ESTUDO DA EPÍSTOLA DE JUDAS
AUTOR
O autor se apresenta como Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago
(v.1). Judas é um nome hebraico e grego comum entre os judeus. Dos
assim chamados no Novo Testamento, os que mais probabilidades têm de ser autor
da carta é o apóstolo Judas, filho de Tiago (Lc 6.16) ou Judas, o irmão do
Senhor (Mt 13.55). Este último é o mais provável. O autor não reivindica ser
apóstolo, e até mesmo parece ser diferente dos apóstolos (v. 17). Além disso,
refere-se a si mesmo como irmão de Tiago (v.1). Em geral, uma pessoa dos dias
de Judas se apresentaria como filho de alguém, e não como irmão. O motivo da
exceção aqui pode ter sido por causa da posição de destaque que Tiago
desfrutava entre os cristãos de Jerusalém (At 15), sendo um dos pilares da
Igreja (Gl 2.9).
Embora nem Judas nem Tiago se apresentem como irmão do Senhor, outros
não hesitavam em se referir a eles dessa forma (Mt 13.55; At 1.14; 1 Co 9.5; Gl
1.19). Segundo parece, eles não pediam para serem escutados em razão do
privilégio especial de serem membros da família de José e Maria. Aliás, Maria
também em nenhum momento reivindicou para ela o destaque por ser mãe do Senhor
Jesus, sempre se portou como alguém comum entre os discípulos (At 1.14). Judas
pode ter sido uma das pessoas mencionadas por Paulo em 1 Coríntios 9.5, na
referencia ao ministério ambulante dos irmãos do Senhor.
CONTESTAÇÃO
Segundo Jerônimo e Dídimo, alguns dos cristãos não aceitavam a
carta como canônica por causa da citação de escritos apócrifos (v. 9 e 14). Mas
o bom senso tem feito reconhecer que um autor inspirado pode legitimamente
fazer uso de escritos não canônicos para fins ilustrativos ou para matéria
historicamente fidedigna ou aceitável por outra
razões, sem com isso estar defendendo a inspiração das escritos apócrifos. Sob
a influencia do Espírito Santo, a Igreja chegou à convicção de que a autoridade
de Deus está por trás da carta de Judas. O fato da carta ter sido questionada,
posta a prova e ainda assim ser definitivamente aceita pelas igrejas mostra
quão fortes são suas justas alegações de autenticidade.
Outra objeção é quanto à qualidade do grego usado nesta epístola é
melhor do que seria de se esperar de um Galileu. Entretanto a Galiléia era
bilíngue, usavam grego e aramaico no século I, e sabe-se muito pouco sobre o
grego de Judas para se concluir que ele não poderia ter escrito esta carta.
Podemos aceitar sem dúvidas que o autor da carta é Judas, o irmão do Senhor.
DATA E OCASIÃO
Determinar datas sempre foi um problema entre os estudiosos, visto que
existem muitas fontes de informação. Para alguns essa epístola foi escrita
antes de 2 Pedro, portanto antes do ano de 65 d.C; para outros foi escrita
depois de 2 Pedro, como a maioria dos estudiosos acreditam, por volta dos anos
70 e 80 d.C.
A questão é se 2 Pedro cita Judas ou se Judas cita 2 Pedro. A segunda
carta de Pedro e a carta de Judas se parecem muito nas ideias e na forma. Ambas
tratam dos perigos que estão ameaçando as doutrinas da Igreja.
CARACTERÍSTICAS
Esta carta reflete fortemente o meio social do cristianismo judaico do
século I, como era de se esperar de um autor como Judas. Entre as evidências
para a origem judaica do autor temos as suas muitas referências ao Antigo
Testamento e a sua familiaridade com a tradição apócrifa judaica, e sua forte
preocupação ética.
CITAÇÃO DE APÓCRIFOS
Nos versículos 14 e 15, Judas faz uma citação quase literal de uma obra
apócrifa popular chamada Livro de Enoque ou 1Enoque. A fonte que ele
usa era familiar a seus leitores e seria útil para confirmar seu tema do
julgamento divino contra os ímpios.
O Livro de Enoque era um escrito muito respeitado nos tempos de Judas. O
fato de não ser canônico não significa que não contenha verdades, e ser citado
por Judas não significa que ele o considerasse inspirado.
DESTINATÁRIOS
A designação das pessoas às quais Judas endereçou a carta é muito
genérico (v.1). Podia aplicar-se aos cristãos judeus, a cristãos gentios ou a
ambos. Onde moravam também não está indicado.
PROPÓSITO
A carta foi evidentemente escrita antes de tudo para advertir a Igreja
contra os mestres imorais, os libertinos. Falsos mestres que estavam usando a
liberdade cristã e a livre graça de Deus como licença para a imoralidade (v.4).
Segundo parece, esses falsos mestres estavam tentando convencer os crentes que
sendo salvos pela graça eles adquiriam a liberdade para pecar, uma vez que seus
pecados já não seriam contados. Judas considerava imperativo que seus leitores
fossem prevenidos contra tais homens, preparando-os para fazer oposição às
doutrinas pervertidas destes com a verdade a respeito da graça salvífica de
Deus. Mas a estratégia de Judas é mais do que somente uma oposição negativa.
Ele exorta aos seus leitores para que cresçam no conhecimento da verdade cristã
(v.20), para que tenham um testemunho firme pela verdade (v.3) e para
procurarem resgatar aqueles cuja fé estava hesitante (v.22-23). Esta receita
para confrontar erros espirituais é tão eficaz hoje como quando a carta foi
escrita.
Em geral há uma aceitação de que esses falsos mestres eram gnósticos.
Embora essa identificação possa estar correta, devem tratar-se de precursores
do gnosticismo plenamente desenvolvido, que só passou a existir no século
II.
Cristo irá julgar esses maus elementos como fez com os anjos caídos (v.
3-4). O fermento do mal estava agindo entre os lideres. Em contraste com esses
indivíduos, encontramos os verdadeiros seguidores da fé, erguendo bem alto a
cruz de Cristo (v. 20-23).
QUEM ERAM OS INTRUSOS
Homens ímpios – mundanos;
Convertem em dissolução a graça de Deus – carnais;
Negam o único e Soberano e Senhor, Jesus Cristo – céticos;
Rejeitam o governo da igreja e difamam autoridades superiores – indisciplinados;
Aduladores de outros – lisonjeadores;
Sensuais, que não tem o Espírito - estranhos.
SINOPSE
1 – Saudação, v. 1.2;
2 – O motivo da carta: exortar acerca da defesa da fé, devido à invasão
de mestres imorais e heréticos, v. 3-4;
3 – Advertências acerca de como Deus tratou os pecadores no passado:
a) O castigo de Israel por causa de sua incredulidade, v. 5;
b) O destino dos anjos caídos e dos depravados habitantes de Sodoma, v.
6-7;
4 – Descrição das características dos mestres ímpios, e o juízo que
sobre eles se pronúncia, v. 8-13;
5 – Referências a profecias:
a) De Enoque, que predisse a condenação dos ímpios, v. 14-16;
b) Dos apóstolos, acerca dos escarnecedores dos últimos dias, v. 17-19;
6 – Resumo dos deveres cristãos:
a) Crescimento espiritual e oração, v. 20;
b) Amor para com Deus e confiança em Cristo para a salvação eterna, v. 21;
c) Ativos para ganhar almas, v. 22-23;
7 – Benção, v. 24-25.
J. DIAS
Editor do Site
FONTES DE PESQUISA:
Bíblia Thompson – Vida
Bíblia de Estudo NVI – Vida
Bíblia de Estudo de Genebra – Sociedade Bíblica do Brasil
Dicionário Bíblico – Didática Paulista
Estudo Panorâmico da Bíblia – Vida
Módulo de Teologia da FTB – Betesda
Módulo da Teologia do ITQ - Quadrangular
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