quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Diferença Entre Devoção Religiosa e Idolatria


Diferença Entre Devoção Religiosa e Idolatria

        É possível alguém adorar o verdadeiro Deus e cair no pecado de idolatria? Uma pessoa pode devotar-se a outra ou a alguma coisa e ainda assim achar que está promovendo a genuína adoração? A resposta a essas duas perguntas é um sonoro SIM.
         Como exemplo, podemos extrair das páginas da Bíblia a história do povo de Israel.
A Serpente de Metal
        Quem não conhece a história bíblica da serpente de metal? O povo de Israel, no deserto, murmurou contra Deus e Moisés. Então, o que o Senhor fez? Enviou serpentes ardentes para morder o povo, que logo reconhece tratar-se de um castigo divino decorrente da atitude que vinha cometendo. Os israelitas clamaram a Moisés, e este foi orientado por Deus a erguer uma serpente de metal no meio do acampamento. Aqueles, portanto, que fossem mordidos pelas serpentes abrasadoras tinham apenas de olhar para a serpente de metal para que ficassem livres dos efeitos de suas mordidas. Com o tempo, porém, os israelitas passaram a cultuar a serpente de metal como um ídolo, dando-lhe o nome de Neustã. Tempos depois, em virtude da atitude insensata dos israelitas, o piedoso rei Josias ordenou a destruição dessa serpente, que se havia tornado objeto de adoração para a nação de Israel.

E disse o Senhor a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia (Nm 21.8-9).


Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã (2 Rs 18.4).

Templo do Senhor
        Em outra ocasião, os judeus passaram a confiar na linhagem davídica e no sacerdócio araônico, para que pudessem salvar-se dos invasores. 


Diziam eles: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este (Jr 7.4).

        Muito embora os judeus tivessem demonstrado fé no templo do Senhor, que ficava em Jerusalém e era uma de suas glórias, não tiveram eles o livramento esperado. Por isso foram levados cativos por Nabucodonosor para Babilônia (2 Rs 25.8-9). Isso porque eles olhavam para o templo apenas como um meio para se livrarem das forças inimigas. Resultado? Foram culpados de idolatria!
O Que Dizem as Testemunhas de Jeová
        As Testemunhas de Jeová corroboram com o nosso ponto de vista de que é possível alguém prestar culto a Deus por meio de uma organização religiosa e, ao mesmo tempo, tornar-se idólatra. Declaram: Se uma pessoa rende serviço em obediência a alguém ou a alguma organização, quer voluntária, quer compulsoriamente, considerando como algo em posição superior de domínio e com grande autoridade, então se pode dizer biblicamente que tal pessoa é idólatra (A Sentinela - 1 de março de 1962. STV. p. 141).
         E a pretensão de todas as organizações religiosas é que a adoração a Deus deve ser feita mediante uma ou outra das múltiplas organizações religiosas, com seus grandes e pequenos sistemas clericais, como ‘representantes’ de Deus. Elas também são imagens, obras das mãos dos homens, e destinadas à destruição com todas as outras formas de idolatria (Seja Deus Verdadeiro - 1949. STV. p.137).
         Não podemos participar de nenhuma versão moderna de idolatria – seja em forma de gestos adorativos diante de uma imagem ou de um símbolo, seja por imputar salvação a uma pessoa ou a uma organização (A Sentinela - 1 de novembro de 1990. STV. p. 26).
        Declaram, ainda, que o fato de alguém se voltar para uma organização religiosa e confiar nela como único meio de salvação não passa de um ato de apostasia moderna. Incrivelmente, essa declaração das Testemunhas de Jeová está ancorada nas palavras do apóstolo Paulo, que disse que, imediatamente após a sua morte, os homens apostatariam da fé verdadeira e passariam a devotar-se às organizações religiosas. O apóstolo João também falou a respeito do mesmo efeito causado pela obra de Satanás. Pedro, por sua vez, declara:

Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo (2Pe 2.19).

         Quanta incoerência das Testemunhas de Jeová! Cabem bem aqui as palavras do apóstolo Paulo em Romanos 2.21a: Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo?
A Idolatria das Testemunhas de Jeová
        Porventura as Testemunhas de Jeová não se tornam idólatras quando atribuem a salvação à sua própria organização? Chegam a usar da analogia da salvação em relação à arca de Noé, dizendo: Simplesmente não é verdade que todas as religiões conduzem ao mesmo fim. Você precisa pertencer à organização de Jeová e fazer a vontade de Deus, a fim de receber sua bênção de vida eterna (Poderá Viver para Sempre no Paraíso na Terra - Edição 1983. STV p. 255).
         As Testemunhas de Jeová condicionam a salvação a duas providências: 1) fazer a vontade de Deus; e 2) pertencer à organização de Jeová, referindo-se à sua própria seita religiosa. De fato, precisamos fazer a vontade de Deus, como ensinou Jesus na oração dominical: ...seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu (Mt 6.10). Mas, pertencer à Sociedade Torre de Vigia, considerando-a o único meio de salvação, é um ato de idolatria. A salvação depende única e exclusivamente do Senhor Jesus:

E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos (At 4.12).

         A Sociedade Torre de Vigia declara: Tenha fé na organização vitoriosa de Jeová (A Sentinela - 1 de setembro de 1979. STV. p.12). Devemos, então, perguntar: fé em Deus e no Senhor Jesus Cristo ou em uma organização religiosa? A Bíblia nos oferece a resposta por meio das palavras do próprio Senhor Jesus em João 14.1: Credes em Deus, crede também em mim.
O Escravo Fiel e Discreto
        Na Tradução do Novo Mundo, uma publicação da Sociedade Torre de Vigia, a versão de Mateus 24.45 vem da seguinte forma: escravo fiel e discreto. Essa figura é aplicada pelas Testemunhas de Jeová a seus líderes, pessoas encarregadas de distribuir-lhes o alimento espiritual desde 1914. Esses líderes também são conhecidos como Corpo Governante.
         Os prosélitos dessa seita afirmam que seus líderes, com ministério sediado no Brooklin, Nova Iorque, recebem orientação teocrática e, por isso, não devem ser questionados em sua autoridade supostamente divina. Ao contrário, devem ser cegamente obedecidos. Pois, segundo crêem as Testemunhas de Jeová, tais homens são os únicos intérpretes infalíveis das Escrituras.
         Ainda segundo as Testemunhas de Jeová, a Bíblia não foi escrita para ninguém, a não ser para elas próprias, somente. Ele [Deus] não alimenta cada um individualmente nem designa sobre eles [adeptos da Seita] uma só pessoa. Nenhum estudante individual da Palavra de Deus revela a vontade de Deus, tampouco interpreta a sua Palavra. Deus interpreta e ensina, mediante Cristo, o Servo Principal, que por sua vez usa o escravo discreto como canal visível, a organização teocrática visível (A Sentinela - novembro de 1952. STV. p. 164).
         A Bíblia é um livro de organização e pertence à congregação cristã como organização, e não a indivíduos, não importa quão sinceramente creiam poder interpretar a Bíblia. Por esta razão, a Bíblia não pode ser devidamente entendida sem se ter presente a organização visível de Jeová (A Sentinela- 1 de junho de 1968. STV. p. 327).
         As Testemunhas de Jeová podem até vir a discordar do ensino do Corpo Governante, mas isso de nada adiantará. Pois é aquilo que o escravo fiel e discreto escreve nas publicações da Sociedade Torre de Vigia que deve ser transmitido de porta em porta quando os adeptos dessa seita saem em seu trabalho de campo: As verdades que havemos de publicar são aquelas que a organização do escravo discreto fornece, e não algumas opiniões pessoais contrárias ao que o escravo providenciou como sendo sustento conveniente (A Sentinela - novembro de 1952. STV, p. 164). E concluem: Os que permanecem leais à organização de Jeová assumem o parecer que os apóstolos tinham, quando muitos dos discípulos de Jesus deixaram de segui-lo. Pedro expressou os sentimentos deles, dizendo: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. As ovelhas leais vêem que o caminho da vida é com a organização fiel de Jeová (A Sentinela - 1 de maio de 1963. STV, p. 279).
O Fim da Lei é Cristo
        Quem poderia imaginar que as Testemunhas de Jeová, no seu zelo religioso, se assemelhassem àqueles a quem Paulo afirmou:

Porque lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitam à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê (Rm 10.2-4).

         Se uma pessoa obedece a alguém ou a alguma organização, voluntária ou compulsoriamente, como algo de domínio superior e de grande autoridade, então pode-se dizer biblicamente que tal pessoa é idólatra.

Autor: Márcio Souza


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