HISTÓRIA DA IGREJA - A IGREJA IMPERIAL
CONSTANTINO CHEGA AO PODER
Em outubro de
312 d.C. os estandartes de Constantino, resplandecentes pelo monograma de
Cristo, entravam vitoriosos em Roma. Abria-se uma nova página na história da
Igreja Cristã.
Com a
ascensão de Constantino ao poder, o cristianismo deixou de ser uma religião
perseguida para ser a religião oficial do império. Os cristãos, em vez de
perseguidos eram agora privilegiados; em vez de espoliados, eram ajudados.
Passaram do anfiteatro romano onde tinham de enfrentar leões, a ocupar lugares
de honra junto ao trono que governava o mundo. Se antes confessar o nome de
Cristo era motivo para ser morto, agora significava projeção e segurança. A
proteção imperial foi, sem dúvida, um dos meios mais eficazes para expansão do
cristianismo.
A declaração
do cristianismo como religião oficial do império trouxe várias vantagens à
religião cristã, dentre as quais podemos relatar: o rápido crescimento do
cristianismo, a isenção de impostos e do serviço militar ao clero, a construção
de grandes catedrais nas principais cidades do império e a devolução dos bens
confiscados pelo Estado. Todas as perseguições cessaram para sempre, de 313 até
o término do império; a espada foi não somente embainhada, mas enterrada.
AS CONSEQUÊNCIAS DA IGREJA NO PODER
No entanto, a
oficialização do cristianismo como religião oficial do império trouxe
conseqüências trágicas para a igreja, como, por exemplo, a sua paganização.
Milhares de pessoas que ainda eram pagãs penetraram na igreja a fim de obter
vantagens especiais e favores advindos de tal filiação. Essas pessoas vinham
para a Igreja não porque tinha plena consciência de seus pecados, mas por causa
das benesses que recebiam. Dessa forma, permaneciam com seus hábitos e costumes,
sem se importar em agradar a Deus. Vieram em quantidades muitos maiores do que
a capacidade da Igreja de instruí-los ou assisti-los. Acostumados aos rituais
pagãos mais complicados, não gostaram da simplicidade do culto cristão e
começaram a introduzir práticas e crenças pagãs no seio da Igreja.
Gradualmente, por causa da negligência aos ensinamentos Bíblicos e da
ignorância do povo, a Igreja foi se contaminando, perdendo paulatinamente sua
identidade de igreja cristã fiel a Jesus Cristo e a doutrina dos apóstolos.
O CONCÍLIO DE NICÉIA
Em 330 d.C.
Constantino inaugurou a nova capital do império. No breve lapso de um
qüinqüênio, a antiga vila de Bizâncio transformou-se na majestosa
Constantinopla, também chamada de Nova Roma.
Um dos locais
prediletos de residência e governo do imperador era a pequena cidade de Nicéia,
perto de Constantinopla. Ali o imperador e sua corte administravam os assuntos
da Igreja e do império do Oriente. Quando estava no Ocidente, Constantino morou
em Milão, no norte da Itália. Roma ficou praticamente abandonada pela corte
imperial na época de Constantino. Foi em Nicéia que Constantino convocou os
bispos da Igreja para resolver o debate a respeito da pessoa de Cristo e da
Trindade.
O concílio
durou aproximadamente dois meses e tratou de muitas questões que confrontavam a
Igreja. Aproximadamente vinte “cânones” ou decretos distintos foram promulgados
pelo imperador e pelos bispos, que variavam desde a deposição de bispos
relapsos até a ordenação de eunucos. Além disso, o bispo de Alexandria foi
declarado “patriarca” dos bispos das regiões da África do Norte e arredores, e
o bispo de Roma o legítimo líder emérito dos bispos ocidentais. O imperador
conclamara o concílio para dirimir a controvérsia ariana, e era a respeito dela
que os bispos mais queriam falar.
Dos 318
bispos presentes na abertura do concílio, somente 28 eram abertamente
declarados arianos. O próprio Ário não recebeu permissão para participar do
concílio por não ser bispo. Foi representado por Eusébio de Nicomédia e Teogno
de Nicéia. Alexandre de Alexandria dirigiu o processo jurídico “Ário e o
arianismo” e foi auxiliado por seu jovem assistente Atanásio, que viria a
sucedê-lo no bispado de Alexandria poucos anos depois. Desse concílio em que os
arianos foram condenados, surgiu o credo de Nicéia.
Ao falecer em
337 d.C., Constantino deixou o império dividido entre seus três filhos:
Constantino II, Constante e Constâncio. Nenhum deles esteve à altura do pai. Os
dois primeiros tiveram a seu a cargo o Ocidente, e Constâncio era senhor
absoluto do Oriente.
TEODÓSIO PROIBE O CULTO PAGÃO
Em 379 d.C.
estava no poder do Oriente o espanhol Teodósio, intrépido defensor da fé
cristã. Em 380 já publicava um edito sobre a fé católica, impondo a todos os
súditos o símbolo de Nicéia. Em 391 Teodósio e Valentino II proibiam de modo
absoluto o culto pagão. Senhor único do império no ano seguinte, Teodósio
vencia por completo também no Ocidente, a resistência pagã. Os adeptos dos
politeísmo, não podendo mais viver tranqüilos nas cidades, refugiaram-se nas
aldeias, onde dificilmente os atingiria a legislação vigente. Daí a designação
de pagãos (paganus = aldeão) aos
persistentes na doutrina.
O
cristianismo tornou-se a religião oficial do Estado. Teodósio pode ser
considerado o fundador da Igreja Católica de Estado. Assim, com o decorrer do
tempo, a Igreja tinha um sacerdócio suntuosamente vestido que fazia ofertas de
sacrifícios, um ritual complicado, imagens, água benta, incenso, monges,
freiras, a doutrina do purgatório e, de um modo geral, a crença de que a
salvação podia ser alcançada por meio de obras e não pela graça. A Igreja em
Roma e de um modo geral as igrejas por todo império deixaram de constituir a
Igreja cristã apostólica, transformando-se numa grande monstruosidade
religiosa.
CONCLUSÃO
Permaneceram,
entretanto, alguns grupos numericamente pequenos, geralmente isolados, que
mantiveram a fé cristã com pureza, perdurando por toda a Idade Média até o
século XVI, quando um reavivamento religioso do Ocidente, conhecido como
Reforma Protestante, sacudiu a Igreja nos seus alicerces. Foram estes
pequenos grupos que nunca aceitaram a mediação do papa, nem a adoração a santos
e outras crenças da Igreja Católica, que possibilitaram que os verdadeiros
cristãos tivessem sempre um lugar para se reunir e adorar o único Deus.
Fonte: Módulo
4 do curso de Teologia da FTB
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