quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

HISTÓRIA DA IGREJA – AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS





HISTÓRIA DA IGREJA – AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS



Após a subida de Jesus aos céus, os seus discípulos saíram para os lugares mais distantes anunciando as Boas Novas. Não demorou muito para que o cristianismo se tornasse expressivo, ganhando adeptos de todas as camadas da sociedade, mas principalmente dos mais humildes.

O fato de maior destaque na História da Igreja durante o segundo e terceiro séculos, foi sem dúvida as perseguições vindas do Império Romano.  A religião cristã era proibida e seus seguidores eram considerados fora da lei. Apesar da perseguição não ser continuada, ela se repetia durante anos seguidos, algumas vezes. Mesmo quando havia paz, a perseguição podia recomeçar a qualquer momento, cada vez mais violenta, sempre que um dos governantes desejasse ou quando algum cristão eminente dava seu testemunho abertamente e sem medo.

O governo imperial se incomodava com o crescimento e com os “mistérios” que envolviam os cristãos, que se negavam a participar das cerimônias religiosas regulares realizadas pelos romanos, bem como aceitar que o imperador fosse adorado como um deus. Este foi o principal motivo das perseguições. Mas, também existiam outros motivos, como por exemplo:

RELIGIOSOS: As reuniões dos cristãos despertavam suspeitas, por isso foram acusados de praticarem atos imorais e criminosos durante a celebração da Ceia do Senhor. Eles se reuniam antes do nascer do sol, ou então à noite, quase sempre em cavernas ou nas catacumbas subterrâneas. Eram acusados de incesto, de canibalismo e de praticas desumanas, a ponto de serem acusados de infanticídio em adoração ao seu Deus. A saudação com o ósculo santo (beijo) foi transformado em forma de conduta imoral. 

POLÍTICOS: Os cristãos rejeitavam a escravidão e a adoração ao imperador. A adoração ao imperador era considerado prova de lealdade. Havia estátuas de imperadores reinantes nos lugares mais visíveis para o povo adorar. Só que os cristãos não faziam essa adoração. Pelo fato de cantarem hinos e louvores e adorarem a “outro Rei, um tal Jesus”, eram considerados pelo povo como desleais e conspiradores de uma revolução. Dentro da igreja misturavam escravos com o povo. E o que era considerado mais absurdo, o escravo podia tornar-se líder da igreja. Não havia dentro da igreja a divisão: senhor e escravo, os dois eram tratados de forma igual.
FINANCEIROS: Muitas vezes os governantes eram influenciados para perseguir os cristãos, por pessoas cujos interesses finaceiros eram prejudicados pelo progresso da Igreja Cristã. Os sacerdotes e demais servidores dos templos dos ídolos, os que negociavam com imagens para adoração, os escultores de imagens, os arquitetos que construíam templos e todos aqueles que ganhavam a vida por meio da idolatria e adoração pagã. Não era raro ouvir-se o povo gritar: "joguem os cristãos às feras", quando seus negócios e sua arte estava em perigo, ou quando funcionários públicos ambiciosos desejavam apoderar-se das propriedades de crsitãos ricos. 
OS PRINCIPAIS PERSEGUIDORES DA IGREJA
O cristianismo era considerado uma ameaça a sociedade romana. Afinal, os cristãos contestavam a escravidão, a autoridade máxima do imperador, a ganância e a vida imoral dos ricos. Por isso as perseguições tornaram-se cada vez mais constantes. Os principais perseguidores foram:

NERO (54 – 68 dC)
Nero da dinastia Júlios-Claudios. Teve seu governo marcado pela perseguição aos cristãos. Nero ao iniciar seu reinado, tratou de se livrar de seus opositores. Ordenou que a própria mãe fosse assassinada.

Em 64 um grande incêndio consumiu dez dos quatorze bairros de Roma. Suetônio escreveu dizendo que foi o próprio Nero quem mandou incendiar Roma. Mas os cristãos foram acusados pelo incêndio. Foram castigados com requintes de crueldade. Alguns foram costurados em pele de animais, e morreram despedaçados por cachorros, outros morreram crucificados. Muitos foram transformados em tochas vivas para iluminar a noite romana. Não se sabe quantos morreram nessa ocasião, mas de certo foram muitos. Sofreram todo tipo de tortura que o espírito engenhoso e depravado do imperador conseguiu imaginar. Foi em seu governo que os apóstolos Pedro e Paulo foram martirizados.

TITO
Após a morte de Nero, em 68, Vespasiano derrotou Vitélio e se apossou do poder imperial, dando início a uma nova dinastia. No ano 70, Tito, filho de Vespasiano, iniciou o cerco de Jerusalém, tendo sob seu comando “quatro legiões completas, parte de duas outras, vinte côrtes de infantaria, oito esquadrões de cavalaria e numerosas tropas auxiliares, além do que havia de mais moderno em armas de guerra”. 
O templo foi totalmente consumido pelo fogo no ano 70. Faziam exatamente 656 anos que o primeiro templo fora destruído por Nabucodonosor.

A queda de Jerusalém e a destruição do templo decidiram o curso da guerra, mas não definiu seu fim. A terra de Israel tornou-se província romana, a maior propriedade particular de Vespasiano. Cem mil homens e crianças foram vendidos como escravos.

O povo de Roma comemorou a vitória dos seus exércitos erguendo o Arco de Tito, cujos relevos mostram o cortejo triunfal dos vencedores e a procissão dos vencidos carregando troféus retirados do Templo de Jerusalém.

TRAJANO (98 – 117 d.C.)
Depois da dinastia dos Flávios, subiu ao trono de Roma a chamada família Antonina (Trajano, Adriano, Antonino Pio, marco Aurélio e Cômodo), foi uma época marcada pelo apogeu romano, conhecido como Idade de Ouro. Entre outros documentos mais importantes dessa época se encontra a carta de Plínio, o Jovem, governador da Bitínia, sobre o modo de tratar os cristãos. Endereçada ao imperador Trajano, datada do ano 112, ele diz que “aos incriminados pergunto se são cristãos. Na afirmativa, repito a pergunta segunda e terceira vez, ameaçando condená-los à pena capital. Se persistirem condeno-os à morte”.

Qualquer cristão que recebesse algum tipo de acusação e não negasse a fé seria castigado e mandado para ser morto crucificado ou lançado as feras. Os que negassem a fé eram considerados merecedores de absolvição. Entre os mártires mais importantes dessa época se encontram Inácio de Antioquia, Justino, Policarpo e os mártires de Lião. Dentre esses mártires convém destacar a história de Policarpo, bispo de Esmirna, na Ásia Manor, morreu no ano de 155. Ao ser lavado perante o governador, e instado para abjurar sua fé e negar o nome de Jesus, assim respondeu: "Oitenta anos O servi, e somente bens recebi durante todo esse tempo. Como poderia eu agora negar ao Meu Senhor:" Policarpo foi queimado vivo.

IMPERADOR SEVERO (193 – 211 d.C.)
Depois da morte do imperador Cômodo subiu ao trono a dinastia dos Severos: Sétimo Severo (193 – 211), Caracala (211 – 217), Heliogábalo (218 – 222) e Alexandre Severo (222 – 235).

Sétimo Severo empreendeu uma perseguição religiosa, a qual segundo muitos historiadores eclesiásticos é chamada de Quinta Perseguição Geral. Esse imperador proibiu a propaganda cristã e as conversões ao cristianismo, assim como o proselitismo judaico. Severo possuía uma natureza mórbida e malancólica; era muito rigoroso na execução da disciplina. Em todos os lugares havia perseguição contra os cristãos; porém onde ela se manifestou mais intensa foi no Egito e no norte da África. Em Alexandria, Leônidas, pai do grande teólogo Orígenas, foi dacapitado. Pérpetua, nobre mulher de Cartago, e Felícitas, sua fiel escrava, foram despedaçadas pelas feras, no ano de 203. Tão cruel fora o imperador Sétimo Severo, que era considerado por muitos escritores cristãos como o anticristo.

Eusébio de Cesaréia dedicou boa parte do sexto livro de sua História Eclesiástica a essa perseguição. Conta esse historiador, com ricos detalhes, como Severo perseguiu os cristãos: “Mas quando Severo levantou uma perseguição contra as igrejas houve martírios ilustres sofridos por combatentes da religião em todas as igrejas em todas as partes. Estes foram especialmente abundantes em Alexandria, enquanto heróicos lutadores do Egito e de Tebas eram escoltados como que para um teatro grandioso de Deus, onde pela perseverança invencível sob várias torturas e modos de morte adornados com coroas do céu”.
Nos impérios de Caracala, Heliogábalo e Alexandre Severo não houve perseguições.

IMPERADOR MAXIMIANO (235-238)
No ano de 235 Maximino Trácio usurpou a coroa de Alexandre Severo, e durante os três anos de seu reinado houve perseguições contra os cristãos. Este por ódio à casa de Alexandre, constiuída na maioria de fiéis, suscitou uma perseguição e mandou matar exclusivamente os chefes das Igrejas, já que no entendimento do imperador eram estes líderes que promoviam o ensino do Evangelho.

IMPERADOR DÉCIO (249 – 251 d.C.)
É pouco conhecido na história romana o nome do imperador Décio. Ficou famoso principalmente como perseguidor implacável dos cristãos. Para ele os cristãos eram os inimigos mais perigosos do império. Nos seus dias a perseguição aos cristãos abrangeu todo império. Ele obrigava a queima de incenso em homenagem à inteligência do Imperador, como os cristãos não aceitavam essa ordem eram aprisionados.

Em fins de 249 ou inicio do ano seguinte editou uma lei que ordenava a todos os súditos ofertar um solene sacrifício propiciatório aos deuses de Roma. Ordenou a seus funcionários públicos que registrassem em listas oficiais o nome das famílias dos sacrificantes. Era um controle perfeito dos que negassem culto aos deuses. Quem não participasse era denunciado como cristão.

Esse fato causou dolorosas conseqüências para a Igreja. Nas grandes cidades como Alexandria, Cartago, Esmirna e Roma, um grande número de cristãos abandonaram a fé, entre eles alguns bispos. Todavia, enorme multidão de ambos os sexos e de todas as idades deram seu sangue em testemunho da fé em Cristo.

IMPERADOR DIOCLECIANO (284 – 310 d.C.)
Com o fim da dinastia dos Severos, em 235, o grande império começou a tomar outra direção. Em 268 os godos saquearam Atenas, Corinto e Esparta. Não havia um governo centralizado e forte que pudesse conter as invasões, e com isso vários chefes militares foram proclamados imperadores por suas tropas, mas não permaneciam por muito tempo.

Foi no reinado de Diocleciano que o Império Romano foi dividido em dois: Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente, com dois césares. Maximiano era seu homem de confiança, a quem entregou a metade do Império Ocidental.

No campo religioso, tornou obrigatório o culto a júpiter, com quem se identificava, e ordenou à última e mais terrível de todas as perseguições contra os cristãos em seu governo. Quatro editos visavam de certa forma extinguir a religião cristã: o primeiro ordenava a destruição das igrejas e a queima dos livros sagrados; dois outros ordenavam o encarceramento dos chefes eclesiásticos das igrejas cristãs; e o último foi publicado na primavera de 304 ordenando a adoração aos deuses pagãos sob pena de morte. Em alguns lugares os cristãos eram trancados em templos e depois esses templos eram queimados com eles dentro. Consta que o Imperador Diocleciano erigiu um monumento com essa inscrição: "Em honra ao extermínio da superstição cristã". Depois de sua morte perseguição ainda perdurou sob o comando de Galério, até o ano de 311. 
CONCLUSÃO
Durante todo o segundo e terceiro séculos, e mui especialmente nos primeiros anos do quarto século até o ano de 313, a religião cristã era proibida e seus partidários eram considerados fora da lei. As perseguições só se encerram totalmente depois do edito de Constantino, primeiro imperador cristão.






http://santovivo.net/images/Perseguicao.jpg














 




 J. DIAS 

  Fontes:

 Módulo 5 de Teologia da FTB

 História da Igreja Cristã – Editora Vida

 História Eclesiástica - Eusébio de Cesaréia – Editora Paulos



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