Eu e mais
algumas dúzias de pessoas não muito felizes fomos transferidos para outro
avião. Enquanto fazíamos a checagem para o novo vôo, ouvi diversos dos meus
companheiros de viagem perguntarem à atendente: "Este avião está O.K.? Há
alguma falha mecânica com este 747?"
Estávamos cheios de perguntas sobre a capacidade de voar da aeronave,
porém a agente não tinha perguntas sobre a nossa capacidade de fazer o mesmo.
Nenhuma vez fomos indagados: "E você? Pode voar? Pode bater
os braços e ser transportado pelo ar?" Claro, seriam perguntas bem
esquisitas. Minha habilidade para voar não é importante. Minha força é coisa de somenos valor. Confio no avião para
levar-me para casa.
Preciso fazer a relação? Seus feitos heróicos, leitor, por mais nobres
que sejam, não são importantes. Suas credenciais, conquanto brilhantes, não interessam. Deus é a fundação desta casa. A
pergunta-chave na vida não é "Quão forte sou eu?", mas "Quão
forte é Deus?" Concentre-se na força dEle, não na sua Ocupe-se com a natureza de Deus, não com o tamanho
de seus próprios bíceps.
Foi isso o que Moisés fez. Ou
pelo menos foi o que Deus mandou que ele fizesse. Lembra-se da conversa na
sarça em chamas? O tom foi estabelecido na
primeira sentença: "Tira o teus sapatos de teus pés, porque o lugar
em que tu estás é tem santa" (Êx 3.5).
Com essas dezessete palavras, Moisés é matriculado numa classe sobre
Deus. E os papéis são imediatamente
definidos. Deus é santo. Aproximar-se dEle, ainda que sobre meio
centímetro de couro, é pomposo demais. E à medida que lemos,
descobrimos que nenhum tempo é gasto convencendo Moisés do que este pode fazer,
porém muito tempo é despendido explicando a Moisés o que Deus pode fazer.
Você e eu tendemos a fazer o
contrário. Explicaríamos a Moisés que ele é a pessoa ideal para retornar ao
Egito. (Quem compreende a cultura melhor que um príncipe?) Então lembraríamos a
Moisés o quão perfeito ele é para viajar pelo deserto. (Quem conhece o deserto
melhor que um pastor?) Gastaríamos tempo
revisando com Moisés o seu curriculum vitae e a sua força.
(Vamos, Moisés, você pode. Faça uma tentativa.)
Mas Deus não. A força de Moisés
jamais é considerada. Nenhum estímulo é oferecido. Nenhum tapinha nas costas.
Palavra alguma é dada para revigorar Moisés. Contudo, muitas palavras são
usadas para revelar Deus. A força de Moisés não está em questão; a força de
Deus é que está.
Devemos parar para uma
aplicação? Vamos repetir esta última frase e
deixar você preencher o espaço em branco. Substitua o nome de Moisés
pelo seu.
A força de não está em
discussão; a força de Deus é que está.
Você não é o impulso por trás da
aeronave nem a argamassa dentro da fundação; Deus é. Eu sei que, em sua mente,
você entende isso, mas compreende-o em seu coração? Gostaria de compreender?
Deixe-me mostrar-lhe algumas das pedras que
sustentam esta poderosa casa. Deixe-me fortalecer sua confiança na Casa
de Deus, partilhando com você alguns dos seus nomes.
O que há num nome?
Entender os nomes de Deus não se
consegue com um estudo rápido, afinal, só no Antigo Testamento existem mais de
oitenta nomes para Deus. Porém, se você quer um ponto por onde começar,
deixe-me "seduzi-lo" com alguns nomes compostos dados pelos heróis da
fé. Cada um deles revela uma pedra diferente do caráter de Deus.
Talvez você esteja admirado de
como um estudo dos nomes de Deus pode ajudar a entendê-lo. Deixe-me explicar:
imagine que você e eu estivéssemos tendo uma conversa em 1978. Você iria se aproximar de mim no campus da
universidade onde eu estudava, e me perguntaria:
— Você conhece Denalyn Preston?
Deixe-me pensar — teria
respondido eu. — Oh, conheço Denalyn. Ela é uma de minhas conhecidas. É
aquela garota bonitinha que gosta de andar de bicicleta e usa macacão na aula.
— Isso era tudo o que eu saberia sobre ela.
Avance porém um ano. Agora
estamos em Miami, Flórida, onde sou um pastor, e Denalyn, uma professora.
Você conhece Denalyn Preston?
Claro que sim. Ela é uma amiga.
Eu a vejo todos os domingos.
Pergunte-me novamente um ano
mais tarde.
— Denalyn Preston? Certamente que a conheço. Ela não tira os
olhos de mim. (Brincadeirinha, minha querida.)
Corra dozes meses adiante.
— Quem não conhece Denalyn
Preston? — responderia eu. — Acho que ela está disposta a marcar um
encontro comigo.
Seis meses mais tarde...
— Claro que a conheço, não consigo deixar de pensar nela.
Semana que vem, vamos sair juntos outra vez.
Dois meses depois...
— Se conheço Denalyn Preston? Vou me casar com ela no próximo
mês de agosto!
Agora é agosto de 1981.
— Se conheço Denalyn Preston? Não, mas conheço Denalyn Lucado.
Ela é minha esposa, e pare de nos amolar; estamos em lua-de-mel.
Em três anos, meu relacionamento
com Denalyn tornou-se mais complexo. E com cada mudança veio um novo nome. Ela foi de conhecidas amiga, depois paquera,
a namorada, a noiva e a esposa. Logicamente,
a sucessão de nomes continuou. Agora ela é confidente,
mãe de minhas filhas, sócia vitalícia, patroa (só brincadeirinha, de
novo). Quanto mais a conheço, mais nomes lhe dou.
E quanto mais o povo de Deus vem
a conhecê-lo, mais nomes lhe dá.
Inicialmente, Deus era conhecido como Elohim. "No princípio criou Deus {Elohim)" (Gn
1.1). A palavra hebraica Elohim tem o significado de "alguém
forte ou criador", e aparece trinta e uma vezes no primeiro capítulo de
Gênesis, onde vemos o seu poder criativo.1
Entretanto, à medida que Deus se
revelava a seus filhos, estes passaram a ver nEle mais que uma força poderosa.
Viram-no como o Pai amoroso, que os encontrava em cada encruzilhada de suas
vidas.
Jacó, por exemplo, passou a ver Deus como Jeová-Raah, um afetuoso
pastor. "Como um pastor", relatou Jacó à sua família, "Deus me
tem guiado toda a minha vida" (Versão livre de Gn 48.15).
A frase foi, certamente, um elogio para Deus, pois Jacó era menos
que uma ovelha cooperadora. Duas vezes enganou o próprio irmão. Da última vez,
ludibriou também o pai que estava cego.
Fraudou seu sogro trapaceiro; observava-lhe o rebanho e, quando os
companheiros não estavam olhando, agia como um coiote furtivo no meio da noite,
fugindo com algo que não estava no acordo.
Jacó nunca foi um candidato ao
prêmio de ovelha mais bem-comportada, porém Deus nunca o esqueceu. Deu-lhe
alimento na escassez, perdoou-lhe as faltas, e foi-lhe fiel. Peça a Jacó para descrever Deus em uma palavra, e ela
será Jeová-Raah, o afetuoso pastor.
Abraão tinha um nome diferente
para Deus: Jeová-Jiré, O Senhor que prove. É irônico que ele chamasse
Deus de "provedor", uma vez que já era bem provido. Ele morava numa
tenda suntuosa, com quatro camelos na garagem. A vida era boa em Ur. "Mas
a vida será melhor em Canaã", explicou ele à sua família. E assim, eles se
foram. Quando lhe perguntaram "Onde iremos viver?", Abraão respondeu:
"Deus provera". E Ele o fez. Quando eles dividiram as terras, e o
sobrinho Ló ficou com as pastagens, deixando o tio Abraão com as rochas,
quiseram saber: "Como sobreviveremos?" Abraão sabia a resposta:
"Deus provera". E Ele o fez. E quando Abraão e Sara postaram-se ante
o berço vazio, e ela inquiriu como ele seria o pai de
milhares, ele pôs os braços à volta dela e cochichou: "O Senhor
provera".
E Deus o fez. E Abraão embalou
seu primeiro filho sobre os ossudos joelhos de cem anos. Abraão aprendera que
Deus prove. Porém, mesmo Abraão deve ter sentido a cabeça girar quando Deus lhe
pediu para sacrificar o filho sobre o monte Moriá.
Eles subiram a montanha.
"Onde está o cordeiro para o holocausto?", perguntou-lhe o filho (Gn
22.7). Alguns admiram-se de como a resposta passou pelo nó na garganta de
Abraão: "Deus provera para si o cordeiro para o holocausto, meu
filho" (v. 8). Jeová-Jiré, o Senhor provera. Abraão atou o filho, colocou-o sobre o altar, levantou o cutelo
e... o anjo paralisou-lhe a mão. Abraão tinha provado sua fé. Ele ouviu
um ruído na moita, olhou, e viu um carneiro preso no arbusto pelos chifres. Ofereceu-o em sacrifício e deu à
montanha o nome de Jeová-Jiré, o Senhor prove.
E depois houve Gideão. O Senhor
veio a Gideão e disse-lhe para liderar seu povo na vitória contra os
midianitas. Foi como se Deus dissesse para uma dona de casa resistir ao marido
violento, ou para um colegial tomar conta de um traficante, ou para um pregador
anunciar a verdade numa congregação de fariseus. "M-m-melhor m-m-mandar
o-o-outra pessoa", gaguejamos nós. Mas
então Deus nos lembra que Ele sabe que não podemos, porém Ele pode. E
para prová-lo, dá-nos um dom maravilhoso. Envia-nos o espírito de paz. Paz
diante da tempestade. Uma paz além da lógica, ou, como a descreveu Paulo: uma
paz "que excede todo o entendimento" (Fp 4.7). Ele a concedeu a Davi após mostrar-lhe Golias;
deu-a a Saulo, depois de mostrar-lhe o Evangelho; deu-a a Cristo, após
mostrar-lhe a cruz. E deu-a a Gideão. Então Gideão, em troca, deu um nome para
Deus. Ele construiu um altar e chamou-o de Jeová-Shalom, o Senhor é paz
(Jz 6.24).
Finalmente, um par de seixos sob
a casa conheceu o cinzel de Moisés. Sobre
um, ele gravou o nome Jeová-Rafá. Você encontrará a tradução em
Êxodo 15.26: "Eu sou o Senhor que te sara". Eis o cenário: mais de um
milhão de israelitas tinham sido libertados do cativeiro, e seguiam Moisés
através do deserto.
Sua jubilação pela libertação
logo tornou-se em frustração por causa da desidratação. (Não se aflija.
Trabalhei dez minutos nesta frase, e pelejei com dois editores para mantê-la
assim, com toda a ressonância.) Eles andaram três dias através de uma terra
vazia de sombras, rios, casas e verduras. Seus únicos vizinhos eram o sol e as
serpentes.
Finalmente, vieram dar num lago,
mas as águas eram salobras, amargas e perigosas. Estou certo de que não foi
nada divertido na ocasião, mas você teria
rido à socapa do que aconteceu a seguir. "E ele clamou ao Senhor, e
o Senhor mostrou-lhe um lenho" (Êx
15.25). Moisés está implorando água, e Deus lhe dá um pedaço de pau?!
Façamos uma pausa e computemos o
prejuízo. Três dias no sol do deserto. Esperanças aumentadas à vista do lago.
Esperanças desfeitas ao provar a água. Moisés, de garganta seca e lábios
ressequidos, clama por alívio e... Deus lhe dá um galho de árvore?
Moisés reage arremessando o
galho no lago. Talvez tenha feito por irritação: "Eis o que eu penso desta
lenha inútil". Ou talvez por inspiração: "Tu estás cuidando,
Deus". Seja qual for o motivo, a água é purificada, a sede dos israelitas
é mitigada, e a Pessoa de Deus é
glorificada. (Esta frase levou apenas cinco minutos.) Neste caso, o
próprio Deus revelou seu nome: "Eu sou o Senhor que te sara" (Êx
15.26).
A palavra operante aqui é Eu. Deus é o que cura. Ele pode usar
um ramo da medicina, um ramo do hospital, ou um ramo de carvalho, porém é Ele
quem tira o veneno do organismo. Ele é Jeová-Rafá.
Ele também é Jeová-Nissi, o Senhor é minha bandeira. No fragor
da batalha, os soldados temiam ser separados de seu exército. Por esta razão,
uma bandeira era carregada dentro do conflito, e se um combatente se visse
sozinho, a bandeira levantada assinalaria a segurança. Quando os amalequitas
(os grandes e maus rapazes) atacaram os israelitas (os pequenos e bons
rapazes), Moisés subiu ao monte e orou. Enquanto suas mãos permaneciam
levantadas, os israelitas prevaleciam. Porém quando suas mãos baixavam, os
amalequitas ganhavam terreno. Moisés não era estúpido — manteve as mãos levantadas. Os israelitas venceram, os amalequitas correram,
Moisés construiu um altar para Deus e cinzelou um novo nome sobre uma pedra — Jeová-Nissi
— o Senhor é minha bandeira (Êx 17.8-16).
Estes são apenas alguns dos
nomes de Deus que lhe descrevem o caráter. Estude-os, pois, algum dia, você
poderá precisar de cada um deles. Deixe-me mostrar-lhe o que quero dizer.
Quando você está confuso quanto ao futuro, vá para o seu Jeová-Raah,
seu afetuoso pastor. Quando estiver ansioso por provisões, fale com Jeová-Jiré, o Senhor que prove. Seus desafios são grandes demais? Busque ajuda com Jeová-Shalom,
o Senhor é paz. Seu corpo está
doente? Suas emoções enfermaram? Jeová-Rafá, o Senhor que te
cura, o examinará imediatamente. Você teme,
como um soldado, ficar abandonado atrás das fileiras inimigas? Busque refugio em Jeová-Nissi, o Senhor é minha bandeira.
Meditar nos nomes de Deus faz
você lembrar-se de seu caráter. Pegue estes nomes e enterre-os em seu coração.
Deus é
O pastor que conduz,
O Senhor que prove,
A voz que traz paz na
tempestade,
O médico que cura o
doente, e
A bandeira que guia o
soldado.
E acima de tudo, Ele...
é.
4. O Observatório
Uma afeição celestial
Pai nosso que estás no céu...
Algumas manhãs atrás, eu estava correndo pela minha vizinhança. Tenho a fama de
esquecer algumas datas importantes, porém nem mesmo eu esqueceria a importância
daquele dia. Era o primeiro dia de aula. Os lembretes estavam em toda parte:
entrevistas nos noticiários, lojas repletas de pais, ônibus amarelos
despertados do sono de verão, retumbando pelas ruas. Minha própria família
passara a noite anterior arrumando mochilas e preparando merendas.
Não foi surpresa para mim,
então, ver uma linda garotinha sair de sua casa, usando roupa nova e uma
mochila. Ela não devia ter mais de cinco ou seis anos, e ia caminhando em
direção à guia, para esperar o ônibus.
— Tenha um grande primeiro dia
de aula — desejei-lhe, enquanto acelerava o passo.
Ela parou e olhou-me como se eu
tivesse tirado um coelho da cartola.
— Como é que você sabe?!
Ela estava perplexa. De sua
perspectiva, eu era um gênio. De algum modo,
eu havia miraculosamente descoberto por que ela se levantara tão cedo, e
para onde estava indo. E ela estava impressionada.
— Oh, eu simplesmente sei dessas coisas — gritei-lhe de
volta. (Não havia necessidade de estourar-lhe a bolha colori
da.)
volta. (Não havia necessidade de estourar-lhe a bolha colori
da.)
Você, por outro lado, não está tão impressionado. Você sabe por
que eu sabia. Você entende a diferença entre uma criança e um adulto. Os
adultos vivem num mundo diferente do das crianças. Recorda-se de como seus pais
o deixavam perplexo? Lembra-se de como seu
pai podia identificar um carro que passava? Não ficava impressionado
quando sua mãe, habilmente, transformava farinha, leite e ovos em um bolo?
Enquanto meus pais discutiam o sermão de domingo, eu pensava: "Não
entendi uma palavra do que o moço disse".
Qual a diferença? Simples. Em
virtude do treino, estudo e experiência, os adultos ocupam um domínio
diferente. Isto é ainda mais verdadeiro a respeito de Deus. Pegue a diferença
entre a menina e eu, amplifique-a milhões de vezes mais, e começaremos a ver o
contraste entre nós e nosso Pai. Quem dentre nós pode refletir sobre Deus, sem
fazer a mesma pergunta que a garotinha: "Como é que você sabe?"
Pedimos graça, apenas para achar
perdão já oferecido. (Como soube que eu pecaria?)
Pedimos alimento, apenas para
achar a provisão já feita. (Como soube que eu estaria faminto?)
Pedimos orientação, apenas para
achar respostas na antiga história de Deus. (Como soube que eu perguntaria?)
Deus vive num domínio diferente.
"Porque a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria do homem, e a
fraqueza de Deus é mais forte que a força
do homem" (1 Co 1.25, NVI). Ele ocupa outra dimensão. "Porque
os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus
caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os
meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais
altos do que os vossos pensamentos" (Is
55.8,9).
Note em especial a palavra como. Os pensamentos de Deus não
são os nossos pensamentos, nem são como os nossos. Nem mesmo chegamos
perto. Nós pensamos: Preserve o corpo, Ele pensa: salve a alma. Sonhamos
com um aumento salarial; Ele sonha pôr um fim ao salário do pecado.
Esquivamo-nos do sofrimento e buscamos a paz; Ele usa o sofrimento para trazer
a paz. "Vou viver antes que eu morra", resolvemos nós. "Morra, e
então pode viver", instrui-nos Ele. Apegamo-nos ao que se corrói; Ele, ao
que perdura. Regozijamo-nos com os nossos sucessos;
Ele, com as nossas confissões. Mostramos aos nossos filhos as estrelas da Nike, com o sorriso de um
milhão de dólares, e incentivamos: "Seja como o Ronaldinho".
Deus aponta o carpinteiro crucificado, com os lábios ressecados e o lado
sangrando, e intima: "Seja como Cristo".
Nossos pensamentos não são como
os pensamentos de Deus. Nossos caminhos não são como os seus caminhos. Ele tem
uma agenda diferente. Ele habita uma dimensão diferente. Vive num outro plano.
E esse plano é mencionado na primeira frase
da oração do Senhor: "Pai nosso que estás no céu ".
Havendo-nos confortado na sala
de estar, e tendo-nos assegurado com a fundação, Jesus nos conduz ao andar
superior. Ascendemos ao nível mais alto da casa, postamo-nos ante uma pesada
porta de madeira, e aceitamos o convite de Deus para entrar em seu
observatório.
Nenhum telescópio é necessário
nesta sala. O teto de vidro amplifica o
Universo, até você sentir que todo o firmamento está descendo a sua
volta. Elevado instantaneamente através da atmosfera, você é cercado pelos
céus. Cascatas de estrelas passam por você, até você ficar atordoado com a
quantidade. Se você fosse capaz de passar um minuto em cada planeta e estrela,
uma vida inteira mal daria para começar.
Jesus espera até que você esteja
enlevado com todo esse resplendor, e então, suavemente, recorda-lhe: "Seu
Pai está no céu".
Posso lembrar-me de alguns meninos que conheci em minha infância,
cujos pais eram pessoas bem-sucedidas. Um era juiz;
outro, um médico proeminente. Eu ia à igreja com o filho do prefeito. Em
Andrews, Texas, não há muito para se orgulhar.
Todavia, o menino tinha uma influência que a maioria de nós não possuía.
"Meu pai tem um gabinete no palácio da justiça", podia ele
reivindicar.
Adivinhe o que você pode
declarar? "Meu Pai governa o universo".
Os céus manifestam a
glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. Um dia faz
declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem
linguagem, sem fala, ouvem-se as suas vozes em toda a extensão da terra, e as suas
palavras até ao fim do mundo (SI 19.1-5).
A natureza é o workshop de Deus. O Céu é o seu curriculum vitae.
O Universo, o seu cartão telefônico. Você quer saber quem é Deus? Veja o que Ele tem feito. Quer conhecer o
seu poder? Dê uma olhada em sua criação.
Curioso sobre a sua força? Visite-o em seu endereço: Avenida Céu
Estrelado, n° 1 bilhão. Quer conhecer-lhe o tamanho? Avance dentro da noite e
contemple a luz estelar emitida milhares de
anos atrás, e então leia 2 Crônicas 2.6: "Quem teria força para lhe
edificar uma casa, visto que os céus e até
os céus dos céus não o podem conter?"
A atmosfera do pecado não
o macula, O tempo da história não o refreia, O cansaço do corpo não o embaraça.
Aquilo que controla você, a Ele não pode controlar. Aquilo que o
preocupa não preocupa a Ele. O que fatiga você não fatiga a Ele. Uma águia é
perturbada pelo tráfego? Não, pois se eleva acima dele. Uma baleia é incomodada
pelo furacão? Claro que não, pois mergulha abaixo dele. O leão se agita com o camundongo postado em seu caminho? Não, passa
por cima dele.
Quanto mais Deus é capaz de
elevar-se acima, mergulhar abaixo, e passar por cima dos transtornos da Terra!
"Aos homens é isso impossível, mas a
Deus tudo é possível" (Mt 19.26). Nossas indagações traem nossa
carência de entendimento:
Como Deus pode estar em toda
parte ao mesmo tempo? (Quem disse que Deus é limitado por um corpo?)
Como Deus pode ouvir todas as
orações que chegam a Ele? (Talvez os ouvidos dEle sejam diferentes dos seus.)
Como Deus pode ser o Pai, o Filho
e o Espírito Santo? (Não seria a física do Céu diferente da que existe na
Terra?)
Se as pessoas daqui não me
perdoarem, quanto mais culpado eu sou perante um Deus santo? (Oh, justamente o
contrário. Deus é sempre capaz de conceder graça quando nós, humanos, não
podemos fazê-lo — Ele a inventou.)
Como é essencial que oremos
munidos do conhecimento de que Deus está no Céu! Ore sem esta convicção, e suas
orações serão tímidas, superficiais e ocas. Mas passe algum tempo andando pelo workshop
dos céus, vendo o que Deus tem feito, e sinta como suas orações serão
enérgicas.
Falando sobre workshop do Pai,
deixe-me contar-lhe de uma visita que fiz quando tinha oito anos.
O workshop de Deus
O destaque dos lobinhos, meu
grupo escoteiro, era a Caixa de Sabão Derby.
Já ouviu de alguém em pé sobre uma caixa de sabão? Nós ficávamos dentro
de nossas caixas de sabão para ganhar um troféu. A competição era
simples. Construir um carrinho de madeira sem motor, entrar nele, e descer
correndo um declive. Algumas das criações eram
fantásticas, completas, com direção e cobertura pintada. Outras nada
mais eram que um assento sobre um chassi de madeira, com quatro rodas e uma
corda para a pilotagem. Meu plano era construir um genuíno conversível
vermelho, como o que vira no manual do escoteiro. Armado com serrote, martelo,
uma pilha de tábuas, e muita ambição, dispus-me a ser o Henry Ford da tropa
169.
Não sei por quanto tempo meu pai
esteve me olhando antes de interromper-me o trabalho. Provavelmente não muito,
desde que meus esforços não constituíam uma visão agradável. O serrote
emperrava, e a madeira empenava. Os pregos entortavam, e o painel não se
ajustava. Misericordiosamente, papai interveio; bateu-me no ombro e convidou-me
a segui-lo até o seu workshop.
A pequena casa branca no fundo do quintal era o domínio de meu
pai. Nunca prestei realmente atenção ao que ele fazia lá. Tudo o que eu sabia
era o que ouvia: serras zunindo, martelos batendo, e o assobio de um
trabalhador feliz. Eu guardava minha bicicleta lá, contudo, nunca notara as
ferramentas. Até então, eu não havia
tentado construir algo. Pelas próximas duas horas, naquele dia, ele
introduziu-me no mundo mágico dos cavaletes, esquadros, trenas e brocas.
Mostrou-me como esboçar um plano e medir a madeira. Explicou-me por que é mais
sábio martelar primeiro e pintar depois. Eu estava admirado. O que para mim era
impossível, para ele era simples. Em uma tarde, tínhamos construído um bonito e
respeitável veículo. E, embora eu não tenha saído da corrida com um troféu, saí
com uma grande admiração por meu pai. Por quê? Eu passara algum tempo em sua
oficina.
Você está me acompanhando, não está? Mostrando-nos os céus, Jesus
mostra-nos a oficina de seu Pai. Ele deixa-nos martelar ou aparafusar apenas o
tempo necessário, então bate em nosso ombro
e diz: "Seu Pai pode cuidar disso para você". E para prová-lo, leva-nos à oficina do Pai. Com um
movimento das mãos, Ele
orgulhosamente proclama: "Nosso Pai está no céu!"
Olhe o Sol! Cada metro quadrado
de sol está constantemente emitindo 130.000
HP, ou o equivalente a 450 motores de oito cilindradas. E mesmo o Sol,
embora tão poderoso, é uma das menores estrelas nos 100 bilhões de órbitas que
compõem nossa Via Láctea. Segure uma moeda
entre os dedos, e estire o braço em direção ao céu, permitindo que ela lhe
eclipse a visão. Você terá bloqueado
de sua vista quinze milhões de estrelas.
Pense na Terra! O peso de nosso
globo tem sido estimado em seis sextilhões de toneladas (um seis com vinte e um
zeros). E ele está ajustado em vinte e três graus. Um pouco mais, ou um pouco menos, e nossas estações seriam perdidas
numa inundação pelo derretimento dos pólos. Embora o globo terrestre gire mil
milhas por hora, ou vinte e cinco mil milhas por dia, ou nove milhões de milhas
por ano, nenhum de nós cai em sua órbita. Nosso Deus, que "O norte estende
sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada" (Jó 26.7), também criou uma
faixa de gravidade invisível para manter-nos seguros.1
Agora, enquanto você se posta no
observatório olhando o workshop de Deus, deixe-me propor algumas questões. Se Ele
é capaz de dispor as estrelas em seus lugares, e suspender o Céu como um
cortinado, você acha que é remotamente possível Deus guiar-lhe a vida? Se o seu
Deus é poderoso o suficiente para acender o Sol, seria Ele poderoso o
suficiente para iluminar-lhe o caminho? Se ele cuida do planeta Saturno o
bastante para dar-lhe anéis, ou de Vênus, para fazê-lo cintilar, haveria alguma
chance de Ele cuidar de você o bastante para suprir-lhe as necessidades? Ou,
como disse Jesus,
Olhai para as aves do céu
que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso pai celestial as
alimenta. Não tendes vós muito mais valor que elas? E qual de vós poderá, com
todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestido,
por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem: não
trabalham, nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória,
se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que
hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós,
homens de pouca fé? (Mt 6.26-30)
Por que Ele fez isto? Uma cabana
teria bastado, porém Ele deu-nos uma mansão. Ele tinha necessidade de dar uma
canção aos pássaros e um pico às montanhas?
Precisava por listras na zebra e corcova no camelo? Teríamos sabido a
diferença, se Ele fizesse o ocaso cinza, em vez de laranja? Por que as
estrelas possuem cintilações, e as ondas, cristas nevadas? Por que salpicou o
cardeal de vermelho, e vestiu a baleia de branco? Por que envolveu a criação em
tal esplendor? Por que Ele preocupou-se em dar tantos presentes?
Por que você o faz? Você faz o
mesmo. Tenho visto você procurar um
presente. Tenho visto você espreitando no shopping center, percorrendo
as galerias. Não estou falando dos presentes obrigatórios. Não estou
descrevendo as compras de última hora, na perfumaria, a caminho da festa de
aniversário. Esqueça as liquidações e os
descontos. Estou falando daquele dinheiro tirado das compras mensais do
supermercado, guardado pouco a pouco, para comprar umas botas de couro de
lagarto; estou falando de ficar olhando mil anéis, a fim de achar para ela o
melhor brilhante; de passar acordado toda a noite de Natal, montando a
bicicleta nova. Por que você faz isto? Você o faz, porque os olhos irão se arregalar. Você o faz, porque o coração parará. Você o faz, porque o queixo cairá. Você o
faz para ouvir aquelas palavras de descrença: "Você fez isto por mim."
É por isso que você o faz. E é por isso que Deus o fez. Da próxima
vez que a aurora prender-lhe a respiração, ou um prado em flores deixá-lo mudo, lembre-se desse detalhe. Não diga coisa
alguma, e ouça como o Céu cochicha: "Você gostou? Fiz isto para
você".
Estou prestes a falar-lhe de algo que você pode achar difícil acreditar.
Você está prestes a ouvir uma opinião que pode espichar-lhe a imaginação. Não precisa concordar comigo, mas eu
gostaria que você a considerasse.
Você não precisa comprá-la, mas ao menos pense a respeito. Aqui
está: Se você fosse a única pessoa na Terra, esta pareceria exatamente a mesma.
As montanhas do Himalaia ainda teriam o seu
drama, e o Caribe ainda teria o seu encanto. O Sol ainda se aninharia atrás dos
montes à noite, e espalharia luz sobre
os desertos pela manhã. Se você fosse o último peregrino sobre este planeta, Deus não diminuiria um grau de
sua beleza.
Porque Ele fez tudo isto para
você... e está à espera de que você descubra os presentes. Está esperando que
você saia da toca, esfregue o sono dos olhos, e veja a brilhante bicicleta vermelha
que Ele montou só para você. Está esperando que seus olhos se arregalem e seu
coração pare. Está esperando pelo momento entre o cair do queixo e o pular do
coração. Pois nesse silêncio, Ele se inclina para você e sussurra: Fiz isto
só para você.
Acha difícil acreditar em tanto amor? Está certo. Lembra-se da
garotinha que não podia imaginar como eu sabia que ela estava indo para a
escola? Só porque ela não o compreendia, não
significa que eu não o soubesse. E só porque não podemos imaginar Deus
nos dando arrebóis, não pense que Ele não o faz.
Os pensamentos de Deus são mais elevados que os nossos. Os caminhos de
Deus são maiores que os nossos. E, às vezes, em sua grande sabedoria, nosso Pai
celeste dá-nos um pedacinho do Céu só para mostrar o seu cuidado.
5. A Capela
Onde o homem fecha a boca
Santificado seja o teu nome...
Quando morei no Brasil, levei minha mãe e sua amiga para conhecer Foz do Iguaçu, a maior
cachoeira do mundo. Algumas semanas antes, eu tornara-me um perito em cataratas, lendo um artigo na revista National
Geographic. Certamente, pensava eu, minhas hóspedes apreciarão a boa
sorte de me terem como guia.
Para alcançar o mirante, os
turistas devem percorrer uma trilha sinuosa, que os leva através da floresta.
Aproveitei a caminhada para fazer à minha mãe e à sua amiga um relato da
natureza de Iguaçu. Estava tão cheio de informações, que tagarelei o tempo
todo. Após alguns minutos, entretanto, surpreendi a mim mesmo falando cada vez
mais alto. Um som à distância forçava-me a elevar a voz. A cada volta da
trilha, eu aumentava o volume. Finalmente, eu estava gritando acima do ruído, o que era completamente
irritante. Qualquer que fosse aquele barulho, eu preferia que o desligassem até eu
terminara minha preleção.
Só depois de chegar à clareira, compreendi
que o ruído que ouvíamos era a cachoeira. Minhas palavras foram abafadas pela
força e o furor daquilo que eu estivera tentando descrever. Não pude mais ser
ouvido. Ainda que eu pudesse, não tinha mais uma audiência. Mesmo minha mãe
preferia ver o esplendor a ouvir minha descrição. Calei a boca.
Há ocasiões em que o falar
profana o momento... O silêncio representa
o mais elevado respeito. A palavra para tais ocasiões é reverência. A oração para estes momentos é
"Santificado seja o teu nome". E o lugar para esta oração é a
capela.
Se há paredes, você não as percebe. Se há bancos, você não precisa
deles. Seus olhos estão fixos em Deus, e seus joelhos, no chão. No centro da
sala há um trono, e, perante o trono, um banco no qual se ajoelhar.
Não se preocupe em ter as
palavras certas; preocupe-se antes em ter o
coração certo. Não é eloqüência que Ele procura, apenas honestidade.
A hora de estar em silêncio
Esta foi a lição aprendida por
Jó. Se ele cometera uma falta, esta fora a sua língua. Ele falara demais.
Não que alguém pudesse culpá-lo. A calamidade arremetera sobre o
homem como um leão sobre um rebanho de gazelas, e quando o alvoroço passou, não
restara praticamente uma parede em pé, ou
um ente querido vivo. Os inimigos haviam trucidado as boiadas, e os raios, destruído os rebanhos.
Ventos fortes deixaram soterrados
nos escombros os seus filhos que festejavam.
E esse fora apenas o primeiro
dia.
Jó nem mesmo teve tempo de
exprimir sua dor, antes de ver a lepra em suas mãos, e os furúnculos em sua
pele. Sua esposa, alma compassiva que era, aconselhou-o a amaldiçoar Deus e
morrer. Seus quatro amigos vieram, com a delicadeza de uma britadeira,
dizer-lhe que Deus é bom, e que o sofrimento
é conseqüência do mal; e tão certo como dois mais dois são quatro, Jó deveria ter algum registro criminal em seu
passado, para sofrer tanto.
Cada um deu a sua própria
interpretação de Deus, e falou — longa e sonoramente — sobre quem é Deus, e por
que Ele fizera tudo aquilo. Eles não eram os
únicos falando sobre Deus. Quando seus acusadores faziam uma pausa, Jó
dava-lhes uma resposta.
Abriu Jó a sua boca... (3.1).
Então, respondeu Elifaz, o
temanita... (4.1).
Então Jó respondeu... (6.1).
Então respondeu Bildade, o
suíta... (8.1).
Então, Jó respondeu e disse...
(9.1).
Então respondeu Zofar, o
naamatita... (11.1).
Este pingue-pongue verbal
continua por vinte e três capítulos. Finalmente, Jó tem o bastante destas
"contestações". Chega de bate-papo. É hora do tom fundamental do
discurso. Ele agarra o microfone com uma mão, o púlpito com a outra, e vai em frente. Por seis capítulos, Jó dá a sua
opinião sobre Deus. Desta vez, o capítulo registra: "E prosseguindo
Jó", "E prosseguindo Jó", "E prosseguindo Jó". Ele
define, explica e revisa Deus. Parece que Jó sabe mais sobre Deus do que Ele
próprio!
Lemos trinta e sete capítulos do livro, antes que Deus limpe a
garganta para falar. O capítulo trinta e oito começa com estas palavras:
"Então, o Senhor respondeu a Jó."
Se a sua Bíblia é igual a minha, há um engano neste versículo.
As palavras estão corretas, porém o impressor usa os tipos de tamanho errado.
As palavras deveriam estar escritas assim:
ENTÃO, O SENHOR RESPONDEU A JÓ!
Deus fala. Faces voltam-se ao
Céu. Ventos curvam as árvores. Vizinhos encolhem-se nos refúgios. Gatos
apressam-se para o alto das árvores, e cachorros metem-se no mato. "Está
ventando, meu bem. É melhor tirar a roupa do varal". Deus mal abrira a boca, e Jó soube que deveria ter
calado sua mágoa.
Perguntar-te-ei, e, tu,
responde-me. Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens
inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre
ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua
pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e
todos os filhos de Deus rejubilavam? (Jó 38.3-7)
Deus inunda o Céu com perguntas.
Jó compreende: apenas Deus define Deus. Você precisa conhecer o alfabeto antes de poder ler. Deus conscientiza Jó: " Você
não sabe nem o ABC do Céu, quanto mais o vocabulário". Pela
primeira vez, Jó está quieto. Silenciado por uma torrente de indagações.
Ou entraste tu até as origens do
mar, ou passeaste no mais profundo do
abismo? Ou entraste tu até os tesouros da neve e viste os tesouros da saraiva...? Ou darás tu força ao cavalo, ou
revestirás o seu pescoço de crinas? Ou espantá-lo-ás, como ao gafanhoto?
Ou voa o gavião pela tua inteligência,
estendendo as suas asas para o sul? (Jó 38.16,22— 39.19,20,26)
Jó mal tem tempo de sacudir a cabeça diante de uma questão, antes
que Deus faça a outra. A insinuação do Pai é clara: "Tão logo você seja
capaz de lidar com assuntos tão simples como a quantidade das estrelas e o
estiramento do pescoço da avestruz, teremos uma conversa sobre dor e
sofrimento. Mas até então, podemos passar sem os seus comentários".
Jó captou a mensagem? Penso que sim. Ouça-lhe a resposta:
"Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão ponho sobre a minha
boca".
Note a mudança. Antes de ouvir
Deus, Jó não podia falar o bastante. Após ouvi-lo, não pôde falar de jeito
algum.
O silêncio foi a única resposta
apropriada. Houve uma ocasião na vida de
Thomas Kempis, na qual também foi preciso fechar a boca. Ele havia
escrito profusamente sobre o caráter de Deus. Porém um dia, Deus confrontou-o
com tal graça divina que, a partir daquele momento, todas as palavras de Kempis
"pareciam palha". Ele pousou a caneta e nunca mais escreveu uma
linha. Ele calou-se.
A palavra para tais
momentos é reverência.
A sala para tais momentos é a
capela.
A frase para a capela é
"Santificado seja o teu nome".
Um corte acima
Esta frase é uma petição, não
uma declaração. Um pedido, não um anúncio. Santificado seja o teu nome.
Entramos na capela e imploramos: "Seja santificado, Senhor. Faça o que for
preciso para ser santificado em meu viver.
Tome o lugar que lhe pertence por
direito no trono. Seja exaltado. Seja magnificado. Seja glorificado. Tu
és Senhor, e eu estarei calado".
A palavra santificado vem
da palavra santo, que significa "separado". O termo remonta a
uma antiga palavra que significa "cortar". Ser santo, então, é ser
cortado acima da norma, superior, extraordinário. Lembra-se do que aprendemos
no observatório? O Deus santo habita num plano diferente do restante de nós.
Aquilo que nos amedronta, a Ele não mete medo. O que nos preocupa não preocupa
a Ele.
Sou mais um marinheiro de água
doce do que um lobo-do-mar, mas estive num barco o suficiente para conhecer o
segredo de como achar terra em uma
tempestade... Você não visa outro
barco. Você, certamente, não se concentra nas ondas. Você firma a vista
em um objeto não afetado pelo vento — uma luz na costa — e segue reto em sua
direção. A luz não é afetada pela tempestade.
Buscando a Deus na capela, você
faz o mesmo. Quando você firma a vista em
nosso Deus, está focalizando alguém "um corte acima" daquilo
que quaisquer tempestades na vida possam trazer.
Como Jó, você acha paz no
sofrimento.
Como Jó, você fecha a boca e
fica em silêncio.
"Aquietai-vos e sabei que
eu sou Deus" (SI 46.10). Este versículo contém uma ordem com promessa.
A ordem?
Aquiete-se.
Feche a boca.
Dobre os joelhos.
A promessa? Você saberá que eu
sou Deus.
O navio da fé viaja sobre as
águas. O crente passeia nas asas da espera.
Demore-se na capela. Demore-se
muitas vezes na capela. Em meio às suas tempestades diárias, faça questão de
aquietar-se, e fite os olhos nEle. Deixe
Deus ser Deus. Deixe que Ele o banhe em sua glória, para que sua
respiração e seus problemas sejam sugados
de sua alma. Esteja em silêncio. Esteja quieto. Esteja ciente e disposto. Então você saberá que Deus é Deus; você
não pode ajudar, mas confessar: "Santificado seja o teu nome".
6. O Trono
Tocando o coração do Rei
Venha o teu reino...
Recentemente, nossa família saiu à procura de escrivaninhas. Eu precisava
de uma nova para o meu escritório, e prometera à Andréa e à Sara que também
compraria escrivaninhas para os quartos delas. Sara estava especialmente
entusiasmada. Quando chegou da escola, adivinhe o que ela fez? Brincou de escola! Nunca fiz isto em minha
infância. Eu tentava esquecer as atividades da sala de aula, não
repeti-las. Denalyn assegurou-me de que não havia problema, e de que esta era
uma daquelas diferenças entre os sexos. Então fomos para a loja de móveis.
Quando Denalyn compra móveis,
ela prefere um dos dois extremos — tão antigos, que chegam a ser frágeis, ou
tão novos, que nem estão pintados. Dessa vez, optamos pelo último, e entramos
numa loja de móveis crus.
Andréa e Sara foram rápidas em
suas escolhas, e eu fiz o mesmo. Em dado momento do processo, Sara descobriu
que não levaríamos a escrivaninha para casa naquele dia, e isto perturbou-a
profundamente. Expliquei-lhe que a peça tinha de ser pintada, e eles a entregariam dentro de quatro semanas. Eu poderia
igualmente ter dito quatro milênios.
Seus olhos encheram-se de lágrimas.
— Mas, papai, eu quero levá-la para casa hoje.
Para crédito de Sara, ela não bateu os pés, fazendo exigências.
Arranjou, no entanto, um modo urgente de fazer seu pai mudar de idéia. Cada vez
que eu me virava para um lado, lá estava ela me esperando.
Papai, não acha que nós mesmos
poderíamos pintá-la?
Papai, eu mesma poderia fazer
alguns desenhos em minha escrivaninha.
— Papai, por favor, vamos levá-la para casa, hoje.
Após alguns minutos, ela desapareceu, apenas para retornar em seguida, com os braços abertos, borbulhando com a descoberta:
Após alguns minutos, ela desapareceu, apenas para retornar em seguida, com os braços abertos, borbulhando com a descoberta:
— Adivinhe, papai! Ela cabe no porta-malas do carro! Você e eu
sabemos que uma garotinha de sete anos não tem idéia do que cabe ou não num
veículo, mas o fato de ela haver medido o porta-malas, com seus próprios braços,
amoleceu-me o coração. O argumento decisivo, entretanto, foi o nome com que
chamou-me:
— Papai, por favor, vamos levá-la hoje.
A família Lucado levou uma
escrivaninha para casa naquele dia.
Atendi o pedido de Sara pela mesma razão que Deus atende os nossos.
O desejo dela era para o seu bem. Que pai não gostaria que seu filho passasse
mais tempo estudando e desenhando? Sara
queria o que eu também queria para ela. Só que ela o queria o mais rápido possível. Quando concordamos com o que
Deus quer, Ele igualmente nos ouve (1 Jo 5.14).
O pedido de Sara foi franco.
Deus também é movido por nossa sinceridade. "A oração de um justo é
poderosa e eficaz" (Tg 5.16, NVI).
Porém, acima de tudo, fui movido
a atender porque Sara chamou-me de "papai". Porque ela é minha filha,
atendi o seu pedido. Porque somos seus
filhos, Deus atende-nos as orações. O Rei da Criação presta especial
atenção à voz de sua família. Ele não apenas
está disposto a ouvir-nos — Ele ama ouvir-nos. E ainda nos diz o que lhe
pedir.
"Venha o teu reino".
Muitas vezes nos contentamos em pedir menos. Entramos na grande
Casa de Deus com uma mochila cheia de pedidos — promoções desejadas, aumento
salarial ansiado, consertos de carro necessitados, e custos educacionais
solucionados. Geralmente, fazemos nossas orações tão casualmente quanto pedimos
um hambúrguer na lanchonete:
— Quero um problema solucionado
e duas bênçãos, sem discussão, por favor.
Contudo, tal complacência parece
inadequada na capela da adoração. Aqui, estamos ante o Rei do reis. Há pouco,
fechamos nossas bocas em reverência à sua santidade; agora as abrimos para
fazer pedidos? Não pense você que nossas necessidades não lhe interessam. Só
que, aquilo que parecia ur-' gente fora da casa, aqui dentro parece menos
significante. O aumento salarial ainda é importante, e a promoção ainda é
desejada, mas, é por aí que começamos?
Jesus ensinou-nos como iniciar.
"Quando vocês orarem, orem assim: 'Pai nosso que estás nos céus,
santificado seja o teu nome. Venha o teu reino'."
Quando você diz "Venha o
teu reino", está convidando o próprio Messias a entrar em seu mundo.
"Vem, meu Rei! Toma o teu trono na Terra. Permanece em meu coração. Não te
ausentes de meu escritório. Entra em meu casamento. Sê Senhor em minha família,
em meus temores, e em minhas dúvidas". Este não é um pedido débil; é um
audacioso apelo para Deus ocupar cada ângulo de sua vida.
Quem é você para pedir tal coisa? Quem é você para pedir que Deus
controle o seu mundo? Você é filho dEle, ora essa! E então, audaciosamente,
você pede." Cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que
possamos alcançar misericórdia e achar
graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno" (Hb 4.16).
Um drama espiritual
Uma esplêndida ilustração desta
espécie de audácia é a história de Hadassa. Embora sua língua e cultura estejam
num atlas à parte do nosso, ela pode contar-lhe sobre o poder de uma súplica
feita a um rei. Todavia, há um par de diferenças. O pedido dela não foi ao pai, mas ao marido — o rei. Sua súplica não foi por uma escrivaninha, mas pelo resgate
de um povo. Porquanto ela adentrou à sala do trono, e abriu o coração ao
rei, este mudou os planos, e milhões de
pessoas, em 127 países, foram salvas.
Oh, eu adoraria que você conhecesse Hadassa. Porém, uma vez que
ela tenha vivido no século V a. C, tal encontro não é possível. Teremos de nos
contentar em ler sobre ela no livro com o seu nome — seu outro nome — O Livro
de Ester.
E que livro ele é! Seria um desafio para Hollywood reproduzir o
drama de sua história... o malvado Hamã, o qual exigia que todos lhe prestassem homenagens... o corajoso Mardoqueu, que
recusava curvar-se ante Hamã... as famosas palavras de Mardoqueu a Ester, que
fora escolhida rainha "para tal tempo como
este"... e a convicção de Ester em salvar seu povo. "Se eu perecer,
pereci", resolveu ela.
Vamos rever os personagens
principais.
Xerxes era o rei da Pérsia; o monarca absoluto desde a índia à
Etiópia. Basta Xerxes levantar uma sobrancelha, e o destino do mundo será
mudado. Neste aspecto, ele simboliza o poder de Deus, pois o nosso Rei controla
o Rio da Vida, sem nem mesmo levantar uma sobrancelha.
Hamã (cujo nome parece soar como "o mau" — o que você constatará
ser mais que uma curiosa coincidência) era o braço direito de Xerxes. Leia cada
palavra sobre o tal, e não achará algo de bom a
respeito dele. Era um insaciável egotista, desejando a adoração de todos no
reino. Incomodado por uma peculiar minoria chamada "os judeus",
decidiu exterminá-los. Convenceu Xerxes de que o mundo seria melhor com um holocausto, e marcou a data do genocídio dos
filhos de Abraão.
Hamã é um servo do Inferno, um
retrato do próprio diabo, cuja ambição maior é ver todos os joelhos dobrando-se
à sua passagem. Satanás também não tem outra meta senão perseguir o povo de
Deus. Ele veio para "roubar, matar e destruir" (Jo 10.10). "... O diabo desceu a voz, e tem
grande ira, sabendo que já tem pouco tempo" (Ap 12.12). Desde a
mentira no jardim, ele tem procurado arruinar o plano de Deus. Neste caso,
Satanás espera destruir os judeus e, através disso, a linhagem de Jesus. Para
Hamã, o massacre é questão de conveniência; para Satanás, de sobrevivência. Ele
fará o possível para impedir a presença de Jesus no mundo.
Por isso, ele não deseja que
você ore como Jesus ensinou: "Venha o teu reino".
Ester, a filha adotiva de Mardoqueu, tornou-se rainha através de
um concurso de Miss Pérsia. Em um único dia, foi da obscuridade à realeza, e,
em mais de um aspecto, ela lembra você.
Vocês dois residem no palácio: Ester é a noiva de Xerxes; você, a noiva de
Cristo. Vocês dois têm acesso ao trono do rei, e ambos têm um consolador que os
guia e ensina. Seu Consolador é o Espírito Santo; o de Ester era
Mardoqueu.
Foi Mardoqueu quem instou com
ela para que mantivesse em segredo a sua nacionalidade judia. Também foi ele
quem a persuadiu a falar com Xerxes sobre o iminente massacre. Você pode
admirar-se de que ela precisasse de algum encorajamento. Mardoqueu deve ter
igualmente se admirado. Ouça a mensagem que ele recebeu de Ester: "...
todo o homem ou mulher que entrar ao rei, no pátio interior, sem ser chamado,
não há senão uma sentença, a de morte, salvo se o rei estender para ele o cetro
de ouro, para que viva; e eu estes trinta dias não sou chamada para entrar ao
rei" (Et 4.11).
Por mais estranho que isso nos
pareça, nem mesmo a rainha podia aproximar-se do rei sem ser convidada. Entrar
na sala do trono sem um convite era arriscar-se a visitar o patíbulo
Todavia, Mardoqueu convenceu-a a
aceitar o risco. Se você se pergunta por que vejo Mardoqueu como uma figura do Espírito Santo, veja como ele a encoraja a
fazer o que é certo: "... Não imagines, em teu ânimo, que escaparás
na casa do rei, mais do que todos os outros judeus. Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento doutra
parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe
se para tal tempo como este chegaste a este reino?" (Et 4.13,14).
Veja como Ester reage: "... Ester se vestiu de seus vestidos reais
e se pôs no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei"
(Et 5.1).
Você consegue vê-la? Saída
diretamente da capa da revista Mademoiselle Pode ver Xerxes? Agitando um
exemplar de Car and Chariot. Ladeando-o estão dois robustos
guarda-costas. Atrás dele, um eunuco tagarela. À sua frente, um longo dia de
gabinete, reuniões e burocracia real. Ele deixa escapar um suspiro, larga o
corpo sobre o trono e... pelo canto do olho, vê Ester.
"E sucedeu que, vendo o rei
a rainha Ester, que estava no pátio, ela
alcançou graça aos seus olhos" (Et 5.2). Deixe-me dar-lhe minha
versão deste trecho: "Quando o rei viu a rainha Ester parada no pátio,
exclamou: 'Uaau!'" "E o rei apontou para Ester com o cetro de ouro,
que tinha na sua mão, e Ester chegou e tocou a ponta do cetro" (Et 5.2).
O que se segue é o rápido
colapso do castelo de cartas de Satanás. Hamã planeja enforcar Mardoqueu, o
único homem que não rasteja aos seus pés. Ester planeja oferecer um duplo
banquete a Xerxes e Hamã. Ao final do segundo banquete, Xerxes dá liberdade a
Ester de fazer-lhe um pedido. Ester olha para o chão, de um modo embaraçado, e
fala: "Bem, já que você o mencionou, há um pequeno favor que venho
querendo pedir". E ela prossegue informando o rei sobre o feroz
anti-semita, firmemente decidido a matar seus amigos como ratos, o que
significava que Xerxes estava prestes a perder sua esposa, se não agisse
rapidamente, e... "Você não quer isto, quer meu bem?"
Xerxes exige o nome do
assassino, e Hamã olha para a saída. Ester
derrama o feijão, e Xerxes perde a compostura. Ele precipita-se à porta
a fim de tomar um Prozac, apenas para retornar e encontrar Hamã aos pés de
Ester. Hamã está implorando por misericórdia, mas o rei acha que ele está
forçando a rainha. E antes que Hamã tenha a chance de explicar, é levado ao
mesmo patíbulo que construíra para Mardoqueu.
Hamã herda a forca de Mardoqueu;
Mardoqueu herda o cargo de Hamã; Ester ganha uma boa noite de sono; os judeus
vivem para ver outro dia; e nós ganhamos uma dramática recordação do que
acontece quando nos aproximamos de nosso rei.
Assim como Ester, temos sido arrancados
da obscuridade, e ganhado um lugar no palácio.
Como Ester, temos um manto real;
ela foi vestida com roupas; nós, com justiça.
Como Ester, temos o privilégio
de fazer um pedido.
Foi o que Sara fez. Seu pedido não foi tão dramático quanto o de
Ester, mas mudou os planos de seu pai. De qualquer modo, a viva parábola de
Sara e sua escrivaninha não terminou na loja.
A caminho de casa, ela deu-se
conta de que a minha escrivaninha ainda estava na loja.
— Aposto que você não pediu, não
foi, papai? (Não obtemos porque não pedimos.)
Quando descarregamos sua
escrivaninha, ela convidou-me a estreá-la em sua companhia, fazendo um desenho.
Fiz uma gravura com a inscrição "Escrivaninha de Sara". Ela fez outra
com a inscrição "Amo meu papai" (adoração é a reação certa à prece
respondida).
Minha parte favorita da história
é o que aconteceu no dia seguinte. Partilhei este acontecimento em meu sermão
dominical. Um casal de nossa igreja ofereceu-se para levar a escrivaninha e
pintá-la. Quando retornaram, dois dias depois, ela estava coberta de anjos. E
veio-me à mente que, quando oramos para que venha o reino de Deus, ele vem!
Todas as hostes celestes acorrem em nosso auxílio.
7. O Estúdio
Como Deus revela sua vontade
Seja feita a tua vontade...
Não
fosse tão comum, a cena seria cômica. Dois discípulos, corações pesados,
iam cabisbaixos pelo caminho de Emaús. Vendo-lhes os ombros caídos, você jamais
saberia que era o domingo da ressurreição. Pela expressão de seus rostos, você
acharia que Jesus ainda estava no túmulo. "E nós esperávamos que fosse ele
o que remisse Israel", lamentavam eles (Lc 24.21).
Como se Ele não o tivesse feito!
Como é possível alguém estar tão perto de Jesus e não perceber? Jesus havia
exatamente redimido o mundo, e eles estavam se queixando sobre Roma?! Jesus
viera para tratar com o pecado e a morte, e eles o queriam para tratar com
César e os soldados? Jesus viera para livrar-nos do Inferno, e eles queriam ser
livres de impostos?
Que péssima comunicação! Eles
não perceberam a revolução!
Eu cometi o mesmo erro no mês passado. A revolução que perdi
jamais será comparada àquela que os discípulos deixaram passar, mas eu a perdi
do mesmo modo.
As colônias da Nova Inglaterra
nunca mais foram as mesmas depois da Festa do Chá de Boston. A Europa nunca
mais foi a mesma depois da Batalha da Normandia. A Igreja nunca mais foi a
mesma depois que Lutero fixou suas noventa e cinco teses na porta de
Wittenburg. E minha vida nunca mais será a mesma agora que o e-mail entrou
em meu escritório.
Os pensadores de vanguarda da
igreja vinham tentando esta mudança havia meses. //Pense"/
diziam eles, "basta mover o cursor, clicar o mouse, e a mensagem é
enviada".
Para eles é fácil dizer. Eles falam "computes". Eu não. Até recentemente,
eu pensava que cursor fosse uma pessoa com linguagem obscena, e mouse,
um roedor que se prende em ratoeira.
Tanto quanto eu sabia, logging-on era a função do lenha-dor, e monitor,
o rapaz que perguntava por que você estava perambulando pelos corredores
durante a aula.
Como eu iria saber que interface
era um termo usado em computador? Eu achava que fosse uma gíria para o ato
de mudar a direção quando um barco está extremamente perto do outro (Interface,
baby!). Perdoe-me por andar na retaguarda, mas
um companheiro pode manejar melhor. Aconteceu da noite para o dia. Fui
dormir numa sociedade de bilhetes e selos, e acordei
numa cultura sem papel e com e-mail. Você pode imaginar minha
confusão quando todos começaram a tagarelar neste
novo vocabulário. "Tem um e-mail para você, um memo em www.confusao.com.br. Por que você não faz
um download em seu arquivo, em meu subdiretório, e poderemos chatiar
na Internet?
O que há de errado com
"você recebeu o meu bilhete?" Sinto falta dos velhos dias. Sinto
saudades da era passada, de canetas roçando o papel, e lembretes grudados em
minha porta. Anseio ver caligrafia novamente e achar recados sob minha xícara
de café.
Contudo, a mudança era
inevitável e, fincando o calcanhar no carpete, eu fui arrastado para dentro do
mundo do e-mail. Em parte por ser ocupado, mas principalmente por ser
cabeçudo, demorei a aprender o sistema. Todos os dias, o bip do computador
soava alertando-me das mensagens não lidas. E
a cada dia o número aumentava. "Max Lucado, há dez mensagens não
lidas em seu endereço". "Max Lucado, há 52 mensagens não lidas em seu
endereço". "Max Lucado, há 93 mensagens não lidas em seu
endereço".
Finalmente cedi. Após ser cuidadosamente instruído e treinado na
correta maneira de mover e clicar o hamster (digo, o mouse), achei-me fitando
a tela cheia de informações, todas esperando por mim. Havia uma carta da
África, uma piada sobre pregadores, uma dúzia ou mais de anúncios sobre
reuniões (eu as perdera — opa!). Dentro de poucos minutos, eu estava
atualizado, informado e, admito, iluminado. Por mais que eu deteste dizê-lo,
foi bom receber mensagens outra vez.
É semelhante ao que os dois homens a caminho de Emaús devem ter
sentido. Eles também tinham deixado passar alguma informação; ambos estavam
confusos. De qualquer modo, haviam perdido mais que um memorando sobre uma
reunião do comitê. Haviam perdido o
significado da morte de Jesus. O que deveria ter sido um dia de alegria,
foi para eles um dia de desespero. Por quê?
Eles não sabiam como entender a vontade de Deus.
Estavam sozinhos. A maioria de
nós tem gasto horas fitando o monitor da vida, ponderando que direção tomar.
Sabemos que Deus tem um desejo para nós. "Porque eu bem sei os pensamentos
que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de
paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais" (Jr 29.11).
Deus tem um plano, e este plano
é bom. Nossa pergunta é: Como faço para acessá-lo? Outras pessoas parecem
receber orientação; como posso receber também? Um dos melhores modos de
responder a estas indagações é estudar a história desses dois confusos
discípulos a caminho de Emaús. E, para respondê-las, não conheço um momento
melhor que este, enquanto entramos no próximo compartimento da grande Casa de
Deus, e oramos: "Seja feita a tua vontade".
Precisamente embaixo do saguão
da capela está um compartimento despojado de televisores, estéreos, e
computadores infectados por e-mails. Visualize um estúdio com estantes
de livros revestindo as paredes, um tapete trançado no chão, e um fogo
convidativo na lareira. Defronte da lareira, há duas cadeiras de espaldares
altos; uma para você, outra para o seu Pai.
Seu assento está vazio, e seu Pai faz sinal para que você se junte a
Ele. Entre, sente-se, e pergunte-lhe qualquer coisa que esteja em seu coração.
Nenhuma pergunta é insignificante; nenhum enigma é simples demais. Ele tem todo
o tempo do mundo. Entre, e busque a vontade de Deus.
Orar "Seja feita a tua vontade" é buscar o coração de Deus. A
palavra vontade significa "forte desejo". O estúdio é onde
conhecemos os desejos de Deus. Qual é o anseio do Pai? Sua paixão? Ele quer que
você os conheça.
Será que Deus ocultaria de nós o
que Ele vai fazer? Aparentemente não, pois Ele tem percorrido longas distâncias
para revelar-nos sua vontade. Poderia Ele ter feito mais que enviar seu Filho
para guiar-nos? Poderia ter feito mais que dar-nos sua Palavra para
ensinar-nos? Poderia ter feito mais que orquestrar eventos a fim de
despertar-nos? Poderia ter feito mais que enviar seu Espírito Santo para
consolar-nos?
Deus não é Deus de confusão, e onde
quer que Ele encontre procuradores sinceros, de coração confuso, você pode
apostar seus presentes de natal, como Ele fará qualquer coisa possível para
ajudá-los a enxergar a sua vontade. Era isso o que Ele estava fazendo na
estrada de Emaús.
Todos estavam on-line) eles foram a pé. E viam a morte de Jesus
como a morte do movimento que Ele iniciara; então arrumaram suas bagagens e
foram para casa. E era para onde estavam indo, quando Jesus apareceu a eles.
Quão doce é a aparição de Jesus na estrada. Deixe uma ovelha tomar a trilha
errada, afastando-se da pastagem, e nosso Bom Pastor — relutante em deixá-la
vagar tão longe — vem para guiá-la ao lar. Como Ele faz isto? Como Ele nos
revela a sua vontade? Você pode surpreender-se com a simplicidade do processo.
Através do povo de Deus
O primeiro erro da dupla foi
negligenciar as palavras dos discípulos,
seus companheiros. Deus revela a sua vontade através de uma comunidade
de fiéis. Na primeira páscoa, Ele falou através das mulheres, que contaram aos
demais. "... algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de
madrugada foram ao sepulcro; e, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham tido uma visão de
anjos, que dizem que ele vive" (Lc 24.22,23).
Seu plano não mudou. Jesus ainda fala aos crentes através de
outros crentes. "Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as
juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para a
sua edificação em amor" (Ef 4.15,16).
Nesta manhã, enquanto guiava para o meu escritório, meus olhos
divisaram o sinal de trânsito. O sensor dentro de meus olhos percebeu que a cor
da luz era vermelha. Meu cérebro checou meu banco de memórias, e anunciou o
significado da luz vermelha ao meu pé direito. Meu pé direito reagiu deixando o
acelerador e pisando no freio.
Agora, e se meu corpo não
houvesse funcionado adequadamente? E se meus olhos houvessem decidido não ser
parte do corpo porque o nariz ofendera seus sentimentos? Ou, e se o pé
estivesse cansado de ser mandado, e decidisse pressionar o pedal do acelerador
em vez do freio? Ou, e se o pé direito estivesse doendo e, orgulhoso demais,
não quisesse contar ao esquerdo para que este interviesse e ajudasse? Em
qualquer das instâncias, um desastre ocorreria.
Deus tem dado uma atribuição a
cada parte do corpo de Cristo. Um dos modos de Deus revelar-nos a sua vontade é
através da Igreja. Ele fala a um membro do seu corpo através de outro membro. Pode acontecer na classe da
Escola Dominical, num pequeno grupo, durante a santa ceia, ou na hora da
sobremesa. Deus tem tantos métodos quantas são as pessoas.
A propósito, eis por que Satanás
não quer você na igreja. Você tem notado (não tem?) que, quando está fraco
espiritualmente, você também se dirige a Emaús. Você não quer estar com os
crentes. E se está, esgueira-se para dentro e para fora do culto, apresentando
desculpas sobre ter refeições a preparar, ou outro trabalho a fazer. A verdade
é que Satanás não o quer ouvindo a vontade
de Deus. E já que Deus revela sua vontade aos filhos através de outros
filhos, ele não quer você na igreja. Nem quer que você leia a Bíblia. Isto nos
leva a outro modo de Deus revelar-nos a sua vontade.
Através da Palavra de Deus
Os discípulos descuidaram da
Palavra de Deus. Esse foi seu segundo erro. Ao invés de consultarem a
Escritura, deram ouvidos ao medo. Jesus corrigiu isto, aparecendo-lhes e
ministrando um estudo bíblico. Nós esperaríamos algo um pouco mais dramático de
alguém que acabara de derrotar a morte — transformar uma árvore em cachorro, ou
suspender os discípulos a alguns palmos do chão. Porém Jesus não viu
necessidade de fazer mais que instruir seus seguidores na Escritura.
Ó néscios e tardos de coração
para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo
padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E começando por Moisés e por
todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras
(Lc 24.25-27).
Através das palavras dos
profetas, Ele usou a Escritura para revelar-lhes a sua vontade. Ele não faz o
mesmo hoje? Abra a Palavra de Deus, e você achará a sua vontade.
E a vontade do Pai, que me
enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o
ressuscite no último dia (Jo 6.39).
A vontade de Deus é que você
seja nascido de novo, "não da vontade da carne,
nem da vontade do varão, mas de Deus" (Jo 1.13).
Assim também não é vontade de
vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca (Mt 18.14).
Porquanto a vontade daquele que
me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida
eterna; e eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6.40).
A vontade dEle é que o mundo
seja salvo. Sabendo disto, então, minha
tarefa é aliar-me à sua vontade. Ao encontrar-me indeciso entre dois
caminhos, devo perguntar: "Que caminho contribuirá mais para o reino de
Deus?"
Às vezes ele é óbvio. Não há como, por exemplo, a pornografia
melhorar a causa de Deus. Não há razão para achar que peculato contribua para o
reino de Deus (mesmo se você dizima sobre o que leva). Eu discordaria da pessoa
que justifica seu vício em drogas como um
meio de acercar-se misticamente de Deus.
Outras vezes não é tão claro, mas a indagação ainda é útil. Forçado
a escolher entre duas profissões? Irá uma delas permitir que você seja de
grande impacto para o reino de Deus? Dividido entre duas igrejas onde servir?
Irá uma delas proporcionar-lhe maiores
chances de glorificar a Deus? Você pondera se esta pessoa será o cônjuge
certo para você? Pergunte a si próprio: irá ela, ou ele, ajudar-me a trazer
glória para o nome de Deus?
Sua vontade geral provê-nos
diretrizes que ajudam a entender sua vontade específica para nossas
vidas individuais.
Através do andar com Deus
E eles o constrangeram dizendo:
Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com
eles (Lc 24.29).
Também descobrimos a vontade de
Deus despendendo tempo em sua presença. A
chave para se conhecer o coração de Deus
é o relacionamento com Ele. Um relacionamento pessoal. Deus
falar-lhe-á de um modo diferente do que fala a outrem. Só porque Deus falou a
Moisés através de um arbusto em chamas, não significa que devemos todos
sentar-nos perto de um arbusto à espera de
que Ele fale. Deus usou um peixe para convencer Jonas. Isto quer dizer
que devemos fazer cultos de adoração
no Sea World? Não. Deus revela pessoalmente seu coração a cada pessoa.
Por esta razão, é essencial o
seu caminhar com Deus. O coração dEle não é visto numa palestra ocasional, ou
numa visita semanal. Descobrimos-lhe a vontade quando moramos em sua casa todos
os dias.
Se você pegasse um nome ao acaso
na lista telefônica, e me perguntasse: "Max, o que Beltrano Sicrano acha
do adultério?" Eu não poderia responder. Não conheço Beltrano Sicrano.
Todavia, se você me perguntasse: "Max, o que Denalyn Lucado acha do
adultério?" Eu nem mesmo teria de chamá-la. Eu sei. Ela é minha esposa.
Temos andado juntos o suficiente para eu saber o que pensa a respeito.
O mesmo é verdade com Deus. Ande
com Ele por tempo suficiente, e conhecerá o seu coração. Quando você gasta tempo com Deus em seu estúdio, você descobre-lhe a
paixão. Aceite o convite, entre pelo caminho de sua alma, e você
perceber-lhe-á a vontade. A propósito, você notou aquela curiosa atitude de
Jesus, no verso 28? "E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como
quem ia para mais longe."
Jesus não queria estar com os
discípulos? Claro que sim. Porém não queria
estar onde não fosse convidado. Sempre gentil, o Senhor aguarda nosso convite.
Note, por favor: foi depois de eles o terem convidado, que se lhes
abriram os olhos e puderam reconhecer Jesus (v. 31).
Há um último modo de Deus
revelar-nos a sua vontade.
Através do fogo de Deus
Quando os discípulos perceberam
que era Jesus, este desapareceu. Eles disseram um ao outro: "Porventura
não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos
abria as Escrituras?" (Lc 24.32)
Você não ama este versículo?
Eles souberam que tinham estado com Jesus
por causa do fogo dentro deles. Deus revela a sua vontade, enviando uma
tocha a sua alma. Ele deu a Jeremias um ardor por corações endurecidos. Deu a
Neemias um ardor pela cidade esquecida. Fez Abraão inflamar por uma terra que nunca vira. Ateou fogo em Isaías com uma visão
irresistível. Quarenta anos de pregações infrutíferas não puderam apagar o fogo
de Noé. Quarenta anos de deserto foram incapazes de extinguir a paixão de
Moisés. Jerico não pôde arrefecer Josué, nem Golias deter Davi. Havia um fogo
dentro deles.
Não há um fogo dentro de você? Quer conhecer a vontade de Deus
para a sua vida? Então responda: "O que lhe incendeia o coração? Órfãos
esquecidos? Nações não alcançadas? Missões urbanas? Transculturais?
Preste atenção ao fogo interno.
Você tem uma paixão por cantar?
Então cante!
Você se inquieta por
administrar? Então administre.
Você sofre pelos doentes? Então
trate deles!
Você se aflige pelos perdidos?
Então oriente-os!
Quando jovem, sentia a chamada
para pregar. Inseguro de estar correto em minha interpretação da vontade de
Deus para mim, solicitei o conselho de um ministro, a quem admirava. Seu
conselho ainda reverbera verdade. "Não pregue", disse ele, "a
menos que tenha de fazê-lo".
Enquanto ponderava em suas
palavras, encontrei minha resposta: "Eu tenho de pregar. Se eu não
o fizer, o fogo me consumirá".
Que fogo consome você?
Grave bem: Jesus veio para fazer você pegar fogo! Ele passeia
como uma tocha, de coração para coração, aquecendo o frio, descongelando o gelo, e avivando as cinzas. Ele é, ao mesmo
tempo, um galileu flamejante, e um lume bem-vindo. Ele veio para purgar a
infecção, e iluminar-lhe o rumo.
O fogo do seu coração é a luz do
seu caminho. Negligencie-o para a sua própria perda. Atice-o para o seu próprio
deleite. Assopre-o. Avive-o. Alimente-o. Os cépticos duvidarão dele. Mofarão dele aqueles que não o possuem.
Porém aqueles que o conhecem — e que conhecem a Jesus — entendê-lo-ão.
Conhecer o Salvador é ser
incendiado.
Descobrir a chama é
descobrir-lhe a vontade.
E descobrir-lhe a vontade é
acessar um mundo que você nunca viu.
8. A Fornalha
Porque alguém orou
Tanto na terra como no céu...
Gostaria que você pensasse em alguém. Seu nome não importa. Sua aparência é
secundária. Seu sexo não interessa. Seu
título é irrelevante. Ele é importante não pelo que é, mas pelo que fez.
Ele foi a Jesus em favor de um
amigo. Seu amigo estava doente, Jesus podia ajudar, e alguém precisava ir a
Jesus. Então alguém foi. Outros cuidaram do homem enfermo de outras maneiras.
Alguns trouxeram comida, outros providenciaram tratamento, e ainda outros
confortaram a família. Cada papel foi crucial. Cada pessoa fui útil, mas,
ninguém foi mais vital que esse que foi a Jesus.
Ele foi porque estava sendo
solicitado a ir. Um veemente apelo viera da família angustiada.
" Precisamos que alguém vá
contar a Jesus que nosso irmão está doente.
Precisamos que alguém vá pedir-lhe para vir. Você iria?"
A indagação veio de duas irmãs. Teriam ido elas mesmas, mas não
podiam deixar a beira da cama do irmão. Precisavam que alguém fosse por elas. Não apenas qualquer um, saiba você, pois
não era qualquer um que podia. Alguns eram ocupados demais; outros, não
conheciam o caminho. Alguns se fatigavam
rapidamente; outros, eram inexperientes no percurso. Nem todos podiam
ir.
E nem todos iriam. Não era
pequeno o pedido das irmãs. Elas precisavam de um diligente embaixador — alguém
que soubesse como achar Jesus. Alguém que
não desistiria no meio da jornada. Alguém que assegurasse a entrega da
mensagem. Alguém que estivesse tão
convencido quanto elas de que Jesus deveria saber o que tinha
acontecido.
Elas conheciam uma pessoa digna de confiança, e foram a esta
pessoa. Elas confiaram suas necessidades a alguém, e esse alguém levou tais
necessidades a Cristo.
Então Marta e Maria
"mandaram alguém dizer a Jesus: Senhor,
aquele a quem amas está doente" (Jo 11.3; versão livre, ênfase
minha).
Alguém foi o portador da petição. Alguém percorreu a trilha.
Alguém foi a Jesus no interesse de Lázaro. E porque alguém foi, Jesus
respondeu.
Deixe-me perguntar-lhe, quão
importante era esta pessoa no restabelecimento de Lázaro? Quão essencial era o
seu papel? Alguém pode considerá-lo secundário. Afinal, Jesus não sabe todas as
coisas? Certamente Ele sabia que Lázaro estava doente. Positivo, mas Ele não
supre a necessidade até que alguém vá a Ele com a mensagem. "E Jesus,
ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de
Deus; para que o Filho de Deus seja glorificado por ela" (v. 4).
Quando Lázaro foi curado? Após alguém
fazer o pedido. Oh, eu sei, a cura não se processaria por vários dias,
porém o cronômetro foi assentado quando o apelo foi feito. Tudo o que se
precisava era a passagem do tempo.
Teria Jesus respondido se o
mensageiro não houvesse falado? Talvez,
contudo não temos garantia. Temos, de qualquer modo, um exemplo: o poder
de Deus foi acionado pela oração. Jesus olhou para a real garganta da caverna
da morte e chamou Lázaro de volta à vida... tudo porque alguém orou.
A fornalha
Na grande Casa de Deus há uma
fornalha. Esta fornalha afeta toda a casa,
e suas orações a abastecem. Suas intercessões são o carvão para o fogo.
Suas súplicas são os gravetos para as chamas. A fornalha está firme, e as
chaminés estão prontas; só é preciso a sua oração.
Orem no Espírito em todas as
ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isto em mente, estejam atentos e
perseverem na oração por todos os santos (Ef 6.18, NVI).
Na economia do Céu, as orações
dos santos são uma valiosa mercadoria. João, o apóstolo, concordaria. Ele
escreveu a história de Lázaro, e foi cuidadoso em mostrar a seqüência: A cura
começou quando o pedido foi feito.
Esta não seria a última vez que
João trataria do mesmo ponto. Leia estas palavras escritas por ele: "Eu
fui arrebatado em espírito, no dia do
Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta" (Ap
1.10).
Em espírito no dia do Senhor
Avancemos cinco décadas para o futuro. João é velho, agora. Ele
é a figura grisalha, caminhando pelas rochas entalhadas na praia. Está à
procura de um lugar plano, onde possa ajoelhar-se. É o dia do Senhor.
Não sabemos quem primeiro chamou
este dia de "dia do Senhor", mas sabemos o porquê. Era, e é, o seu
dia. Pertence a Ele. Ele deixou sua marca no Inferno na manhã desse dia. O
julgamento da sexta-feira tornou-se o clarim do domingo. Este é o dia do
Senhor.
É também o aniversário espiritual de João. Décadas antes, no
primeiro dia do Senhor, João foi sacudido de seu sono e de sua tristeza pelo
anúncio: "Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram" (Jo 20.2). Com pernas bem mais jovens
e fortes, João correu para o túmulo vazio e para a promessa cumprida. Falando
de si mesmo, mais tarde ele confidenciou: "Então, entrou também o outro
discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu" (Jo 20.8).
Após a ressurreição veio a
perseguição, e o Pai espalhou seus discípulos como a brisa da primavera espalha
dentes-de-leão. João, a testemunha ocular,
foi estabelecer-se em Éfeso. Há uma boa razão para se crer que ele
passou todos os dias do Senhor do mesmo modo como passou o primeiro: conduzindo
um amigo ao túmulo vazio de Jesus.
Contudo, nesse domingo, ele não
tinha um amigo para levar ao túmulo. Achava-se exilado, banido de seus amigos.
Sozinho em Patmos. Separado. Com o golpe da pena de um magistrado, ele fora
sentenciado a passar seus dias sem companhia, sem igreja.
Roma tinha silenciado a língua
de Pedro, e imobilizado a pena de Paulo. Agora ela travaria o pastorado de
João. Indubitavelmente, ela estava satisfeita com sua proscrição. Um a um, o
punho de ferro de César ia esmagando o frágil trabalho do Galileu.
Se Roma soubesse! Mas ela nem
tinha idéia. Nenhum indício. Nenhuma noção.
O que Roma planejara como isolamento, o Céu ordenara como revelação.
Roma colocou João em Patmos a fim de
puni-lo. O Céu colocou João em Patmos a fim de privilegiá-lo. O mesmo
apóstolo que vira o túmulo de Cristo aberto, agora vislumbrava aberta a porta
do Céu.
Era o dia do Senhor, veja você.
Nem Roma podia mudar este fato. Era o dia do Senhor em Roma e em Jerusalém. Era
o dia do Senhor no Egito e na Etiópia. E mesmo ao longo da estéril ilha de Patmos, era o dia do Senhor. E
João estava, como ele próprio disse, "em espírito", no dia do
Senhor. Posto que separado dos homens, estava na real presença de Deus. Embora
longe dos amigos, estava face a face com seu Amigo. Ele estava orando.
E enquanto orava, novamente
avistou-se com um anjo. Novamente viu o que homem algum jamais vira. Os mesmos olhos que contemplaram o Senhor ressurreto, viam
agora o Céu aberto. E pelos próximos segundos, minutos, ou dias, João
foi apanhado pela fúria e paixão da vida no final dos tempos, e na presença de
Deus.
E o Céu silenciou
Embora muito possa ser dito
sobre o que ele viu, concentremo-nos no que ele ouviu. Antes de falar do que
viu, João fala do que ouviu. E o que ele ouviu foi atordoante. "Eu fui
arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz,
como de trombeta" (Ap 1.10). Posso imaginar uma voz, e posso imaginar uma
trombeta. Porém imaginar um tom argênteo de voz de trombeta está além do meu alcance.
E então somos recebidos no mundo do Apocalipse, um reino onde o que não pode
acontecer na Terra sempre acontece no Céu.
Por oito capítulos lemos sobre
os ruídos do Céu, captados pelos ouvidos de João — os gloriosos, sonoros,
turbulentos, suaves, e santos sonidos do Céu. Os anjos falam. O trovão
estronda. Os seres viventes cantam "Santo, santo, santo", e os
anciãos adoram: "digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as
coisas..." (Ap 4.11) As almas dos mártires clamam: "Até quando?"
(6.10). A Terra treme, e as estrelas caem como figos na ventania. A
incontável multidão — pessoas de toda
nação, tribo, povo, e língua da Terra — grita em alta voz: "...
Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro"
(7.10).
O ar está repleto de sons — terremotos, trombetas, proclamações
e declarações. A partir da primeira palavra do anjo, há constante atividade e
incessante barulho até que: "... fez-se silêncio no céu quase por meia
hora" (8.1). Estranha esta súbita referência a minutos. Nada mais foi
aprazado. Nada foi dito do prolongamento da adoração, ou da extensão dos
cânticos, mas o silencio durou "quase meia hora". "O que você
quer dizer com 'quase meia hora'?", desejamos perguntar. João teria marcado? Por que "meia hora"? Por que não
quinze minutos, ou uma hora? Não sei. Não
sei se João foi literal ou simbólico. Mas eu sei que, como uma orquestra
silencia ao erguer da batuta do maestro, assim o Céu emudeceu quando o Cordeiro
abriu o sétimo selo.
Enquanto os seis primeiros selos
revelaram como Deus age, o sétimo selo revelou como Ele escuta. Veja o que
acontece após ser aberto o sétimo selo.
E, havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora.
E vi os sete anjos que estavam diante de Deus, e foram-lhes dadas sete
trombetas. E veio outro anjo e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de
ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono.
E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até
diante de Deus. E o anjo tomou o incensário, e o encheu do fogo do altar, e o
lançou sobre a terra; e houve depois vozes, e trovões, e relâmpagos, e
terremotos (Ap 8.1-5).
Todo o canto cessou. Cada ser da
cidade celestial silenciou. O barulho parou. Uma calma repentina caiu como uma
cortina. Por quê? Por que o Cordeiro ergueu a mão pedindo silêncio? Por que
calaram as vozes argênteas de trombeta? Porque alguém estava orando. O Céu fez
uma pausa. Fez uma pausa para ouvir a oração de... alguém. Uma mãe por seu
filho. Um pastor por uma igreja. Um médico por um doente. Um conselheiro por um
confuso. Alguém chegou à fornalha com uma carga, e orou: "Senhor, aquele a
quem amas está doente".
Quando Jesus ouviu isto
A frase usada pelo amigo de
Lázaro é de notável valor. Quando ele falou a Jesus sobre a doença, afirmou:
"Senhor, aquele a quem amas está doente". Ele não baseou seu apelo no
amor imperfeito de alguém em necessidade, mas no perfeito amor do Salvador. Ele não disse: "Aquele que
te ama está doente". Ele
declarou: "Aquele a quem tu amas este. doente". O poder
da oração, em outras palavras, não depende de quem a faz, mas de quem a ouve.
Podemos e devemos repetir a
frase de vários modos. " Aquele a quem amas está cansado, triste, faminto,
solitário, temeroso, deprimido". As palavras da oração variam, porém a
resposta nunca muda. O Salvador ouve a oração. Lembra da frase do Evangelho de João? "E Jesus, ouvindo
isso, disse: Esta enfermidade não é para morte" (Jo 11.4,
ênfase minha).
O Mestre ouviu o pedido. Jesus
parou o que quer que fosse que estivesse fazendo, e tomou nota das palavras do
homem. Este anônimo mensageiro foi ouvido por Deus.
Você e eu vivemos num mundo barulhento. Conseguir alguma atenção
não é tarefa fácil. Devemos estar dispostos a pôr de lado todas as coisas para
ouvir: abaixe o volume do rádio, saia da frente da TV, feche o livro. É um
privilégio quando alguém se dispõe a silenciar todas as coisas, a fim de poder
ouvir-nos claramente. Um raro privilégio, na verdade.
A mensagem de João é incisiva.
Você pode falar para Deus, porque Deus ouve. Sua voz interessa aos céus. Deus
leva você a sério. Quando você entra em sua presença, os atendentes voltam-se
para ouvir-lhe a voz. Não tema ser ignorado. Mesmo se você gagueja ou tropeça;
mesmo se o que você tem a dizer não impressiona a alguém, a Deus impressionará.
E Ele ouve. Ele ouve o lamento do ancião no abrigo. Ouve a rude confissão do
recluso no corredor da morte. Quando o alcoólatra implora por misericórdia,
quando o cônjuge busca orientação, quando o homem de negócios entra na capela,
Deus ouve.
Atentamente. Cuidadosamente. As
orações são honradas como jóias preciosas. Purificadas e autorizadas, as
palavras sobem como deliciosa fragrância ao nosso Senhor. "E o fumo do
incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de
Deus" (Ap 8.4). Incrível. Suas palavras não param até alcançar o próprio
trono de Deus.
Então o anjo "tomou o
incensário, e o encheu do fogo do altar, e o lançou sobre a terra" (8.5).
Alguém clama, e a esquadra do Céu aparece.
Suas orações na Terra ativam o poder de Deus no Céu, e a vontade de Deus é feita "tanto na terra como no céu".
Você é o alguém do reino de Deus. Você tem acesso à fornalha de
Deus. Suas orações levam Deus a mudar o mundo. Você pode não entender o
mistério da oração. Não é preciso. Mas uma
coisa está clara: as ações no Céu começam quando na Terra alguém ora.
Que idéia espantosa!
Quando você fala, Jesus ouve.
E quando Jesus ouve, o trovão
desaba.
E quando o trovão desaba, o
mundo é mudado.
Tudo porque alguém orou.
9. A Cozinha
A mesa farta de Deus
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje...
Pesquisei um pouco sobre a cultura da cozinha esta semana. Aqui está o que aprendi: as
pessoas adoram falar de comida. Se você está à procura de um assunto para
conversar, tente isto: " Você conhece
alguma prática alimentar interessante?" Não faltarão histórias. A
cozinha parece ser um lugar onde todos nós temos experiências. De fato, pode-se
dizer que algumas pessoas são pesos pesados
nesta área. Peça que as pessoas lhe falem de hábitos alimentares
curiosos, e elas lhe apresentarão um bocado deles.
Como o tio que despeja melado em
tudo o que come. ("Tudo"? Fiz a mesma pergunta. Tudo, confirmaram.)
Como aquele pai que põe molho de
carne no bolo, ou o outro que come primeiro a crosta da torta. (Ele gosta de
deixar o melhor para o final.)
Como o pai (o meu) que esmigalha
o bolo de fubá no leite.
Alguém lembrou um verso:
Como minhas ervilhas com
mel. Fiz isto a vida inteira. O mel lhes dá sabor de diversão. Mas as deixa
grudadas na faca.1
Outro lembrou um velho conto
sobre as esposas tomarem sorvete com as costas da colher, a fim de prevenirem
dores de cabeça.
Mais de uma pessoa foi ensinada
a comer pão depois do peixe, e jamais tomar leite com peixe.
Surpreendeu-me a quantidade de
pessoas que detesta misturar a comida. "Primeiro como todo o feijão.
Depois, todo o milho. E então, como a
carne." (Corrija-me se eu estiver errado, mas, estes não serão
misturados, de qualquer modo?) Um companheiro levou isto ao extremo. Para que
os alimentos não se toquem no prato, ele põe cada porção num pires separado.
Conta a história que nas
cozinhas da América colonial havia uma gamela no chão, onde os ossos eram
lançados, e os cachorros comiam junto a ela. Falando em cachorro, mais de uma
pessoa lembrou os dias de contrabando da infância, quando passavam ao animal de
estimação os alimentos não desejados e, com um sorriso angelical, recebiam os
aplausos da mamãe pelo prato limpo.
Arrotos são bem-vindos na China.
E um prato vazio em algumas culturas latinas apenas assegura ao seu hospedeiro
que você ainda está com fome. A prática de cruzar o garfo e a faca sobre o prato, no final da refeição, foi
iniciada pela nobreza italiana, que via a cruz como ações de graças.2
Emily Post teria gemido ante
alguns dos mais antigos escritos sobre etiqueta. Um deles, de 1530, declarava:
"Se você não consegue engolir um
pedaço de alimento, vire-se discretamente, e atire-o nalgum lugar".3
Meu prato preferido foi a
história do homem com nove filhos. A regra de sua cozinha era simples: Papai
ganha o último pedaço de frango. Se ele não o quiser, o garfo mais rápido o
arrebata. Uma noite, quando os dez fitavam o derradeiro pedaço de frango na
travessa, um temporal causou um blecaute. Houve um grito na escuridão e, quando
a luz retornou, a mão do pai estava sobre a travessa de frango, com nove garfos
cravados nela.
Todos têm uma história de
cozinha, ou uma cozinha histórica. Quer seja a sua cozinha uma fogueira de acampamento
no mato, ou um castelo culinário em Manhattan, cedo você aprendeu que é neste
cômodo que suas necessidades básicas são supridas. Uma garagem é opcional. Uma
sala de estar é negociável. Um escritório é um luxo. Mas, uma cozinha?
Absolutamente essencial. Toda casa tem uma. Até mesmo a grande Casa de Deus.
Regras da cozinha
Ou talvez devêssemos dizer especialmente
a grande Casa de Deus. Pois quem é mais preocupado com suas necessidades
básicas que o seu Pai Celeste? Deus não é um guru da montanha, envolvido apenas
com o místico e o espiritual. A mesma mão que lhe guia a alma dá-lhe alimento
ao corpo. Aquele que o reveste de bondade é o mesmo que o veste com roupas. Na
escola da vida, Deus é ao mesmo tempo o professor e o cozinheiro. Ele prove
fogo para o coração e comida para o estômago. Sua salvação eterna e sua
refeição noturna vêm ambas da mesma mão. Há uma cozinha na grande Casa de Deus;
vamos para o térreo, e desfrutemos de seu calor.
A mesa é comprida. As cadeiras
são muitas, e a comida abundante. Na parede, uma simples oração: "O pão
nosso de cada dia dá-nos hoje". As palavras, embora sumárias, suscitam
boas perguntas. Por exemplo, onde está o "por favor"? Ousamos
saracotear na presença de Deus e dizer "Dá-nos"? Outra questão
concerne à exigüidade da oração. Apenas pão? Nenhuma chance de um pouco de
espaguete? E quanto ao amanhã? Por que estamos orando pela provisão de hoje, e
não pela do futuro?
Talvez o melhor modo de
responder a esta indagação seja olhar novamente a parede da cozinha. Abaixo da
oração "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje", posso ver duas declarações. Você pode chamá-las de as regras da cozinha.
Você já viu tais regras antes. "Não cante à mesa".
"Lave-se antes de comer". "Leve seu prato para a pia".
"Max ganha uma porção dupla de sobremesa" (Quem dera!).
A cozinha de Deus tem igualmente
um par de regras. A primeira é a regra da dependência.
Regra 1: não seja acanhado, peça.
O único verbo na frase "O
pão nosso de cada dia dá-nos hoje" parece abrupto. Soa conciso, não?
Exigente demais. Um "Por obséquio" não seria mais apropriado? Talvez
fosse melhor um "Desculpe-me, mas poderia pedir-lhe que me desse..."
Não estaria sendo irreverente ao dizer "O pão nosso de cada dia dá-nos
hoje"? Bem, estaria se fosse por iniciativa sua. Mas não é. Se você tem
seguido o modelo de oração de Cristo, sua preocupação tem sido mais o portento
divino que o seu estômago. As primeiras três petições são centradas em Deus,
não em si próprio. "Santificado seja o teu nome... venha o teu reino...
seja feita a tua vontade".
Seus primeiros passos dentro da casa de Deus não foram à cozinha,
mas à sala de estar, onde lhe foi recordada a sua adoção: "Pai nosso que estás no céu". Então você estudou
a fundação da casa, refletindo sobre a sua estabilidade: "Pai nosso
que estás no céu". A seguir você adentrou o observatório e
maravilhou-se ante o seu trabalho manual: "Pai nosso que estás no céu". Na capela, você adorou a sua santidade: "Santificado seja o
teu nome". Na sala do trono, você tocou o cetro estendido e fez a mais
importante oração: "Venha o teu reino". No estúdio, você submeteu
seus desejos aos dele e orou: "Seja feita a tua vontade". E tudo no
céu foi silenciado quando você colocou sua oração na fornalha, dizendo:
"Tanto na terra como no céu".
A oração apropriada segue tal
caminho, apresentando-nos Deus, antes de apresentar a Ele as nossas
necessidades (você pode relê-la agora). O propósito da oração não é mudar a
Deus, mas a nós. E cada vez que nos aproximamos da cozinha de Deus, somos
mudados. Nosso coração não foi aquecido quando
o chamamos de Pai? Nossos temores não foram silenciados quando contemplamos sua constância? Não ficamos
extasiados ao fitarmos os céus?
Enxergar sua santidade levou-nos
a confessar nossos pecados. Convidar seu reino a vir lembrou-nos de parar de
construir o nosso próprio. Pedir que fosse feita a vontade de Deus colocou a
nossa em segundo lugar. E compreender que o Céu pára quando oramos deixou-nos
sem fôlego em sua presença.
Porém, quando entramos em sua
cozinha, tornamo-nos renovados! Temos sido confortados pelo Pai, conformados à
sua natureza, usados por nosso Criador, convencidos de seu caráter,
constrangidos por seu poder, comissionados por nosso Mestre, e compelidos por
sua atenção às nossas orações.
As próximas três petições da oração
abrangem todos os interesses de nossa vida. "O pão de cada dia" diz
respeito ao presente. "Perdoa-nos as nossas dívidas" trata do
passado. "Não nos induzas à tentação" refere-se ao futuro. (A
maravilhosa sabedoria de Deus: como Ele pôde resumir todas as nossas
necessidades em três simples declarações!)
Primeiro ele cuida da nossa
necessidade de pão. O termo significa todas as necessidades físicas da pessoa.
Martinho Lutero definiu pão como "Todo o necessário para a
preservação da vida, incluindo alimento, saúde, casa, lar, esposa e filhos". Este versículo insta-nos a falar com
Deus sobre as necessidades da vida. Ele pode, além disso, dar-nos os luxos da
vida, mas certamente suprirá as necessidades.
Qualquer temor de que Deus não
cuidaria de nossas necessidades foi deixado no observatório. Ele, que deu às
estrelas o seu resplendor, não nos daria o alimento? Certamente! Ele comprometeu-se a cuidar de nós. Não estamos
lutando por migalhas de uma mão relutante, mas confessando a
liberalidade de uma generosa mão. A essência da oração é realmente uma
afirmação dos cuidados do Pai. Nossa provisão é a sua prioridade.
Volte sua atenção ao Salmo 37.
Confia no Senhor e faze o bem;
habitarás na terra e, verdadeiramente,
serás alimentado. Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que
deseja o teu coração (vv. 3,4).
Deus está comprometido a cuidar de nossas necessidades. Paulo
ensina-nos que um homem que não cuida da própria família é pior que o ímpio (1
Tm 5.8). Quanto mais um Deus santo cuidará
de seus filhos! Além de que, como podemos cumprir sua missão, se nossas
necessidades não forem atendidas? Como podemos ensinar, ou ministrar, ou
influenciar, sem que tenhamos satisfeitas as nossas necessidades básicas? Iria
Deus alistar-nos em seu exército, e não prover-nos de um posto de
abastecimento? Claro que não.
"O Deus da paz... os
aperfeiçoe em todo o bem para fazerem a
vontade dele" (Hb 13.20,21). Não foi essa oração respondida em
nossa vida? Podemos não ter tido um festim, mas não temos sempre o que comer? Talvez não haja banquetes, mas ao menos
há pão. E muitas vezes há banquetes.
De fato, muitos de nós, nos
Estados Unidos, temos problema com a frase "O pão nosso de cada dia dá-nos
hoje" porque nossas despensas acham-se tão lotadas, e nossas barrigas tão
cheias, que raramente pedimos alimento. Pedimos autocontrole. Não oramos:
"Deus, deixa-me comer". Oramos: "Deus, ajude-me a não comer
demais". Você não achará em nossas lojas livros que tratem de
sobrevivência à fome, porém encontrará estantes abarrotadas de livros sobre
perda de peso. Contudo, isto não nega a importância desta frase. Ao contrário.
Para nós, os de barrigas abençoadas, esta oração tem um duplo significado.
Oramos, apenas para encontrar
nossa oração já respondida! Somos como o aluno do segundo grau que decide ir à
faculdade só para descobrir o custo da instrução. Ele corre ao pai e pleiteia:
"Sinto pedir-lhe tanto, papai, porém não tenho mais a quem recorrer. Quero
ir para a faculdade, e não tenho um centavo". O pai põe os braços à volta
do filho, sorri e tranqüiliza: "Não se preocupe filho. No dia em que você
nasceu, comecei a poupar para a sua educação. Já tenho tudo
providenciado".
O rapaz fez o pedido apenas para
descobrir que o pai já o atendera. O mesmo acontece a você. Em alguns pontos de
sua vida, ocorrer-lhe-á que alguém está lhe provendo as necessidades. Você dá um gigantesco passo rumo à
maturidade, quando concorda com as palavras de Davi: "... Porque
tudo vem de ti, e da tua mão to damos"
(1 Cr 29.14). Você pode estar preenchendo um cheque e mexendo a sopa,
mas há mais que isto para se pôr comida na mesa. E quanto à antiga simbiose da semente e do solo, do sol e da chuva? Quem criou
animais para o alimento, e minerais para o metal? Bem antes de você
saber que precisaria de alguém que provesse para as suas necessidades, Deus já
o tinha feito.
Assim, a primeira regra da
cozinha é a da dependência. Peça a Deus
qualquer coisa que você precise. Ele está comprometido com você. Deus
tem a incumbência, por Ele próprio assinada, de prover por si mesmo. E até
agora, você deve admitir, Ele tem feito um excelente trabalho.
A segunda regra é a da
confiança.
Regra 2: confie no cozinheiro.
Meu levantamento informal sobre
hábitos alimentares trouxe-me à mente o dia em que me empanturrei com massa de
biscoito Pilsbury. Quando eu era criança, minha mãe me deixava lamber a tigela
onde preparara a massa do biscoito. Lembro-me
de ficar pensando como seria formidável fazer uma refeição constituída
apenas daquela coisa doce e grudenta. No colégio, meu sonho tornou-se
realidade.
Fomos quatro amigos passar um
final de semana numa fazenda. No caminho,
paramos em uma mercearia. Como você pode imaginar, fomos cuidadosos em
selecionar vegetais frescos, leite desnatado, iogurte com baixo teor de gordura
— e ficamos longe dos doces. Além disso,
dirigimos até a Casa Branca e apanhamos o presidente e a primeira-dama
para lavarem a nossa roupa. Está brincando? Enchemos nossos cestos com nada
além de fantasias. Quanto a mim, minha fantasia era massa de biscoitos! Este
seria um final de semana com massa de biscoito Pillsbury. Naquela noite,
arranquei o plástico da massa como quem descasca uma banana, e peguei um grande
pedaço... depois outro... depois outro... depois outro. Depois... argh. Eu já
tivera o bastante.
É o que geralmente acontece
quando fazemos nosso próprio menu. Note que é a primeira vez que empregamos a
palavra menu. A cozinha na casa de
Deus não é restaurante. Ela não pertence
a um estranho; ela é conduzida por seu pai. Não é um lugar que você
visita e deixa; é um lugar para demorar-se e bater papo. Não está aberta num
horário, e fechada no outro. A cozinha está sempre disponível. Você não come e
paga; você come e diz "obrigado". Contudo, talvez a diferença mais
marcante entre uma cozinha e um restaurante seja o menu. Uma cozinha não possui
um sequer.
A cozinha de Deus não precisa de menu. As coisas podem ser
diferentes em sua casa, mas na cozinha de Deus, aquele que providencia o
alimento é o mesmo que prepara a refeição. Não assumimos ares superiores em sua
presença, exigindo iguarias. Nem nos sentamos do lado de fora da porta, à
espera de migalhas. Simplesmente tomamos lugar à mesa e, alegremente, confiamos nele para dar-nos "o pão
nosso de cada dia".
Que manifesto de confiança!
Aquilo que o Senhor quer que eu tenha é tudo o que eu quero. Em seu livro Victorious
Praying, Alan Redpath traduz a frase assim: "Dá-nos neste dia o pão
condizente com nossas necessidades".4 Alguns dias, o prato vem
lotado. Deus continua trazendo mais comida, e nós continuamos afrouxando os cintos.
Uma promoção. Um privilégio. Uma amizade. Um presente. Uma existência de graça.
Uma eternidade de alegria. Há ocasiões em que literalmente nos empurramos para
fora da mesa, espantados com a bondade de
Deus. "Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos,
unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda" (SI 23.5).
E então há aqueles dias quando,
bem, quando temos de comer nosso brócolis. Nosso pão diário pode ser lágrimas,
ou tristezas, ou disciplina. Nossa porção pode incluir adversidade bem como
oportunidade.
Este versículo esteve em minha
mente, na noite passada, durante o culto doméstico. Chamei minhas filhas à
mesa, e coloquei um prato diante de cada uma. No centro da mesa, dispus a
comida: algumas frutas, verduras cruas, e biscoitos Oreo.
— A cada dia — expliquei — Deus nos prepara um prato de
experiências. Que tipo de prato vocês mais apreciam?
A resposta foi fácil. Sara pôs
três biscoitos em seu prato. Alguns dias são como esse, não são? Alguns dias
são "três biscoitos diários". Outros não. Às vezes, nosso prato não
tem nada além de vegetais — vinte e quatro horas de aipo, cenouras e abóboras.
Aparentemente Deus sabe que precisamos de força e, embora a porção seja difícil
de engolir, não é para o nosso bem? Na maioria dos dias, entretanto, temos de
tudo um pouco. Vegetais, que são saudáveis, porém sem graça. Frutas, que são
mais gostosas, e apreciamos. E até um biscoito, que faz pouco por nossa
nutrição, porém muito por nossa atitude.
Tudo é importante, e tudo vem de
Deus. "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto" (Rm 8.28). Devemos todos aprender com o
segredo de Paulo: "Sei estar abatido e sei também ter abundância;
em toda a maneira, e em todas as coisas,
estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter
abundância como a padecer necessidade" (Fp 4.12).
Talvez a essência da oração se
encontre no livro de Provérbios.
Não me dês nem a pobreza nem a
riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada; para que, por ventura, de
farto te não negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a
furtar e lance mão do nome de Deus (Pv 30.8,9).
Da próxima vez que seu prato
contiver mais vegetais que torta de maçã, lembre-se de quem preparou a
refeição. E da próxima vez que achar em seu prato uma porção difícil de
engolir, fale com Deus a respeito. Jesus o fez. No jardim do Getsêmani, o Pai
deu-lhe um cálice de sofrimento tão amargo, tão
vil, que Jesus o devolveu ao Céu. "Meu Pai", orou ele, "se é
possível, passa de mim este cálice; todavia não seja como eu quero, mas como tu
queres" (Mt 26.39).
Até a Jesus foi dada uma porção
difícil de tragar. Porém, com a ajuda de Deus, Ele a tomou. E com a ajuda de
Deus, você também poderá fazê-lo.
10. O Telhado
Sob a graça de Deus
Perdoa-nos as nossas dívidas.
Perdoe-me puxar o
assunto, porém devo fazê-lo.
Compreendo que o tópico seja pessoal, mas há momentos em que
necessitamos trazê-lo a público.
Preciso conversar com você sobre
sacar a descoberto no banco. Seu salário atrasou. Seu senhorio foi
demasiadamente presto em cobrar o aluguel. Você estava indo fazer um depósito,
mas sua tia ligou de Minnesota e, quando você chegou ao banco, ele já estava
fechado, e você não sabia como fazer um depósito à noite.
Não importa os motivos, o
resultado é o mesmo: insuficiência de fundos. Que frase agourenta! Na extensa
galeria das frases famosas, " insuficiência de fundos" encontra-se
pendurada no mesmo corredor que " A Receita Federal fará uma auditoria em
sua conta", "Será preciso tratar o canal", "Vamos parar de sair e ser apenas amigos".
INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS. (Sinta o impacto total da frase. Imagine ouvir
tais palavras ditas por um homem com longos caninos, capa preta, e uma voz
profunda, num castelo da Transilvânia. "Você está com insuficiência de
fundos".)
Você está a descoberto. Você deu mais do que tinha. Você gastou
mais do que podia. E adivinhe quem tem de pagar algumas contas? O banco, não;
eles não preencheram qualquer cheque. Nem a loja; eles não fizeram qualquer
compra. Tampouco sua tia de Minnesota, a menos que ela tenha por você um
coração derretido. No grande esquema das coisas, você pode dar todas as
desculpas que quiser, mas um cheque devolvido aterrissa no colo de quem o
preencheu.
O que você faz, se não tem
qualquer dinheiro? O que faz, se não tem algo a depositar, além de uma desculpa
honesta e um punhado de boas intenções? Ora para que uma alma abastada faça um
grande depósito em sua conta? Se você está falando
de seus débitos financeiros, não é provável que isto aconteça. Se no entanto está falando de seus débitos
espirituais, isto já foi feito.
Seu Pai tem-lhe coberto o que
faltava. Na casa de Deus, você está coberto pelo telhado da graça.
O telhado de proteção
O telhado de uma casa raramente
é notado. Com que freqüência seus hóspedes
entram em sua casa dizendo: "Você tem um dos mais excelentes
telhados que já vi"? Temos tido, durante anos, centenas de pessoas
entrando e saindo de nossa casa e, honestamente, não me recordo de alguém
comentar sobre o telhado. Eles podem
lembrar-me de aparar o gramado, limpar minha calçada, mas... elogiar meu
telhado? Ainda não.
Tal desconsideração não é culpa
do construtor. Ele e sua equipe laboraram durante horas alinhando vigas e
fixando telhas. Não obstante os seus esforços, a maioria das pessoas notaria
antes uma lâmpada de dois dólares do que o telhado.
Não cometamos o mesmo erro. Ao cobrir sua grande casa, Deus não
mediu gastos. De fato, o telhado foi a parte mais custosa da estrutura. Custou-lhe
a vida de seu Filho. Ele convida-nos a estudar sua obra em virtude de três
palavras no centro da oração: "Perdoa nossas dívidas".
Possuímos uma dívida que não podemos pagar
Dívida. A palavra grega
para dívida não tem mistério. Ela simplesmente significa "dever algo a
alguém". Se estar em débito é dever algo a alguém, não seria inapropriado
falarmos de dívida na oração, uma vez que estamos todos em débito com Deus?
Não estamos em dívida com Deus
quando desobedecemos seus comandos? Ele nos
manda ir ao Sul, e vamos ao Norte.
Ele nos manda virar à direita, e viramos à esquerda. Em vez de amarmos o
próximo, fazemos-lhe mal. Ao invés de buscarmos a vontade de Deus, buscamos a
nossa própria. Foi-nos ordenado perdoar os nossos inimigos, porém os atacamos.
Desobedecemos a Deus.
Não estamos em débito com Deus,
quando o negligenciamos? Ele fez o Universo,
e nós aplaudimos a ciência. Ele cura o doente, e aplaudimos a medicina.
Ele concede beleza, e damos o crédito à "Mãe Natureza". Ele nos dá
possessões, e saudamos a ingenuidade humana.
Não entramos em débito quando
desrespeitamos os filhos de Deus? E se eu fizesse a você o que faço a Deus? E
se eu gritasse com os seus filhos em sua presença? E se eu batesse neles, ou os xingasse? Você não toleraria tal
coisa. Mas não fazemos o mesmo? Como Deus se sente quando maltratamos um
de seus filhos? Quando maldizemos a sua descendência? Quando criticamos um colaborador, ou mexericamos sobre um parente,
ou falamos de alguém, em vez de falarmos com ele? Não estamos em débito com Deus,
quando maltratamos um vizinho?
"Um momento, Max, você quer
dizer que, cada vez que faço uma dessas coisas, estou preenchendo um cheque a
ser descontado de minha conta, no banco celestial?"
É exatamente o que estou
dizendo. Também estou dizendo que, se Cristo não nos tivesse coberto com a sua
graça, cada um de nós estaria sem fundos nessa conta. Quando se procurasse por
bondade, teríamos insuficiência de fundos. Santidade inadequada. Deus requer um certo saldo de virtude em nossa conta,
e este é maior que o possuído por qualquer um de nós. Nossa quota de santidade
apresenta-se insuficiente, e apenas os santos verão o Senhor. O que podemos
fazer?
Podemos tentar fazer alguns
depósitos. Talvez se eu acenar aos vizinhos, ou elogiar o meu marido, ou ir à
igreja no próximo domingo, ajuntarei algum saldo. Porém, como você saberá se já
fez o suficiente? Quantas vezes preciso ir ao banco? Quanto crédito necessito?
Quando posso relaxar?
Esse é o problema. Você nunca pode relaxar. "Todavia ao homem
que não trabalha, mas confia em Deus que justifica o ímpio, sua fé lhe é
creditada como justiça" (Rm 4.5, NVI). Se você está tentando justificar
sua própria demonstração de contas, esqueça
qualquer possibilidade de paz. Você passará o resto de seus dias
soprando e bufando diante dos guichês do banco. Você está tentando justificar
uma conta que não pode ser justificada por você. Posso lembrá-lo do telhado de
graça que o cobre?
"É Deus quem
justifica" (Rm 8.33).
Deus pagou um débito que não era
dEle
Deus atribuiu a si mesmo a
tarefa de equilibrar nossa conta. Você não pode lidar com seus próprios
pecados. "Quem pode perdoar pecados, senão Deus?" (Mc 2.7). Jesus é
"o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29).
Como Deus lida com o nosso
débito?
Deixa-o passar? Ele poderia
tê-lo feito. Poderia ter queimado o extrato. Poderia ter ignorado seu cheque
sem fundos. Mas iria um Deus santo fazer
isso? Poderia um Deus santo fazer isso? Não. Caso contrário, Ele
não seria santo. Além disso, é assim que
esperamos que Deus conduza seu mundo — ignorando nossos pecados e, dessa
forma, endossando nossas rebeliões?
Ele puniu você por seus pecados?
Novamente, Ele poderia fazê-lo. Ele poderia ter riscado seu nome do livro, e
varrido você da face da Terra. Mas iria um Deus amoroso fazer isso? Poderia um Deus amoroso fazer isso? É com um amor eterno que Ele o ama.
Nada pode separar você do amor de Deus.
Então o que fez Ele? "Deus
em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os
pecados dos homens. Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado,
para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2 Co 5.19,21, NVI).
Não perca o sentido do que
aconteceu. Ele pegou sua demonstração de contas, escorrendo tinta vermelha e
cheques ruins, e colocou o próprio nome em
cima. Pegou o demonstrativo bancário dEle mesmo, com o registro de um
milhão de depósitos, e nenhuma retirada, e pôs em cima o seu nome. Ele assumiu
a sua dívida. Você assumiu a fortuna dEle. E isso não é tudo.
Ele ainda pagou-lhe a pena. Se
você está descoberto no banco, uma multa deve ser paga. Se você está descoberto
com Deus, uma pena deve ser igualmente paga. A multa no banco é uma chatice.
Porém a pena de Deus é o Inferno. Jesus não apenas equilibrou-lhe a conta, como
pagou-lhe a pena. Ele tomou-lhe o lugar e pagou o preço por seu pecado.
"Cristo nos resgatou da maldição da
lei, fazendo-se maldição por nós" (Gl 3.13).
Pois também Cristo sofreu pelos
pecados uma vez por todas, o justo pelos
injustos, para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo, mas vivificado
pelo Espírito (1 Pe 3.18, NVI).
Mas ele foi ferido pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53.5).
"Porque com uma só oblação
aperfeiçoou para sempre os que são santificados" (Hb 10.14). Nenhum
sacrifício mais precisa ser feito. Depósitos não são mais necessários. Tão
perfeito foi o pagamento que Jesus usou um termo bancário para proclamar sua
salvação. "Está consumado!" (Jo 19.30). Tetelestai era um
termo financeiro usado para anunciar a última prestação, o último pagamento.
Agora, se a tarefa está
completa, alguma coisa mais é requerida de você? Claro que não. Se a conta está
exata, que mais poderia você acrescentar? Não é o pronunciar da frase
"perdoa-nos as nossas dívidas" que nos torna merecedor da graça.
Repetimos as palavras para recordar o perdão que possuímos, não para alcançar o
perdão que precisamos. Falarei mais sobre isso no próximo capítulo, mas, antes
de seguirmos adiante, podemos conversar francamente?
Para alguns de vocês, é novidade essa idéia de cheque sem fundo e
graça de Deus, mas, ela não é preciosa? Honestamente, você já deu algum
presente que se compare com a graça de Deus? A descoberta deste tesouro de
misericórdia faz do mais pobre mendigo um príncipe. Perder esta dádiva faz do
milionário um paupérrimo.
Muitos de vocês já conheciam a
idéia. Oro para que a recordação os encoraje.
Contudo, para outros, isto é
mais que boas novas... é novíssima nova. Você nunca soube que havia um telhado
de graça. E que grande telhado ele é. As telhas são grossas, e as vigas,
fortes. Debaixo dele, você está protegido das tempestades de culpa e vergonha.
Sob a cobertura de Cristo, nenhum acusador pode atingi-lo, e nenhum ato
condená-lo.
Não é bom saber que nunca mais
você terá de ficar do lado de fora, na tempestade?
"Porém o telhado é grande o
bastante para mim?" Indaga você. Bem, ele foi grande o bastante para
alguém que negou a Cristo (Pedro). Para outro que escarneceu de Cristo (o
ladrão na cruz). E para aquele que
perseguia a Cristo (Paulo). Sim, ele é grande o bastante para você.
Embora você tenha passado a vida inteira preenchendo cheques sem fundos, Deus
carimbou estas palavras em seu demonstrativo
de contas: MINHA GRAÇA LHE É SUFICIENTE.
Imagine um cheque em branco. A
importância desse cheque é "graça suficiente". A assinatura nesse
cheque é a de Jesus. A única linha em branco é para o recebedor. Esta parte é
sua. Posso instar com você a que passe alguns minutos com o seu Salvador, recebendo este cheque? Medite na
obra da graça. Olhe para o telhado. Suas vigas são do Calvário. E os
pregos, uma vez, fixaram o Salvador sobre a cruz. O sacrifício dele foi por
você.
Expresse sua gratidão por
tamanha graça. Quer seja pela primeira vez, ou pela milésima, deixe-o ouvir
você sussurrar: "Perdoa-nos as nossas dívidas". E deixe-o responder
sua oração, enquanto você se imagina escrevendo seu nome na linha em branco do
cheque.
Talvez seja melhor eu me
eclipsar agora, e deixar vocês dois conversarem. Estarei esperando no corredor
da grande Casa de Deus.
11. O Corredor
Graça recebida, graça dada
Perdoa-nos as nossas dívidas
Perdoa-nos as nossas
dívidas,
assim como nós perdoamos
aos nossos devedores...
Porque, se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós.
Se, porém, não perdoardes
aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas
ofensas.
Gostaria de conversar com você sobre: caçadores de recompensa; nitroglicerina em
volta do pescoço; um dos mais importantes princípios bíblicos; e sanduíches de
quiabo e anchova. Porém antes, comecemos com uma reflexão sobre um cobrador.
Viver sob a mira de um cobrador
não é divertido. Eu deveria saber. Tive um atrás de mim por três meses. Ele não
era um membro da Máfia nem pertencia a
gangue alguma. Ele possuía um número de telefone e uma comissão: vir em
meu encalço e fazer-me pagar a conta.
Sua ocupação? Cobrar pagamentos
de dívidas atrasadas para uma companhia de cartão de crédito. Espero que você
acredite em mim quando digo que eu já havia pago a conta. Ele certamente não
acreditava. Eu sabia que estava paga — tinha a fatura quitada para comprová-lo.
O único problema é que a fatura estava em um navio, com todos os nossos demais
pertences, em algum lugar entre Miami e o Rio. Tínhamos acabado de nos mudar
para o Brasil, e nossas coisas estavam a caminho. Por três meses eu não teria
acesso ao meu extrato bancário. Ele não queria esperar tanto tempo.
Ameaçou arruinar meu crédito,
processar a agência de viagem, e chamar a polícia; chegou a dizer que contaria
à minha mãe (linguarudo). Após semanas de telefonemas cobrando-me, ele deixou
de aborrecer-me. Nenhuma explicação. Tudo o que posso imaginar é que ele seguiu
para o norte do equador, em vez do sul, e deixou-me em paz. E também deixou-me
pasmo. Lembro-me de ter perguntado a Denalyn: "Que espécie de pessoa
aprecia tal trabalho? Sua profissão é agravante."
Um bom dia para ele significa um
mal dia para todos os que ele contata. Não me interprete mal. Compreendo que
tal ocupação é necessária. Apenas me pergunto que tipo de pessoa a desejaria.
Quem deseja ser um missionário da miséria? Cobradores passam o dia fazendo as
pessoas se sentirem mal. Ninguém quer receber seus telefonemas. Ninguém fica
feliz em vê-los à porta. Ninguém deseja ler-lhes as cartas. Pode imaginar o que
suas esposas dizem quando eles saem para o trabalho? "Faça-os se
retorcerem, querido". Seus patrões os estimulam com o prêmio "sangue
de um nabo". Quem é seu herói? Godzilla? Que ocupação! O dia de pagamento
deles é o mesmo que está no seu cheque de pagamento, e eles estão ávidos por
alcançá-lo. Pode imaginar-se passando os dias desse modo?
Talvez você possa. Talvez todos
possamos. Mesmo os melhores dentre nós passam o tempo exigindo pagamento. Alguém
lhe deve alguma coisa? Um pedido de desculpa? Uma segunda chance? Um recomeço?
Uma explicação? Um obrigado? Uma infância? Um casamento? Pare e pense (algo que
há muito não o encorajo a fazer), e você poderá alistar um monte de gente em
dívida com você. Seus pais deveriam ter sido mais protetores. Seus filhos
deveriam ter sido mais apreciativos. Seu cônjuge deveria ser mais sensível. Seu
pregador deveria ter sido mais atencioso.
O que você vai fazer com esses
que lhe devem? No passado, as pessoas meteram as mãos em seus bolsos e tomaram
o que era seu. O que você vai fazer? Poucas questões são mais importantes que
esta. Lidar com dívidas está no âmago de sua ventura. E também está no centro
da oração do Senhor.
Havendo-nos lembrado da graça
que recebemos, Jesus fala agora da graça que devemos partilhar.
Perdoa-nos as nossas dívidas,
assim como nós perdoamos aos nossos devedores... Porque se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se,
porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não
perdoará as vossas ofensas (Mt 6.12,14,15).
A grande Casa de Deus é
atravessada de ponta a ponta por um imenso
corredor. Você não pode ir de um aposento para o outro sem usá-lo. Quer
deixar a cozinha e ir ao estúdio? Use o corredor. Deseja ir da escada à capela?
Use o corredor. Você não pode ir a lugar algum sem caminhar por ele. E você não
pode caminhar pelo corredor sem dar de cara com as pessoas.
Jesus não questiona a realidade de suas ofensas. Ele não duvida
de que você tem pecado. A questão não é a existência da dor, mas o seu tratamento. O que você vai fazer com as
suas dívidas?
Dale Carnegie conta de uma
visita ao Yellowstone Park, onde viu um urso pardo. O imenso animal estava no
centro de uma clareira, alimentando-se das sobras de um acampamento. Por vários
minutos, banqueteou-se sozinho; nenhuma outra criatura
atreveu-se a chegar perto. Após alguns momentos, porém, uma jaritataca
atravessou o prado em direção ao alimento, e tomou seu lugar junto ao urso
pardo. O animal não objetou, e Carnegie soube porquê. "O urso pardo",
disse ele, "conhecia o alto preço de tirar desforra".1
Seria prudente aprendermos a
lição. A desforra da ofensa é feita a grandes expensas.
O alto custo da desforra
Primeiro, você paga um preço
relativo. Já observou, nos filmes de faroeste, como o caçador de recompensa viaja sozinho? Não é difícil descobrir o
porquê. Quem gostaria de andar
com um sujeito que, para viver, faz desforras de ofensas? Quem desejaria
arriscar-se ao seu lado? Mais de uma vez
tenho ouvido alguém vomitar sua fúria. Achavam que eu estava ouvindo,
quando eu, na realidade, estava pensando: "Espero jamais figurar na sua
lista". Classe intratável, esses caçadores
de recompensas. Melhor deixá-los em paz. Exponha-se a alguém enfurecido,
e você poderá ser vítima de uma bala perdida. Cobrança de dívida é uma
profissão isolada, além de uma insalubre ocupação.
Fisicamente, você paga um alto
preço.
A Bíblia enfatiza melhor: "... a ira destrói o louco" (Jó
5.2). Isto me lembra Amos e Andy. Amos pergunta a Andy o que é aquela
garrafinha pendurada em seu pescoço. "Nitroglicerina", responde ele.
Estupefato por Andy estar usando um colar de nitroglicerina, Amos pede uma
explicação. Andy conta-lhe sobre um colega que tem o mau hábito de empurrar o
peito das pessoas enquanto fala. "Isso
me deixa louco", termina Andy. "Estou usando esta nitro para,
da próxima vez que ele me empurrar, explodir-lhe o dedo.
Andy não é o primeiro a
esquecer-se de que, quando se tenta desforrar, acaba-se ferido. Bildade estava
certo ao afirmar: "... despedaças a tua alma na tua ira" (Jó 18.4).
Já percebeu que costumamos descrever a
pessoa que nos aborrece como uma "faca na garganta"? A que
garganta estamos nos referindo? Não a dela, certamente. Quem sofre somos nós.
Algum tempo atrás, eu estava falando sobre a raiva em uma reunião
para homens. Descrevi o ressentimento como uma prisão, e observei que, quando
trancamos alguém na cela de nosso ódio,
ficamos empatados guardando a porta. Após a mensagem, um senhor
apresentou-se a si mesmo como um "prisioneiro". Ele descreveu como o
guarda do portão do presídio está mais confinado que o recluso. O guarda passa
seus dias num espaço de 1.20m x 1.50m, enquanto o "prisioneiro" tem
uma cela de 3m x 4m. O guarda não pode arredar pé. O prisioneiro pode dar uma
volta no pátio. O prisioneiro pode relaxar, mas o guarda tem de estar constantemente alerta. Você pode objetar: "Sim, mas
o guarda da prisão pode ir para casa à noite." Verdade. Porém o guarda da
prisão do ressentimento não pode.
Se você se põe a cobrar a
ofensa, jamais descansará. Como poderia? Primeiro, seu inimigo poderá nunca
pagá-lo. Por mais que você mereça um pedido de desculpas, seu devedor pode não
concordar. Pode ser que o racista nunca se arrependa. O chauvinista talvez
nunca mude. Por mais justificada que seja sua busca de vingança, você poderá
jamais obter um centavo de justiça. E se o conseguir, será suficiente?
Pensemos seriamente. Quanto de
justiça é suficiente? Imagine seu inimigo por um momento. Imagine-o amarrado ao
pelourinho. O carrasco volta-se a você e indaga: "Quantas
chibatadas?" E você fornece um número. O chicote estala. O sangue escorre.
A punição é imposta. Seu adversário cai, e você se retira.
Está feliz agora? Sente-se
melhor? Está em paz? Por enquanto, talvez. Mas logo uma nova lembrança virá à
tona, e outra chicotada será necessária, e... quando isto parará?
Só pára quando você leva a sério
as palavras de Jesus. Leia-as novamente. "Perdoa-nos as nossas dívidas,
assim como nós perdoamos aos nossos devedores... Porque se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se,
porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não
perdoará as vossas ofensas".
Através destes versículos descobrimos
o custo máximo da desforra. Tenho sugerido que você paga um alto preço,
relativa e fisicamente, porém Jesus tem uma razão muito mais importante para
você perdoar. Se você não perdoa, paga um alto preço espiritualmente.
Antes de discutirmos o significado
destes versos, seria sensato salientar o que eles não significam. O texto não
sugere que obtemos a graça de Deus concedendo graça. Ao primeiro olhar, a frase
parece apresentar uma espécie de pacto triangular. "Se perdôo meu inimigo,
Deus me perdoará". Uma leitura fortuita sugere que obtemos nosso perdão,
oferecendo perdão a outrem; clemência é um mérito que me salva. Tal
interpretação é impossível pela simples razão de conflitar com o restante das
Escrituras. Se podemos alcançar perdão mediante perdoarmos os outros (ou por
qualquer boa ação), por que precisamos de um Salvador? Se podemos pagar por
nossos pecados com a nossa clemência, por que Jesus morreu por nossas
iniqüidades? Se a salvação é o resultado de nossos esforços, por que Paulo
insistiu: "Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós;
é dom de Deus"? (Ef 2.8)
A salvação é um presente gratuito.
Torna vir à tona a questão do
último capítulo. Se já estamos perdoados, por que Jesus nos ensinaria a orar
"Perdoa-nos as nossas dívidas"?
Pela mesmíssima razão que você
desejaria ver seus filhos fazendo o mesmo. Se minhas filhas violam um de meus
critérios, ou desobedecem a uma de minhas regras, não as rejeito. Não as chuto
para fora de casa, nem lhes digo para mudarem de sobrenome. Contudo, espero que
sejam honestas e apresentem desculpas. E até que elas o façam, a ternura de
nosso relacionamento sofrerá. A natureza do relacionamento não mudará, mas a
intimidade sim.
O mesmo acontece em nosso
caminhar com Deus. Confissões não criam um relacionamento com Deus;
simplesmente o nutrem. Se você é um crente, admissão de pecados não lhe altera
a posição diante de Deus; intensifica, porém, a sua paz com Ele. Quando
confessa, você concorda; deixa de argumentar com Deus, e concorda com Ele sobre
os seus pecados. Pecados inconfessos levam a um estado de discordância. Você
pode ser filho de Deus, mas não quer conversar com Ele. Deus ainda o ama, porém
até você admitir o que tem feito, haverá tensão na casa.
Mas assim como o pecado
inconfesso obstrui a alegria, o pecado confessado a libera. Ao admitirmos o
pecado, somos como o aluno de pé, diante da professora, com um papel confuso.
"Pintei muito fora do contorno. Posso começar de novo num papel
limpo?" "Claro", responde a professora. Feliz, o aluno ganha uma
segunda chance, ou, como escreveu Davi: "Bem-aventurado aquele cuja
transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto" (SI 32.1). Então,
corremos de volta à nossa carteira, e começamos de novo.
Mas não poderia ser o caso de a
professora mandar você desenhar sobre o papel manchado? Poderia. Ocorre-me um
exemplo em que a professora pode recusar-se a dar-lhe uma segunda chance.
Suponha que ela o tenha visto maltratar o menino da carteira da frente. Minutos
antes, ela vira o garoto pedir-lhe uma
folha de papel do seu bloco, e você negara. Embora tivesse muito para
dar, você agarrou o bloco com ambas as mãos, e recusou-se a partilhar. E agora
você está fazendo a ela o mesmo pedido?
Quem a censuraria, se ela
dissesse: "Concederei a você o mesmo
favor que você concedeu ao seu colega de classe. Tratarei você do mesmo
modo como você tratou Harry. Você ainda é meu aluno, e eu ainda sou sua
professora. Não o estou pondo para fora da classe, mas dando-lhe uma chance de
aprender a lição". Agora atingimos o
âmago do versículo, pois é isto exatamente o que significa a frase:
"Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como temos perdoado aos nossos
devedores".
Um dos mais importantes princípios bíblicos
"Trate-me do modo como
trato meu próximo". Você está ciente
de que é isto o que você está dizendo ao seu Pai? Dá-me o que eu lhes
dou. Conceda-me a mesma paz que concedo aos outros. Deixe-me desfrutar da mesma
tolerância que ofereço. Deus o tratará da maneira como você trata os outros.
Em qualquer comunidade cristã existem dois grupos: aqueles que
são contagiantes em sua alegria, e aqueles que são excêntricos em sua fé. Estes
últimos aceitaram a Cristo, e o estão buscando, mas seus balões não têm gás. Um
é agradecido; o outro é amuado. Ambos são salvos. Ambos vão para o Céu. Contudo,
um vê o arco-íris, e o outro, a chuva.
Poderia este princípio explicar
a diferença? Poderia ser que eles estivessem
experimentando a mesma alegria que têm dado aos seus ofensores? Um diz
"Eu o perdôo", e sente-se perdoado. O outro diz "Estou marcado",
e vive marcado no mundo.
Noutra parte, Jesus disse:
Não julgueis, e não
sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e
soltar-vos-ão. Dai, e ser-vos-á dada, boa medida, recalcada, sacudida e
transbordando vos darão; porque com a mesma medida com que medirdes vos medirão
de novo (Lc 6.37,38, ênfase minha).
É como se Deus o enviasse ao
mercado a fim de comprar mantimentos para o seu vizinho, dizendo: "Tudo o
que você obtiver para o seu próximo, obterá também para si. Pois tudo o que você
lhe der, é o que você receberá".
Simples e belo sistema. Não sou
tão brilhante, mas posso ilustrar isto. Eu adoro hambúrguer grosso e suculento,
então compro para o meu próximo hambúrguer grosso e suculento. Sou louco por um
sorvete de chocolate de duas bolas, então compro para o meu próximo um sorvete
de chocolate de duas bolas. E quando tomo leite, não quero aquela coisa
desnatada e aguada que Denalyn me faz beber. Quero leite cristão, exatamente
como Deus o fez. Então, o que compro para o meu próximo? Leite cristão,
exatamente como Deus o fez.
Levemos isto um passo adiante.
Suponha que as folhas da árvore de seu vizinho sejam assopradas para dentro de
seu quintal. Você menciona a desordem para ele, e ele lhe diz que cuidará do
assunto na próxima semana. Você o informa que está para receber visitas e...
ele não poderia levantar-se daquela cadeira e fazer algum trabalho? Ele lhe diz
para não ser tão chato, e que o lixo fertiliza o seu jardim. Você está prestes
a atravessar o gramado para ter uma conversa séria, quando Deus o lembra:
"Hora de ir ao mercado e comprar mantimentos para o seu vizinho".
Então você rosna e resmunga a caminho do armazém: "Vou dar um jeito
naquele preguiçoso". E vai direto ao leite desnatado. Depois segue reto
para as anchovas e sardinhas. Passa direto pelo sorvete de chocolate, e
dirige-se ao quiabo e ao arroz. Faz uma última parada na prateleira de pães
vencidos, e pega um com casca grossa e manchas verdes nas beiradas.
Rindo à socapa, você volta para
casa e despeja o saco no colo de seu preguiçoso vizinho não-presta-para-nada.
"Tenha um bom jantar". E se afasta.
Toda a sua brilhante intriga
deixou-o com fome. Então você vai à geladeira arrumar um sanduíche, mas
adivinha o que você descobre? Sua despensa está cheia do que você deu ao seu
inimigo. Tudo o que você tem para comer é exatamente o que você comprou.
Recebemos aquilo que damos.
Alguns de vocês têm estado
comendo sardinha por um longo tempo. Sua dieta não mudará enquanto você não mudar. Você olha para outros cristãos à sua volta;
eles não são tão amargos quanto você. Eles estão desfrutando das
iguarias de Deus, enquanto você continua com quiabos e anchovas sobre pão de
forma. Você sempre se pergunta por que eles são tão felizes, e você tão mal-humorado. Talvez agora você saiba. Não seria
o caso de Deus estar lhe dando exatamente o que você tem dado a alguém?
Gostaria de mudar o menu? Já me
referi à conferência para homens em que falei sobre a raiva. Duas semanas
depois de retornar para casa, recebi esta carta de um homem chamado Harold
Staub:
Max,
Muito obrigado por falar
sobre perdão na promise Keepers, em Syracuse, NY, nos dias 7 e 8 de junho. Eu
estava lá.
Quero que saiba que, ao voltar para casa, conversei muito com
minha esposa a respeito do perdão — foram as duas melhores semanas de
minha vida. Veja você, ela partiu para estar com o Senhor, no dia 24 de junho,
totalmente perdoada.
Quão maravilhoso é o amor
de Deus!
Obrigado. Muito obrigado.
Quando liguei para Harold a fim
de pedir permissão para publicar sua carta, ele partilhou os tocantes detalhes
de seus últimos dias com a esposa. Ele não sabia que ela estava para morrer;
nem ela. Sabia, não obstante, haver entre eles alguns assuntos não resolvidos.
Ao chegar a casa, ajoelhou-se diante dela, e pediu-lhe perdão por qualquer
coisa que lhe houvesse feito. O gesto abriu uma comporta de emoções, e os dois
conversaram noite adentro. O empenho inicial da reconciliação continuou por
duas semanas. O casamento experimentou uma profundidade ainda desconhecida.
Quando a esposa de Harold morreu de repente, de uma embolia, ele ficou chocado.
Porém, ele estava pronto, e agora está em paz.
E quanto a você? Gostaria de um
pouco de paz? Então deixe de incomodar seu vizinho. Quer desfrutar da
generosidade de Deus? Então deixe que os outros desfrutem da sua.
Gostaria de ter certeza de que
Deus o perdoou? Acho que você sabe o que fazer.
Então, o que comerá? Sorvete de
chocolate, ou quiabo? É com você.
12. O Aposento Familiar
Aprendendo a viver juntos
Nosso..
Somos muito parecidos com Ruth e Verena Cady. Desde seu nascimento em 1984, elas têm
partilhado muito. Como a maioria dos gêmeos, elas têm partilhado uma bicicleta,
uma cama, um quarto, e brinquedos. Têm partilhado refeições, histórias,
programas de TV e festas de aniversário. Partilharam o mesmo útero antes de
nascerem, e o mesmo aposento após nascidas. Porém o vínculo entre Ruth e Verena
vai mais além. Elas partilham mais que brinquedos e festas; partilham o mesmo
coração.
Seus corpos se fundem do esterno
à cintura. Embora seus sistemas nervosos sejam separados, e suas personalidades
distintas, elas são sustentadas pelo mesmo tórax. Nenhuma pode sobreviver sem a
outra. Visto que a separação não é uma alternativa, a cooperação torna-se
obrigatória.
Elas têm aprendido a trabalhar
juntas. Dar um passeio, por exemplo. A mãe delas compreendeu que, ao caminhar,
girariam para a frente ou para trás. Elas se alternariam; uma olhando à frente,
outra, atrás. As meninas tiveram uma idéia melhor. Aprenderam a andar de lado,
quase como uma dança. E ambas dançam na mesma direção.
Elas têm aprendido a compensar
as fraquezas uma da outra. Verena adora comer. Porém Ruth acha que ficar
sentada à mesa é maçante demais. Ruth pode tomar apenas meio copo de suco por
dia. Não há problema, sua irmã come por ambas. Não é raro elas comerem três
tigelas de cereal, dois iogurtes e duas torradas no café da manhã. Ruth tende a
impacientar-se enquanto sua irmã come, e é conhecida por atirar tigelas de
sorvete pelo quarto. Isto pode levá-la a ser disciplinada, mas também tem
conseqüências para a sua irmã.1
Quando uma tem de ficar sentada num canto, a outra também fica.
A parte inocente não se queixa; cedo, ambas aprenderam que estão ligadas para o
bem ou para o mal. É esta exatamente uma das lições que essas garotas têm a ensinar
a nós, que vivemos na Grande Casa de Deus.
Não partilhamos a mesma cozinha?
Não estamos cobertos pelo mesmo telhado, e protegidos pelas mesmas paredes?
Embora não durmamos na mesma cama, repousamos sob o mesmo Céu. Não partilhamos
o mesmo coração. Ou talvez o partilhemos... Pois não partilhamos a mesma
esperança pela eternidade, a mesma dor pela rejeição, e a mesma fome de ser
amado? Assim como as gêmeas Cady, não temos o mesmo Pai?
Não oramos ao meu Pai, ou pedimos pelo meu pão diário, ou
para Deus perdoar os meus pecados. Na casa de Deus falamos a linguagem
da pluralidade: "nosso Pai", "nosso pão de cada
dia", "nossas dívidas", "nossos devedores",
"não nos induzas à tentação", e "livra-nos".
A abundância de pronomes plurais
acompanha-nos ao adentrarmos o mais colorido compartimento da casa — o aposento
familiar.
O aposento familiar
Se você quiser uma lembrança da
criatividade de nosso Pai, poderá achá-la aqui. Todos chamamos Deus de
"Pai", e Cristo, de Salvador, porém, do outro lado, as coisas são bem
diversas. Dê uma volta pela sala, e veja o que quero dizer.
Aprenda uma expressão suaíle de
um membro de uma tribo.
Espreite os teólogos discutindo
dispensacionalismo.
Experimente cultuar com uma
gaita de foles, e então atravesse a sala e tente o mesmo com um acordeão.
Pergunte à missionária se ela
nunca se sente só, e ao tradutor da Bíblia se ele nunca se confunde.
Ouça o testemunho do homicida e
a música do menestrel.
E se você estiver ponderando
como essa gente de outras denominações
chegou aqui, pergunte a eles. (Eles podem estar querendo lhe fazer a
mesma pergunta.)
Oh, a diversidade da família de
Deus.
Somos de pele azeitonada,
cabelos encaracolados; de olhos azuis e pretos.
Viemos de internatos e guetos,
mansões e choupanas. Usamos turbantes e mantas. Adoramos quibe. Comemos arroz.
Temos convicções e opiniões, e
concordar seria ótimo, mas não o fazemos, embora tentemos e bem sabemos:
É melhor viver do lado de
dentro, na companhia uns dos outros, que do lado de fora, e sozinho.
Totalmente família, não acha? Da
perspectiva divina, temos muito em comum. Jesus alistou estes denominadores
comuns em sua oração. Eles são fáceis de achar. Todas as vezes em que vemos a
palavra nosso ou nos, encontramos uma necessidade.
Somos filhos carentes de um Pai
Enquanto eu escrevia este livro,
minha filha Jenna e eu passamos vários dias na velha cidade de Jerusalém. (Eu
prometera levar cada uma de minhas filhas a Jerusalém, quando completassem doze
anos.) Uma tarde, quando saíamos pelo portão Jafa, vimo-nos atrás de uma família
de judeus ortodoxos — um pai e suas três filhinhas. Uma das garotas, talvez com
quatro ou cinco anos, ficou alguns passos atrás, e não pôde enxergar o pai. "Aba!",
chamou ela. Ele parou e olhou. Só então compreendeu que se afastara de sua
filha. "Aba!" chamou ela, novamente. Ele a localizou, e
imediatamente estendeu-lhe a mão. Ela a segurou, e eu, mentalmente, tomei nota
enquanto eles prosseguiam. Eu queria ver as ações de um aba.
Ele segurou firmemente a mão da
filha, enquanto desciam a rampa. Quando ele parou numa rua movimentada, ela
caminhou pelo meio-fio, e ele a puxou de volta. Quando o semáforo abriu, ele
guiou-a juntamente com suas irmãs através da interseção. No meio da rua, ele
abaixou-se, tomou-a nos braços, e continuou a jornada.
Não é disso que todos
precisamos? Um aba que ouve quando chamamos? Que segura nossa mão, quando
estamos fracos? Que nos guia através das interseções agitadas da vida? Não
carecemos todos de um aba que nos tome nos braços, e nos carregue para
casa? Todos precisamos de um pai.
Somos mendigos carentes de pão
Não somos apenas filhos carentes
de um pai, mas também mendigos carentes de pão. "O pão nosso de cada dia
dá-nos hoje", oramos nós.
Você pode não apreciar o meu uso
do termo mendigo. Você pode preferir a palavra faminto. "Somos
todos famintos, carentes de pão". Tal expressão tem, certamente, mais
dignidade que a palavra mendigo. Quem quer ser chamado de mendigo? Você não
ganhou dinheiro para comprar o pão que põe em sua mesa? Quem é você para
mendigar alguma coisa? De fato, você pode até achar ofensiva a palavra faminto.
Estar faminto é admitir uma necessidade básica, algo que nós, pessoas
sofisticadas, relutamos em fazer. Deixe-me
pensar; deve haver uma expressão melhor. Que tal esta? Não somos mendigos nem estamos famintos; somos simplesmente " desafiados
abdominalmente". Certo, esta é melhor! "Abdominalmente desafiados,
carentes de pão". Você conserva um senso de independência com esta
expressão.
Afinal, você é responsável pela
comida que come, certo? Você criou o solo onde a semente foi plantada. Não?
Bem, ao menos você fez a semente? Não fez? E o sol? Você providenciou o calor
durante o dia? Ou a chuva? Você enviou as nuvens?
Não? Então, o que exatamente você fez? Você colheu alimento que não fez,
de uma terra que não criou.
Deixe-me ver se tenho este
direito. Não houvesse Deus feito a sua parte, você não teria comida na mesa.
Hummm, talvez seja melhor voltar à palavra mendigo.
Somos todos mendigos, carentes de pão.
Pecadores carentes de graça
Partilhamos uma outra necessidade:
somos pecadores carentes de graça; lutadores carentes de força. Jesus
ensinou-nos a orar: "Perdoa-nos as nossas dívidas... e não nos induzas à
tentação".
Todos temos cometido erros, e
ainda os cometeremos. A linha que separa os melhores de nós dos piores é muito
fina. Conseqüentemente, temos de ser sábios
e levar a sério a admoestação de Paulo:
Mas tu, por que julgas teu
irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de
comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Pela minha vida, diz
o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a
Deus" (Rm 14.10,11).
Sua irmã gostaria que eu o
lembrasse de que ela necessita de graça. Assim como você, ela também precisa de
perdão. Há uma ocasião em todo relacionamento em que é prejudicial buscar
justiça; quando a cobrança da dívida apenas atiça o fogo. Há ocasiões em que a melhor coisa a fazer é
aceitar seu irmão e oferecer-lhe a mesma graça que lhe foi dada.
Foi o que Jenna fez.
Já mencionei nossa recente
viagem a Israel. Vou concluir referindo-me a ela uma vez mais. Jenna e eu
embarcamos no vôo da uma hora, em Telavive,
que nos traria de volta aos Estados
Unidos. Viajar é sempre excitante, mas aquela noite foi especialmente
ruim. O avião estava lotado, e nos atrasamos por causa da rígida segurança do aeroporto. Ao embarcarmos, descobri
que nossos assentos não eram juntos; estávamos separados por um corredor. Sem
tempo para pedir ajuda, decidi persuadir o companheiro sentado perto de Jenna a
trocar de lugar comigo. Certamente ele
iria entender, pensei. Mas não. Ele já se aninhara para as dez horas
de vôo, e não queria se mover.
Por favor — implorei. — Deixe-me
sentar junto de minha filha.
Não me movo.
Ora, vamos, senhor. Vamos trocar
de lugar.
Ele inclinou-se, olhou para o
meu lugar, e recostou-se novamente, declinando:
— Não, obrigado.
Hãhã. Tomei meu assento,
e Jenna tomou o dela junto ao salafrário, sem coração. Enquanto o avião se
preparava para decolar, dediquei-me a fazer um resumo mental da história do
ignorante. Não era difícil. Apenas um olhar ou dois em sua direção, e eu o
tinha rotulado como um terrorista a caminho de meu país para assassinar nosso
presidente. No momento em que o avião se moveu, eu estava planejando como
passar-lhe uma rasteira, caso ele ousasse levantar-se durante o vôo. Sem
dúvida, ele conseguira trazer uma arma para dentro do avião, e cabia a mim
detê-lo.
Voltei-me para intimidá-lo com
um rosnado, e vi, para grande surpresa minha, Jenna oferecer-lhe uma rosquinha.
O quê? Minha filha confraternizando-se com
o inimigo! E o que é pior: ele aceitou! Como se a rosca fosse um ramo de
oliveira, ele aceitou a dádiva, e ambos
reclinaram-se em seus assentos e dormitaram.
Eu, eventualmente, dormi também, mas não sem antes aprender a lição
que Deus me ensinara, usando minha própria filha.
Na casa de Deus, ocasionalmente
encontramo-nos perto de pessoas de quem não gostamos. Se pudéssemos, pediríamos
que saíssem, mas não temos opção. Todos estamos aqui pela graça e, em algum
ponto, todos temos de partilhar alguma graça. Então, da próxima vez que você se
achar perto de um caráter duvidoso, não lhe dê uma dura... dê-lhe uma
rosquinha.
13. Os Muros
Satanás, servo de Deus
E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal.
A pequena população que me viu jogar nos desportivos
da escola nunca questionou minha decisão de entrar para o ministério.
Recebi, no entanto, uma carta lembrando-me da vez em que eu astutamente agarrei
a bola acima da cabeça do jogador que a chutara para o ar. Outro condiscípulo
dos tempos passados recordou comigo a bola voadora que escapou de minha luva
para permitir a vitória do outro time. Oh, a dor de tais reminiscências. Elas
ferem, não porque perdi, mas porque ajudei o outro time. Perder é ruim; pior
ainda é ajudar o oponente a vencer!
Minha mais espalhafatosa experiência de favorecer a oposição
ocorreu numa sexta classificação de um torneio de basquetebol. Posso lembrar-me
da contagem exata dos pontos, quando finalmente consegui jogar, mas sabendo que
estava no fim. Revoquei uma bola solta — uma subida para agarrá-la — e
completei a surpresa quando meu colega da base arremessou-a para mim. Quando vi
que não havia alguém entre a cesta e eu, decolei. Com o estilo de um astro da
NBA, fiz uma enterrada digna de uma vinheta da ESPN. Minha surpresa pela cesta
fácil foi sobrepujada pela surpresa ante o silêncio da multidão.
Nenhum aplauso! Em vez de dar-me
tapinhas nas costas, meu time enterrou o rosto nas mãos. Foi quando compreendi
o que fizera: uma cesta contra! Associara-me ao inimigo! Ajudara o time errado.
Não é de admirar que ninguém tenha tentado me parar — eu estava ajudando o lado
deles.
Pode imaginar o quão tolo me
senti?
Se pode, então também é capaz de
imaginar o quão tolo Satanás deve se sentir. Assim são os dias do diabo. O
tempo todo ele tenta desforrar-se para o mal, e marca um ponto para o bem.
Quando ele conspira contra o Reino, sempre o favorece. Posso oferecer um
exemplo bíblico?
O tiro do inferno sai pela culatra
Lembra-se de Sara, a esposa de
Abraão? Deus prometera-lhe um filho, mas ela permaneceu estéril durante
décadas. Satanás usou um berço vazio para suscitar tensão, dissensão e dúvidas.
À primeira vista, ele usaria Sara como uma evidência de que não se pode confiar
em Deus. No final, ela mostrou exatamente o contrário. Imaginar Sara numa
maternidade, aos noventa anos, tem convencido milhões de que Deus reserva o
melhor para o final.
E quanto a Moisés? Satanás uivou
de deleite no dia em que o jovem príncipe fugiu do Egito e das pessoas que
deveria libertar. Achou que arruinara o plano de Deus, quando na realidade
jogara a favor de Deus. O Senhor usou a derrota para fazer humilde o seu servo,
e o deserto para treiná-lo. O resultado apresentou-se perante Faraó quarenta
anos mais tarde: um sazonado Moisés, que ensinaria o povo a ouvir Deus e a
sobreviver no deserto.
E Daniel? A visão do melhor
jovem de Jerusalém sendo levado cativo aparentou ser uma vitória para Satanás.
A estratégia do Inferno era isolar o rapaz. Novamente, o tiro saiu pela
culatra. O que Satanás pretendia como cativeiro, foi usado por Deus como
realeza. Daniel logo foi solicitado a servir na corte do rei. O homem que
Satanás procurou silenciar passou a maior parte de sua vida pregando o Deus de
Israel, e aconselhando os reis da Babilônia.
Pense a respeito de Paulo.
Satanás esperava que a prisão silenciasse-lhe o púlpito, e esta o fez. Mas com
isto, disparou-lhe a pena. As cartas aos Gaiatas, Efésios, Filipenses e
Colossenses foram todas escritas na cela de uma prisão. Você consegue
visualizar Satanás chutando o lodo e rosnando através dos dentes, cada vez que
alguém lê estas epístolas? Pedro é outro exemplo. Satanás procurou desacreditar
Jesus, incitando Pedro a negá-lo. Porém o plano teve efeito contrário. Em vez
de ser um exemplo do quão longe pode cair um seguidor, Pedro tornou-se um
exemplo do quão longe pode estender-se a graça de Deus.
Cada vez que Satanás tenta fazer
uma cesta, o outro time ganha pontos. Ele é o Coronel Klink da Bíblia, o
sujeito que tentava derrubar Hogan no seriado de TV americano Hogan 's
Heroes. Klink, supostamente, dirigia um campo germânico de prisioneiros,
durante a Segunda Guerra Mundial com a finalidade de prejudicá-los. No entanto,
todos no acampamento sabiam quem realmente o dirigia: os prisioneiros. Eles
ouviam os telefonemas de Klink e liam as suas correspondências. Até davam
idéias a Klink, usando-o, o tempo todo, em favor da própria causa.
Repetidas vezes a Bíblia deixa
claro quem realmente dirige a Terra. Satanás pode emproar-se e pavonear-se, mas
é Deus quem designa os tiros.
Livra-nos do mal
A penúltima frase na
oração do Senhor é um pedido de proteção contra Satanás: "E não nos
induzas à tentação, mas livra-nos do mal".
Tal oração é necessária? Iria Deus induzir-nos à tentação? Tiago
1.13 diz: "Ninguém, sendo tentado, diga: de Deus sou tentado; porque Deus
não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta". Se Deus não nos tenta,
então por que orar "Não nos induzas à
tentação"? Estas palavras afligem os mais sofisticados teólogos.
Contudo, não perturbam uma criança.
E esta é uma oração para o coração pueril. É uma oração para aqueles que
levantam os olhos a Deus com o respeito devido ao seu Aba. É uma oração
para aqueles que já têm conversado com o seu Pai sobre a provisão para hoje
("O pão nosso de cada dia dá-nos hoje"), e o perdão para ontem
("Perdoa-nos as nossas dívidas").
Agora, a criança precisa assegurar-se da proteção para amanhã.
A frase é melhor compreendida
com uma ilustração simples. Imagine um pai e seu filho caminhando por uma rua
gelada. O pai admoesta o filho a ser cuidadoso, mas o menino está excitado
demais para diminuir a velocidade. Ele atinge o primeiro trecho de gelo.
Escorrega e cai de chapa. O pai aproxima-se e o ajuda a firmar-se. O garoto,
desculpando-se por menosprezar a advertência, e segurando firmemente a grande mão do pai, pede: "Guarda-me dos trechos
escorregadios. Não me deixe cair novamente".
Sempre disposto, o pai aquiesce.
"Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se
no seu caminho. Ainda que caia não ficará prostrado, pois o Senhor o sustem com
a sua mão" (SI 37.23,24). Tal é o âmago desta petição. É um terno pedido
de um filho ao pai. Os últimos escorregões têm-nos ensinado que o andar é
traiçoeiro demais para ser feito sozinho. Então, colocamos nossa mão pequena em sua grande mão, e dizemos: "Por
favor, Aba, guarda-me do mal".
O mal
Além do que, em quem mais confiaríamos para livrar-nos do
maligno? Temos ouvido falar desse diabo. E o que ouvimos inquieta-nos. Duas vezes, nas Escrituras, a
cortina do tempo é puxada, e nos é permitido uma olhadela ao mais tolo
empreendimento da história. Satanás era um
anjo que não se contentou em estar perto de Deus; ele tinha de estar
acima de Deus. Lúcifer não estava satisfeito em adorar a Deus; queria
ocupar-lhe o trono.
De acordo com Ezequiel, a
formosura e o mal de Satanás fizeram-no inigualável entre os anjos:
Tu és o aferidor da medida,
cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus;
toda pedra preciosa era a tua cobertura... No monte santo de Deus estavas, no
meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o
dia em que foste criado, até que se achou
iniqüidade em ti (Ez 28.12-15).
Os anjos, como os humanos, foram
feitos para servir e adorar a Deus. A eles, como aos humanos, foi dado o
livre-arbítrio. Caso contrário, como poderiam adorar? Tanto Isaías como
Ezequiel descrevem um anjo mais poderoso que qualquer ser humano, mais
maravilhoso que qualquer criatura, e também mais tolo que qualquer ser que já
haja vivido. Seu orgulho foi sua queda.
A maioria dos estudiosos aponta
Isaías 14.13-15 como a descrição do tombo de Lúcifer:
Eu subirei ao céu, e, acima das
estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me
assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e
serei semelhante ao Altíssimo.
É impossível não notar a cadência da arrogância nas palavras:
"Eu subirei... exaltarei... assentarei... serei". Porque procurou ser
igual a Deus, ele apostatou de Deus, e tem passado a história tentando
convencer-nos a fazer o mesmo. Não foi essa a
estratégia que usou com Eva? "Você será igual a Deus", prometeu
ele (Gn 3.5).
Ele não mudou. É tão egocêntrico
agora quanto era no princípio. Mesmo quando o coração de Lúcifer era bom, era
inferior a Deus. Todos os anjos são inferiores a Deus. Deus conhece todas as
coisas; eles sabem apenas o que Deus lhes reveIa. Deus está em toda parte; eles
podem estar apenas em um lugar. Deus é
Todo-poderoso; eles têm apenas o poder que Deus lhes permite ter.
Quem é o diabo
Ele não quer ser. Ele não pretende ser. Ele não deseja mais que
construir o seu próprio reino, mas não pode. Todas as vezes que ele tenta
favorecer a própria causa, acaba favorecendo a causa de Deus.
Erwin Lutzer articula este pensamento
em seu livro The Serpent of Paradise:
O diabo é tão servo de
Deus em sua rebelião, quanto era nos dias de sua doce obediência...
Satanás tem diferentes
papéis a exercer, dependendo do conselho e propósito divinos. Ele é pressionado
a servir à vontade de Deus no mundo; deve atender a ordem do Todo-poderoso.
Devemos ter em mente que ele possui medonhos poderes. Sabemos, porém, que estes
poderes só podem ser exercidos sob a direção e vontade de Deus. Isto
confere-nos esperança. Satanás não é livre para descarregar destruição sobre as
pessoas a seu bel-prazer".1
Satã cumpre ordens do
Todo-poderoso? Busca a permissão de Deus? Tal linguagem lhe parece muito
estranha? Pode ser. Se assim é, esteja certo de que Satanás preferiria que você
não ouvisse o que estou para lhe dizer. Ele antes preferiria que você fosse enganado, que pensasse nele como um
ser independente, com força e poder ilimitados. Ele não quer que eu lhe
conte sobre os muros que circundam a grande Casa de Deus. Satanás não pode
escalá-los, nem penetrá-los. Ele não tem absolutamente poder, exceto o poder
que Deus lhe permite.
Ele preferiria que você nunca ouvisse as palavras de João: "...
maior é o que está em vós do que o que está no mundo" (1 Jo 4.4). E ele
certamente preferiria que você não tomasse conhecimento de que Deus usa o diabo
como um instrumento para favorecer a causa de Cristo.
De que modo Deus usa Satanás
para fazer o trabalho do Reino do Céu? Deus usa Satanás para:
1. Refinar o fiel.
Mesmo o mais humilde dentre nós tem a tendência a pensar muito de si mesmo.
Aparentemente, Paulo tinha. Seu currículo era impressionante: uma audiência
pessoal com Jesus, um participante das visões celestiais, um apóstolo escolhido por Deus, um autor da Bíblia. Ele
curou enfermos, viajou pelo mundo e escreveu alguns dos maiores
documentos da história. Poucos poderiam rivalizar-lhe os feitos heróicos. E talvez ele soubesse disso. Talvez tenha
havido uma ocasião em que Paulo começou a dar tapinhas nas próprias
costas. Deus, que amava Paulo, e odeia o orgulho, protegeu-o do pecado. E usou
Satanás para fazê-lo.
E, para que me não exaltasse
pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um
mensageiro de Satanás, para me esbofetear,
a fim de não me exaltar (2 Co 12.7).
Não nos foi dito a natureza do espinho, mas foi-nos contado o seu
propósito — conservar Paulo humilde. Também foi-nos revelado a sua origem — um
mensageiro de Satanás. O mensageiro pode ter sido uma dor, um problema ou uma
pessoa que era um tormento. Não sabemos. Mas temos conhecimento de que o
mensageiro estava sob o controle de Deus. Observe
os versos 8 e 9: "Três vezes orei ao Senhor para que se desviasse
de mim. E disse-me: a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza". Satanás e suas forças eram simplesmente uma ferramenta nas mãos
de Deus para fortalecer um servo.
Outro exemplo é a tentação de Jó. O diabo ousou questionar a
estabilidade da fé de Jó, e Deus concedeu-lhe permissão para testá-lo. "Tudo quanto tem", disse Deus, "está na
tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão" (Jó 1.12). Note que
Deus concedeu permissão e estabeleceu parâmetros para a luta. Jó passou no teste, e o diabo queixou-se de que
Jó teria caído se tivesse de
enfrentar a dor. Novamente Deus concedeu permissão, e novamente estabeleceu
parâmetros: "Eis que ele está na tua mão; poupa, porém, a sua
vida" (Jó 2.6).
Embora a dor e as dúvidas sejam
abundantes, no final, a fé e a saúde de Jó são maiores que nunca. Mais uma vez,
não podemos compreender a razão para o teste, mas conhecemos a sua fonte. Leia
os versículos do último capítulo. A família e os conhecidos de Jó "... se condoeram dele e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado"
(Jó 42.11, ênfase minha).
Satanás não tem poder, a não ser
o que Deus lhe permite usar.
Ao pastor da igreja de Esmirna, Cristo disse: "Nada temas das
coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão,
para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a
morte e dar-te-ei a coroa da vida" (Ap 2.10).
Analise por um minuto as
palavras de Jesus. Cristo informa à Igreja
sobre a perseguição, a duração da mesma (dez dias), a razão dela (para
que sejais tentados), e o seu resultado (a coroa da vida).
O coronel Klink trabalha para o outro lado. Satanás marca contra,
em favor do outro time. Você não sabe que isso o aborrece? Mesmo quando aparentemente vence, ele perde. Martinho Lutero
estava certo quando descreveu o diabo como ferramenta de Deus, uma enxada para
cuidar de seu jardim. A enxada nunca corta o que o jardineiro pretende salvar,
e nunca salva o que ele pretende capinar. Indubitavelmente, uma parte da
punição de Satanás é a frustração que ele sente em servir, sem vontade, como
uma ferramenta para criar o jardim de Deus.
Deus também usa o diabo para:
2. Acordar o dormente.
Centenas de anos antes de Paulo, outro líder judeu batalhou com o seu ego,
mas perdeu. Saul, o primeiro rei de Israel, foi consumido pelo ciúme. Ele foi ofuscado por Davi, o jovem filho de uma família
pastoril. Davi fazia tudo melhor do que Saul: cantava melhor,
impressionava mais as mulheres, e até matou o gigante que Saul temia. Porém, em
vez de celebrar as habilidades dadas por Deus a Davi, o rei Saul tornou-se
loucamente hostil. Deus, num evidente esforço para despertar Saul de seu ciúme,
recrutou Satanás. "E aconteceu, ao outro dia, que o mau espírito, da parte
de Deus, se apoderou de Saul, e profetizava no meio da casa" (1 Sm 18.10).
Observe um solene princípio: Há ocasiões em que os corações se
tornam tão duros, e os ouvidos tão surdos, que Deus nos faz sofrer as conseqüências de nossas escolhas. Neste caso, o
demônio foi solto para atormentar Saul. Se Saul não bebeu do copo da bondade de
Deus, deixe-o passar algum tempo bebendo do copo da fúria do Inferno. "Deixe-o
ser levado ao desespero, para que possa ser trazido de volta aos braços de
Deus".2
O Novo Testamento alude à
circunstância onde semelhante disciplina é
administrada. Paulo pune a igreja de Corinto por sua tolerância à
imoralidade. Sobre um adultério na igreja, ele diz:
Seja entregue a Satanás para
destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor (1 Co
5.5).
Paulo deu comparável instrução a Timóteo. O jovem evangelista
estava lidando com dois discípulos que haviam naufragado na fé, e estavam
influenciando negativamente os demais. Sua instrução a Timóteo? "Himeneu e
Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não
blasfemar" (1 Tm 1.20).
Tão drástico quanto possa
parecer, Deus realmente permitirá a uma pessoa sofrer o inferno na terra, na
esperança de despertar-lhe a fé. Um amor
santo faz a severa escolha a fim de livrar o filho das conseqüências de
sua rebelião.
A propósito, isto não ajuda a explicar o excessivo mal existente
no mundo? Se Deus nos permite sofrer as conseqüências de nosso pecado, e o
mundo é cheio de pecadores, então o mundo está a caminho de abundar no mal. Não
é isto o que Paulo quis dizer no primeiro capítulo de Romanos? Após descrever
aqueles que adoram à criatura em vez de ao Criador, o apóstolo fala: "Pelo
que Deus os abandonou às paixões infames" (Rm 1.26). Deus deleita-se vendo
o desgosto e inclinações de seus filhos? Não mais que um pai, ao disciplinar o
filho. Mas o amor santo faz escolhas difíceis.
Lembre-se: disciplina deve
resultar em compaixão, não em miséria. Alguns santos são despertados com um
toque no ombro, enquanto outros precisam de um safanão na cabeça. E sempre que
Deus precisa dar um safanão, Satanás atende a chamada. Ele também atende a
chamada para:
3. Ensinar a Igreja.
Talvez a mais clara ilustração de
como Deus usa Satanás para alcançar seus propósitos seja encontrada na
vida de Pedro. Ouça a advertência que Jesus lhe fez: "... Simão, Simão,
eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo. Mas eu roguei por ti
para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus
irmãos" (Lc 22.31,32).
Note quem está mais uma vez no
controle. Embora tenha um plano, Satanás precisa obter permissão. "É me
dado todo o poder no céu e na terra" (Mt 28.18), explicou Jesus. E esta é
a prova. O lobo não pode pegar a ovelha sem permissão do pastor, e o pastor
apenas permitirá o ataque se, a longo prazo, o sofrimento for compensado pelo
ganho.
O propósito deste teste é prover
um testemunho para a Igreja. Jesus estava
permitindo a Pedro a experiência de um julgamento para que ele
encorajasse os irmãos. Talvez Deus esteja fazendo
o mesmo com você. Deus sabe que a Igreja carece de testemunhos vivos de seu
poder. Sua dificuldade, sua doença, seu conflito estão preparando você para ser uma voz de encorajamento aos
seus irmãos. Tudo o que você precisa lembrar é:
Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus que não vos
deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape,
para que a possais suportar (1 Co 10.13).
Vós bem intentastes mal contra
mim, porém Deus o tornou em bem (Gn 50.20).
Lembre-se: Satanás não pode
penetrar os muros da grande Casa de Deus.
Ainda é difícil imaginar como o
seu esforço pode levar a algum bem? Ainda é difícil compreender como sua
doença, ou a sua dívida, ou a sua morte, podem ser uma ferramenta para algo
vantajoso? Se ainda é difícil, tenho um último exemplo. Não querendo fazer
pouco do seu conflito, devo dizer que ele é
moleza comparado a este outro. Um Salvador justo e puro foi coberto de
pecado. O Autor da vida foi posto na caverna da morte. A vitória de Satanás
parecia certa. Finalmente, o diabo havia marcado para o lado certo. Não apenas
havia marcado ponto, mas principalmente
abatido o herói, deixando-o no chão. O diabo tinha atacado a todos,
desde Sara até Pedro, mas dessa vez tinha acertado. O mundo inteiro tinha
visto. A dança da vitória já tinha começado.
Porém, de repente, houve uma luz
no túmulo, e um ruído de rochas. Então, o drama da sexta-feira emergiu como o
Salvador do domingo, e Satanás compreendeu o papel que desempenhara. Ele havia
sido uma ferramenta nas mãos do jardineiro.
Todas as vezes que ele pensara estar derrotando o Céu, na verdade o
estava ajudando. Deus quis provar seu poder sobre o pecado e a morte, e foi
exatamente o que fez. E adivinhe quem o
ajudou? Mais uma vez a jogada de Satanás favoreceu o plano de Deus. Só
que desta feita ele não deu ao Céu alguns pontos; deu-lhe todo o campeonato.
Jesus emergiu como o vencedor, e
Satanás foi deixado como um... bem, deixarei por conta de sua imaginação.
14. A Capela
Confiando no poder de Deus
Porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
Deparei-me com o
artigo de uma senhora que me fez
lembrar de nós. Ela subiu uma montanha que deveria ter evitado. Ninguém
a teria culpado se tivesse ficado atrás. Com doze graus abaixo de zero, até
Frosty, o boneco de neve, teria optado pelo calor do fogo. Um dia difícil para
se esquiar, mas seu marido insistiu, e ela foi.
Enquanto esperava na linha da subida,
ela compreendeu que precisava de um banheiro. Precisava terrivelmente. Certa
de que haveria um no topo da elevação, ela
e sua bexiga enfrentaram o
exuberante passeio, apenas para descobrir que não havia facilidades. Começou a
entrar em pânico. Seu marido teve uma idéia:
Por que não entrar no bosque? Já que ela estava usando um equipamento todo branco, ficaria disfarçada na
neve. E que banheiro seria melhor que um bosque de pinheiros?
Que escolha tinha ela? Esquiou
além da linha do arvoredo, e abaixou o traje de esquiar. Afortunadamente,
ninguém poderia vê-la. Infelizmente, seu marido não a avisou que deveria tirar
o esqui. Antes que você diga "A lua brilha sobre a colheita", ela
estava de costas para o declive, revelando de si bem mais do que pretendia. Tarde demais. De repente, com os braços
abanando, e o esqui deslizando, ela ganhou velocidade colina abaixo, e
chocou-se com um marco.
Ao mexer-se para cobrir o essencial, descobriu que seu braço estava
quebrado. Afortunadamente, seu marido correu para salvá-la. Ele chamou o esqui-patrulha, que a transportou ao hospital.
Enquanto era tratada na sala de
emergência, um homem com a perna quebrada
chegou carregado, e foi posto perto dela. Havendo recuperado a
compostura o suficiente para uma pequena conversa, ela indagou:
Como foi que quebrou a perna?
Foi a coisa mais incrível que
você pode imaginar — explicou ele. — Eu estava subindo com o esqui, quando, de
repente, não pude acreditar no que meus olhos viram. Havia uma mulher doida,
esquiando de costas, em alta velocidade. Inclinei-me para ver melhor, e acho
que não percebi o quão longe me tinha movido. Caí com tudo.
Então ele virou-se para ela e
perguntou:
— E como foi que quebrou o braço?
Não cometemos o mesmo erro? Escalamos montanhas que nunca
pretendíamos escalar. Tentamos subir, quando deveríamos ter ficado embaixo, e o resultado são alguns sórdidos tombos,
à vista de um mundo observador. A narrativa da senhora (desculpe, não pude
resistir) reflete nossa própria história. Há certas montanhas onde nunca deveríamos
subir. Escale-as, e você acabará contundido e embaraçado. Fique longe delas, e
evitará um monte de estresse. Estas montanhas são descritas na frase final da oração do Senhor. "Teu é o
reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém".
Um retorno à capela
A oração de nosso Senhor tem-nos
dado uma planta da grande Casa de Deus. Desde a sala de estar de nosso Pai até
o aposento familiar, temos aprendido por que Davi almejou habitar para sempre
na casa do Senhor (SI 23.6). Na casa de Deus temos tudo o que precisamos: uma
sólida fundação, uma mesa farta, muros fortes, e um impenetrável telhado da
graça.
E agora, tendo visto cada
aposento, e explorado cada canto, temos uma parada final. Não para uma nova
sala, mas para uma que já visitamos. Retornemos à capela. Retornemos à sala de
adoração. A capela, você se lembra, é onde ficamos perante Deus, e confessamos
"Santificado seja o teu nome".
A capela é o único compartimento
da casa de Deus duas vezes visitado por nós. Não é difícil compreender o
porquê. É duplamente melhor pensar em Deus que em qualquer outra coisa. Deus
quer que comecemos e terminemos nossa oração pensando
nEle. Jesus insiste que olhemos mais para o cume do que para a trilha.
Quanto mais focalizamos lá em cima, mais inspirados ficamos aqui embaixo.
Alguns anos atrás, um sociólogo
acompanhou um grupo de alpinistas numa excursão. Entre outras coisas, ele
observou uma distinta correlação entre a cobertura de nuvens e o contentamento.
Quando não havia nuvens, e o pico da montanha era
visível, os escaladores eram enérgicos e cooperativos. Quando nuvens
cinzentas eclipsavam a visão do topo, tornavam-se calados e egoístas.
A mesma coisa acontece conosco.
Quanto mais nossos olhos se fixam em sua majestade, maior é a vivacidade de
nossos passos. Deixe, porém, os olhos focalizarem a lama sob nós, e
resmungaremos das pedras e fendas que temos de atravessar. Por esta razão,
Paulo insiste: "... buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está
assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são
da terra" (Cl 3.1,2).
Paulo desafia você a estar
alerta às coisas que estão ao redor de Cristo. Usando uma frase diferente, o
salmista convoca-o a fazer o mesmo. "Magnificai ao Senhor comigo, e juntos
exaltemos o seu nome" (SI 34.3).
Magnificar. Que verbo
maravilhoso para descrever o que fazemos na capela. Quando você magnífica um
objeto, você o amplifica para que possa entendê-lo. Quando magnificamos a Deus, fazemos o mesmo. Alargamos nossa
consciência dEle, e assim podemos compreendê-lo melhor. E isto
exatamente o que acontece na capela da adoração — tiramos o pensamento de nós mesmos e o centramos em Deus. A ênfase é nEle.
"Teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre".
É este exatamente o propósito da
frase final da oração do Senhor. Estas palavras magnificam o caráter de Deus.
Gosto muito de como esta frase é traduzida em The Message.
Tu estás no comando! Tu podes
tudo o que quiseres! Tu és flamejante em
formosura! Sim! Sim! Sim!
Poderia ser mais simples? Deus
está no comando! Este conceito não nos é estranho. Quando o garçom da
lanchonete lhe traz um hambúrguer frio e uma soda quente, você quer saber quem
está no comando. Quando um jovem galã deseja impressionar a namorada, ele a
leva até a loja de conveniência onde trabalha, e se gaba: "Todas as
noites, das cinco às dez, estou no comando". Sabemos o que significa estar
no comando de um restaurante ou de uma loja, mas, estar no comando do Universo?
Esta é a reivindicação de Jesus.
Ressuscitando-o dos mortos, e
pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo principado, e poder, e
potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas
também no vindouro. E sujeitou todas as
coisas a seus pés e, sobre todas
as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a
plenitude daquele que cumpre tudo em todos (Ef 1.20,23, ênfase minha).
Há muitos exemplos da autoridade
de Jesus, mas mencionarei apenas um dos meus favoritos. Jesus e os discípulos
estão num barco, atravessando o mar da Galiléia. Levanta-se, de repente, uma
tempestade, e o que era plácido torna-se violento — monstruosas ondas elevam-se
do mar, golpeando o barco. Marcos descreve claramente: "E levantou-se
grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que
já se enchia de água" (Mc 4.37).
É muito importante que você
tenha uma idéia exata do quadro; então poderei pedir-lhe que se imagine no
barco. É uma embarcação forte, mas não para estas ondas de três metros. Ela
afunda o nariz no muro de água. A força das ondas inclina perigosamente o
barco, até que a proa pareça estar apontando diretamente para o céu e,
exatamente quando você teme virar de costas, o barco arremessa-se diante de
outra onda. Uma dúzia de mãos juntam-se às suas, agarrando o mastro. Todos os
seus colegas de bordo estão com água até a cabeça, e de olhos arregalados. Você
sintoniza o ouvido para uma voz calma, mas tudo o que ouve são gritos e
orações. De repente você é atingido por uma percepção: está faltando alguém.
Onde está Jesus? Ele não está no mastro. Não está agarrado à borda. Onde está
ele? Então você escuta algo — um ruído... um som deslocado... como se alguém
estivesse roncando. Você se vira e olha. E lá, encolhido na popa do barco, está
Jesus — dormindo!
Você não sabe se fica surpreso
ou bravo, e então fica ambas as coisas.
Como ele pode dormir numa hora dessas? Ou, como os discípulos, indaga:
"... Mestre, não te importa que pereçamos?" (Mc 4.38).
Se você é pai de um adolescente,
já deve ter recebido semelhante indagação. Da vez que você recusou-se a hipotecar
a casa para que sua filha pudesse comprar o tênis da moda, ela perguntou:
"Você não se importa que eu pareça antiquada?"
Os pais se importam? Claro que sim. Só que eles têm uma perspectiva
diferente. O que os adolescentes enxergam como tempestade, a mamãe e o papai vêem como chuva de primavera. Eles
têm estado por perto o suficiente para saber que estas coisas passam.
Assim foi Jesus. A tempestade que causou pânico nos discípulos,
nEle provocou sonolência. Aquilo que pôs medo nos olhos dos discípulos, nos de
Cristo pôs sono. O barco era um túmulo para os seguidores, e um berço para o
Senhor. Como poderia Ele dormir em meio a uma tempestade? Simples: Ele estava
no comando dela.
O mesmo acontece com você e a televisão. Já cochilou com a
televisão ligada? Claro que sim. Coloque, porém, a mesma televisão na palhoça
de um índio da Amazônia, que nunca viu uma, e acredite-me, ele não dormirá.
Como poderia alguém dormir na presença de
uma caixa falante? Tanto quanto ele sabe, aquelas pequenas pessoas atrás
da parede de vidro podem pular para fora da
caixa e vir atrás dele. Não há como ele pegar no sono. E também não há
como ele deixar você dormir. Se você pegar
no sono, ele o despertará. Você não se importa que estejamos para ser massacrados? Em vez de discutir
com ele, o que você faz? Você
prontamente aciona o controle remoto, e a desliga.
Jesus nem mesmo precisa de um
controle remoto. "E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar:
Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou,
e ouve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não
tendes fé?" (Mc 4.39,40).
Inacreditável. Ele não entoou um mantra, nem agitou uma varinha
mágica. Nenhum anjo foi chamado; nenhuma ajuda era necessária. As águas
tempestuosas tornaram-se em mar pacífico imediatamente. Calma instantânea.
Nenhuma ondulação. Nenhum pingo d'água. Nenhuma rajada de vento. Num momento, o
mar passou de torrente encrespada a lagoa serena. A reação dos discípulos? Leia
o verso 41: "E sentiram um grande temor e diziam uns aos outros: Mas quem
é este que até o vento e o mar lhe obedecem?"
Nunca haviam encontrado um homem
como este. As ondas lhe eram sujeitas, e os
ventos, seus servos. E aquilo foi só o começo do que seus companheiros
de mar testemunhariam. Eles veriam peixes encherem o barco, demônios
entranharem-se em porcos, aleijados virarem dançarinos, e cadáveres voltarem à
vida.
"Pois com autoridade ordena
aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!", maravilhavam-se as pessoas
(Mc 1.27).
É de admirar que os discípulos
estivessem dispostos a morrer por Jesus? Nunca tinham visto tal poder; nunca
haviam contemplado tal glória.
Era como se... bem, era como se o Universo inteiro fosse o seu
reino. Você não teria necessidade de lhes explicar este versículo; eles
conheciam-lhe o significado: "Teu é o reino, e o poder, e a glória para
sempre".
De fato, seriam dois desses
pescadores salvos quem mais claramente lhe declararia a autoridade. Ouçam
João:"... maior é o que está em vós do que o que está no mundo" (1 Jo
4.4). Atenção para Pedro: "o qual [Jesus] está à destra de Deus, tendo
subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as
potências" (1 Pe 3.22).
É mais que natural eles lhe
haverem declarado a autoridade. E é mais que natural que o façamos também. E é
isto exatamente o que esta frase é: uma declaração. Uma declaração vinda do
coração. Uma declaração que Deus merece ouvir. Não merece? Deus não merece
ouvir-nos proclamar a sua autoridade? Não é justo que gritemos do fundo de
nosso coração, e do alto de nossas vozes: "Teu é o reino, e o poder, e a
glória para sempre!"? Não nos é apropriado fitar os cumes dessas montanhas
de Deus e adorá-lo?
Claro que é. Não apenas Deus é
digno de receber nosso louvor, como precisamos dá-lo.
Montanhas para as quais você não
foi feito para escalar
Há certas montanhas onde somente
Deus pode subir. O nome delas? Você as verá
quando olhar pela vidraça da capela, na grande Casa de Deus. "Teu é
o reino, e o poder, e a glória para sempre". Um trio de picos cobertos de
nuvens. Admire-os, aplauda-os, mas não os escale.
Não digo que você não possa tentar, mas que não é capaz. O
pronome é teu, não meu; teu é o reino, não meu é o reino.
Se a palavra Salvador está na descrição de seu trabalho, é porque você a
pôs lá. Seu papel é ajudar o mundo, não salvá-lo. O Monte Messias é uma
montanha para a qual você não foi feito para escalar.
Nem o Monte Auto-Suficiência.
Você não é capaz de mover o mundo, nem de sustentá-lo. Alguns de vocês acham
que podem. Vocês são feitos por si mesmos. Vocês não dobram os joelhos; apenas arregaçam as mangas e acrescentam
outras doze horas ao dia... o que pode ser suficiente para se ganhar a
vida ou desenvolver um trabalho. Mas quando vocês enfrentarem a própria
sepultura, ou a própria culpa, seu poder não realizará o truque.
Você não foi feito para dirigir
um reino, nem se espera que você seja todo-poderoso. E você certamente não pode
lidar com toda a glória. O Monte do Aplauso é o mais sedutor dos três. Quanto
mais alto você sobe, mais as pessoas aplaudem. Porém os aplausos se diluem no
ar. A pessoa sobe ao mais alto topo e grita: "Minha é a glória!",
somente para perder o equilíbrio e cair.
"Teu é o reino, e o poder,
e a glória para sempre". Que proteção nos proporciona esta última frase!
Ao confessar que Deus está no comando, você
admite que você não está. E quando você dá a Deus todo o aplauso, nada é
deixado para confundir-lhe o cérebro.
Deixemos que a senhora sobre a
colina nevada nos ensine uma lição: Há certas montanhas que não nos compete
subir. Permaneça embaixo, onde você foi feito para ficar, e assim não se exporá
ao aborrecimento.
15. Um Lar para o seu Coração
Recentemente, minha filha Sara convidou uma amiga para passar a noite em
casa. Não haveria aula no dia seguinte; então deixei que ambas ficassem
acordadas até quando quisessem. Para duas garotas de sete anos, a suspensão do
horário de dormir é como um convite para sair da fila da morte. Elas me superaram. Cochilei em minha cadeira e,
quando acordei, percebi que já era quase meia-noite, e elas ainda
estavam acordadas.
— Muito bem, garotas — informei
eu. — É melhor irmos para a cama.
Gemendo o tempo inteiro, elas
mudaram a roupa, escovaram os dentes, e foram para a cama. Foi então que a
nossa pequena hóspede pediu para telefonar à mãe. A princípio recusei, mas
então seu queixo tremeu e seus olhos encheram-se de lágrimas. Percebendo que
estávamos à beira de uma explosão, passei-lhe o telefone.
Eu podia pressentir o que se
passava do outro lado da linha — um telefone tocando na escuridão, uma mãe
passando por cima do marido adormecido para agarrar o fone.
A pequena menina nem mesmo disse
alô.
— Mamãe, quero ir para casa.
Com um ursinho numa das mãos, e
o telefone na outra, ela advogava sua causa. Ela estava com medo de acordar num
quarto estranho. Esta não era a sua casa.
Ela queria a sua cama, o seu travesseiro; e, acima de tudo, queria a sua
mamãe.
Não posso culpá-la. Quando
viajo, a parte mais dura da viagem é a hora
de dormir. O travesseiro nunca parece bom, os lençóis parecem tão... tão
esticados? Além disso, quem sabe quem dormiu aqui a noite passada? As cortinas
nunca bloqueiam totalmente os raios da luz de néon. Eu preciso levantar cedo,
mas quem confia que a telefonista se lembrará de me acordar? Além disso, houve
aquela noite em Boise, quando ninguém me telefonou e... meus pensamentos
cobriram desde a consulta médica de Denalyn até o imposto de renda da próxima
primavera. Eu poderia ligar para casa, porém era tarde demais. Poderia dar um
passeio, mas correria o risco de ser assaltado. Poderia fazer um pedido ao serviço
de quarto, porém já o fizera. Poderia ir
para casa, mas, bem, eu já era bastante crescidinho. Finalmente
sentei-me na cama, liguei a TV, e assisti
Sport Center até meus olhos arderem, e eu pegar no sono.
Posso entender a amiga de Sara.
Quando se trata de repousar o corpo, não há casa como a da gente.
Também posso entender o salmista
Davi. Quando se trata de repousar a alma, não há lugar como a grande Casa de
Deus. "Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei", escreveu ele.
"que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e aprender
no seu templo. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu
pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma
rocha" (SI 27.4,5).
Se você pudesse pedir a Deus uma
coisa, o que lhe pediria? Davi conta-nos o que solicitaria. Ele almeja viver
na casa de Deus. Enfatizei a palavra viver porque ela merece ser
enfatizada. Davi não quer conversar. Ele não deseja uma xícara de café no
alpendre dos fundos. Não pede uma refeição, nem pede para passar a noite na
casa de Deus. Ele deseja mudar-se para lá... para sempre. Ele está pedindo um
quarto próprio... permanente. Ele não quer estacionar na casa de Deus. Ele quer
recolher-se nela. Ele não busca uma estadia temporária, mas uma residência
vitalícia.
Quando Davi diz "habitarei
na casa do Senhor por longos dias" (SI
23.6), está simplesmente dizendo que nunca se afastará de Deus. Ele
anela permanecer na aura, na atmosfera, cônscio de estar na casa de Deus, onde
quer que esteja.
A oração do Senhor é um traçado
da casa de Deus: uma descrição gradativa de como Deus satisfaz nossas
necessidades, quando habitamos nele. Tudo o que sucede numa casa saudável é
descrito nesta oração. Proteção, instrução, perdão, provisão... tudo acontece
sob o telhado de Deus.
"Então, por que tantas
pessoas não se sentem protegidas, perdoadas, ou instruídas?", indaga você.
Minha resposta é tão simples
quanto é direta a pergunta. A maioria não aprendeu a viver na casa. Oh, nós a
visitamos. Paramos nela por alguns dias, ou até nos achegamos para uma
refeição. Mas, residir lá? Este é o desejo de Deus.
Lembre-se da promessa de seu Filho:"... Se alguém me ama, guardará
a minha palavra e meu Pai o amará, e viveremos para ele e faremos nele
morada" (Jo 14.23). Ele quer ser aquele em quem "vivemos, e nos
movemos, e existimos" (At 17.28).
Deixe-me concluir com um exemplo
de como esta oração pode ser um lar para o seu coração. Tenho um longo caminho
a percorrer, porém estou tentando aprender a viver na grande Casa de Deus. Nos
últimos sete dias, tomei nota das vezes em que busquei força em uma das partes
da casa.
No domingo, eu estava cansado,
fisicamente esgotado, então caminhei até a
capela e disse: "Teu é o poder". E o Pai lembrou-me que era apropriado
descansar.
Na segunda, eu tinha mais a fazer do que tempo para fazê-lo. Em vez de
me estressar, fui até a cozinha e pedi o pão de cada dia. Ele deu-me forças
para fazer tudo o que era necessário.
A GRANDE CASA DE DEUS
Na terça, fui à cozinha
novamente. Precisando de algumas idéias para um livro infantil, fui até a mesa
e fiz um pedido. Na hora de dormir, o manuscrito estava esboçado.
Tivemos uma reunião estratégica
esta semana. Começamos com meia hora de oração e adoração, durante a qual
caminhei até o observatório, e então entrei na capela. Pedi a Deus — que fez os
céus — para que a reunião corresse bem. E Ele atendeu. Pedi ao Deus Santo, que
está acima de nós, e Ele me ouviu.
Em certa ocasião eu estava
impaciente. Fui para o corredor e pedi a graça de Deus, apenas para descobrir
que já me fora dada. De outra feita, eu fui tentado, até o momento exato em que
uma pessoa entrou na sala com uma palavra sábia, e eu fui lembrado da espessura
dos muros. E então houve a frustração que experimentei sobre uma opinião pessoal.
Não sabendo como responder, encaminhei-me ao estúdio e abri a Palavra. Foi
então que 1 Coríntios 13 recordou-me: "O amor é paciente e bom".
Não quero deixar uma impressão
errada. Há ocasiões em que me preocupo, em vez de adorar; ocasiões quando digo
a Deus o que gostaria de comer, em vez de confiar nEle para encher meu prato.
Não obstante, dia-a-dia, estou aprendendo a viver na grande Casa de Deus.
Espero que você também esteja.
Aceite o conselho de Paulo e "ore sem cessar". Nunca perca de vista a
casa de Deus. Quando estiver preocupado com as suas contas, vá até a cozinha de
Deus. Quando estiver se sentindo mal por causa de um erro, levante os olhos ao
telhado. Quando visitar um novo cliente, sussurre uma oração ao entrar no
escritório: "Venha o teu reino para este lugar". Quando achar-se numa
reunião tensa, mentalmente, caminhe até a fornalha e ore: "Deixe a paz do
céu ser sentida na terra". Quando for difícil perdoar seu cônjuge, puxe o
cheque da graça de Deus que lhe foi dado.
Minha oração por você é a mesma
de Paulo: "... transformai-vos pela renovação do vosso entendimento"
(Rm 12.2). Possa o Espírito Santo mudar-lhe a mente. Possa você experimentar
tão grande bem-estar na casa de Deus, que nunca a queira deixar. E quando
encontrar-se noutra casa, possa você fazer o que fez a amiguinha de Sara —
ligar para casa. Conte ao seu Pai que você não consegue repousar em nenhuma
outra casa, que não a dEle. Ele não fará pouco da chamada. Na verdade, está
esperando pelo telefonema.
PÓS-ESCRITO
Seu modelo, nosso guia
Estamos em casa.
Não é maravilhoso saber que estamos no lar a
que pertencemos? Aqui, no lugar onde nosso espírito anelava repousar...
no lugar onde nos sentimos salvos e seguros.
Posso dar uma sugestão para a
sua vida na Grande Casa de Deus? A cada dia, ao acordar em sua presença,
lembre-se da planta da construção. E enquanto conversa com o Pai, trace na
mente o projeto. E um modo de ajudar a entrar em sua presença. Eis aqui um
exemplo de como a Oração do Senhor pode guiar suas orações:
Pai nosso
Obrigado por adotar-me em tua
família.
Que estás
Obrigado, meu Senhor,
Por seres um Deus do tempo
presente:
Meu Jeová-Jiré (o Deus que
prove),
Meu Jeová-Raah (o afetuoso
pastor),
Meu Jeová-Shalom (o Senhor é
paz),
Meu Jeová Rafa (o Senhor que
cura),
E meu Jeová-Nissi (o Senhor,
minha Bandeira).
No céu,
Tua oficina da criação
recorda-me: Se pudeste fazer os céus, também podes fazer sentido fora de meus
esforços.
Santificado seja o teu nome.
Sê santo em meu coração.
Tu estás "um corte
acima" de tudo o mais.
Capacita-me a focar minha visão
em ti.
Venha o teu reino,
Vem reinar!
Sê presente, Senhor Jesus!
Tenha livre soberania em cada
ângulo de minha vida.
Seja feita a tua vontade,
Revela-me o teu coração, Pai
querido.
Mostra-me a minha parte em tua
paixão.
Orienta-me nas seguintes
decisões...
Assim na terra como no céu.
Obrigado por silenciares o céu
para ouvir minha oração.
Em meu coração estão aqueles a
quem amas.
Oro por...
O pão nosso de cada dia
dá-nos hoje.
Aceito a tua porção para a minha
vida hoje.
Entrego-te as seguintes
preocupações,
Concernentes ao meu bem-estar...
Perdoa-nos as nossas dívidas,
Agradeço-te pelo telhado da
graça sobre a minha cabeça,
Construído com o lenho e os
pregos do Calvário.
Não há nada que eu possa fazer
para merecer-te a
misericórdia, ou acrescentá-la.
Confesso-te os meus pecados...
Assim como nós perdoamos aos
nossos devedores;
Trata-me, Pai, assim como trato
aos outros.
Tenha misericórdia dos seguintes
amigos que me têm
magoado...
Não nos induzas à tentação,
Deixa minha pequena mão ser
engolfada na tua.
Segura-me para que eu não caia.
Peço-te força especial com
respeito a ...
Pai nosso... dá-nos...
perdoa-nos... guia-nos
Repousa a tua bondade sobre toda
a tua igreja.
Oro especialmente pelos pastores
próximos
E pelos missionários distantes.
Teu — não meu — é o reino, Deixo
meus planos aos teus pés.
Teu — não meu — é o poder, Venho
a ti em busca de forças.
Tua — não minha — é a glória,
Dou-te todo o crédito.
Para sempre. Amém.
Teu — não meu — é o poder.
Amém.
Por Steve Halliday
1. Um lar para o seu coração
VAMOS REFLETIR
1. Deus pode ser a
sua habitação.
A. De que modo
Deus pode ser a habitação de alguém?
B. Deus é a sua
habitação? Explique.
2. Você pode passar
dias sem pensar em Deus, porém Ele não passa um só momento sem pensar em você.
A. Com que
freqüência você pensa em Deus? O que o
impede de pensar nEle? Como você
supera estes
obstáculos?
B. Você acredita que
Deus nunca pára de pensar em
você? Explique.
3. Você está a um
passo da casa de Deus. Onde quer que
você esteja. Qual quer que seja
o momento.
A. O que Max quer
dizer com "andando dentro da casa
de Deus"?
B. Esta imagem da
Grande Casa de Deus ajuda você a
compreender e utilizar a Oração
do Senhor? Por quê?
4. Cristo
providenciou-nos mais que um modelo de oração;
providenciou-nos um modelo de
vida. Estas palavras fazem
mais do que ensinar-nos o que
dizer a Deus; ensinam-nos
como existir com Ele.
A. De que modo a
Oração do Senhor é um modelo de
vida?
B. De que maneira a
Oração do Senhor nos diz como
existir com Deus?
Que parte da Oração do Senhor
fala mais
poderosamente com você?
VAMOS ESTUDAR
1. Leia a Oração do Senhor em Mateus 6.9-13.
A. Que parte desta
oração mais o encoraja? Por quê?
B. Que parte mais o
condena? Por quê?
C. Há alguma parte
que você não compreende? Se
assim for, qual é ela? (Então,
depois, leia
especialmente o comentário de
Max sobre esta parte, no livro).
D. Se você fosse
associar as partes de uma casa a cada
parte desta oração, como o
faria?
2. Leia Atos 17.24-28.
A. Que imagem de
Deus esta passagem retrata? Como
esta imagem se ajusta ao seu
conceito de oração?
Explique.
B. Observe o verso 28. Como o conceito mencionado aí
se ajusta com a imagem que Max faz da Grande Casa
de Deus?
3. Leia Salmos 90.1,2.
A. O que se destaca
nestes versículos?
B. Que espécie de
pedido Moisés faz a Deus no restante
do Salmo? (Veja especialmente os
versículos de 12 a
17).
4. Leia 1 Tessalonicenses 5.17,18; Romanos 12.12; Efésios 6.18-20; Hebreus 13.15,18,19. Colossenses
4.2-4; Filipenses 4.6,7.
A. O que você aprendeu sobre oração em cada um dos
versos acima?
Como o modelo de oração apontado
na Oração do Senhor
relaciona-se às passagens acima?
VAMOS ORAR
Esta semana, leia a Oração do
Senhor em Mateus 6.9-13, ao menos um vez ao dia. Leia-a meditando, deixando-se
impregnar por suas ricas verdades. E então tire um tempo para orar acerca de
cada área de sua vida, baseando-se neste modelo de oração.
Sente-se com um papel e uma
caneta, e escreva, separadamente, cada frase
da oração do Senhor. Divida a oração em unidades que façam sentido para
você — "Pai nosso", por exemplo, ou "santificado seja o teu nome" — e escreva um parágrafo sobre o
significado desta unidade para você. E então tire um momento para fazer a
Oração do Senhor, considerando especialmente o que você escreveu sobre
suas várias partes.
2. Quando seu coração necessita de um Pai
VAMOS REFLETIR
1. Você pode estar disposto a deixar de ser filho de Deus.
Porém Deus não está disposto a deixar de ser seu Pai.
A. Você já esteve disposto a deixar de ser filho de Deus?
Em caso afirmativo, explique. O que levaria alguém a
querer deixar de ser filho de
Deus?
B. Como sabemos
que Deus não está disposto a deixar
de ser nosso Pai? Como você
tentaria explicar este
fato a alguém que considera isto
bom demais para ser
verdade?
2. "Pai
nosso" lembra-nos que somos bem-vindos à casa de
Deus, porque fomos adotados pelo
dono.
A. Você se sente bem
recebido na casa de Deus? Por
quê?
B. O que há de
importante em tornar-se membro da
família de Deus mediante a
adoção? Por que a Bíblia
usa o termo "adotado"?
3. Deus o adotou
simplesmente porque quis. Foi um gesto de
sua boa vontade e favor.
A. Por que você acha
que Deus quereria adotar algum de
nós?
B. De que modo todos nós (inclusive você) acreditamos
"na boa vontade e no favor" de Deus? Porque Max
acredita nisto? Você acredita? Explique.
4. Nosso Deus não é
um Pai só nos bons momentos. Ele não
entra nessa de "ame-o e
deixe-o engordar". Posso contar
com Ele em meus apuros, não importa qual seja o meu
desempenho. Você também pode.
A. Por que é importante saber que Deus nunca nos
deixa? De que modo somos afetados por este conhecimento?
Você sempre sente que Deus está
com você em todos os seus apuros? Estes sentimentos são verdadeiros? Como você lida com eles?
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a
expressão "Pai nosso".
A. O que ela lhe
comunica? Como ela faz você se sentir?
Que imagem ela lhe traz à mente?
B. De que modo Deus
é como um pai?
2. Leia Lucas 15.11-32.
A. Que imagem de pai
é apresentada nesta história? Por
que você acha que Jesus pintaria
tal quadro?
B. Com que
personalidade da história você mais se
identificou? Por quê?
C. Por que o verso
vinte é um bom retrato de nosso Pai
celeste? Como esta imagem
mantida em nossa mente
pode nos ajudar em nossa vida de
oração?
3. Leia Romanos 8.15-17; Gaiatas 4.4-7; Efésios 1.3-8.
A. De acordo com estas passagens, como alguém se
torna filho de Deus?
B. Que direitos e privilégios são garantidos aos filhos de
Deus, de acordo com os versículos acima?
C. Como você acha que o conhecimento destes fatos
afetam nossa vida de oração? Ele influencia o seu modo de orar? Por quê?
VAMOS ORAR
Passe ao menos cinco minutos com
Deus, falando-lhe exclusivamente do que significa para você ser chamado filho
dEle.
No Novo Testamento, Deus é chamado de Pai mais de 200 vezes. Pegue uma
concordância, e encontre algumas delas. Escolha dez dessas passagens, e ore
baseado nelas, falando com Deus de suas características paternais, descritas em
cada versículo que você escolheu.
3. Onde a confiança começa
VAMOS REFLETIR
1. Deus é a fundação
de sua própria casa.
A. O que significa a
afirmativa acima?
B. Quão estável
seria a casa, se Deus não fosse a sua fundação? Explique.
C. O que aconteceria se a casa de Deus fosse
construída sobre a fundação da força humana?
2. A pergunta-chave
na vida não é "Quão forte sou eu?" mas sim "Quão forte é
Deus?"
A. Por que esta é a
pergunta-chave na vida?
B. Por que é tão
fácil inverter a declaração acima? Você costuma
fazê-lo? Se assim é, o que acontece quando o faz?
C. Esta
pergunta-chave depende de seu relacionamento com Deus. Explique por que isto é
assim, e descreva como você entra em relacionamento com Ele. Como você descreve
este relacionamento?
3. Meditar nos
nomes de Deus faz você lembrar-se de seu caráter. Pegue estes nomes e
enterre-os em seu coração.
A. Max Lucado alista
alguns dos nomes de Deus. Qual deles tem maior significado para você? Por quê?
B. Por que "enterrar" os nomes de Deus no
coração? O que isto significa? Por que é importante? Você o tem feito?
Explique.
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a frase "Deus é".
A. O que significa
para você saber que Deus "é"?
B. Como você se
sentiria se Deus "não fosse"?
C. Como Deus lhe
mostra, pessoalmente, que Ele "é"?
2. Leia Isaías 6.1-4 e Apocalipse 4.6-11.
A. Que atributo de
Deus está em destaque em ambas as passagens? Descreva-o com suas próprias
palavras.
B. Conforme descrito
nessas passagens, como esses seres que cercam Deus reagem a Ele? Por que reagem
assim?
C. Por que é importante ter isto em mente ao
dirigir-nos, em oração, ao nosso Pai Celeste?
3. Considere as
seguintes passagens bíblicas. Elas apresentam vários nomes de Deus. Como cada
um deles é importante. Em que circunstâncias da vida cada um deles é
especialmente apelado?
A. Gênesis 1.1, Elohim (Deus o Criador).
B. Gênesis 48.15, Jeová Raah (Afetuoso Pastor).
C. Gênesis 22.7,8, Jeová Jiré (O Senhor que Prove).
D. Juizes 6. 24, Jeová Shalom (O Senhor é Paz).
E. Êxodos 15.26, Jeová Rafa (O Senhor que te Cura).
F. Êxodos 17.8-16, Jeová-Nissi (O Senhor minha Bandeira).
VAMOS ORAR
Tire alguns minutos para
confessar a Deus suas fraquezas. Seja específico. Confesse, por exemplo, sua
paciência curta, seu orgulho, seu apego mais às coisas que às pessoas. Então
tire um tempo duas vezes maior para louvar a Deus por sua força e fidelidade
para com você. Agradeça-o por limpá-lo através do sangue de seu Filho, e por
adotá-lo em sua família.
Escolha um dos nomes de Deus
alistados acima, e medite nele um dia inteiro. Escreva o versículo apropriado num
cartão, e reporte-se a ele freqüentemente ao longo do dia. Então, antes de
deitar-se à noite, louve a Deus por mostrar-lhe esse aspecto dEle, e agradeça-o
por atuar de acordo com o seu nome.
4. Uma afeição celestial
VAMOS REFLETIR
1. Deus vive num
domínio diferente. Ele ocupa outra dimensão.
A. De que modo Deus
vive num domínio e numa dimensão diferentes dos nossos?
B. Se Deus não
vive conosco, como Ele pode ajudar-nos?
2. Você quer saber quem é Deus? Veja o que Ele tem feito.
A. Você quer saber
quem é Deus? Por quê? Que diferença isto faz?
B. Como o fato de
olhar o que Deus tem feito nos mostra quem Ele é?
3. Passe algum tempo andando pelo workshop dos
céus, vendo o que Deus tem feito, e sinta como suas orações serão
energizadas.
A. Por que Max acha
que há uma conexão entre fitar as estrelas e a força de nossa vida de oração?
Esta conexão está presente em sua vida? Explique.
B. Quando foi a
última vez que você passou alguns minutos apenas contemplando o Céu? Poderia
fazê-lo esta noite?
4. Da próxima vez
que a aurora prender-lhe a respiração, ou um prado em flores deixá-lo mudo, lembre-se desse detalhe. Não diga coisa alguma,
e ouça como o Céu cochicha: "Você gostou? Fiz isto para você".
A. Por que, muitas
vezes, o silêncio é a reação mais apropriada ao sentimento de admiração?
B. Você acha que
Deus teria feito o mundo tão belo, se você fosse a única pessoa no planeta?
Explique.
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a frase "Pai nosso que estás nos céus".
A. O fato de Deus
estar no Céu o torna distante de você? Explique.
B. Que benefícios
existem em ter um Deus "no Céu"?
2. Leia 1 Coríntios 1.25.
A. Que comparação é feita neste verso? O que ele pretende
comunicar?
B. Por que este
versículo deveria dar-nos maior confiança na oração?
3. Leia Isaías 55.8,9.
A. Que comparação é
feita neste versículo? O que ele pretende comunicar?
B. Por que este
versículo deveria dar-nos maior confiança na oração?
C. Como este verso
pode ajudar-nos a explicar alguns de nossos desapontamentos na oração?
4. Leia o Salmo 19.1-6.
A. De acordo com esta passagem, como o Universo nos ensina sobre
Deus?
5. O que Davi
aprendeu sobre Deus, observando o Universo? Você acha que tal conhecimento
ajudou ou estorvou sua vida de oração? Explique.
VAMOS ORAR
1. Na próxima noite
clara, tire meia hora sem fazer nada, e fique deitado no chão, apenas fitando o
céu. O que você vê? Tente contar as estrelas. Depois de desfrutar da glória dos
céus, gaste igual quantia de tempo louvando a Deus pelo que você viu. Louve-o
por seu poder, sabedoria, graça e amor. Agradeça-o por você ter olhos para
ver-lhe a criação, e uma mente para compreender algo dela. Tenha bons momentos
celebrando ao Deus Todo-poderoso!
2. Tire alguns
minutos para ler Apocalipse 21; 22.6. Lembre-se de que o lugar descrito nesta
passagem é a casa de Deus, e um mero reflexo de sua majestade e grandeza. Então
louve-o por criar um lugar tão aprazível, onde passaremos com Ele a eternidade.
Ore durante esta leitura, agradecendo-o por
sua bondade em providenciar-nos um lar eterno e tão maravilhoso.
5. Onde o homem fecha a boca
VAMOS REFLETIR
1. Há ocasiões em que o falar profana o momento. O
silêncio representa o mais elevado respeito. A palavra para tais ocasiões é reverencia.
A oração para estes momentos é "Santificado seja o teu
nome".
A. Qual o significado de "reverência" para
você? Por que ela está associada ao silêncio?
B. Como alguém
"santifica" o nome de Deus? De um ponto de vista antagônico, como alguém o profana? Nesta última
semana, você tem feito mais uma coisa que a outra? Explique.
2. Disse Deus a Jó:
"Tão logo você seja capaz de lidar com assuntos tão simples como a
quantidade das estrelas, e o estiramento do pescoço da avestruz, teremos uma
conversa sobre dor e sofrimento. Mas até então, podemos passar sem os seus
comentários".
A. Se você estivesse
no lugar de Jó, acha que teria reagido igual a ele? Por quê?
B. Em circunstâncias difíceis, você sempre exige
respostas de Deus? Se Ele fosse responder suas indagações, o que acha
que Ele lhe diria?
3. Quando você
firma a vista em Deus, está focalizando alguém "um cor te acima"
daquilo que quaisquer tempestades na vida possam trazer.
A. Como você pode
firmar a vista em Deus? O que isto acarreta?
B. Como a atitude
de firmar a vista em Deus pode nos ajudar em meio às tempestades da vida? Você tem algum exemplo pessoal disso? Se tem,
descreva-o.
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a frase: "Santificado seja o teu nome".
A. Como uma pessoa
pode "santificar" algo?
B. Como o termo
"santificar" relaciona-se ao termo "santo"?
2. Leia Jó 38.3-18.
A. Qual o ponto principal
nas perguntas de Deus? Que lição Ele queria que Jó aprendesse?
B. Se você estivesse no lugar de Jó, à esta altura
da história, como acha que teria reagido? Por quê?
C. O que você
aprendeu sobre Deus nesta passagem?
3. Leia Jó 40.4,5; 42.1-6.
A. Como Jó reagiu à
conversa de Deus? Foi uma reação apropriada? Por quê?
B. O que Jó
finalmente aprendeu sobre Deus? Como isto mudou-lhe a atitude para com aquela
circunstância?
C. Em todo o discurso
de Deus, Ele respondeu às perguntas de Jó?
4. Leia o Salmo 46.10.
A. Que ordem nos é
dada neste versículo? Qual a razão para ela?
B. Para você, tal
ordem é fácil de obedecer? Por quê?
VAMOS ORAR
Faça um passeio longo e demorado
por um lugar onde você possa estar a sós com Deus, e desfrutar da obra de suas
mãos. Esteja em silêncio, enquanto se maravilha com o seu trabalho manual e a
sua criatividade. Observe tudo o que puder à sua volta — cores, cheiros,
formas, a imensidade e a pequenez de sua criação. Ao final de sua caminhada,
quebre o silêncio e agradeça a Deus pela beleza da criação, e por lhe haver
dado a capacidade de desfrutar de tudo. Fale com Deus reverente e amavelmente,
e evite pedir-lhe qualquer coisa nesta oração.
Devagar e cuidadosamente, leia os capítulos 38 a 41 de Jó. Tente imaginar,
tanto quanto puder, os mistérios descritos de Deus. Depois tente colocar-se em
lugar de Jó, e responda: Como você se sentiria se Deus tivesse de lhe passar
tal mensagem tão carregada de poder? Despenda algum tempo a sós com Deus, em
silêncio, aquecendo-se em sua irresistível majestade e esplendor.
6. Tocando o coração do Rei
VAMOS REFLETIR
1. Quando você diz
"Venha o teu reino", está convidando o próprio Messias a entrar em seu mundo... Este não é um
pedido débil; é um audacioso apelo para Deus ocupar cada ângulo em sua
vida.
A. Você tem
convidado o Messias a entrar em seu mundo? Se assim é, de que modo? Se não, por
quê?
B. Neste momento,
Deus está ocupando cada ângulo em sua vida? Explique. Se não, você gostaria que
Ele o fizesse? Explique.
2. Para Hamã, o
massacre é questão de conveniência; para Satanás, de sobrevivência. Ele fará o
possível para impedir a presença de Jesus no mundo.
A. Por que o
extermínio dos judeus era para Satanás uma questão de sobrevivência? Por que
ele tinha tal interesse?
B. Como você acha
que Satanás tenta impedir a presença de Jesus no mundo, hoje? Como ele procura
fazer isso em sua própria vida?
3. Quando oramos
para que venha o reino de Deus, ele vem! Todas as hostes celestes acorrem em
nosso auxílio.
A. Se o reino de Deus viesse para o seu local de
trabalho, o que aconteceria?
B. De que modo as
hostes celestes acorrem em nosso auxílio, quando oramos para que venha o reino
de Deus? Você tem orado para que venha o reino, e não tem visto tal coisa
acontecer? Explique. O que
podemos concluir disso?
podemos concluir disso?
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a frase "Venha
o teu reino".
A. Quando você pensa
na vinda do reino de Deus, o que lhe vem à mente?
B. Por que você
acha que devemos orar pela vinda do reino de Deus?
2. Leia Ester 3 a 9.
A. Qual foi a
calamidade enfrentada pelo povo de Deus? Quem a engendrou?
B. Como Deus atuou
nesta terrível circunstância, removendo-a de sobre eles? Como fez com que o mal
se tornasse em bem?
C. Que participação
teve Ester neste drama? Qual a participação de Mardoqueu? Qual foi o papel do rei?
Do ponto de vista do texto, quem era o personagem principal?
D. Escolha um verso-chave para cada um desses sete
capítulos. Por que você acha que os versículos que escolheu são
significativos? O que eles lhe ensinaram?
E. Note que Ester é o único livro da Bíblia a não
mencionar o nome de Deus. Você pode vê-lo neste livro, mesmo assim?
Explique.
3. Leia Hebreus
4.14-16.
A. Que título Jesus
dá a esta passagem? O que este título nos diz sobre o trabalho de Jesus em
nosso favor?
B. Que razões esta
passagem nos dá para confiarmos que Jesus pode e irá ajudar-nos? (Veja
especialmente o v.15).
C. Que conclusão se
pode tirar no verso 16, baseada no que é dito nos versículos 14 e 15? Você leva vantagem nisso? Por quê?
4. Leia Hebreus 12.28,29.
A. Que espécie de reino
estamos para receber? Que importância tem isto?
B. Qual deve ser a
nossa resposta a esta promessa?
C. Como Deus é
descrito nestes versículos? Você costuma
pensar nele desse modo? Explique.
VAMOS ORAR
Pegue uma concordância, e
procure a palavra "reino" no Evangelho de Mateus (há mais de 50 referências). Então pegue sua Bíblia, e leia cada
um desses versos, tentando ter um vislumbre do reino de Deus. Enquanto lê, pare sempre a fim de orar sobre o que
você está aprendendo. Lembre-se, você está orando ao Rei dos reis!
Despenda algum tempo pedindo a
Deus para ocupar cada ângulo da sua vida. Que "ângulos" você ainda
pode estar lhe negando? Finanças? Relacionamentos?
Trabalho? Escola? Recreação? Seja honesto consigo mesmo, tanto quanto
possível, e faça um inventário de sua vida. Então convide o Rei a tomar o
controle de cada área.
7. Como Deus revela sua vontade
VAMOS REFLETIR
1. Deus tem um
plano, e este plano é bom. Nossa pergunta é: Como faço para acessá-lo?
A. Você acredita que
Deus tem um plano para você? Por quê?
B. Como você
acessa o plano de Deus para a sua vida?
2. Orar "Seja
feita a tua vontade" é buscar o coração de Deus.
A. Por que tal
oração indica a busca do coração de Deus? Como esta oração pode mudar-nos?
B. Se você tivesse
de descrever o coração de Deus a um não cristão, o que lhe diria?
3. A vontade geral
de Deus provê-nos diretrizes que ajudam a entender sua vontade específica
para nossas vidas individualmente.
A. O que Max quer dizer com "vontade
geral" de Deus? E com "vontade específica"?
B. Como a vontade
geral de Deus nos ajuda a descobrir sua vontade específica? Como se relacionam
ambas as "vontades"? Você acha que a vontade específica de Deus
contradiz ou ignora a sua vontade geral? Explique.
4. Quer conhecer a
vontade de Deus para a sua vida? Então responda: "O que lhe incendeia o
coração?"... O fogo do seu coração é a luz do seu caminho. Negligencie-o
para a sua própria perda.
A. Você deseja
conhecer a vontade de Deus para a sua vida? Se Ele, exatamente agora, lhe
dissesse específica e audivelmente qual é a vontade dEle para a sua vida, você
estaria disposto a segui-la, não
importa o que fosse?
importa o que fosse?
B. O que lhe incendeia o coração? O que o enche de
entusiasmo? Você consegue enxergar a importância de se traduzir a
vontade de Deus para a sua vida? Há alguma precaução que deve ser tomada quanto
a isto? Se assim é, qual?
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a frase
"Seja feita a tua vontade".
A. O que você já
conhece sobre a vontade de Deus para a sua vida? Você se debate com alguma
parte dela? Explique.
B. É fácil ou difícil, para você, submeter-se à vontade de Deus?
Explique.
2. Max alista
quatro componentes que funcionam juntos para nos ajudar a encontrar a vontade
de Deus:
Através do povo de Deus.
Através da Palavra de Deus.
Através de nosso andar com Deus.
Através do fogo de Deus.
A. Com suas próprias
palavras, explique como "funciona" cada um desses componentes.
B. Qual desses
componentes você utiliza mais freqüentemente? Qual deles você tende a omitir? O
que é preciso mudar a fim de que os quatro trabalhem juntos para você encontrar
a vontade de Deus?
3. Leia Lucas 24.13-35.
A. Sobre o que
conversavam os dois homens, enquanto caminhavam para Emaús? Como você
descreveria seu comportamento?
B. Como Jesus aproximou-se deles? Por que você acha
que Ele se aproximou desse modo, e não mais diretamente?
C. Como os homens finalmente reconheceram a Jesus?
Existe algo significativo sobre isto? O que é?
D. Como os homens
reagiram ao encontro? De que modo isto é um modelo para nós?
4. Leia Mateus 7.21; 10.29; João 6.40; Atos 18.21;
Romanos 12.2; Efésios 5.17-21; 1 Tessalonicenses 4.3-8; 5.18.
A. O que você
aprendeu sobre a vontade de Deus nestas passagens?
B. Quão ansioso
você está por fazer a vontade de Deus, que já lhe foi revelada? Tire algum
tempo para pedir-lhe que o ajude a cumprir-lhe a vontade, qualquer que seja
ela.
VAMOS ORAR
Pegue uma concordância e procure
a palavra "vontade", atentando particularmente para os versículos que
dizem algo sobre a vontade de Deus. Faça uma lista dos itens especialmente mencionados
como sendo a vontade de Deus para todos os seus filhos. A seguir passe algum
tempo orando sobre esta lista, agradecendo a Deus por ajudá-lo a cumprir sua
vontade naquelas áreas em que você está indo bem, e pedindo-lhe forças para
aquelas áreas nas quais você tem se debatido. 2. Muitas vezes não sabemos qual
é exatamente a vontade de Deus para nós; devemos seguir o exemplo do Senhor no
Jardim do Getsêmani, apresentando a Deus nossos pedidos, e então concluindo
nossa oração com "Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua".
Se há alguma questão em sua vida, que se ajusta a este modelo, ore a respeito
agora mesmo.
8. Porque alguém orou
VAMOS REFLETIR
1. O poder de Deus
foi acionado pela oração. Jesus olhou para a real garganta da caverna da morte,
e chamou Lázaro de volta à vida... tudo porque alguém orou.
A. Por que você acha
que a oração geralmente "dispara" o poder de Deus? Por que existe tal
conexão?
B. O que você acha
que poderia ter acontecido no caso de Lázaro, se alguém não tivesse contado a
Jesus sobre as condições de seu amigo?
2. O poder da oração
não depende de quem a faz, mas de quem a ouve.
A. Você acha que Max
está certo sobre a declaração acima? Por quê?
B. O caráter da pessoa que ora tem influência sobre
o poder da oração? Explique.
3. Alguém clama, e a
esquadra do Céu aparece. Suas orações na Terra ativam o poder de Deus no Céu, e
a vontade de Deus é feita "tanto na
terra como no céu".
A. Como seria a sua
vizinhança, se a vontade de Deus fosse feita aí, como é feita no Céu? E o seu lar? Como você contribui para que isto aconteça?
B. Se é verdade
que "alguém clama, e a esquadra do céu aparece", por que a Bíblia nos
instrui, muitas vezes, a "orar sem cessar"?
4. Você é o alguém do reino de Deus. Você tem acesso
à fornalha de Deus. Suas orações levam Deus a mudar o mundo.
A. Com que freqüência
você tira vantagem de seu acesso à fornalha de Deus? Você está satisfeito com isto? Em caso negativo, o que pode ria
mudar isto?
B. Tire um tempinho para examinar algumas de suas orações que ajudaram
a "mudar o mundo" ao menos em seu pequeno canto do planeta.
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a
frase "tanto na terra como no céu".
A. Como a vontade de Deus será feita no Céu? De má vontade?
Relutantemente? Queixosamente? Como os anjos
fazem a vontade de Deus?
B. Como você
geralmente faz a vontade de Deus na Terra? Poderia se dizer que você a faz do
mesmo modo que é feita no Céu? Explique.
2. Leia João 11.1-44.
A. Relate a história
com suas próprias palavras.
B. Qual a resposta de Jesus, ao ouvir sobre a doença
de Lázaro? É o que você teria esperado? Foi o que os discípulos
esperavam? Explique.
C. Que disseram
Marta e Maria a Jesus, quando Ele finalmente veio à cidade delas? Como Jesus
respondeu às irmãs?
D. Por que você acha
que Jesus esperou para efetuar o milagre? (Veja especialmente os vv. 15,40,42).
E. O que esta
passagem lhe ensinou a respeito da vontade de Deus?
3. Leia Apocalipse 8.1-5.
A. Descreva o que
acontece nesta passagem.
B. Alguma razão para o silêncio do Céu, nesta
passagem? Em caso afirmativo, qual?
C. O que você
aprendeu sobre oração, neste texto?
VAMOS ORAR
Pegue uma concordância e procure
a palavra "ouvir" no livro de Salmos. Note com que freqüência os
salmistas declaram que Deus lhes ouve as
orações, e como estes lhe rogam que os ouça. Usando suas orações como modelo,
agradeça a Deus por ouvi-lo, e apresente-lhe algum pedido que você tenha
a fazer.
Avalie as áreas de sua vida, sobre as quais você exerce substancial controle.
Se a vontade de Deus não está sendo feita em qualquer dessas áreas, como seria
feita no Céu, peça a Deus que o ajude a corrigir o problema. Se essas áreas estão indo bem, agradeça a Deus por capacitá-lo
a fazer-lhe a vontade.
9. A mesa farta de Deus
VAMOS REFLETIR
1. Deus não é um
guru da montanha, envolvido apenas com o místico e o espiritual. A mesma mão
que lhe guia a alma dá-lhe alimento ao corpo.
A. Você conhece
alguém que vê Deus apenas como um "guru da montanha"? Se assim é,
como essas pessoas reagem a Ele? O que elas fazem? O que não fazem?
B. Você tende a achar
que o místico e o espiritual são mais importantes (ou melhores) que o alimento
para o seu corpo? Explique. O que Deus diz a este respeito?
2. Se você tem
seguido o modelo da oração de Cristo, sua preocupação tem sido mais o portento
divino que o seu estômago. As três primeiras petições são centradas em Deus,
não em si próprio.
A. O que significa
estar mais preocupado com os portentos divinos que com o seu estômago? Como
alguém chega a este ponto?
B. O que você acha
que Jesus estava ensinando na Oração do Senhor, ao centrar as três primeiras
petições em Deus, e não em si mesmo? Suas orações seguem sempre este modelo?
Caso contrário, por que não?
3. Deus tem a
incumbência, por Ele próprio assinada, de prover por si mesmo. E até agora,
você deve admitir, Ele tem feito um excelente trabalho.
A. Como Deus proveu
para você na semana passada? E no último mês? E no ano passado? E desde que
você se tornou cristão?
B. O conhecimento de
que Deus prometeu prover para você faz alguma diferença em seu modo de vida?
Por quê?
4. Na casa de Deus,
aquele que providencia o alimento é o mesmo que prepara a refeição.
A. O que Max quer
dizer com a declaração acima? Que diferença isto faz?
B. Como Deus lhe tem "preparado a refeição"? Descreva
o último exemplo.
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a frase
"O pão nosso de cada dia dá-nos hoje".
A. O que você acha
que está incluído na idéia de pão diário?
B. Por que você
acha que Deus nos diz para pedirmos cada dia o que precisamos?
2. Examine as duas
regras que Max cita para pedir a Deus pelo pão diário.
Não se acanhe; peça.
Confie no cozinheiro.
A. Você se acanha de pedir algo para Deus? Em caso afirmativo,
por quê?
B. Por que é
importante confiar no cozinheiro? Como demonstramos que às vezes não confiamos
no cozinheiro?
3. Leia Salmos 37.3-6.
A. Que conselho é
dado aqui quanto a buscar nosso pão diário?
B. Que promessa nos
é dada aqui?
4. Leia Mateus 6.25-34.
A. Que conselho é
dado aqui quanto a busca de nosso pão diário?
B. Que ilustrações
nos são dadas para ajudar-nos a entender os caminhos de Deus?
C. Que promessa nos é
dada se seguirmos o caminho de Deus?
VAMOS ORAR
Que necessidade especial você
enfrentou hoje? Aliste suas necessidades mais urgentes (não seus desejos
especiais, mas suas necessidades) e passe algum tempo sem pressa com o Senhor,
pedindo-lhe para satisfazer as necessidades
específicas que você lhe trouxe. Então agradeça-o por escutá-lo, e
confie que Ele fará o que prometeu.
Note que este versículo fala
sobre "nossas" necessidades diárias. Quais são algumas das necessidades
de seus amados, de seus colegas, e de seus conhecidos? Faça uma lista dessas
necessidades, e ore especificamente para que Deus satisfaça cada uma. Deixe
estas pessoas saberem que você tem estado orando por elas, e peça-lhes para
comunicar-lhe quando Deus satisfizer a necessidade pela qual você orou.
10. Sob a graça de Deus
VAMOS REFLETIR
1. Na casa de Deus,
você está coberto pelo telhado da graça.
A. O que o termo
"graça" significa para você?
B. Como a graça
cobre você? De que modo o telhado é uma boa ilustração da graça? Como ela o
abrigou na semana passada?
2. Se Cristo não nos tivesse coberto com a sua
graça, cada um de nós esta ria sem fundos nessa conta. Quando se
procurasse por bondade, teríamos insuficiência de fundos. Santidade inadequada.
A. Já houve uma
ocasião quando você descobriu que não tinha fundos suficientes para cobrir suas
dívidas espirituais? Descreva. O que o convenceu de que você estava errado?
B. Quão santo
devemos ser para entrar na presença de Deus? Como podemos adquirir tal santidade?
3. Deus assumiu a
sua dívida. Você assumiu a fortuna dEle. E isto não é tudo. Ele ainda pagou-lhe
a pena.
A. O que significa
dizer que Deus "assumiu-lhe a dívida"? Como isto foi feito?
B. O que significa
dizer que você "assumiu a fortuna de Deus"? Como isto foi feito?
C. Como Deus pagou a
sua penalidade?
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a frase "Perdoa-nos as nossas dívidas".
A. Que
"dívidas" você tem para com Deus? O que este termo "dívida"
inclui?
B. Você tem pedido
para Deus perdoar-lhe as dívidas? Em caso afirmativo, de que modo? Em caso
negativo, por que não?
C. Como Deus é capaz
de perdoar-nos as nossas dívidas?
2. Max desenvolve
duas idéias primárias neste capítulo:
Temos uma dívida que não podemos
pagar.
Deus paga uma dívida que Ele não
fez.
A. Qual é a dívida que não podemos pagar? Por que não
podemos pagá-la?
B. Por que Deus
pagou uma dívida que não fez? Como Ele a pagou?
3. Leia Isaías 64.6 e Romanos 3.23.
A. O que estes versículos nos falam sobre nossa dívida para com
Deus?
B. Qual é o resultado
desta dívida?
4. Leia Romanos 4.5; 8.33; 2 Coríntios 5.19-21; Gaiatas 3.13; 1
Pedro 3.18.
A. De acordo com
estes textos, como Deus lida com nossa dívida?
B. O que estes
versículos nos ensinam que é preciso fazer para tirar mos proveito do que Deus
tem feito por nós?
VAMOS ORAR
Recorde-se do que Cristo passou
para prover-nos redenção, lendo a história de sua Paixão e morte (Mt
26.36-28.15; Mc 14.32-16.8; Lc 22.39-24.12; Jo 18.1-20.9). Tire algum tempo
para agradecê-lo por sua graça, recordando especialmente como Ele o salvou da
penalidade de seus pecados.
Ore por seus conhecidos que
ainda não conhecem a Cristo, para que eles também venham a desfrutar da alegria
do perdão de Deus. Nomeie especificamente estas pessoas, e peça que Deus abra
uma porta para que seus filhos — talvez você? — partilhem eficazmente o
Evangelho com esses que ainda não o conhecem.
11. Graça recebida, graça dada
VAMOS REFLETIR
1. Lidar com dívidas
está no âmago de sua ventura. E está também no centro da oração do Senhor.
A. Por que lidar com
dívidas está no âmago da ventura de uma pessoa?
B. Por que Max diz
que a dívida está no centro da oração do Senhor?
C. Como você
normalmente lida com as suas "dívidas"?
2. Confissões não
criam um relacionamento com Deus; simplesmente o nutrem.
A. Por que as
confissões não criam um relacionamento com Deus? Se não cria tal
relacionamento, o que faz então?
B. Pode a confissão
nutrir um relacionamento com Deus? Isto é fácil ou difícil para você fazer?
Explique.
3. Em qualquer
comunidade cristã existem dois grupos: aqueles que são contagiantes em sua
alegria, e aqueles que são excêntricos em sua fé.
A. Descreva alguém
que você conhece, que é contagiante em sua alegria.
B. Descreva alguém que você conhece (sem nomeá-lo!)
que é excêntrico em sua fé.
C. Que tipo de
cristão você se considera? Os outros concordariam?
4. Quer desfrutar
da generosidade de Deus? Então deixe que os outros desfrutem da sua.
A. Como você pode
deixar que os outros desfrutem de sua generosidade nesta semana?
B. Se alguém fosse julgar a generosidade de Deus,
observando a sua, o que esta pessoa pensaria?
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a frase
"Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós per doamos aos nossos
devedores".
A. Por que você acha
que esta frase preocupa algumas pessoas? Ela o preocupa também? Em caso
afirmativo, por quê?
B. Quem são os seus
devedores? Você os tem perdoado? Explique.
2. Max fala sobre
"o alto preço da desforra". O que os textos abaixo nos falam deste
alto preço?
A. Mateus 18.21-35.
B. Mateus 6.14,15.
C. Gaiatas 5.14,15.
3. Leia Lucas
6.37,38.
A. O que estes
textos nos mandam evitar?
B. O que eles nos
mandam fazer?
C. Qual o resultado
de nossa obediência? Qual o resultado de nossa desobediência?
VAMOS ORAR
Há alguém em sua vida a quem
você tem dificuldade em perdoar? Se assim é, admita isto perante o Senhor.
Conte-lhe sobre os seus sentimentos, sem tentar justificar por que você se
sente assim. Peça-lhe para dar-lhe a sua força, a fim de que você faça aquilo
que acredita ser a vontade dEle: perdoar a tal pessoa. Confesse que isto não é
algo que você seja capaz de fazer pela própria força, e que talvez você nem se
esforce para desejar perdoar a pessoa que o feriu. Entregue isto ao Senhor e
permita que Ele traga você ao lugar onde você precisa estar.
Há alguém em sua vida, que pode
estar tendo dificuldade em perdoá-lo por algo que você tenha feito? Se assim é,
peça ao Senhor para ajudá-lo a pedir perdão a esta pessoa, não importa quão
duro isto possa ser. Depois de pedir força e direção a Deus, aproxime-se desta
pessoa e tente resolver seus problemas. Lute pela paz.
12. Aprendendo a viver juntos
VAMOS REFLETIR
1. Não oramos ao meu Pai, ou pedimos pelo meu
pão diário, ou para Deus perdoar os meus pecados. Na casa de
Deus falamos a linguagem da pluralidade: "nosso
Pai", "nosso pão de cada dia", "nossas dívidas",
"nossos devedores", "não nos induzas
à tentação" e "livra-nos".
A. Por que você acha
que Jesus enfatizou a "pluralidade" em sua oração?
B. Faça um inventário da sua vida de oração. Você
diria que ela é mais caracterizada por "me" ou
"nos"? Explique.
2. Todos precisamos de um Pai... somos todos mendigos
carentes de pão... somos
pecadores carentes de graça.
A. O que você mais
necessita de seu Pai? Por quê?
B. Que espécie de
"pão" você mais necessita hoje? Explique.
C. Que forma de
graça você mais precisa, exatamente agora? Por que não pedir a Deus para
supri-la neste exato momento?
3. Na casa de Deus,
ocasionalmente encontramo-nos perto de pessoas de quem não gostamos.
A. Com que tipo de
pessoa você acha mais difícil relacionar-se? Por quê? Como você lida com essa
gente?
B. Descreva uma
circunstância em que você pediu a Deus que o ajudasse a se dar bem com alguém
de quem você não gostava. O que
aconteceu?
aconteceu?
VAMOS ESTUDAR
1. Considere o termo
"nosso".
A. Por que você acha que Jesus nos ensinou a orar usando o
plural, e não o singular?
B. Você tem o hábito de orar pelos outros tanto quanto por você,
ou isto é algo com que tem de lutar? Explique.
2. Max diz que todos
precisamos ao menos de três coisas:
Somos filhos carentes de um pai.
Somos mendigos carentes de pão.
Somos pecadores carentes de
graça.
A. De que modo Deus
se lhe tem revelado como um Pai?
B. De que modo você
se identifica com um mendigo carente de pão?
C. Como você
demonstra ser um pecador carente de graça?
3. Leia Romanos 12.14-21.
A. Que instruções
este texto nos dá para vivermos com os outros?
B. Qual é para
você, nesta passagem, a coisa mais difícil de se fazer? Por quê?
4. Leia Romanos 14.10-13.
A. Que regras gerais nos dá Paulo aqui, para vivermos
com outros crentes? Qual a razão destas regras?
B. Que motivações
nos dá Paulo, no verso 11, para obedecermos às suas instruções? Isto é algo sobre o qual você pensa com freqüência? Deveria
ser? Explique.
VAMOS ORAR
Reúna-se numa noite com alguns
amigos cristãos e unam-se em oração por uma hora. Façam o acordo de cada um de
vocês orar pelo outro, mas sem orar por si mesmo.
Passe algum tempo a sós, orando pelos membros e pastores de sua igreja.
Ore por direção, proteção, força, para que o Espírito de Deus os guie em
todo o seu amor, verdade e serviço. Tente não orar muito por si mesmo, mas concentre-se na pessoa que está
crescendo em Cristo, com você, na sua igreja.
13. Satanás, servo de Deus
VAMOS REFLETIR
1. Toda vez que
Satanás tenta investir para o mal, marca um ponto para o bem. Quando ele
conspira contra o Reino, sempre o favorece.
A. Dê alguns
exemplos bíblicos que ilustrem a declaração acima.
B. Descreva alguns
incidentes de sua própria vida que demonstrem a verdade da declaração acima.
2. Satanás pode
emproar-se e pavonear-se, mas é Deus quem dirige os tiros.
A. Como Satanás se
"emproa e pavoneia"? Como ele faz isto em sua própria vida?
B. O quão
importante é saber que Deus "dirige os tiros"? Que diferença isto faz
em nosso modo de viver?
3. Todos os anjos,
incluindo Satanás, são inferiores a Deus. E, isto pode surpreender você:
Satanás ainda é um servo de Deus.
A. Por que é
importante saber que os anjos são inferiores a Deus? O que aconteceria se não o
fossem?
B. De que modo
Satanás é um servo de Deus?
4. Os muros que
circundam a grande Casa de Deus — Satanás não pode escalá-los nem penetrá-los.
Ele não tem absolutamente poder, exceto o poder que Deus lhe permite.
A. O que são os
"muros" que circundam a grande Casa de Deus? De que eles são feitos?
B. Por que você
acha que Deus permite algum poder a Satanás?
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a frase "e não nos induzas à tentação, mas
livra-nos do mal". A. Por que devemos orar para que Deus não nos induza à
tentação?
Existe realmente algum perigo
nisso? Se não, qual o propósito desta parte da oração do Senhor? B. De que modo
Deus o tem livrado do mal?
2. Max afirma que
Deus usa Satanás de três modos principais:
Para refinar o fiel.
Para acordar o dormente.
Para ensinar a Igreja.
A. Como Satanás
"refina" o fiel? Como ele tem sido usado para refinar você?
B. Como Satanás
"acorda o dormente"? Quem é o dormente? E, em sua própria
experiência, como ele faz isto?
C. Satanás parece um
professor totalmente diferente da Igreja. O que significa dizer que ele pode
ser usado para ensinar a Igreja? Que
lições a sua igreja tem aprendido com ele?
lições a sua igreja tem aprendido com ele?
3. Leia Isaías 14.12-15 e Ezequiel 28.12-17.
A. O que a passagem
nos ensina sobre a transformação de Satanás em anjo das trevas?
B. Qual foi o supremo pecado de Satanás, de acordo
com Ezequiel? De que modo este pecado ainda é uma armadilha para nós?
4. Leia João 19.1-16.
A. Do ponto de vista
de um observador humano, quem parece estar no controle desta cena? Quem está
realmente no controle? Como você sabe?
B. Note
especialmente as palavras de Jesus no verso 11.0 que Ele diz a Pilatos? De que
modo suas palavras são igualmente aplicadas a alguns dos filhos adotados de
Deus?
VAMOS ORAR
Quais são suas maiores tentações
na vida? Como você lida com elas? Leia 1 Coríntios 10.12,13. E então peça a
Deus sabedoria e força para lidar de bom modo com as tentações que lhe
sobrevêm. Peça-lhe que o ajude a lembrar-se
de que, freqüentemente, a melhor estratégia é a fuga (2 Tm 2.22).
Peça-lhe que o capacite a fazer o que Lhe trará maior glória. Agradeça-o por
sua proteção e cuidado.
Tire algum tempo para recordar
as muitas vezes que Deus o livrou do mal, desde que você tornou-se um cristão.
Repasse-as quantas vezes puder, agradecendo a Deus por seu poder, e
louvando-o por sua força e bondade. Então peça-lhe que continue a
livrá-lo das tentações e julgamentos que você, inevitavelmente, enfrentará.
14. Confiando no poder
de Deus
VAMOS REFLETIR
1. A capela é o
único compartimento da casa de Deus duas vezes visitado por nós... É duplamente
melhor pensar em Deus do que em qualquer outra
coisa. Deus quer que comecemos e terminemos nossa oração pensando nEle.
A. Por que Deus
desejaria que visitássemos a capela, e não outro cômodo, duas vezes? O que há
de tão especial sobre a capela?
B. Você geralmente começa e termina suas orações
pensando em Deus? Se não, por que não muda sua prática? E por que
deveria fazê-lo?
2. Quanto mais nossos olhos se fixam em sua
Majestade, maior é a vivacidade de
nossos pés. Deixe, porém, os olhos focalizarem a lama sob nós, e
resmungaremos das pedras e fendas que temos de atravessar.
A. Por que há uma
"vivacidade em nossos pés", quando fitamos sua Majestade? Por que
isto nos energiza?
B. O que significa "focalizar a lama sob
nós"? Por que isto é tão fácil de se
fazer? Como podemos nos lembrar de deixar de olhar a "lama", e começar
a fitar Deus?
3. Você não foi
feito para dirigir um reino, nem se espera que você seja todo-poderoso. E você
certamente não pode lidar com toda a glória.
A. Por que às vezes
agimos como se tivéssemos sido feitos para dirigir um reino? Como se fôssemos
todo-poderosos?
B. Por que não
estamos preparados para lidar com toda a glória? Se não estamos, quem está? E o
que torna Deus tão diferente de nós?
4. Ao confessar que Deus está no comando, você admite que você não
está.
A. Quão fácil é para
você admitir que Deus está no comando, e você não? Explique.
B. Quais são alguns
modos práticos de se admitir que você não está no comando, e confessar que Deus
está?
VAMOS ESTUDAR
1. Considere a
frase "Teu é o reino, e o poder, e a glória. Amém".
A. De que modo este
é um final apropriado para a oração do Senhor?
B. Como cada um dos três termos principais —
"reino", "poder" e "glória" — centraliza nossa atenção mais em Deus? O que cada um destes
termos lhe comunica?
2. Leia Colossenses 3.1-4.
A. De acordo com esta
passagem, sobre quais coisas devemos fixar a mente?
B. Qual a razão
para agirmos assim?
C. Que promessa é
feita no verso 4?
3. Leia Hebreus 12.2,3.
A. De acordo com esta
passagem, onde devemos fixar os olhos? Por quê?
B. De acordo com o
versículo 3, o que acontece quando não cumpri mos esta ordem? Você tem
experimentado tais conseqüências? Explique.
4. Leia 1 Coríntios 2.9.
A.. De acordo com
este versículo, que espécie de Deus servimos?
B. Como você reage à grandeza do amor de Deus, conforme
expressado nesta passagem? Como isto o faz se sentir? Como isto faz você agir?
VAMOS ORAR
Não importa a época do ano em
que você leia isto, pegue uma gravação do Messias de Handel, e toque o
trecho Aleluia. Ouça cuidadosamente as palavras, e deixe-se impregnar da
música poderosa. Então passe algum tempo louvando a Deus por Ele ser quem é, e
agradecendo-o pelo que Ele lhe tem feito. Agradeça-o por continuar a ser um
poderoso e glorioso Rei em sua vida, e porque, um dia, seu poder, sua glória e
seu reino serão vistos por todo o Universo.
15. Um Lar para o seu Coração
VAMOS REFLETIR
1. Se você pudesse
pedir a Deus uma coisa, o que lhe pediria?
A. Responda a
pergunta acima. Por que pediria isto?
B. O quão diferente
seria a sua resposta dez anos atrás? Explique.
2. Davi anela
permanecer na aura, na atmosfera, cônscio de estar na casa de Deus, onde quer
que esteja.
A. Você partilha o
anelo de Davi? Se assim é, como você expressa tal anseio? Se não, por quê?
B. Descreva o lugar
mais extraordinário em que você já esteve, na casa de Deus. O que aconteceu?
3. Dia-a-dia, estou
aprendendo a viver na grande Casa de Deus.
A. Você vive hoje na
casa de Deus mais do que vivia há cinco anos? Explique.
B. O que há de
importante na expressão "dia-a-dia"? O que há de importante em
"Estou aprendendo"? Que relação tem estas duas coisas com o viver na
grande Casa de Deus? De que modo isto deve ser um encorajamento a todos nós?
VAMOS ESTUDAR
1. De que modo Deus é "um lar para o seu coração"?
Como a oração do Senhor o ajuda a viver neste lar?
2. Leia o Salmo 27.1-5.
A. Que
reivindicações faz Davi nesta passagem?
B. O que esta
passagem lhe conta sobre o mais profundo desejo de Davi?
C. O que você pode
aprender com o exemplo de Davi?
3. Leia João 14.23.
A. De acordo com este versículo, o que se requer de nós, para
que façamos nosso "lar" com Deus?
B. Que promessa nos é dada aqui? Você tem tirado proveito desta
promessa? Explique.
4. Leia Atos 17.28.
A. O que este
versículo nos fala quanto a ter um relacionamento com Deus? Você tem esta
espécie de relacionamento? Descreva-o.
B. O que significa
"viver em Deus"? O que significa "mover-se" em Deus? O que
significa "existir" em Deus? E o que significa ser
"geração" de Deus?
C. Como este versículo sumaria os principais pontos de
A Grande Casa de Deus?
VAMOS ORAR
Leia a Oração do Senhor mais uma
vez (Mateus 6.9-13). Enquanto lê, medite nos vários "aposentos"
existentes nela. Então faça a oração, entrando em cada cômodo, e lembrando cada
um dos eventos, desafios e triunfos de sua vida. Comece com louvor, termine com
louvor, e, no meio, faça notórios a Deus os seus pedidos mais urgentes, tanto
por você como pelos outros.
O maior desejo de Deus é ser a sua habitação — um lar para o seu
coração. Ele não quer ser apenas uma fuga no fim de semana. Ele não tem
interesse em ser uma casa aos domingos, ou até mesmo uma casa de verão. Ele
deseja ser o seu endereço postal, seu ponto
de referência, sua casa... sempre. Ele quer que você
viva na Grande Casa de Deus, uma promessa literal de seu Filho: "Se
alguém me ama, guardará a minha palavra, e
meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada" (Jo
14.23).
FIM
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MAX LUCADO é pregador e autor de vários best-sellers.
Vive em San Antônio, Texas.
Ele e sua esposa, Denalyn, têm três filhas:
Jenna, Andréa, e Sara.
Eles cultuam a Deus e ministram na Oak Hills Church of
Christ.
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