quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

HISTÓRIA DA IGREJA - A IGREJA IMPERIAL


HISTÓRIA DA IGREJA - A IGREJA IMPERIAL

CONSTANTINO CHEGA AO PODER
Em outubro de 312 d.C. os estandartes de Constantino, resplandecentes pelo monograma de Cristo, entravam vitoriosos em Roma. Abria-se uma nova página na história da Igreja Cristã.

Com a ascensão de Constantino ao poder, o cristianismo deixou de ser uma religião perseguida para ser a religião oficial do império. Os cristãos, em vez de perseguidos eram agora privilegiados; em vez de espoliados, eram ajudados. Passaram do anfiteatro romano onde tinham de enfrentar leões, a ocupar lugares de honra junto ao trono que governava o mundo. Se antes confessar o nome de Cristo era motivo para ser morto, agora significava projeção e segurança. A proteção imperial foi, sem dúvida, um dos meios mais eficazes para expansão do cristianismo.

A declaração do cristianismo como religião oficial do império trouxe várias vantagens à religião cristã, dentre as quais podemos relatar: o rápido crescimento do cristianismo, a isenção de impostos e do serviço militar ao clero, a construção de grandes catedrais nas principais cidades do império e a devolução dos bens confiscados pelo Estado. Todas as perseguições cessaram para sempre, de 313 até o término do império; a espada foi não somente embainhada, mas enterrada.

AS CONSEQUÊNCIAS DA IGREJA NO PODER
No entanto, a oficialização do cristianismo como religião oficial do império trouxe conseqüências trágicas para a igreja, como, por exemplo, a sua paganização. Milhares de pessoas que ainda eram pagãs penetraram na igreja a fim de obter vantagens especiais e favores advindos de tal filiação. Essas pessoas vinham para a Igreja não porque tinha plena consciência de seus pecados, mas por causa das benesses que recebiam. Dessa forma, permaneciam com seus hábitos e costumes, sem se importar em agradar a Deus. Vieram em quantidades muitos maiores do que a capacidade da Igreja de instruí-los ou assisti-los. Acostumados aos rituais pagãos mais complicados, não gostaram da simplicidade do culto cristão e começaram a introduzir práticas e crenças pagãs no seio da Igreja. Gradualmente, por causa da negligência aos ensinamentos Bíblicos e da ignorância do povo, a Igreja foi se contaminando, perdendo paulatinamente sua identidade de igreja cristã fiel a Jesus Cristo e a doutrina dos apóstolos.

O CONCÍLIO DE NICÉIA
Em 330 d.C. Constantino inaugurou a nova capital do império. No breve lapso de um qüinqüênio, a antiga vila de Bizâncio transformou-se na majestosa Constantinopla, também chamada de Nova Roma.

Um dos locais prediletos de residência e governo do imperador era a pequena cidade de Nicéia, perto de Constantinopla. Ali o imperador e sua corte administravam os assuntos da Igreja e do império do Oriente. Quando estava no Ocidente, Constantino morou em Milão, no norte da Itália. Roma ficou praticamente abandonada pela corte imperial na época de Constantino. Foi em Nicéia que Constantino convocou os bispos da Igreja para resolver o debate a respeito da pessoa de Cristo e da Trindade.

O concílio durou aproximadamente dois meses e tratou de muitas questões que confrontavam a Igreja. Aproximadamente vinte “cânones” ou decretos distintos foram promulgados pelo imperador e pelos bispos, que variavam desde a deposição de bispos relapsos até a ordenação de eunucos. Além disso, o bispo de Alexandria foi declarado “patriarca” dos bispos das regiões da África do Norte e arredores, e o bispo de Roma o legítimo líder emérito dos bispos ocidentais. O imperador conclamara o concílio para dirimir a controvérsia ariana, e era a respeito dela que os bispos mais queriam falar.

Dos 318 bispos presentes na abertura do concílio, somente 28 eram abertamente declarados arianos. O próprio Ário não recebeu permissão para participar do concílio por não ser bispo. Foi representado por Eusébio de Nicomédia e Teogno de Nicéia. Alexandre de Alexandria dirigiu o processo jurídico “Ário e o arianismo” e foi auxiliado por seu jovem assistente Atanásio, que viria a sucedê-lo no bispado de Alexandria poucos anos depois. Desse concílio em que os arianos foram condenados, surgiu o credo de Nicéia.

Ao falecer em 337 d.C., Constantino deixou o império dividido entre seus três filhos: Constantino II, Constante e Constâncio. Nenhum deles esteve à altura do pai. Os dois primeiros tiveram a seu a cargo o Ocidente, e Constâncio era senhor absoluto do Oriente.

TEODÓSIO PROIBE O CULTO PAGÃO
Em 379 d.C. estava no poder do Oriente o espanhol Teodósio, intrépido defensor da fé cristã. Em 380 já publicava um edito sobre a fé católica, impondo a todos os súditos o símbolo de Nicéia. Em 391 Teodósio e Valentino II proibiam de modo absoluto o culto pagão. Senhor único do império no ano seguinte, Teodósio vencia por completo também no Ocidente, a resistência pagã. Os adeptos dos politeísmo, não podendo mais viver tranqüilos nas cidades, refugiaram-se nas aldeias, onde dificilmente os atingiria a legislação vigente. Daí a designação de pagãos (paganus = aldeão) aos persistentes na doutrina.

O cristianismo tornou-se a religião oficial do Estado. Teodósio pode ser considerado o fundador da Igreja Católica de Estado. Assim, com o decorrer do tempo, a Igreja tinha um sacerdócio suntuosamente vestido que fazia ofertas de sacrifícios, um ritual complicado, imagens, água benta, incenso, monges, freiras, a doutrina do purgatório e, de um modo geral, a crença de que a salvação podia ser alcançada por meio de obras e não pela graça. A Igreja em Roma e de um modo geral as igrejas por todo império deixaram de constituir a Igreja cristã apostólica, transformando-se numa grande monstruosidade religiosa.

CONCLUSÃO
Permaneceram, entretanto, alguns grupos numericamente pequenos, geralmente isolados, que mantiveram a fé cristã com pureza, perdurando por toda a Idade Média até o século XVI, quando um reavivamento religioso do Ocidente, conhecido como Reforma Protestante, sacudiu a Igreja nos seus alicerces. Foram estes pequenos grupos que nunca aceitaram a mediação do papa, nem a adoração a santos e outras crenças da Igreja Católica, que possibilitaram que os verdadeiros cristãos tivessem sempre um lugar para se reunir e adorar o único Deus.


Fonte: Módulo 4 do curso de Teologia da FTB

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